terça-feira, 30 de junho de 2020

Albatroz – Sixty Years On

1972, o Hard-Rock e o Rock Progressivo ganhavam terreno e em Portugal o fenómeno também tinha os seus seguidores. Os novos grupos de Rock que se formavam tinham naquelas referências  as suas principais influências. É o caso da escolha de hoje, os Albatroz.

Os Albatroz constituíram-se em 1971, tiveram uma curta existência e gravaram um só Single pelo que a informação a eles referente é naturalmente escassa. Mesmo assim, uma pesquisa rápida e eis o que consegui.

No nº 18 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Outubro de 1971 consta:
"No período em que, como no futebol, se fazem «transferências» com vista à `nova temporada, um novo grupo surgiu em Lisboa, formado por alguns dos maiores nomes da cena Pop nacional. 
Albatroz é o nome e dele fazem parte Jean Sarbib, viola-solo (ex-Quinteto Académico), Rui Pipas, viola-solo (ex-Beatnicks), Pedro Taveira, baterista (ex-Pentágono) e André Sarbib, organista (ex-Grupo 5), o que a priori nos poderá deixar concluir estarmos perante uma formação de grande impacto musical.
De algum tempo a esta parte Jean Sarbib tentava a formação de um agrupamento de Rock, juntamente com seu irmão André, chegado de Angola onde tocou com «Grupo 5». Ocupando grande parte do seu tempo com THE BRIDGE sem dúvida o melhor agrupamento de jazz existente em Portugal, Jean Sarbib, simultaneamente interessado pelo Rock é indubitavelmente um nome de extraordinária projecção no actual panorama musical do país.
Por outro lado, Rui Pipas, que pode talvez ser considerado o melhor solista português de Hard Rock, e que fez anteriormente parte dos Beatniks, parece ter abandonado aquele grupo por «incompatibilidades de ordem musical» com os demais elementos, foi imediatamente convidado pelos irmãos Sarbib para fazer parte de ALBATROZ.
Pedro Taveira, sem dúvida alguma o melhor elemento daquele que até há pouco se poderia considerar um dos melhores, sendo o melhor, agrupamento português, o Pentágono (do Porto), resolveu procurar novas fontes de inspiração, novos horizontes e aceitar o convite para vir para Lisboa e tocar com o recém formado grupo.
Entretanto, o agrupamento acaba de gravar um single e prepara-se para actuar em diversos espectáculos. Aguardemos ALBATROZ e façamos votos para uma longa sobrevivência, deste Super-grupo."

Eram, na realidade, constituídos por alguns dos que eram considerados os melhores músicos portugueses no género. Jorge Lima Barreto num longo texto intitulado "Música Pop Portuguesa no Reino da Mediocridade" que foi publicado no jornal Expresso de 24 de Fevereiro de 1973, no seu crivo bem exigente dizia:
"Houve, em tempos que já lá vão, uma tentativa bizantina de organizar um grupo com a fina-flor da pop portuguesa: o Albatroz. Tudo resultou num fiasco tímido e as tais «starlettes» esfumaram-se no anonimato."

Mais à frente reconhece que "Taveira possui os requisitos necessários para ser um óptimo baterista: agilidade, inventiva, mobilidade, suplesse."


https://www.discogs.com/



O referido Single constava de duas músicas "It Could Happen" de André Sarbib e Terry Thomas e uma versão da bem conhecida "Sixty Years On" de Elton John e Bernie Taupin. Com esta última ficamos.

Nota final: Vi no ano de 1972 no baile de finalistas daquele ano no Café Progresso de Ovar os Albatroz a actuarem. Lembro-me que ocasiões houve em que mais que um baile era um concerto a que se assistia, recordo-me por exemplo de terem tocado "Nothing At All" dos Gentle Giant, tinha eu 15 anos!






Albatroz – Sixty Years On

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Pop Five Music Incorporated - Take Me To the Sun

Outro grupo que fez a transição dos anos 60 para os de 70 foi a Pop Five MusicIncorporated.
Sérgio Borges e o Conjunto de João Paulo, que ontem recordei, eram mais antigos, eram oriundos da Madeira e tocavam um um Pop-Rock ligeiro condizentes com as influências da primeira metade da década de 60. Os Pop Five Music Incoporated, com origem no Porto, e formados em 1967 sofreram outro tipo de influências que os levou a evoluir para um Rock mais progressivo. Começaram a interpretar versões do Pop internacional, "Those Were The Days", e terminaram com composições próprias próximas do Hard-Rock tipo "Orange" e "Stand By".





É em 1971 que têm oportunidade de gravar nos estúdios da Pye Records, em Londres, e é de lá que saem os últimos discos que o grupo editou,  um Singles em 1971 e mais dois em 1972.
À semelhança de Sérgio Mendes e o Conjunto de João Paulo, os Pop Five Music Incorporated dão por terminada a sua carreira como grupo no ano de 1972.
Deste ano e já com uma fraca divulgação, pelo menos eu não me lembro de a ter ouvido, o Single "Take Me To the Sun", para agora recordar.



Pop Five Music Incorporated - Take Me To the Sun

domingo, 28 de junho de 2020

Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo - Mar (Meu Pão, Pedra, Fome)

Não foram muitos os grupos, que de uma forma significativa, dobraram a década de 60 para a de 70.
Mesmo aqueles que o fizeram, pouco duraram, os tempos eram outros e as sonoridades também.

Lembram-se do Conjunto Académico João Paulo? Tem sido presença frequente neste blogue e foi um dos conjuntos cuja actividade se prolongou ao início dos anos 70.

Tinham uma longa carreira, iniciada em 1962, com níveis de sucesso relevantes que se traduziram em variados discos publicados. Em 1970 Sérgio Borges é o elemento grupo mais conhecido, mais não fosse a vitória no Festival da Canção da RTP com "Onde Vais Rio Que Eu Canto". Tal facto "... confirmou o seu protagonismo como intérprete individual, mas contribuiu, a par da crescente expansão do meio musical do período marcelista, para o desvanecimento da carreira do grupo." de acordo com a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".






O grupo muda de designação e passa a ser Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo mas o seu fim estava próximo, a última gravação vai para o Single, de 1972, "Mar (Meu Pão, Pedra, Fome)", diria já deslocado no tempo.



Sérgio Mendes e o Conjunto João Paulo - Mar (Meu Pão, Pedra, Fome)

sábado, 27 de junho de 2020

Petrus Castrus - Tudo isto, tudo mais

Antes da edição, em 1973, do álbum "Mestre", hoje avidamente procurado por coleccionadores, os Petrus Castrus já tinham gravado dois discos de curta duração.

Formados a partir dos irmãos Pedro e José Castro foram a melhor representação do Rock Progressivo feito em Portugal na década de 70. Os 2 EP reflectem ainda um estilo muito Pop-Rock, agradável de se ouvir e com letras satíricas e enquadradas no espírito crítico anterior a Abril de 1974.


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Depois do primeiro EP (1971), hoje recordo o segundo (1972), "Tudo isto, tudo mais", que para além da faixa com este nome, incluía ainda "Familiada" e "Moscas, Sol e Gente".



Petrus Castrus - Tudo isto, tudo mais

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Os Novíssimos – Altos Castelos

Estes não os conhecia de todo, portanto, diria graças à net e a alguns estudiosos da música portuguesa da minha adolescência a possibilidade do Regresso ao Passado de hoje.

Os Novíssimos, assim se designava o grupo e eram uma formação coral de cerca de 30 elementos. Deste agrupamento são conhecidos três EP, os dois primeiros de 1972 e o terceiro de 1973.

Informação escassa, para não dizer nula, o melhor que consegui foi um pequeno texto de João Carlos Callixto inserido no seu livro "Canta, Amigo, Canta" e que começa assim:
"Grupo coral com mais de trinta elementos, os Novíssimos foram formados em Outubro de 1970 na sequência de convívios juvenis. O seu reportório incluía três tipos de canções: de raiz tradicional, versões de autores da nova música portuguesa e, maioritariamente, originais da autoria de elementos do próprio grupo."







O primeiro EP contem 4 canções a saber:

- Altos Castelos (Do álbum Baladas e Canções de 1964 de José Afonso)
- Maria da Conceição (Canção Popular das Beiras)
- Vem Cantar (Original de Valente Jorge/Augusto Guedes)
- Ribeira Vai Cheia (Canção Popular do Alentejo)


Fica-se com "Altos Castelos" ou seja um das "versões de autores da nova música popular".



Os Novíssimos – Altos Castelos

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Mini-Pop – Delta Queen

1972 também teve lugar para os Mini-Pop.
Não mais que crianças os Mini-Pop eram da cidade do Porto e estiveram na origem, na década seguinte dos bem conhecidos Jáfumega.  Evidenciaram-se, em parte, pelo reportório escolhido, para além de originais a interpretação de êxitos internacionais que lhes permitiu elogios da crítica, nomeadamente, na passagem que fizeram pelo Festival de Vilar de Mouros de 1971. Distinguiram-se pois de outras formações de tenra idade (por exemplo La Pandilha de Espanha lembram-se?) pela qualidade das suas interpretações coladas aos originais quando versões de canções estrangeiras.

Passagens várias pela RTP, espectáculos pelo país, participação no Festival da Canção RTP de 1973 e a gravação de 6 discos com canções em inglês e português, assim se resume o percurso dos Mini-Pop que terminariam no final da década, os Jáfumega estavam à espreita.






Em 1972 são publicados 2 Singles, um com temas em inglês o outro em português. Do primeiro fica a canção "Delta Queen", canção objecto, internacionalmente, de muitas versões e que os Mini-Pop também a fizeram para a posteridade.



Mini-Pop – Delta Queen

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Quarteto 1111 - Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo

Nesta passagem pela música feita em Portugal no ano de 1972 comecei com um conjunto de cantores a solo que, julgo, bem representativos do que naquele ano por cá se editou. E no que diz respeito aos grupos de Rock, ou Pop-Rock, como é que foi o panorama deste ano? Muitos dos grupos que fizeram furor nos anos 60 tinham acabado, outros se iniciavam e a sonoridade era, genericamente, bem diferente, diria, mais pesada, condizente com as influências estrangeiras que se manifestavam no Rock.

Outros persistiam mas já não tinham o encanto do seu início, por exemplo, o Quarteto 1111. Encontravam-se numa encruzilhada, da sonoridade original já pouco tinham, um Rock mais pesado no Festival de Vilar de Mouros, um Pop mais ligeiro nas gravações a adivinhar os próximos Green Windows. Ainda por cima José Cid e TóZé Brito dispersavam-se em carreiras a solo, conforme já testemunhei, mesmo assim tempo para o Quarteto 1111 gravar ainda um Single em 1972.





Cheio de la-la-las, o Single era composto pelos temas "Sabor a Povo" e "Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo", temas com que o grupo participou no Festival dos Dois Mundos realizado no Teatro São Luiz.

"Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo" composta por José Cid e TóZé Brito fica a juízo de cada um.



Quarteto 1111 - Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo

terça-feira, 23 de junho de 2020

TóZé Brito - Se Quiseres Ouvir Cantar

Nasceu no Porto e ainda adolescente está na formação inicial dos Pop Five MusicIncorporated, rapidamente migrou de cidade e de grupo musical, foi para Lisboa e passou a integrar o Quarteto 1111, era o TóZé Brito.

No início dos anos 70 é mais um a aventurar-se em carreira a solo. Fá-lo em 1972, depois de no Quarteto 1111 ter colaborado com José Cid na escrita de algumas canções e com eles ter actuado no 1º Festival de Vilar de Mouros em 1971. É, portanto, em 1972 que se apresenta a solo no Festival da Canção da RTP com a canção, por ele composta, "Se Quiseres Ouvir Cantar" ficando-se por um modesto 5º lugar em oito canções e que vai constituir o seu primeiro disco.



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Até à revolução de Abril de 1974 encontra-se em Inglaterra onde chega a gravar em duo com a Daphne um Single. Regressado a Portugal está na origem de grupos Pop de sucesso como os Green Windows e os Gemini. Continua a gravar em nome próprio e a compor para outros artistas e no final da década inicia actividade editorial.

Sem apreciar particularmente o seu estilo de composição sempre gostei da sua bonita voz como se comprova em "Se Quiseres Ouvir Cantar".



TóZé Brito - Se Quiseres Ouvir Cantar

segunda-feira, 22 de junho de 2020

José Cid – Corpo Abolido

De alguns dos mais importantes grupos Rock nacionais dos anos 60 emergiram nomes que se destacaram na década seguinte. Os melhores exemplos vêm dos Sheiks, donde saíram Fernando Tordo, Carlos Mendes e Paulo de Carvalho, e do Quarteto 1111, donde sobressaíram, José Cid, claro, e Tózé Brito.

Portanto mais um Regresso ao Passado para o José Cid. Lembro que tenho estado a recordar o ano de 1972, ano de coexistência de José Cid a solo e do Quarteto 1111. Infelizmente, para meu gosto, os dois em declínio face ao que já tinham produzido.
Pena é que tivesse optado por um leque tão diversificado de estilos, desde a Rock Progressivo à música ligeira de cariz mais popular.





No ano de 1972, de José Cid é publicado um EP de nome "Camarada", com 4 composições, sendo a faixa título a menos interessante e a denunciar um gosto fácil posteriormente por ele desenvolvido em canções de largo sucesso. "Corpo Abolido" é uma das outras canções com poema de Natália Correia e música de José Cid. A ouvir.



José Cid – Corpo Abolido

domingo, 21 de junho de 2020

Paulo de Carvalho – Vamos Cantar de Pé

Paulo de Carvalho era o 3º (os outros foram o Fernando Tordo e o Carlos Mendes) a dar continuidade ao seu percurso musical após passagem pelo grupo Pop-Rock Sheiks nos anos 60.
Antes de se iniciar a solo ainda teve outras curtas experiências, em vários grupos Rock, passou pelos Thilo's Combo, Banda 4 e Fluído alargando assim as suas influências ao Rythm'n'Blues e Soul. Entra na década de 70 a solo ao participar no Festival da Canção da RTP daquele ano com a canção "Corre Nina", certame que viria a vencer em 1974 com a conhecida "E Depois do Adeus".


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No ano de 1972 falhou o Festival da Canção da RTP mas participou no Festival Internacional da Canção Popular do Rio de Janeiro com a canção "Maria Vida Fria" de José Niza e Pedro Osório. Gravou neste ano, ao que consegui apurar, 4 Singles todos eles nos Estúdios Celada em Madrid. Entre eles constava o Single com as canções "Esta Festa das Cidades" e "Vamos Cantar de Pé" (versão em inglês), as duas concorrentes ao referido Festival respectivamente nas vozes de João Henrique e Paco Bandeira.

Bem conhecida no original de Paco Bandeira, não me recordava de "Vamos Cantar de Pé" na versão em inglês de Paulo de Carvalho, aqui vai ela.



Paulo de Carvalho – Vamos Cantar de Pé

sábado, 20 de junho de 2020

Carlos Mendes – Inventar a Vida

Fernando Tordo, Carlos Mendes e Paulo de Carvalho deixaram a sua marca no ano de 1972.
Depois de ontem Fernando Tordo ter inventado o amor ("Invenção do Amor"), hoje é a vez de Carlos Mendes "Inventar a Vida".

Carlos Mendes foi elemento fundador dos Sheiks em 1963 onde se manteve como vocalista e guitarrista até 1967. Logo no ano seguinte vence o Festival da Canção da RTP com a canção "Verão", que seria o seu primeiro Single a solo , tendo obtido o 11º lugar no Festival da Eurovisão, a nossa melhor classificação até então.





No ano de 1972 vence novamente o nosso Festival da Canção, com "A Festa da Vida" conseguindo, com ela, o 7º lugar na Festival da Eurovisão daquele ano.
Revelou-se um ano muito produtivo, tendo, para além da participação no LP "A Fala do Homem Nascido" já várias vezes por mim destacado, gravado vários Singles, sendo a um deles que fui buscar "Inventar a Vida", uma canção da autoria de José Niza e José Calvário.



Carlos Mendes – Inventar a Vida

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Fernando Tordo – Invenção do Amor

No início dos anos 70 Portugal tinha ganho três novos intérpretes da canção, digamos, mais ligeira que iriam marcar uma época e redefinir a canção portuguesa libertando-a musicalmente do alheamento de influências estrangeiras e das letras "...conotadas com o nacional-cançonetismo..." que "...eram superficiais, fúteis e propagandísticas, recorrendo frequentemente a temáticas patrióticas, bem como a elogias à pobreza, à devoção religiosa e à humildade" (ver a entrada "nacional-cançonetismo" na "Enciclopédia da Música em Portugal noSéculo XX").
Esses intérpretes eram Fernando Tordo, Carlos Mendes e Paulo de Carvalho e que tinham em comum ter passado por um dos melhores grupos Pop-Rock nacionais dos anos 60, os Sheiks.

Em finais de 1966, Fernando Tordo substitui Carlos Mendes nos Sheiks e em 1967 o grupo grava o último EP, "That's All". "A partir de 1968 desenvolveu uma intensa e profícua colaboração com Ary dos Santos que se prolongou por 14 anos, da qual resultaram perto de 400 composições,..." ("Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX"). Entre Singles e EP contabilizei, até 1972, 13 publicações o que para a época era obra!


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É deste ano o Single "Eu Não Vou Nisso"/"Invenção do Amor". Segue "Invenção do Amor" com letra de Ary dos Santos e música de Fernando Tordo.



Fernando Tordo – Invenção do Amor

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Duo Ouro Negro – Construção

Terá sido através do Duo Ouro Negro que tive os primeiros contactos com a música que não sendo exactamente música popular portuguesa, não era o Rock anglo-saxónico, nem a música Pop oriunda de Itália e França.
Era algo que hoje facilmente se catalogaria na World Music, tal era mistura de géneros e influências. Veja-se o que diz a "Enciclopédia da Música em Portugal no SéculoXX":
"A escolha de repertório para gravação foi, desde o início, pautado pela diversidade. À fase de recriação de géneros performativos tradicionais, primeiro cantados em línguas angolanas, depois em português (como reflexo dum contexto político favorecendo a «mestiçagem» cultural no que dizia respeito aos territórios ultramarinos portugueses), juntaram-se composições do Duo Ouro Negro, versões da MPB e da música popular francesa, inglesa, norte-americana, latino-americana e sul-africana, cantadas em língua portuguesa. Esta estratégia editorial, abrangendo um repertório de música popular contemporâneo globalmente difundido, vocacionado para um público jovem e alargado."






Em 1972, após o sucesso do conceptual "Blackground", um EP com três canções, sendo uma delas, a sugestão para hoje, a versão de "Construção" um original e êxito então recente de Chico Buarque.



Duo Ouro Negro – Construção

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Jorge Palma - Come, Morpheus

Em 1972 Jorge Palma estava longe dos níveis de popularidade que actualmente aos 70 anos tem. Nome grande e incontornável da música popular portuguesa, JorgePalma começou, com forte influência do Rock, no grupo de fusão Sindicato do qual resultou um Single editado em 1971. Findo o grupo,  enveredou por carreira a solo tendo logo no ano seguinte gravado o primeiro Single sob nome próprio, os LP só vieram depois do 25 de Abril de 1974.






Longe ainda do estilo que foi criando ao longo dos anos depois da Revolução, sintonizado com o Pop-Rock anglo-saxónico da época, o Single contêm 2 canções interpretadas em inglês, respectivamente "The Nine Billion Names of God", noutro momento recordado neste blogue, e "Come Morpheus".

O Jorge Palma principiante na composição ainda longe do seu estilo característico, diria mesmo irreconhecível, até na voz, os menos atentos não a reconhecerão. Segue "Come Morpheus".



Jorge Palma - Come, Morpheus

terça-feira, 16 de junho de 2020

Tonicha – Puedo Inventar

Mais uma voz feminina no panorama da música popular portuguesa no ano de 1972, Tonicha.

Não se encontrando entre as minhas preferências, gostava muito mais de uma Daphne praticamente desconhecida, tenho procurado trazer aqui a Tonicha numa vertente para mim muito mais agradável do que a faceta mais popular, diria popularucha, pela qual ficou mais conhecida.

Bem conhecida do grande público com êxitos muito comerciais e de gosto fácil, teve paralelamente um conjunto de gravações que não tiveram a divulgação merecida. Recorde-se, por exemplo, a colaboração, nos anos 60 com José Cid ou em 1972 a participação no trabalho de José Niza "Fala do Homem Nascido". 





Também do ano de 1972 é o EP com quatro canções do cantor espanhol Patxi Andión que Ary dos Santos tratou de adaptar para português. É dele o texto que consta na contra-capa do disco:
"Pax Andion (?) é - e já muitos o têm dito - um «caso» musical. Mas, quanto a mim, a grandeza desse «caso» reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino.
Em boa hora decidiu Tonicha interpretar algumas das suas canções, de cuja versão portuguesa tive o prazer de me ocupar. Também ela à sua maneira, personifica mais do que nenhuma outra, entre nós, o canto da nova mulher portuguesa. Cano de amor do povo e de amor pelo povo. Canto personalizado num talento de facto ímpar mas, por força da sinceridade e do poder de comunicação humana, tornado colectivo e geral."


"Puedo Inventar" é uma canção do álbum "Palabra por Palabra" que Patxi Andión publicou em 1972, no mesmo ano Tonicha cantava-a assim:



Tonicha – Puedo Inventar

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Daphne – Barzabu

Daphne, de nome verdadeiro Clara Stock de Aguiar, foi uma cantora que eu apreciei no início dos anos 70. Foi, infelizmente, relativamente curta a sua passagem pela música pois possuía uma voz que tinha potencialidades para ter ido bem mais longe.
Em resumo:
Em 1968 Daphne dá a voz, assim como Judi Brennan, no Single do grupo de Rock Chinchilas que continha os temas "Calmas São as Imagens" e "Don't Want You No More".
1969 as duas encontram-se, com Nuno Rodrigues e António Lobão, no quarteto Música Novarum tendo gravado o magnífico EP  "Barca de Flores".
O ano de 1971 vê Daphne, com Nuno Rodrigues, integrada no grupo Family Fair tendo ficado como registo o Single "Mrs Colbeck"/"Soldier", o melhor Folk-Rock então cá praticado. Ainda em 1971 Daphne estreia-se a solo com o tema "Verde Pino" com o qual participou no Festival da Canção da RTP.





E chego a 1972, ao segundo Single por ela gravado. "Barzabu" e "Pastora" compostos por Nuno Rodrigues, uma belíssima amostra do que estava para acontecer com a formação da Banda do Casaco (1974). Ouça-se "Barzabu" e depois "Canto de Amor e Trabalho" do álbum "Coisas do Arco da Velha" (1976) e veja-se as semelhanças.



Daphne – Barzabu

domingo, 14 de junho de 2020

Carlos Portugal - Quem Te Viu Amor e Quem Te Vê

Como intérprete as gravações de Carlos Portugal terminam em 1972. 

Dois LP, vários Singles e EP são o legado que Carlos Portugal nos deixou numa carreira iniciada em 1967 e que se prolongaria pela década de 70 como produtor e compositor para outros artistas.
Musicalmente teve as suas raízes na Canção de Coimbra mas não se ficou por aí, da balada ao Pop e até mesmo ao Rock e ao Soul se podem encontrar na sua obra.







O ano de 1972 viu publicados dois Singles intitulados "A Nova Música de Carlos Portugal - 1" e "A Nova Música de Carlos Portugal - 2", sendo os arranjos do Pedro Osório com quem já trabalhava desde o final dos anos 60.

Não era, infelizmente, um nome sonante da nossa música popular e não são muitas as canções que a nossa memória colectiva dele se lembrará, talvez, de acordo com João Carlos Callixto em "Canta, Amigo, Canta",  "Viva Quem Canta" (1969) seja a mais conhecida, pelo que urge continuar a lembrar este, e muitos outros cantores de um período tão importante da nossa história.
Do primeiro Single fica-se com "Quem Te Viu Amor e Quem Te Vê", entre o Pop e a música ligeira, uma proposta menos interessante de Carlos Portugal.
 



Carlos Portugal - Quem Te Viu Amor e Quem Te Vê

sábado, 13 de junho de 2020

Tino Flores – Passa o Tempo

Em tempos idos em que não havia liberdade de expressão e qualquer manifestação de discordância com o regime era reprimida, a expressão artística não foi excepção. A forma de contornar revelou várias facetas umas mais subtis que outras, umas conseguindo "furar" a censura outras nem por isso. Algumas revelando-se mais radicais mas musicalmente mais pobres ou mesmo muito pobres, revelavam-se no exterior, em particular em França, e alguns discos chegavam cá e eram distribuídos clandestinamente é o caso da escolha de hoje.






Tino Flores encontrava-se exilado em Paris e será lá que gravará os seus discos. Em "Canta, Amigo, Canta" de João Carlos Callixto lê-se: "Em todos eles tanto as letras como as músicas são de sua autoria, tendo sido bastante divulgadas composições como "Na Casa do Operário", "Viva a Liberdade" ou "O Meu Amigo Está Preso", em que a linguagem utilizada era acutilante e bem mais directa do que a da generalidade dos cantores de protesto - o que se devia, sobremaneira, ao facto de Tino Flores não ter de passar a sua criatividade pelo crivo da censura."  

É de 1972 o EP "Organizado o Povo É Invencível" onde constava "Na Casa do Operário", mas também este "Passa o Tempo".



Tino Flores – Passa o Tempo

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Manuel Freire - Pedro Só

Mas o ano de 1972 não se fez somente dos 5 LP que acabei de recordei, mais houve a merecer constar numa recordação daquele ano, trabalhos mais pequenos, Singles e EP, é certo mas mesmo assim com a qualidade e importância de destacar.
Lembro-me, por exemplo, do António Macedo cujo Single "O Casamento da Menina Manuela"/"Baila, Baila Rapariga" já pode ser encontrado neste blogue ou ainda o nome de Manuel Freire que continuava a gravar com regularidade e a alinhar, conjuntamente com os referidos nos últimos Regresso ao Passado e outros, na renovação da nossa música popular de pendor contestatário contra o fascismo.





Menos conhecido no conjunto da sua obra, consta o Single de 1972 que continha as canções "Pedro Só" e "Pelo Caminho". Tinham letra do escritor Fernando Assis Pacheco e fazia parte da banda sonora do filme "Pedro Só" primeira longa-metragem de Alfredo Tropa, cineasta inserido no chamado Cinema Novo de oposição ao regime.

Bonito tema, bonita voz, é Manuel Freire e "Pedro Só".




Manuel Freire - Pedro Só

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Samuel – Poema da Malta das Naus

No livreto do CD "Margem de Certa Maneira" de José Mário Branco podia-se ler:
"Nos habituais balanços de fim de ano, o "Diário de Lisboa" ouviu, entre outros, Carlos Cruz essa avaliação: "O mais importante deste ano está nos LPs do José Mário Branco, do José Afonso, do José Letria e no álbum 'Fala do Homem Nascido' com música do Niza e poemas do Gedeão." (31/12/72)".

Antes demais duas notas, primeira, bons tempos em os balanços e escolhas dos melhores do ano se faziam no final do ano e não, como agora, que no mês de Novembro já há listas com os melhores do ano, segunda a esta lista falta o, já por mim referido, 1º LP de Sérgio Godinho, um marco importante de 1972.
Posto isto, eis a escolha de hoje, precisamente o álbum "Fala do Homem Nascido" que tinha como intérpretes Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha. Coisa pouco comum, um trabalho de colaboração de vários artistas para composições de um outro, neste caso, José Niza.






Já dei testemunho deste álbum nas vozes de Tonicha e Carlos Mendes, respectivamente com Poema da Auto Estrada" e "Poema do Fecho Éclair", hoje proponho Samuel com o "Poema da Malta das Naus".



Samuel – Poema da Malta das Naus

quarta-feira, 10 de junho de 2020

José Afonso – Por Trás Daquela Janela

Tinha referido 5 álbuns incontornáveis no universo da música popular portuguesa no ano de 1972. Vou hoje para o 4º LP que vai para o inevitável José Afonso e esse grande disco que é "Eu Vou Ser como a Toupeira".


Edição Orfeu, Referência STAT 012, de 1972


Um disco menos referido de José Afonso, mas um dos meus preferidos, vá-se lá saber porquê. Bem, talvez o facto de ter sido o meu primeiro LP de José Afonso tenha tido a sua influência..
"Eu Vou Ser como a Toupeira" sucedia a "Cantigas de Maio", para muitos o melhor disco de sempre da música popular portuguesa, e era diferente, talvez menos acessível, mas sem dúvida um grande trabalho.
José Mário Branco dava o lugar a José Niza na produção, o estúdio de gravação passava de Hérouville, Paris, para os Estudos Celada em Madrid, no lugar de músicos maioritariamente franceses a colaboração de portugueses como o José Jorge Letria, Teresa Silva Carvalho, Carlos Alberto Moniz, o próprio José Niza e ainda o galego Benedicto Garcia Villar. Um disco talvez menos exuberante mas mais, diria, intimista.
"Por Trás Daquela Janela" uma bela canção com letra e música de José Afonso é a proposta de hoje.



José Afonso – Por Trás Daquela Janela

terça-feira, 9 de junho de 2020

Sérgio Godinho - Cantiga da Velha Mãe e dos Seus Dois Filhos

O ano de 1971 marcou uma viragem histórica no âmbito da nossa música popular, relembro discos como "Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades" de José Mário Branco, "Gente de Aqui e de Agora" de Adriano Correia de Oliveira, "Cantigas de Maio" de José Afonso e o EP de Sérgio Godinho "Romance de Um Dia na Estrada".

O 1º LP de Sérgio Godinho que, bem que gravado em 1971, só viu a luz do dia em 1972, o ano que tenho estado a recordar. "Os Sobreviventes" era o nome do álbum e vinha emparelhar com o 1º LP de José Mário Branco, aliás a colaboração tinha sido mutua nos dois discos.


Edição em CD de 1990, Made in W. Germany, ref: 848102-2



No livro "Música Popular Portuguesa - um ponto de partida" de Mário Correia lê-se: "...OS SOBREVIVENTES é uma das obras cujo contributo veio agitar o nosso meio musical e imprimir uma dinâmica nova, quer em termos de linguagem poética (a despoetização do real) quer em termos musicais (o assumir da herança da balada e da música tradicional em termos/simbiose urbana multi-influenciada)."

Recheado de canções que passaram a fazer parte do nosso imaginário como "Farto de Voar", "Maré Alta", "Que Força É Essa" ou "Cantiga da Velha Mãe e dos Seus Dois Filhos", esta última com letra de Sérgio Godinho e música de José Mário Branco.



Sérgio Godinho - Cantiga da Velha Mãe e dos Seus Dois Filhos

segunda-feira, 8 de junho de 2020

José Jorge Letria - Arte Poética

No ano de 1972 é fácil identificar os cinco álbuns portugueses mais importantes do ano, um deles já o recordei ontem, foi "Margem de Certa Maneira" de JoséMário Branco. Outro, que inevitavelmente tem que ser destacado, é "Até ao Pescoço", o primeiro longa duração de José Jorge Letria.

O álbum foi gravado em França nos famosos estúdios Strawberry, em Hérouville onde, para além dos portugueses José Afonso, José Mário Branco, gravaram também Elton John, Pink Floyd, T. Rex, etc. e teve a produção e arranjos do inevitável José Mário Branco.
É um grande disco que, julgo eu, nunca viu a sua reedição em CD e que bem merecia pois é dos mais representativos dos anos pré 25 de Abril de 1974. Para quem viveu aqueles tempo quase todas as canções do LP são bem reconhecidas, embora, injustamente, seja um disco praticamente esquecido.





No livro "Música Popular Portuguesa - um ponto de partida" de Mário Correia lê-se:
"Quase no fim do ano, distribuído pela Sassetti (Guilda da Música), surgiu o primeiro álbum de José Jorge Letria, com o título ATÉ AO PESCOÇO, publicitado como sendo «um disco único e mais do que isso. Tem orquestração de José Mário Branco e dissonâncias muito agudas. Foi gravado em Paris para ser ouvido aqui. Faz efeito mental do pescoço para cima. Efeito visceral do pescoço para baixo»."

"Arte Poética" com letra de Hélia Correia e música do próprio, terminava o disco, ora ouçam bem.




José Jorge Letria - Arte Poética

domingo, 7 de junho de 2020

José Mário Branco – Por Terras de França

1972 e a música feita em Portugal foi a minha proposta, iniciada ontem e que se vai prolongar pelos próximos dias.
A resistência ao regime é cada vez maior e o ano termina com a famosa Vigília da Capela do Rato, onde um grupo de católicos se propõem fazer uma greve de fome de 48 horas em protesto contra a guerra Colonial e a Ditadura do Estado Novo. A acção termina com a intervenção da polícia e a prisão dos principais mentores, os sonhos de uma transformação por dentro do regime do regime diminuem.
Musicalmente os cantores da área da canção de protesto mantêm-se bem activos, quando não é cá é de lá de fora que surgem as melhores novidades e entre elas encontrava-se o 2º álbum de José Mário Branco.


Edição de 1996 em CD, pela editora EMI, referência 7243 8 35656 2 7


"Margem de Certa Maneira" era o nome do trabalho que dava continuidade na renovação da nossa música popular e na qual José Mário Branco teve um papel fundamental. Foi publicado em Dezembro de 1972 numa altura em que Portugal era condenado na ONU por negar o direito à autodeterminação dos povos das colónias e o regime de Marcello Caetano teimava em não fazer mudanças em direcção à democratização do país.

O álbum começava com "Por Terras de França" e é do livreto da edição em CD as seguintes palavras:
"A pátria, essa, continuava longe. "Não foi por vontade nem por gosto/ que deixei a minha terra", explicava ele, logo no refrão do tema que abre o disco e que balança entre uma ténue crença num futuro diferente ("vou andando por terras de França/ pela viela da esperança") e o desconforto da sensação de tudo continuar na mesma, apesar dos desejos e do empenho na concretização deles ("entre a uva e o mosto/ fica tudo sempre neste pé.")



José Mário Branco – Por Terras de França

sábado, 6 de junho de 2020

António Pedro Braga - Caixinhas

Retomo o ano de 1972, depois de o ter recordado, no que diz respeito à música anglo-saxónica, nas escolhas avalizadas de Miguel Esteves Cardoso.
E na música popular portuguesa, como foi o ano? Ainda a viver-se um regime opressivo que pretendia perpetuar tudo o que fosse caduco e redutor, averso, portanto, à novidade e criatividade viesse ela donde viesse, nas artes também. Mas o movimento de renovação que se vinha assistindo desde a década passada nas mais variadas nuances da música popular, fosse ela a música dita ligeira, o Pop. o Rock ou a música tida de intervenção que de uma forma mais evidente afrontava o sistema fascista ainda vigente, continuava irresistivelmente a desenvolver-se e a agradar a sectores cada vez mais largos da sociedade. 
O ano de 1972 não teve o factor novidade que o ano anterior tinha tido (com o surgimento de José Mário Branco e Sérgio Godinho), mas teve a confirmação e um bom conjunto de discos que é agora possível recordar. Com alguma nostalgia, apesar de tudo, pois tudo era mais simples, mais claro, evidente e adivinhava-se então que o regime não devia durar muito tempo, a dúvida era em que sentido, se a abertura que se começava a verificar regredia ou se as forças democráticas derrubariam o regime. Felizmente foi a democracia que venceu.

Quanto aos nomes e discos editados neste ano há-los para todos os gostos, fiz uma selecção que independentemente do género e qualidade são significativos deste ano. Começo com um nome pouco conhecido, António Braga.



https://www.discogs.com/



António Braga ou António Pedro Braga, conforme assinatura do primeiro ou segundo disco publicados respectivamente em 1970 e 1972, foi um cantor de intervenção tendo actuado, entre outros, com José Afonso e Adriano Correia de Oliveira em recitais junto da população estudantil e em associações recreativas.

O Single de 1972 continha as canções: "Cavalo de Várias Cores" e "Caixinhas", esta última, com que ficamos, é uma versão de "Littles Boxes", bem conhecida na voz de Pete Seeger.



António Pedro Braga - Caixinhas

sexta-feira, 5 de junho de 2020

The Kinks - Rainy Day In June

Os Meses do Ano em Canção


Termino hoje esta curta passagem por este tema desta vez dedicado ao mês de Junho, e termino bem, termino com The Kinks.
The Kinks por quem tive sempre um apreço especial tendo acompanhado a sua discografia até bem tarde, o primeiro álbum data de 1964 e o último de 1993. Claro que a minha preferência vai para os anos 60 onde se encontram os melhores álbuns por eles publicados e donde saíram das melhores canções Pop que me lembro.


Edição francesa de 1989 com a ref: CLACD 158



Estávamos em 1966, The Kinks editavam o seu 4º LP, "Face to Face", e gozavam já de grande popularidade com canções como "You Really Got Me", "Tired of Waiting for You", "Till the End of the Day", "A Well Respected Man". Canções que rivalizavam como que de melhor The Beatles então faziam.

Do novo disco sobressaíram "Sunny Afternoon" e "Dandy" e lá estava a canção de hoje "Rainy Day in June".


And all the light had disappeared
And faded in the gloom
There was no hope, no reasoning
This rainy day in june



The Kinks - Rainy Day In June

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Soft Machine – Moon in June

Os Meses do Ano em Canção

"Third" foi durante muito tempo, em tempos que já lá vão, o meu disco preferido dos Soft Machine. Como o nome indica era o terceiro álbum do grupo de Canterbury que no final dos anos 60 se notabilizou na cena underground inglesa ao explorar novos caminhos para a música Rock. Com "Third" iniciavam bem a década de 70 e encontravam-se entre os melhores daqueles que buscavam novas sonoridades para o Rock em particular na fusão com o Jazz. As faixas curtas de 2, 3 minutos eram substituídas por longos ensaios que, neste caso, levou mesmo a que o álbum fosse duplo, contendo somente 4 composições. Foi publicado por estes dias há 50 anos!



Edição em CD, data incerta, Made in Austria, Ref: 471407 2



Uma dessas composições era "Moon in June", o Rock em limites não anteriormente explorados, uma composição de Robert Wyatt de mais de 19 minutos feita ao que se sabe de demos anteriormente existentes, o nome, provavelmente além dos limites, não consta na letra, são os Soft Machine na transição do psicadélico para o Jazz.

Assim faço esta quarta passagem pelo mês de Junho, o mais dispares possíveis, Bright Eyes, Julie London, June Tabor e hoje Soft Machine. Amanhã a última passagem por este tema, também ela completamente diferente, aguardemos. Para já esta passagem longa por "Moon in June".



Soft Machine – Moon in June

quarta-feira, 3 de junho de 2020

June Tabor – Rose In June

Os Meses do Ano em Canção


Neste início de mês terceira passagem, de cinco, de canções que contêm no seu título o nome Junho.
A escolha recai sobre a grande June Tabor e a canção "Rose in June"
No activo, June Tabor é, actualmente, e há muito tempo, a minha cantora preferida. Cantora Folk inglesa, já vai nos seus 72 anos, e não deixa de nos encantar com a forma como tem elevado a música tradicional, e não só, a patamares únicos de sensibilidade e bom gosto.


Edição do Reino Unido em CD com a ref: TSCD532


Numa discografia fundamental em que não faltam colaborações com nome importantes da Folk britânica, Maddy Prior, Danny Thompson e a Oysterband, por exemplo, encontra-se  "Rose in June" do álbum a solo "Rosa Mundi" de 2001.
"Rosa Mundi" é a celebração da rosa, a "Best loved of all garden flowers...", feita numa mistura do antigo e moderno como só ela o sabe fazer. O acompanhamento de Huw Warren, piano, Mark Emerson, violino e viola e Richard Bolton, viola, emprestam uma sobriedade notável a um disco que não me canso de ouvir. É bom a ele voltar com "Rose in June"



was down in the valley the valley so deep
to pick some plain roses to keep my love sweet
tet it be early, late or soon
I will enjoy my rose in june
rose in june, rose in june
I will enjoy my rose in june



June Tabor – Rose In June

terça-feira, 2 de junho de 2020

Julie London - Memphis in June

Os Meses do Ano em Canção

De 1998 com os Bright Eyes para 1956 com Julie London, o mês de Junho em comum.

A segunda escolha para este tema vai para Julie London (1926-2000) com "Memphis in June". Julie London que tem presença garantida em todos os meses do ano, socorro-me para isso do álbum "Calendar Girl" de 1956 onde ela interpreta 12 canções, uma por mês, mais uma 13ª de nome apropriadamente "The Thirteenth Month".


https://www.dailymotion.com/




"Memphis in June" é uma canção bem antiga, data do ano de 1945, que tem tido as mais variadas interpretações ao longo dos tempos, desde a Nina Simone a Annie Lennox, mas é na voz abafada e arrastada de Julie London que gosto de a ouvir.


Memphis in June
With sweet oleander blowing perfume in the air
Up jumps the moon to make it that much grander
It's paradise, brother take my advice
Nothing's half as nice as
Memphis in June




Julie London - Memphis in June

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Bright Eyes - June On The West Coast

Os Meses do Ano em Canção


Para começar o mês de Junho cinco canções que têm pouco em comum a não ser ter o nome do mês no seu título, é o retorno ao tema "Os Meses do Ano em Canção".

É com os Bright Eyes que começo e o nome da canção é "June On The West Coast".
Associados ao Rock independente dos anos 90, os Bright Eyes, oriundos do Nebraska, eram das formações mais interessantes que aquela década viu nascer. Infelizmente terminados em 2011 parece que este ano vai conhecer o seu retorno, assim o espero.
Tendo como figura central Conor Oberst multi-instrumentista, autor e cantor deveras singular com uma capacidade interpretativa muito comovente, os Bright Eyes deixaram-nos discos tão marcantes como o EP "Every Day and Every Night" ou os LP "I'm Wide Awake, It's Morning" e "Digital Ash in a Digital Urn", os dois de 2005.



https://www.discogs.com/



"June On The West Coast" é mais antiga, vem do segundo álbum "Letting Off The Happiness" de 1998 e conta somente com Conor Oberst na viola acústica e voz.

Começamos bem o mês, começamos com "June On The West Coast": "I spent a week drinking the sunlight of Winnetka, California/ Where they understand the weight of human hearts..."




Bright Eyes - June On The West Coast