A resistência ao regime é cada vez maior e o ano termina com a famosa Vigília
da Capela do Rato, onde um grupo de católicos se propõem fazer uma greve de
fome de 48 horas em protesto contra a guerra Colonial e a Ditadura do Estado
Novo. A acção termina com a intervenção da polícia e a prisão dos principais
mentores, os sonhos de uma transformação por dentro do regime do regime
diminuem.
Musicalmente os cantores da área da canção de protesto mantêm-se bem activos,
quando não é cá é de lá de fora que surgem as melhores novidades e entre elas
encontrava-se o 2º álbum de José Mário Branco.
Edição de 1996 em CD, pela editora EMI, referência 7243 8 35656 2 7 |
"Margem de Certa Maneira" era o nome do trabalho que dava continuidade na
renovação da nossa música popular e na qual José Mário Branco teve um papel
fundamental. Foi publicado em Dezembro de 1972 numa altura em que Portugal era
condenado na ONU por negar o direito à autodeterminação dos povos das colónias
e o regime de Marcello Caetano teimava em não fazer mudanças em direcção à
democratização do país.
O álbum começava com "Por Terras de França" e é do livreto da edição em CD as
seguintes palavras:
"A pátria, essa, continuava longe. "Não foi por vontade nem por gosto/ que
deixei a minha terra", explicava ele, logo no refrão do tema que abre o
disco e que balança entre uma ténue crença num futuro diferente ("vou
andando por terras de França/ pela viela da esperança") e o desconforto da
sensação de tudo continuar na mesma, apesar dos desejos e do empenho na
concretização deles ("entre a uva e o mosto/ fica tudo sempre neste pé.")
José Mário Branco – Por Terras de França
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