quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Blitz Nº 61 de 31 de Dezembro de 1985

Jornal "Blitz"

Há 30 anos saiu o nº 61 do jornal de divulgação musical Blitz, foi a 31 de Dezembro e por isso com muitas retrospectivas do ano de 1985 que terminava.


- A capa destacava o que seria um texto no seu interior "1985: O Ano da América" e ainda o grupo californiano Lone Justice.
- Na página dois o destaque maior ia para o jornal "Melody Maker" e a campanha contra a heroína.
- Na página três o artigo da capa "1985: O Ano da América" de autoria de Manuel Falcão. Paradoxalmente sustenta-se que sendo a história da América  expansionista, "...1985 foi o ano em que isso aconteceu de forma mais marcada nos últimos 20 anos em matéria musical" e afirma-se "Do lado da América, salvo raras excepções, não se avança - estagna-se na procura absurda do cada vez mais belo mas cada vez mais igual" para de seguida se defender que "Não é o mesmo o panorama da música britânica, a única que no ano que passou manteve algum brio de criatividade e que, com maior frequência, conseguiu conjugar a descoberta e a qualidade com a popularidade.". E refere-se Kate Bush, Scritti Politti, Jesus And The Mary Chain, Prefab Sprout, Felt e Latin Quartier.
Ainda na página dois o ano de 1985 em retrospectiva: os Onze Discos Portugueses, Seis Grupos Portugueses ao Vivo, Espectáculos do Ano, 22 Singles e Ma-xi-Singles Estrangeiros Editados em Portugal, 22 LP's Estrangeiros Editados em Portugal, Seis Temas Editados e Ignominiosamente desprezados pela Rádio, Duas Bandas Sonoras e uma Lista de Faltas de discos ainda não editados em Portugal.
- Página quatro com Os 25 mais 1985 do "Melody Maker" sendo o nº 1 "The Power of Love" da Jennifer Rush. Notícia ainda para o concerto dos Mler Ife Dada no Porto.
- Na página cinco sob o título Do Céu Caiu Uma Estrela para destacar o papel das mulheres no ano de 1985, Kate Bush, Mathilde Santing, Virginia Astley, Emmylou Harris, etc. e por fim "Lone Justice e a magnífica Maria McKee.
Página seis com a rúbrica Feira da Ladra somos lembrados que há 20 anos "Day Tripper/We Can Work It Out" dos The Beatles ocupava o 1º lugar na Grã-Bretanha e a rúbrica Busca no Sótão fala-nos das reedições dos "velhinhos" no ano de 1985 de Leonard Cohen a Elvis Presley.
- Página sete ocupada o grupo "electric-folk-music" Green on Red, A América «After The Gold Rush».
- Página oito e nove com artigo único O Ano de Todas as Cópias, "Revivendo cada disco que ouviram na infância como a pureza da música popular, os músicos jovens e outros mais idosos tornaram-se magníficos adaptadores, os melhores, investindo criatividade na recriação son«bre o tema, e os piores contribuíram para a mediocridade generalizada que faz da música popular caixote de lixo da cultura de massa.", assim começa o artigo.
- Páginas centrais para os Lone Justice, «Quando Surgimos Constituímos um Fenómeno Totalmente Novo».
- Em frente que a página doze só tem Pregões e Declarações.
- Página treze dá Uma Olhadela Sobre o Heavy em Portugal em 1985 e a conclusão é que "quase nada aconteceu". Ainda Discos Precisos em que o destaque era o duplo de platina de Amália Rodrigues, "O Melhor de Amália, Volume Primeiro.
- Página catorze fica-se pelas Rondas Nocturnas onde são referidos entre outros bares e discotecas, o Plateau, o Frágil, a Ocarina, o Café Concerto, o Rock House, o Jamaica.
- Página quinze com o Cardápio, Especial Reveillon, as escolhas para passar o ano.
- Nas páginas dezasseis e dezassete 1985: Um Ano de Balanço, com as escolhas do ano:
Álbum do ano para prensagens nacionais - Tom Waits com "Rain Dog"
Álbum estrangeiro sem prensagem nacional - Frank Zappa com "Thing-Fish"
A revelação do ano - Lone Justice
Melhor disco português - Fausto com "O Despertar do Alquimista"
- Páginas dezoito e dezanove os Top de Portugal, EUA e Grã-Bretanha e a decepção é total com, respectivamente, "Top Jackpot 85", Banda sonora de Miami Vice e "Now The Christmas Album, salva-se a lista de Independentes na Grã-Bretanha com a colectânea "1979-1983" dos Bauhaus.
- Finalmente página vinte com O Prazer da Música Country sobre a edição em Portugal de duas colectâneas designadas "Country Life".


Conjunto Tony Araújo - Voo de Moscardo


É quase inexistente informação sobre o Conjunto Tony Araújo. Trata-se de um conjunto do Porto que fez parte do movimento inicial do Ié-Ié e que acompanhou o rocker portuense Armindo da Costa mais conhecido por Armindo do Rock.
Sabe-se que este, aos 17 anos, era acompanhado pelo Conjunto Tony Araújo e que por volta de 1962 esteve na origem da formação dos Blusões Negros. Em Abril de 1965 realizou-se o 1º Grande Festival de Shake Rock'n'Roll no Cinema Águia d'Ouro, no Porto, onde participaram entre outros o Armindo do Rock e o Tony Araújo (provavelmente o conjunto deste a acompanhar aquele)

Com data provável de 1965, o único EP editado pelo Conjunto Tony Araújo contem 4 faixas:
- Vem Vem Querida
- Foge de Mim
- Não Sou Digno de Ti
- Voo de Moscardo



"Vem Vem Querida" é uma versão em português da canção "Viens Ma Brune", original de Salvatore Adamo de 1965. "Foge de Mim" original talvez de Armindo do Rock. "Não Sou Digno de Ti" versão portuguesa de "No So Degno di Te", original de Gianni Morandi de 1964. Finalmente o "Voo de Moscardo" versão pop do clássico de Rimsky-Korsakov.
Numa sonoridade a manifestar influências claras dos britânicos The Shadows ficamos com o instrumental "Voo de Moscardo"



Conjunto Tony Araújo - Voo de Moscardo

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Jaime Nascimento - Eu Sei Que Vais Partir

Reproduzimos parte da notícia do Jornal de Notícias de 27 de Dezembro último sobre a morte de Jaime Nascimento:

"O músico português Jaime Nascimento, um dos primeiros a tocar guitarra elétrica em Portugal, morreu hoje em Cascais, aos 95 anos

Jaime Nascimento foi, em 1952, um dos fundadores do Conjunto de Mário Simões e ao longo da carreira trabalhou com artistas como Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Simone de Oliveira, Tony de Matos e Maria Clara.
...
Uma das últimas atuações de Jaime Nascimento foi em 2010, em Lisboa, como convidado de um concerto do Real Combo Lisbonense, com o qual interpretou, aos 90 anos, o tema "A borracha do Rocha", que tinha sido gravado décadas antes pelo guitarrista.
À agência Lusa, o investigador João Carlos Callixto explicou que Jaime Nascimento, a par de Carlos Menezes, foi um dos pioneiros da guitarra elétrica em Portugal, ainda nos anos 1940.
Depois da fundação do Conjunto de Mário Simões, o guitarrista foi o único músico constante nas formações seguintes do grupo de música ligeira Conjunto Hélder Reis, onde era vocalista, e Quarteto de Mário Simões. Com o Conjunto de Mário Simões gravou o em disco a música "Canção do Mar", em 1953, que a fadista Amália Rodrigues gravaria posteriormente.
No formato quarteto, Jaime Nascimento gravou um disco que, em 1962, incluiu a participação de Carlos do Carmo no fado "Loucura". Entre 1959 e 1961, Jaime Nascimento também gravou em nome próprio, tendo editado três EP.
Em 1975, Jaime Nascimento fez parte do conjunto de Shegundo Galarza, com quem trabalhou até à morte deste, em 2003. "



Deste pioneiro da guitarra eléctrica em Portugal recordamos a canção "Sei Que Vais Partir" com data provável de 1958. Ficamos com Jaime Nascimento aqui com o Conjunto Hélder Reis, a ele havemos de voltar.



Jaime Nascimento - Eu Sei Que Vais Partir

Conjunto de Jaime João - Marcianita

Tocavam em bailes de estudantes e associações recreativas, a música era tipicamente de baile, canções italianas românticas faziam parte do repertório, eram do Porto e davam pelo nome de Conjunto de Jaime João.
O Conjunto de Jaime João teve curta duração. Segundo o blog Under Review o conjunto era formado por 4 músicos: Jaime João (piano e voz), Adolfo Lapa (oriundo do Conjunto Walter Behrend na guitarra e voz), Jaime Lima (bateria) e Manuel Poças (contrabaixo). Com a emigração de Jaime João para o Brasil o conjunto termina, Jaime Lima vai passar por diversos conjuntos a saber: Conjunto Nova Vaga, Os Morgans e posteriormente o Conjunto Académico Orfeu.

Em 1961, o Conjunto de Jaime João grava um EP com 4 faixas designado "San Remo 1961", na realidade só duas faixas, "Al Di Lá" e "Carolina Dai", são do prestigiado Festival de San Remo, as outras duas são "I Go Ape" de Neil Sedaka e o Fox "Marcianita".


"Marcianita", grande êxito na voz do brasileiro Sérgio Murilo em 1959, com letra de Fernando Cesár (1917-1992), português de nascença, é a faixa escolhida deste EP do Conjunto de Jaime João. Também no mesmo ano "Marcianita" foi gravada pelo pioneiro do Rock'n'Roll nacional Daniel Bacelar.



Conjunto de Jaime João - Marcianita

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Conjunto de Oliveira Muge - Piange con me

Entre os conjuntos que abrilhantavam os bailes, nos idos anos 60, no Café Progresso na praia do Furadouro, em Ovar, e que o meu pai lembrava, no capítulo dedicado ao Furadouro, no já citado livro "Ovar - A Paisagem e o Indivíduo",  para além dos entretanto recordados Quarteto de Mário Simões e o Shegundo Galarza, estavam também conjuntos vareiros tendo sido o mais afamado o Conjunto de Oliveira Muge. A ele voltamos mais uma vez.


No Boletim da Junta de Freguesia de Ovar de Julho de 2012 de homenagem ao grupo vareiro Conjunto de Oliveira Muge consta uma imagem do jornal Primeiro de Janeiro, onde se publicitava o programa de rádio Cidade 68, em onda média, cujo título era “os dez mais (os 10 astros da canção mais populares)”, o primeiro lugar ia para Elvis Presley e em terceiro lugar estava o Oliveira Muge.
Presumo que reflexo tardio do êxito que foi “A Mãe” de 1966. Nesta altura já o conjunto tinha lançado o 4º e último EP gravado em Joanesburgo. Com 2 originais (de António Policarpo falecido em 2012) e 2 versões assim terminava a carreira em disco do Conjunto de Oliveira Muge. Entre as versões e a abrir o EP estava “Piange con me” êxito do conjunto britânico The Rokes.

O conjunto manteve-se activo até cerca de 1974 e reapareceu em 1976 actuando durante vários anos novamente no Café Progresso na praia do Furadouro, em Ovar. Volta em 2008 sendo entretanto alvo de várias homenagens. Também em 2008 o tema “A Mãe” é recuperado na banda sonora do filme “Aquele querido mês de Agosto” de Miguel Gomes.

Segue a versão de “Piange com me” pelo Conjunto de Oliveira Muge.



Conjunto de Oliveira Muge - Piange con me

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Shegundo Galarza - Kanimambo


Shegundo Galarza é um dos conjuntos referidos pelo meu pai, no livro "Ovar - A Paisagem e o Indivíduo", como animadores dos bailes "que constituíram grandes acontecimentos de elegância e de convívio"  e que se realizavam nos anos 60 no Café Progresso, na praia do Furadouro, em Ovar. Recordo-me, ainda pequeno, do anúncio de pelo menos uma das idas do Conjunto de Shegundo Galarza ao referido Café Progresso (ou seria no Hotel?) e de os meus pais a ele terem ido.

Shegundo Galarza (1924-2003), compositor, pianista e director de orquestra, de origem basca viajou para Portugal no final da década de 40, por cá ficou e por cá construiu a sua carreia musical. Foi uma das figuras mais destacadas da música ligeira com presença regular na RTP (quem se lembra do TV Clube?) com a sua orquestra de violinos e um guitarrista que o acompanhava sempre de nome Carlos Menezes (pioneiro da guitarra eléctrica em Portugal).
Trabalhou, como arranjador e director de orquestra, de acordo com a "Enciclopédia da Música em Portugal no século XX", com Amália Rodrigues, Carlos Paião, Frei Hermano da Câmara, Herman José, José Cid, Lara Li, Paulo de Carvalho, Tozé Brito, entre outros.



Para audição "Kanimambo" tema popular de Moçambique, grande êxito, em 1959, na voz de João Maria Tudela, aqui na versão instrumental de Shegundo Galarza. Quem sabe se os meus pais não dançaram ao som deste "Kanimambo".



Shegundo Galarza - Kanimambo

domingo, 27 de dezembro de 2015

Quarteto de Mário Simões - Doce Amor

Eram famosos os bailes do Café Progresso, em Ovar e no Furadouro. Em Ovar, na época do Carnaval e nas matinées dançantes de Domingo; no Furadouro, também no Carnaval e nas noites quentes de Verão.

Ao reler o primeiro livro do meu pai, “Ovar - A Paisagem e o Indivíduo” de 2001, num artigo dedicado ao Furadouro refere, no seu jeito peculiar de empolgar o que de bom a terra tinha, a propósito do espaço onde existiu o Café Progresso:

“Nos tempos da existência do café, noites inolvidáveis lá se passaram com a realização de bailes animadíssimos, praticamente todas as noites, ao som dos conjuntos vareiros do Zé Muge e do Redes, mas para onde eram convidados também os conjuntos mais famosos de então do país como, por exemplo, o Shegundo Galarza e o Mário Simões, em bailes brilhantíssimos que constituíram grandes acontecimentos de elegância e de convívio que terminavam altas horas da madrugada, bailes esses que ficaram célebres na vida social do Furadouro, tal como os que eram também levados a cabo no hotel.”


Oportunidade de voltarmos a Mário Simões que terá abrilhantado alguns bailes no Café Progresso, na praia do Furadouro. Mário Simões ou melhor Mário Simões e o seu Conjunto (ou ainda Quarteto de Mário Simões ou Mário Simões e o seu Quarteto) efectuou gravações nas décadas de 50 (algumas ainda a 78 rotações) e 60 tendo ficado como uma referência da música ligeira, em particular da música de dança e bem humorada daquele período.



A escolha recai sobre “Doce Amor” um tema inserido no EP “A Borracha do Rocha” de 1960 e que nos faz recuar a tempos bem longínquos.



Quarteto de Mário Simões - Doce Amor

sábado, 26 de dezembro de 2015

Barbra Streisand - Woman In Love

Tão conhecida do mundo da música, como cantora e autora, como do cinema, actriz e realizadora, Barbra Streisand começou a vida artística num concurso musical e em clubes nocturnos de Greenwich Village, no início da década de 60.

Barbra Steisand (1942-) foi, é, bem querida do público, em particular o americano. Cingindo-nos exclusivamente ao seu percurso musical verificamos que apresenta uma regularidade impressionante na edição de álbuns de estúdio, concretamente 34 LP gravados entre 1963 e 2014, muitos deles nº 1 nas tabelas de vendas norte-americanas e não só.
No cinema, para além de realizadora, foi intérprete em diversos filmes dos quais recordo "A Star Is Born" com Kris Kristofferson de 1976.





Citando "O Mundo da Música Pop":
"A revista «Time» elogiava-a do seguinte modo: «Não é possível imaginar melhor voz do que a da Streisand» e a revista «Der Spiegel» afirma: «A nova voz da América é uma mistura de ingenuidade, alegria de viver e de um estridente chilreio libertador.»"

Situando-se sempre num registo Pop ou Pop-Rock, é nas canções de cariz romântico que Barbra Streisand melhor se exprime. A escolha vai para "Woman In Love" do álbum "Guilty", no já adiantado ano de 1980.



Barbra Streisand - Woman In Love

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Frank Sinatra - From the Bottom of My Heart

"O Mundo da Música Pop" considera-os "mestres do espectáculo", são os exemplos maiores da indústria de entretenimento da América branca. Vozes imaculadas, melodias e arranjos bem delineados, longe da ritmada e endiabrada música negra, a fazer esquecer as dificuldades do dia-a-dia, eles são Frank Sinatra e Barbra Streisand. Dois símbolos maiores do cultura dominante norte-americana, ganhavam honorários exorbitantes e adoravam "the american way of life".

Frank Sinatra (1915-1998), filho de imigrantes italianos, cedo ganha gosto pelas orquestras de Jazz, é ainda adolescente quando começa a cantar de uma forma profissional. Cedo canta nas orquestras de Harry James e Tommy Dorsey, depois da 2ª Grande Guerra grava o primeiro álbum que chega a nº 1 nas tabelas de vendas, ao todo deixou 59 álbuns de estúdio e participou entre os anos 40 e 80 em dezenas de filmes, as últimas actuações são já da década de 90.

Numa abordagem muito crítica "O Mundo da Música Pop" refere:
"O sucesso de Frank Sinatra, que dura há bastante tempo, tem uma razão de ser muito simples. Foi ele quem, no momento preciso, devolveu aos norte-americanos a sua doce «alma americana», manchada por tanta música negra. As suas melosas e fastidiosas canções eram já conhecidas no início da Segunda Guerra Mundial e endereçava-os aos «bons corações» dos seus compatriotas. A voz suave de Frank fazia esquecer os problemas quotidianos."



Efectuou gravações entre 1939 e 1994, sendo um sucesso de vendas permanente. Fugindo às canções de maior sucesso, como por exemplo, "My Way", "Strangers In The Night" ou "New York, New York", fica aquela que julgo ser a primeira gravação comercial de Frank Sinatra, aqui com a Harry James Orchestra, efectuada em 1939.



Frank Sinatra - From the Bottom of My Heart

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Patti Smith - O'Holy Night

Feliz Natal! Uma Santa Noite!




Patti Smith - O'Holy Night

Petula Clark - Downtown


Nesta passagem pela música melódica, numa linha mais tradicional dita de espectáculo de variedades em conformidade com os usos e costumes então vigentes, já passámos por Engelbert Humperdinck e Tom Jones, muitos mais havia... Petula Clark era uma delas.

Petula Clark (1932-) é uma cantora e actriz inglesa, cuja carreira artística começou ainda nos anos 40.

Tinha 16 anos quando efectuou a primeira gravação, "Put Your Shoes On Lucy", mas já antes Petula Clark era bem conhecida, no site www.petulaclark.net lê-se:

"Born November 15, with "a voice as sweet as chapel bells," Petula Clark first broke into the limelight during World War II when as a child she entertained the troops, both on radio and in concert. She is said to have performed in over 200 shows for the forces all over England before the age of nine and by war's end, Petula Clark--the British "Shirley Temple" who had come to represent childhood itself--was so popular in England she was asked to sing at a national victory celebration at Trafalgar Square. In 1944, Petula made her first movie and has since appeared in over 30 British and American films."

Em 1957 actua no Olympia de Paris, e no início dos anos 60 é em França que impulsiona a sua carreira ao ponto de ser elevada a cantora francesa. O reconhecimento de Petula Clark é já uma realidade um pouco por toda a Europa quando em 1964 ela retorna às gravações em Inglaterra para editar aquela que seria a sua canção de maior sucesso: "Downtown".


Com "Downtown" Petula Clark vai conquistar os Estados Unidos, pela primeira vez no 1º lugar de vendas, e consagrar-se definitivamente no mundo do espectáculo que nunca mais abandonou.



Petula Clark - Downtown

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Tom Jones - Green, Green Grass of Home

Tom Jones é um nome incontornável na história recente da música Pop do Reino Unido. Recente é uma maneira de dizer, na realidade Tom Jones, actualmente com 75 anos, há mais de 50 que mantem uma actividade intensa e uma popularidade invejável.
Igualmente duradouro é o seu casamento (58 anos), o qual foi no início mantido em segredo, provavelmente estratégia comercial face à associação da imagem de Sex-Symbol entretanto criada.



Musicalmente, que é o que nos interessa, Tom Jones, com uma poderosa voz de barítono, vai começar a sua carreira de sucesso em 1965 com "It's Not Unusual", nº 1 no Reino Unido. Até ao final da década vai gravar algumas das canções que constituíram êxitos tremendos e que ainda hoje são uma marca da sonoridade Tom Jones, a saber: "What's New Pussycat", "Green, Green Grass of Home", "I'll Never Fall in Love Again" e particularmente "Delilah".

Dos inúmeros duetos que efectuou ao longo de tantos anos de actividade (de Tina Turner a Van Morrison) o destaque vai para o dueto com a Janis Joplin na TV em 1969.



Com altos e baixos ao longo dos anos, no final do milénio regressa em alta com o álbum de versões "Reload" donde sobressaíram "Burning Down The House" e "Sex Bomb".

Porque me lembro muito bem, recordamos de 1966 "Green, Green Grass of Home", no original uma canção Country do ano anterior.



Tom Jones - Green, Green Grass of Home

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Engelbert Humperdinck - Release Me

Continuando na área da música suave com predominância das linhas melódicas bem aceites pela população mais velha aversa aos sons atrevidos do Rock e às mudanças de usos e costumes que a juventude introduzia, um conjunto de artistas despedaçavam corações com as suas canções onde dominava os temas versando o amor.

Engelbert Humperdinck é um dos cantores que personifica esse estilo de música que hoje classificaríamos de Easy Listening. Começou a sua longa e, ainda hoje, activa carreira musical na década de 60, tendo o ano de 1967 sido decisivo com o lançamento de dois LP, respectivamente "Release Me" e "The Last Waltz", cujas canções título foram de enorme sucesso e, recordo-me, muito difundidas na rádio.



Particularmente admirado pela público feminino pelo bom aspecto, suavidade e profundidade vocal que apresentava, recordamo-lo com "Release Me" ou como também aparece "Release Me (and Let Me Love Again)". "Release Me" é uma canção americana, original de 1946, que teve diversas versões, mas nenhuma com o brilhantismo de Engelbert Humperdinck.



Engelbert Humperdinck - Release Me

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Bee Gees - To Love Somebody


"A paulatina vulgarização dos êxitos beat, deixou de novo a descoberto um facto que tinha sido esquecido na confusão geral: a subsistência da canção melódica e do canto melódico, bem educado, cultivado, sempre impecavelmente vestido, conhecido como o mestre do espectáculo de entretenimento.", lê-se em "O Mundo da Música Pop".

Quer dentro do movimento Pop-Rock, quer no tradicional mundo do espectáculo da música ligeira surgiram nomes marcantes da década de 60, que privilegiaram a melodia em relação aos ritmos que o Rock'n'roll e o Beat manifestavam, alguns deles ainda com audição agradável nos dias de hoje.

Os Bee Gees, oriundos da Austrália, formados pelos três irmãos, Barry (1946-), Robin (1949-2012) e Maurice Gibb (1949-2003) ao preferirem a melodia e orquestrações com relevo para os violinos granjeavam a simpatia de largos sectores de admiradores de música, do Pop-Rock à música ligeira.

Atravessaram várias estilos musicais, do Pop ao Disco, e estiveram durante décadas nos Top, uma verdadeira fórmula de sucesso. Reside nos anos 60 e início dos anos 70 a sua fase mais interessante.



Em particular o álbum "Bee Gees 1st" (primeiro a nível internacional, na realidade já tinham editados 2 álbuns na Austrália), editado em 1967, mantem-se como uma das propostas mais bem conseguidas pelos Bee Gees.
Desse álbum a escolha vai para o bem melodioso e popular "To Love Somebody" longe dos ritmos mais excitantes então em voga.



Bee Gees - To Love Somebody

domingo, 20 de dezembro de 2015

The Monkees - Last Train to Clarksville

Tem sido assim ao longo da história, sempre que um novo movimento aparece nas margens do convencional, muitas vezes em oposição clara ao estabelecido, logo se inicia um processo de "adulteração" e "comercialização" "às exigências do mercado". O movimento Beat não foi excepção.
Por todo o lado começaram a aparecer conjuntos Beat.
Rapidamente se fabricaram grupos ao gosto do consumidor, um dos melhores exemplos veio dos Estados Unidos e deu pelo nome de The Monkees.

Socorrendo-nos mais uma vez do livro "O Mundo da Música Pop":
"Aparece um anúncio: «Precisam-se músicos para fundar conjunto beat». A revista musical norte-americana que pública este anúncio tem que analisar um sem-número de ofertas. Quatro rapazes com sorte, pois não se lhes exige que saibam muito. Para isso, bastam os músicos. Os rapazes só tinha, que fazer  um pouco de comédia diante das câmaras de televisão. Foi assim que nasceram os «Monkees»."

Recrutados através de anúncio nos jornais para uma série televisiva sobre uma banda de Rock'n'Roll, The Monkees foram o exemplo acabado de um conjunto fabricado, embrulhado, publicitado e comercializado pronto a consumir.



"...num tempo record  elevou aos píncaros um grupo desconhecido." Preparada a série televisiva e exportada para a Europa, eis "Finalmente! Um grupo originário da formosa e boa América do Norte!". Mas um belo dia a máscara cai, "Porque , ainda isso parece incrível, os Monkees só eram utilizados como vozes originais. A música, essa era feita por outros.". Até que "quiseram demonstrar o contrário e actuaram directamente, provocaram o riso de todo o auditório. ...tinham sido bem enganados pois até ali acreditavam na originalidade do grupo."

O primeiro álbum do grupo, editado em 1966, aí está para prová-lo, quase todo tocado por músicos de estúdio, até os coros não são maioritariamente feitos pelo grupo, nenhuma faixa tem a participação integral dos quatro elementos dos The Monkees. Não deixou de ser um êxito estrondoso com mais de 5 milhões de cópias vendidas.

"Last Train to Clarksville" foi a faixa de maior sucesso.



The Monkees - Last Train to Clarksville

sábado, 19 de dezembro de 2015

Odetta - Take This Hammer

A propósito da Grande Marcha de Washington de 28 de Agosto de 1963 que juntou cerca de 250 mil manifestantes em luta pelos direitos civis da população negra norte-americana então profundamente descriminada, referimos alguns dos cantores que estiveram presentes neste acontecimento.

Odetta Holmes (1930-2008), mais conhecida somente por Odetta, ainda sem nenhuma entrada neste Blog, foi uma delas. Fica agora a oportunidade para a recordar ou conhecer, conforme o caso.
Odetta foi uma cantora negra que se destacou na luta pela igualdade nos direitos civis. Dotada, à semelhança de Marian Anderson, de uma voz operática atravessou vários estilos musicais, o Blues, o Jazz, os Espirituais negros, foi ainda figura destacada do Folk tradicional norte-americano, sendo admirada por Joan Baez e Bob Dylan.



Odetta interpretou muitas das canções, agora clássicos, do folk tradicional, "Greensleeves",  "The Gallows Pole", "Deep River", "The Midnight Special", "Take That Hammer", "Oh Freedom" foram algumas delas.

A canção que se segue é "Take This Hammer", uma canção de trabalho das prisões norte-americanas primeiramente gravada por Leadbelly em 1940, na versão de Odetta, de 1957, do álbum "At The Gate Of Horn", foi posteriormente gravada  por muitos conceituados músicos, Spencer Davis Group, The Shadows, Nitty Gritty Dirt Band, Lonnie Donegan, Johnny Cash ou ainda The Beatles durante as sessões de Let It Be.



Odetta - Take This Hammer

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Peter, Paul and Mary - Blowin' In The Wind


No ano de 1963, enquanto que em Inglaterra estávamos em pleno Boom da música Beat e a British Invasion se "preparava", nos Estados Unidos sucediam-se acontecimentos muito perturbantes.

Dois acontecimentos são suficientes para mostrar o ambiente que então se vivia.
O presidente democrata John Kennedy foi morto em Dallas a 22 de Novembro. A 28 de Agosto tinha ocorrido em Washington a grande manifestação de luta pela igualdade de direitos liderada por Martin Luther King que juntou cerca de 250 mil pessoas.
Alguns músicos estiveram presentes e lá cantaram as suas canções.
A cantora de Gospel Mahalia Jackson com "How I Got Over", Marian Anderson, cantora de ópera, espirituais e canções tradicionais, com "He´s Got The Whole World In His Hands",  Odetta, a voz dos direitos civis, com "I'm On My Way"; Joan Baez cantou "We Shall Overcome" e "Oh Freedom", enquanto Bob Dylan interpretava "When The Ship Comes In" e "Only A Pawn In Their Game". Também Peter, Paul and Mary estiveram presentes, cantaram "If I Had A Hammer" e "Blowin' In The Wind".



Em 1963 Peter, Paul and Mary editam o Single "Blowin' In The Wind" que uma semana antes da grande marcha em Washington encontrava-se em 2º lugar nas tabelas dos Estados Unidos. A canção de Bob Dylan seria incluída no 3º LP dos Peter, Paul and Mary, "In The Wind" também de 1963.



Peter, Paul and Mary - Blowin' In The Wind

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Faron's Flamingos - Do You Love Me?

O início da música Beat

Liverpool foi no início da década de 60 um viveiro de novos conjuntos formados por "... adolescentes mal lavados e de farta cabeleira, que após longos esforços conseguem aprender alguns acordes simples na viola e que recebem o aplauso histérico e igualmente inarticulados dos adolescentes." (O Mundo da Música Pop).
" A nova música era produzida pelos jovens, vendida por eles. Os seus temas eram feitos à medida das vivências dos jovens. As pessoas adultas não compreendiam a nova situação musical, pelo simples facto de que já não existia uma situação musical única, mas sim várias transformações que a nova música implicava no conceito social e na definição desta, por parte da juventude beat.", igualmente em "O Mundo da Música Pop".

The Beatles e mais 400 conjuntos faziam parte dessa juventude Beat que crescia em Liverpool.
Se The Beatles foram o fenómeno que se conhece, muitos desse conjuntos não tiveram qualquer notoriedade, enquanto alguns outros, que agora descobri, tiveram um êxito circunstancial, como por exemplo: Faron's Flamingos, Sonny Webb & The Cascades, Ian & The Zodiacs, The Del Renas ou The Mojos.


O site www.allmusic.com a propósito dos Faron's Flamingos diz que eram um dos grupos mais promissores de Liverpool mas que nunca tiveram um hit. Isto apesar dos seus membros terem tido algum sucesso e de serem bem recordados...

E aqui os recordamos com a canção da Motown "Do You Love Me?" que gravaram em 1963, oportunidade também para ver um pequeno vídeo com a mesma canção no The Cavern Club de Liverpool.



Faron's Flamingos - Do You Love Me?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

The Beatles - I Saw Her Standing There

O início da música Beat

Ignorando o Single, com as canções "My Bonnie" e "The Saints" (When The Saints Go Marching In), gravado na Alemanha, em 1961, como conjunto de suporte a Tony Sheridan sob o nome The Beat Brothers, as primeiras gravações com o nome The Beatles começam em 1962 com o Single "Love Me Do".
Mas será o ano de 1963 que irá consagrar e colocar The Beatles no topo da música popular, para isso contribuíram a edição de 2 LP e variados Singles e EP quase todos a alcançarem o 1º lugar nas tabelas de vendas, principalmente no Reino Unido.



De acordo com o livro "O Mundo da Música Pop" a propósito do lançamento do Single "Please, Please Me" em 1963:
"A 16 de Fevereiro, os Beatles alcançaram o primeiro lugar na escala de êxitos. Ainda que esse êxito não representasse muita popularidade (até Outubro de 1963 os jornalistas ignoraram-nos), tinham alcançado alguma coisa."
Em Abril é editado o terceiro Single "From Me To You" e é o primeiro a alcançar o 1º lugar nas tabelas do Reino Unido.
Mais adiante no mesmo livro:
"Quando, nos finais de Agosto de 1963, apareceu o quarto single, She Loves You, já havia meio milhão de pedidos antecipados para aquele disco."
Em Novembro sai novo single e segundo a mesma fonte: "O quinto single foi I want to hold your hand e contava já com um milhão de encomendas antecipadas. Um dia antes tinha sido lançado o segundo LP com 250 mil encomendas.", ou seja o record de vendas antecipadas que pertencia a Elvis Presley tinha sido ultrapassado.
A 13 de Outubro o concerto dos The Beatles no Palladium de Londres é transmitido pela TV, era o início da Beatlemania.

O Merseybeat era reconhecido e tinha nos The Beatles a sua referência maior. A faixa inicial do primeiro álbum "Please, Please Me" era "I Saw Her Standing There".



The Beatles - I Saw Her Standing There

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

The Springfields - Silver Threads and Golden Needles

"Em Outubro de 1962, apareceu o primeiro disco dos Beatles na Grã-Bretanha. Love me do conseguiu situar-se no 17º lugar na lista de êxitos, mas no final daquele mesmo ano, os Beatles ocupavam um dos últimos lugares, segundo um inquérito de popularidade realizada pelo «New Musical Express». Obtiveram somente 3906 votos, contra os 21843 conseguidos pelo conjunto «The Springfields» que ocupavam o lugar cimeiro entre os conjuntos."  em o "Mundo da Música Pop".

Ou seja a música Beat no ano de 1962 ainda não tinha ganho a popularidade em que rapidamente se ia tornar. The Springfields não faziam parte da Beat Music que florescia em Inglaterra, eram somente um trio Pop-Folk com semelhanças musicais, também na composição, uma voz feminina e duas masculinas, ao trio além Atlântico Peter, Paul and Mary.

Longe das qualidades harmónicas e interpretativas destes, The Springfields existiram de 1960 a 1964 tendo então emergido como estrela Pop a cantora do trio, a conhecida Dusty Springfield.


Três LP, vários Singles e EP todos gravados entre 1961 e 1964 são o legado deste simpático trio vocal.
"Silver Threads and Golden Needles" foi uma canção gravada pela primeira vez pela cantora americana de Country e Rockabilly Wanda Jackson. São conhecidas muitas versões desta canção (inclusive da muito estimada Sandy Denny no último álbum Rendez-Vous em 1977) entre as quais esta de 1962 pelos The Springfields.



The Springfields - Silver Threads and Golden Needles

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

The Merseybeats - It's Love That Really Counts

O início da música Beat

The Merseybeats foram um grupo do chamado... Merseybeat, claro!
Formaram-se em Liverpool no início da década de 60 e actuaram, como outros grupos da época originários de Liverpool, no famoso clube The Cavern.

Billy Kinsley, Aaron Williams, Tony Crane, John Banks constituíram em 1962 a primeira formação a designar-se The Merseybeats. Depois de ter falhado o contrato com Brian Epstein ( o mesmo dos The Beatles e de Gerry and The Pacemakers) é na etiqueta Fontana que vão efectuar as primeiras gravações. "It’s Love That Really Counts" foi o primeiro sucesso em 1963 e o primeiro disco de ouro vai acontecer em 1964 com com o segundo Single "I Think of You", seguiram-se mais dois hit "Don't Turn Around" e "Wishin' & Hopin'". Ainda no ano de 1964 actuam na Alemanha e Estados Unidos.

O êxito dos The Merseybeats foi efémero centrando-se nos anos de 1963 a 1965 período em que tiveram diversos Singles nas tabelas de vendas. Em 1966 Tony Crane e Billy Kinsley passam, até 1968, a The Merseys , depois de percursos diversificados os dois reformam, na década de 90, os The Merseybeats, mantendo-se ainda em actividade.


O primeiro Single gravado em 1963 foi a canção de amor "It's Love That Really Counts" que agora recordamos. Outros tempos em que tudo parecia mais simples, ora ouçam.



The Merseybeats - It's Love That Really Counts

domingo, 13 de dezembro de 2015

The Searchers - Needles and Pins

O início da música Beat

Já passámos pelo grupo britânico The Searchers a propósito das versões que o conjunto Diamantes Negros e o Conjunto Mistério fizeram do êxito "Goodbye My Love" de 1965 daquele grupo.

Formados em 1957 por John McNally, The Searchers começaram por ser uma das muitas bandas de Skiffle constituídas no seguimento do sucesso de Lonnie Donegan.
No início dos anos 60 The Searchers são mais um grupo a engrossar as fileiras do Merseybeat. À semelhança de outros grupos de Liverpool, como por exemplo The Beatles ou os Gerry and The Pacemakers, passaram pelo The Cavern, e actuaram em Hamburgo. As primeiras gravações chegaram em 1963 com produção regular até finais dos anos 70.
Alguns dos seus êxitos chegaram a nº 1 nas tabelas do Reino Unido, sendo regra geral versões, eis algumas das mais conhecidas:
- Sweet For My Sweet (original The Drifters)
- Needles and Pins (original Jackie DeShannon)
- Don't Throw Your Love Away (original The Orlons)
- Love Potion No. 9 (original The Clovers)
- Goodbye My Love (original Jimmy Hughes)
tudo canções de grande popularidade que The Searchers editaram entre 1963 e 1965, nitidamente o melhor período que tiveram.



The Searchers são um caso de longevidade, mantêm-se ainda em actividade, embora da formação original se mantenha somente o guitarrista John McNally.
"Needles and Pins", nº 1 no Reino Unido em 1964, é ainda hoje uma canção que se ouve com todo o agrado, aqui vai.


The Searchers - Needles and Pins

sábado, 12 de dezembro de 2015

Gerry and The Pacemakers - How Do You Do It?

O início da música Beat

Os Gerry and The Pacemakers foram mais um grupo Beat a marcar as novas sonoridades que nasciam em Liverpool no início dos anos 60. Tal como The Beatles, repartiam-se entre Hamburgo e Liverpool nas suas actuações, tinham também como Manager Brian Epstein e o mesmo produtor George Martin. Não ficaram para a história como os Fab Four mas são deixam de ser uma referência obrigatória do Merseybeat.

Formados em 1959, assinaram em 1962 com Brian Epstein e no ano seguinte, sob a direcção de George Martin, tiveram a proeza de editar 3 Singles, “How Do You Do It”, “I Like It” e “You’ll Never Walk Alone”, que alcançaram o nº 1, rivalizando na época com o êxito dos The Beatles.

A canção mais conhecida "Ferry Cross the Mersey", de 1965, fazia parte da banda sonora do filme com o mesmo nome e curiosamente não chegou a alcançar o primeiro lugar.



Depois do fim do grupo em 1966, Gerry Marsden continuou carreira a solo até 1974 altura em que retomou o grupo mantendo-se ainda hoje em grande actividade como se pode constatar em http://www.gerryandthepacemakers.co.uk/.


Para recordar os Gerry and The Pacemakers, recuamos ao início e à primeira gravação "How Do You Do It?", nº 1 em Inglaterra. Estávamos em 1963, era o som de Liverpool.



Gerry and The Pacemakers - How Do You Do It?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Rory Storm and the Hurricanes - Dr. Feel Good

O início da música Beat

Sob a influência do Rock'n'Roll dos Estados Unidos e o Skiffle Inglês, o início dos anos 60 vai assistir em Liverpool a um verdadeiro boom musical que vai ficar conhecido por Beat ou Merseybeat (do rio Mersey).
Centenas de novos grupos pululam por uma cidade (Liverpool) cheia de tensões sociais, onde uns vêm no Beat mais um negócio onde "tentam esgotar até à última das moedas, os bolsos dos jovens" enquanto para outros («Daily Worker», órgão do Partido Comunista), "o chamado Mersey Sound é um claro protesto revolucionário, «voz de trinta mil trabalhadores em greve e oitenta mil vivendas miseráveis e em ruínas».", citações de "O Mundo da Música Pop".
Entre os mais destacados, para além dos The Beatles, estavam Rory Storm and the Hurricanes, Gerry and the PacemakersThe Searchers e The Merseybeats.

Rory Storm and The Hurricanes com Ringo Starr
na bateria

Com um percurso idêntico aos The Beatles, com actuações regulares entre Liverpool e Hamburgo, mas sem a duração e o êxito daqueles, Rory Storm and the Harricunes poucas gravações nos deixaram, sendo o primeiro Single foi lançado em 1963.
A curiosidade maior vai para o baterista do grupo entre 1959 e 1962, nada mais que Ringo Starr que em 62 deixa Rory Storm and the Hurricanes para ingressar, em boa hora, nos The Beatles.
Já sem Ringo Starr do primeiro Single de 1963 "Dr. Feel Good".



Rory Storm and the Hurricanes - Dr. Feel Good

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Tony Sheridan and The Beat Brothers - My Bonnie

O início da música Beat

No capítulo "A comuna beat: the beatles"" do livro "O Mundo da Música Pop" a certa altura lê-se:
"«O ambiente estava rarefeito, húmido e mergulhado na penumbra. Arrependi-me logo de ter entrado ali. O ruído era insuportável e os altifalantes ressoavam exclusivamente canções norte-americanas. Mas então apareceram os Beatles. Era a primeira vez que os via. A sua maneira de vestir não era muito cuidada e pareciam bastante sujos. Entretanto tocavam, fumavam, comiam e falavam entre si, parecendo que se combatiam. Ao mesmo tempo, actuavam de costas voltadas para o público, gritavam de vez em quando para os assistentes e riam continuamente das suas próprias brincadeiras. Mas era evidente que reinava ali uma grande excitação. Possuíam uma enorme força atractiva. Fiquei fascinado.»

Brian Epstein tinha visto actuar os Beatles pela primeira vez. Penetrara na «Cavern» ao meio dia de 9 de Novembro de 1961 despertado pelos pedidos de vários clientes alemães que lhe solicitavam gravações dos Beatles. Estes, com efeito, tinham produzido o seu primeiro disco em Hamburgo, em que se dominavam «Beat Boys»."

Entre Hamburgo e Liverpool se passaram os primeiros anos dos The Beatles. Em 1961, encontravam-se em Hamburgo quando efecturaram as primeiras gravações como grupo de suporte de Tony Sheridan.
Tony Sheridan (1940-2013) foi um músico de Rock inglês cujo primeiro single teve como grupo de suporte The Beatles (na realidade no disco designados por The Beat Brothers e não Beat Boys), em 1962 o mesmo Single é editado como The Beatles with Tony Sheridan.



Em 1962 The Beatles editam o primeiro Single em nome próprio com "Love Me Do" e a partir daí foi o êxito que se sabe.
Agora, tempo para ir ao início do início e lembrar a canção tradicional "My Bonnie" em ritmo beat, era Tony Sheridan and The Beat Brothers.



Tony Sheridan and The Beat Brothers - My Bonnie

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Álamos - It's a New Day

O movimento pop nos anos 60 centrava-se fundamentalmente em Lisboa e Porto. No resto do país, apesar da quantidade enorme de grupos que então proliferaram, poucos foram os que tiveram acesso a um estúdio de gravação e muito menos notoriedade nacional. Coimbra, pela presença universitária, teve um papel de relevo na música moderna que então germinava. Dois grupos se destacaram e merecem a devida alusão, os Álamos ou Conjunto Universitário Os Álamos e o Conjunto Universitário HI-FI.

Os Álamos constituíram-se em 1963 e, com diferentes formações, existiram até 1969. Tocaram por todo o país e também no Ultramar, a priorização dos estudos fez com que rejeitassem propostas de tocar no estrangeiro. Depois de gravarem um EP em 1966, em 1969 gravam dois Singles, do primeiro escolheu-se o lado B o original “It's a New Day” que se ouve com agrado.



Fica ainda a curiosidade do texto da contra-capa:
“Os dicionários e as enciclopédias registam, em corpo de letra miudinho, esta definição de «Álamo», substantivo masculino: «árvore da família das salicáceas, espontânea nos lugares húmidos, mas também cultivada, a que pertencem algumas espécies e subespécies, etc., etc.»
É evidente que os dicionários e as enciclopédias não registam ainda, por natural desactualização (ou por má vontade…) esta outra definição de «Álamos» (plural) que o disco guardado no interior confirmará aos ouvintes: - «Álamos» - conjunto musical universitário, espontâneo a partir de Coimbra a que pertencem algumas espécies de todos nós conhecidas, figuras dominantes da música jovem do nosso tempo. Estes «Álamos» dão ainda pelos nomes de Rui Ressurreição (pianista); Carlos Manuel Correia (guitarra-solo); José António Pereira (baterista); Luís Filipe Colaço (guitarra-ritmo); José Luís Veloso (guitarra-baixo) e António José Albuquerque (organista).
 «Álamos» - conjunto musical é o que está na redondela preta. Deixem-na girar»

Agora, não é preciso deixar girar, basta um click  e estamos em 1969 com os Álamos – conjunto musical.



Álamos - It's a New Day

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Mechanical Dream - How Can I Be Sure

Muitos conjuntos portugueses dos anos 60 não passaram do anonimato, mesmo alguns que conseguiram deixar uma gravação para a posteridade. Se a isto juntarmos terem na sua formação músicos que viriam mais tarde a ser, de alguma forma, conhecidos, chegamos a um grupo de nome Mechanical Dream.

Os músicos conhecidos foram, Jean Sarbib, futuro músico de jazz, e Mike Seargent, futuro músico pop de conhecidas formações dos Green Windows e Gemini. Em 1969 gravaram um único e muito pouco conhecido EP. Com uma sonoridade já distante do ié-ié, as influências iam para o Pop/Rock (nuns temas mais Pop, noutros mais Rock) ou mesmo o Soul norte-americano.



O tema selecionado é “How Can I Be Sure”, sucesso de 1967 dos então populares The Young Rascals e maior ainda nas posteriores versões de Nicoletta (Je ne pense que t'aimer) e Dusty Springfield.
Recordemos o original.


  
“How can I be sure? In a world that's constantly changing, How can I be sure? ... I'll be sure with you.” (Bastante apropriado aos tempos actuais).

A versão dos portugueses Mechanical Dream até é interessante, adaptação instrumental com a introdução de uma flauta a lembrar os Jethro Tull (influência?), e é uma agradável surpresa a ouvir com satisfação. A supervisão musical era de Thilo Krasmann (estava em todas).



Mechanical Dream - How Can I Be Sure

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Banda 4 - Walking On The Beach

O nome do grupo Banda 4 diz pouco, muito pouco. Existiu, no entanto, o tempo suficiente para nos deixar um interessante EP.
Pouco depois de abandonar os Sheiks, Paulo de Carvalho forma, em 1968, a Banda 4 donde resultou um EP com 4 faixas muito agradáveis: "Baby You Got Me", "Gotta Start Lovin' You", "Walking On The Beach" e "O Ribeiro".



 “Walking On The Beach” com letra e música de Paulo de Carvalho é um tema cheio de influências psicadélicas muito ao estilo da época e merece o devido destaque. Sem dúvida uma fase menos conhecida mas muito agradável de Paulo de Carvalho. “Walking on the Beach” foi escrita no Algarve, walking on the beach …, ainda com Paulo de Carvalho nos Sheiks mas já na companhia de Luís Monteiro e Luís Romão que fariam parte da Banda 4.
Um registo de voz muito atraente e pleno de ascendências soul/psicadélicas que não perduraram muito tempo, foi pena. Um EP nitidamente acima da média de então e de agora... Nesta fase menos conhecida, mas nem por isso menor de Paulo de Carvalho, formaria pouco depois os também muito interessantes Fluido.

Mas agora é com a Banda 4 e este “Walking on the Beach” que ficamos.



Banda 4 - Walking On The Beach

domingo, 6 de dezembro de 2015

Os Vodkas - S. Francisco Girls

Nos anos 60 os grupos mais conhecidos e com acesso a gravar encontravam-se em Lisboa e Porto. No resto do país dificilmente passavam da animação de bailaricos nos clubes recriativos na área onde residiam. Alguns (poucos) no entanto conseguiram a gravação de um simples EP. É o caso de Os Vodkas.
Os Vodkas eram da Figueira da Foz e destacaram-se no período de 1965 a 1969. A constituição do grupo foi variável não só por divergências internas mas também por “darem o salto para França”. Em 1969 efectuaram o seu único registo, um EP onde aparecia o original “S. Francisco Girls” (influências de 1967?).



 Na contra capa do EP constava o seguinte delicioso texto:
“Na mais cosmopolita cidade turística portuguesa, a Figueira da Foz surgiu um notável grupo de música moderna – OS VODKAS.
Talvez pela influência do cosmopolitismo da Rainha das Praias de Portugal, este conjunto para além de cantar em português, canta nomeadamente em francês e inglês, o que lhe dará, estamos certos, grande projecção, não só entre nós, mas também no estrangeiro.
Estes jovens artistas, pelo contacto directo com a natureza, esse nunca acabar de formas que nascem e morrem, aparecem e desaparecem, se geram e corrompem, uma natureza bela e colorida, como é a da Praia da Claridade, que como por magia contagiou os seus espíritos, tão profundamente, que nas suas exteriorizações artísticas, há um cunho diferente, algo que os distingue, vincando-lhes a sua própria personalidade.
SCHOPENHAUER disse:
Ter glória e juventude ao mesmo tempo é demais para um mortal.
Estamos certos que com OS VODKAS isso não vai acontecer!”

A juventude já se foi, a glória também, fica somente a recordação de “S. Francisco Girls” num som que actualmente muitos diriam do mais puro “garage”, aí vai.



Os Vodkas - S. Francisco Girls

sábado, 5 de dezembro de 2015

Os Celtas - Disparate

Continuamos com a música feita em Portugal nos anos 60, em concreto na 2ª metade da década.
Os anos de 1967, 68 e 69 viram surgir em Portugal um conjunto de bandas, a experimentar abordagens mais inventivas e consistentes (mas quase todas com pouco êxito comercial), influenciadas pela riqueza das novas sonoridades vindas de Inglaterra e também da West Coast. O Ié-Ié estava irreversivelmente ultrapassado.

Assim, para além do êxito reconhecido da Filarmónica Fraude outros nomes deram à luz e merecem aqui referência: Banda 4, Grupo 5, Trio Barroco, Os Tubarões (de Viseu), Conjunto Universitário Hi-fi (de Coimbra), Os Vodkas (da Figueira da Foz), The Strollers são alguns exemplos.



Os Celtas foram mais um desses grupos, um daqueles que, assim como surgiram assim desapareceram, tiveram tempo de gravar, em 1969, um EP, relativamente fraco, para memória futura. Quatro temas originais, dos quais três em inglês, compõem este EP. As canções em inglês são “Slows”, como se dizia na época, a recordar, por todos os poros, os bailes de garagem. O quarto tema é um instrumental, uma espécie de marcha, de nome “Disparate”.
E agora, fazendo uso da memória futura, segue o tal “Disparate”.



Os Celtas - Disparate

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Sheiks - Michelle

Dos Sheiks já passámos pelo pior, “Eusébio”, e melhor com “Missing You”.
Porque os Sheiks foram um caso invulgar na cena musical, dos anos 60, em Portugal, a eles voltamos. Por lá passaram, é sabido, três excelentes vozes que tiveram relevantes carreiras a solo e que ainda por aí andam: Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Fernando Tordo. Formados em 1963 teriam uma enorme popularidade ao longo da década, sendo o grupo português que esteve mais próximo da internacionalização (actuação em Paris, e edições em Espanha, França, Inglaterra e Brasil).

Pela qualidade instrumental e interpretativa rapidamente destacaram-se da mediania dos restantes grupos e, contrariamente a muitos outros conjuntos da mesma época, Conjunto Mistério, Os Titãs, etc., não foram beber à fonte dos The Shadows, mas sim directamente aos The Beatles apresentado-se assim no que podemos considerar a 2ª geração de Rock em Portugal. Os Sheiks são mesmo um marco no Rock português, há um antes e um depois do seu surgimento.



No durante, o ano mais produtivo foi sem dúvidas o de 1966 com a gravação de 4 EP, no EP de "Yesterday Man" e "These Boots Are Made For Walkin'" figurava a versão de “Michelle” dos The Beatles que agora revivemos.
Fica a certeza de a eles voltar.



Sheiks - Michelle

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Quinteto Académico - Reach Out I'll Be There

Nestas deambulações entre o Reino Unido e os Estados Unidos na música popular na década de 60, uma paragem em terra lusas onde o fenómeno, sem a dimensão daqueles países, não deixou de produzir intérpretes bem interessantes da nova música feita por jovens, para jovens. Se os primeiros anos da década são marcados pelo surgimento dos primeiros solistas e conjuntos com fortes influências do Rock'n'Roll, de, por exemplo: Elvis Presley, Ricky Nelson ou os britânicos The Shadows, ouça-se por exemplo: Daniel Bacelar, Victor Gomes, Zeca do Rock, Os Tártaros, Os Titãs, com o avançar da década outras influências, The Beatles a Pink Floyd, marcaram o panorama musical português com a formação de múltiplos novos grupos com destaque para os Sheiks, os Jets ou o Conjunto Hi-Fi.

A maior parte dos conjuntos era formado por estudantes o que levava a adoptar a designação "académico", entre outros, já por aqui passou o Quinteto Académico e a eles agora voltamos.
Existiram durante quase toda a década de 60 (1961 a 69) sendo a sua formação bastante instável. Passaram por lá alguns nomes bem conhecidos como o Pedro Osório, o Jean Sarbib e mais tarde, já Quinteto Académico + 2, o Mike Seargent e o Dany Silva. Numa abordagem longe do Ié-Ié e mais próxima do Rock e do Soul o Quinteto Académico aparece, juntamente com os Sheiks, no que podemos considerar uma 2ª vaga do Rock em Portugal. Em 1967 gravam o 2º EP onde aparecia (para além de “Winchester Cathedral”) o tema agora escolhido, “Reach Out I'll Be There”.




“Reach Out I'll Be There” editado em 1966 pelos Four Tops foi um grande êxito e pode ser agora recordado.




Pois é, numa altura em que a música soul negra dava cartas através da “Motown Records”, o nosso Quinteto Académico aderia ao som Motown mostrando uma musicalidade pouco vulgar por cá (utilizando uma multiplicidade instrumental pouco usual) e faziam a sua versão de “Reach Out I'll Be There”.
Aí vai.



Quinteto Académico - Reach Out I'll Be There

PS: Já em 1966, os Thilo’s Combo tinham feito a sua versão (menos interessante) de “Reach Out I'll Be There”

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

David Peel and The Lower East Side - I Like Marijuana

A música Folk começou a década de 60 de forma acústica, com Pete Seeger, Joan Baez, Judy Collins, Bob DylanPeter Paul and Mary, transformou-se e terminou a década de forma eléctrica com o Folk-Rock de Bob Dylan, Fairport Convention, Pentangle, Steeleye Span, Crosby, Stills and Nash. A evolução técnica e musical foi enorme.
Pelo meio oportunidade para um nome meio obscuro da cena Folk Novaiorquina da 2ª metade dos anos 60: David Peel, ou David Peel and The Lower East Side.

Rolf-Ulrich Kaiser descreve assim uma tarde de Domingo (presumo que em 1968) no bairro East Village de Nova Iorque onde decorre um espectáculo do coro Up With People:
"... Todo esse espectáculo conscientemente preparado, só tem um senão: ninguém ouve as suas melodias. O público prefere ouvir um pequeno grupo que, a escassos metros dali, entoa canções contestatárias.
David Peel trouxera consigo esse grupo, amigos e amigas despenteados e cobertos de roupas andrajosas. Jovens sem lugar, sem pais. Jovens desordenados, como dizem os bons burgueses. Estes jovens, sentados à volta de David Peel, fazem a sua música. À sua maneira, produzem sons, ruídos, com pancadas em garrafas, em tubos de metal, etc.. São cerca de trinta e acompanham, constantemente o cantor popular David Peel. Foi com esta gente, diante da qual se erguem microfones, que David fundou o Lower East Side."

E mais adiante citando um artigo da revista Others Scenes sobre o grupo de David Peel:
"Este grupo está presente em qualquer acontecimento local, seja grande ou pequeno, grátis ou remunerado cantam com a confiança de quem consegue expressar os sentimentos daqueles que, naquele momento, os escutam."
E conclui:
"Aqui renasce o cenário do folk."

Em 1968 grava o primeiro álbum "Have a Marijuana" gravado ao vivo nas ruas de Nova Iorque. "The American Revolution" e "The Pope Smokes Dope" foram os LP que se seguiram. Este último editado em 1972 foi produzido por John Lennon e Yoko Ono e é dele o tema "Hippie from New York City" que no vídeo pode ser visto com John Lennon e Yoko Ono a integrarem o grupo num estilo muito Skiffle.




Numa cena muito rude, um folk em estado bruto poder-se-ia dizer protopunk, David Peel e a sua The Lower East Side é agora recordado com o seu "I Like Marijuana", estávamos nos anos 60, concretamente em 1968.



David Peel and The Lower East Side - I Like Marijuana