domingo, 31 de julho de 2022

GNR e Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música

 Festival Matosinhos em Jazz 2022



Terminou ontem esta edição do Festival Matosinhos em Jazz. Embora sem Jazz (é preciso ter um maior cuidado na designação dos Festivais quando depois eles não correspondem em parte ao nome que lhes é atribuído) terminou ontem esta edição do Festival que já não ocorria desde 2019.
E acabou da melhor maneira, terminou com os GNR e Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Numa simbiose interessante do Pop-Rock com arranjos de orquestra bem concebidos, os GNR demonstraram passados 42 anos que continuam a ser umas das referência do que melhor cá se pratica. Rui Reininho muito bem em termos vocais, já o tinha ouvido com algumas dificuldades que pareceu-me ultrapassadas, passaram em revista alguns dos temas mais conhecidos e que tiveram a adesão de um público que, ávido de música, ocorreu em grande número à Praça Guilhermina Suggia.

Eis algumas fotos.















Manuela Azevedo e Orquestra de Jazz de Matosinhos

 Festival Matosinhos em Jazz 2022

 
Integrado no Festival Matosinhos em Jazz que decorreu durante o mês de Julho esteve a participação da Manuela Azevedo que aconteceu no dia 29. Sorte a de Manuela Azevedo que substituiu a prevista Rebecca Martin que ao que parece contraiu entretanto a Covid.
Sorte merecida a de Manuela Azevedo que mostrou que as suas capacidades musicais não se limitam aos Clã, o que já não é pouco, mas que aborda com segurança outras áreas musicais. Foi acompanhada pela Orquestra de Jazz de Matosinhos.
Eis algumas fotos.










sexta-feira, 29 de julho de 2022

Aguaviva - La Muerte/Me Queda la Palabra

 a memória do elefante


Falar da música popular espanhola dos anos 70 é falar dos Aguaviva. Os Aguaviva foram um grupo musical formado no final dos anos 60 e que tiveram uma importância enorme na renovação da música popular espanhola. Alinhando por uma temática de protesto, foram recebidos com entusiasmo ao musicarem poemas de autores contra o regime fascista de Francisco Franco então vigente em Espanha. Manolo Diaz fez parte do grupo como compositor e produtor e teve particular importância na sonoridade do grupo que se expressava na área do Folk-Rock mas também do Rock Progressivo.

Em 1971 publicam o 2º LP, "Apocalipsis", que era motivo para artigo no jornal "a memória do elefante" nº 3 de Julho daquele ano.




Poque me lembro muito bem de ouvir este álbum que passava com regularidade no programa de rádio "Página Um" aqui fica "La Muerte/Me Queda la Palabra".



Aguaviva - La Muerte/Me Queda la Palabra

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Pierre Shaeffer - Étude aux Chemins de Fer

a memória do elefante


São muito reduzidos, para não dizer nulos, os meus conhecimentos sobre a música Concreta. Também a sua divulgação é praticamente nula, qual a televisão, estação de rádio ou publicação escrita que a ela se refere? Pois é, não é fácil, se a isso se juntar a própria dificuldade de a entender está tudo dito.

Mas, de outros tempos tenho uma memória vaga de a ouvir na televisão e a certeza na imprensa escrita, por exemplo no jornal "a memória do elefante" que a ela dedicava um espaço. Estamos pois no início dos anos 70, no caso de "a memória do elefante" mais concretamente em 1971 e tal como no seu nº 2 também no nº 3 de Julho daquele ano Pedro Proença assinava o texto que dava continuidade ao anterior.

Neste texto fala-se dos percursores da música Concreta: Edgar Varese, John Cage e Olivier Messiaen e de alguns dos seus principais autores Pierre Shaeffer e Pierre Henry e doutros nomes se fala, Boulez, Xenaxis, Stockausen, etc.





Para hoje Pierre Shaeffer (1910-1995) e um dos seus primeiros trabalhos: "Étude aux chemins de fer", que é o primeiro de cinco estudos dedicados ao barulho ("Cinq études de bruits") que graças ao YouTube é agora fácil de conhecer.



Pierre Shaeffer - Étude aux Chemins de Fer

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Procol Harum - Broken Barricades

  a memória do elefante


Tinha 15 anos quando os Procol Harum publicaram "Broken Barricades". Decorria o ano de 1971 e era já o 5º álbum do grupo. "Broken Barricades" foi cá pouco divulgado e não tinha nenhum tema tão forte como "A Whiter Shade of Pale", "Homburg", "A Salty Dog" e "Nothing That I Didn't Know" mas mesmo assim gostava imenso de temas como "Luskus Delph" e "Broken Barricades". De qualquer forma penso que o melhor dos Procol Harum já tinha passado pese o sucesso que ainda viriam a ter com "Grand Hotel" em 1973.

Gostava imenso dos Procol Harum e em memória desses tempos não resisti a ir vê-los ao Coliseu do Porto em Abril de 2019 onde pontificava a figura carismática de Gary Brooker (1945-2022), o único da formação inicial.





O primeiro artigo que li sobre os Procol Harum terá sido o publicado no nº 3 do jornal "a memória do elefante" que fazia uma análise crítica do grupo através dos álbuns até então editados. E concluía relativamente a "Broken Barricades": " A sua última obra em álbum, «Broken Barricades», confirma até certo ponto estes receios. O bom gosto e os arranjos cuidados mantêm-se, e por momentos (raramente) cremos ter encontrado os «velhos» Procol Harum por exemplo, na faixa «Broken Barricades»; contudo, é evidente um declínio de inspiração e mesmo uma certa tendência para a auto-cópia. A menos que se operem novas transformações no seio dos Procol Harum, eles ingressarão provavelmente no rol dos grupos de qualidade média."

Acertada esta apreciação, aproveitemos agora a oportunidade e vamos ouvir precisamente "Broken Barricades", ainda entre o melhor que os Procol Harum nos deixaram.



Procol Harum - Broken Barricades

domingo, 24 de julho de 2022

Bob Dylan - Day of the Locusts

 a memória do elefante


De volta ao jornal "a memória do elefante" desta vez para o nº 3 publicado em Julho de 1971. Relembro o jornal era editado no Porto e. intitulando-se um jornal de divulgação da "música popular, jazz, erudita e rádio", fazia parte de uma escrita pró underground que então por cá fazia escola.

Diferente de tudo o que até então tinha sido publicado, em particular na imprensa escrita musical, primava por linha editorial de escrita difícil, não alinhada com preocupações de divulgação do que de melhor se fazia internacionalmente em particular na música popular então de uma relevância muito grande.

Na capa deste  nº um desenho (?) de Bob Dylan o representante maior de uma geração e de uma cultura jovem a por em causa os valores instituídos, nas páginas seguintes um artigo assinado por Octávio Augusto Fonseca e Silva a ele dedicado.




O artigo estava dividido em 8 pontos a saber:

- Dos mitos e das mitificações do nosso tempo
- Do genérico para Bob Dylan
- John Wesley Harding e o último ano de Dylan
- O repouso de acção crítica de Nashville Skyline
- Das contradições de Self-Portrait
- O caos final de New Morning
- Da inoperância da associação Dylan-Kooper
- Para uma prevenção do mito







Um Bob Dylan traidor ou evolutivo, eis a questão que então se punha face aos seus discos mais recentes, de qualquer forma "Nashville Skyline" e "Self-Portrait" aquém das expectativas, e quanto a "New Morning" o articulista vai mais longe e diz mesmo que "... não mereceria mais do que ignorá-lo".

Mesmo assim é no álbum "New Morning" que ficamos, proponho "Day of the Locusts".



Bob Dylan - Day of the Locusts

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Julie London - Sleigh Ride in July

   Os Meses do Ano em Canção


E para terminar, esta curta passagem por canções com o mês de Julho no título, a inevitável Julie London.

Julie London tem sido uma companhia nas passagens deste tema e no mês de Julho não é excepção. Tudo porque esta cantora de voz sensual que no espaço de 15 anos (1955-1969) deixou 29 álbuns de estúdio publicados, gravou um álbum chamado "Calendar Girl". Julie London é a voz de "Cry Me a River" seu maior sucesso gravado em 1955 que seria popularizado no filme do ano seguinte "The Girl Can't Help It" (“Uma Rapariga com Sorte”).




É também de 1956 o dito "Calendar Girl" que continha 13 canções, uma por cada mês do ano e ainda "The Thirteenth Month". A que diz respeito a Julho é " Sleigh Ride in July" e aqui ficamos com ela para audição.


I was taken for a sleigh ride in July
Oh I must have been a setup for a sigh
A mocking bird was whistling
A sentimental tune
And I didn't know enough to come in
Out of the moonlight...




Julie London - Sleigh Ride in July

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Nina Simone – July Tree

  Os Meses do Ano em Canção


Recuo hoje para o meio da década de 60. Imperava o Pop-Rock, as estrelas eram já The Beatles, The Rolling Stones, The Beach Boys, The Kinks, The Zombies, surgia o Folk-Rock com The Byrds e Bob Dylan, era para estas novas sonoridades que a juventude estava sintonizada. Outras sonoridades mais antigas, o Jazz, o Blues e o Rhythm'n'Blues, resistiam e bem e misturavam-se com os novos sons. genericamente a música negra actualizava-se, resistia e impunha-se conquistando sectores alargados da população branca.

Entre as muitas referências que podia citar, Nina Simone é um nome que se impõe.


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Nina Simone (1933-2003) foi uma multifacetada compositora, pianista e cantora. Diversificada nas suas influência impôs-se pela sua qualidade interpretativa, em 1965 é publicado o álbum "I Put a Spell on You" que obteve particular sucesso talvez pela aproximação à música Pop que revelava.

Neste álbum constava o tema "July Tree" um original que hoje recupero. Uma belíssima interpretação de Nina Simone, ouça-se!


True love blooms for the world to see.
True love blooms for the world to see.
Blooms high upon the July tree.



Nina Simone – July Tree

terça-feira, 19 de julho de 2022

Uriah Heep – July Morning

 Os Meses do Ano em Canção

Entre os grupos de Hard-Rock e Rock Progressivo dos anos 70 os Uriah Heep são uma das menos consideras, quer dizer menos faladas quando se recorda aqueles anos este tipo de música. Os primeiros anos da década foram os mais interessantes para os Uriah Heep (aliás, de igual modo para a generalidade dos grupos afins nestas sonoridades).

Entre 1970 e 1972 realizaram 5 álbuns definidores do som dos Uriah Heep e são os mais recordados. Entre eles encontra-se "Look at Yourself", o terceiro de 1971, talvez menos arrojado que os anteriores mas mesmo assim um dos preferidos dos fãs do grupo.


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"July Morning", a busca do amor numa manhã de Julho,  é a faixa mais longa do álbum, fechava o lado A e tornou-se um clássico do grupo. De notar a presença de Manfred Mann a tocar o sintetizador Moog nos minutos finais da composição.



Uriah Heep – July Morning

domingo, 17 de julho de 2022

U2 - 4th of July

Os Meses do Ano em Canção


Este tema tem entre outras vantagens saltar no tempo com facilidade. Assim, contrariamente à minha concentração maioritária nos anos 60 e 70, com esta passagem pelo mês de Julho já saltei de 2002 com The Decemberists para 1973 com Bruce Springsteen e agora vou directo para 1984 para uma das bandas de maior sucesso nesta década, os U2.

Sem nunca me terem deslumbrado é verdade que os primeiros álbuns dos U2 mereceram a minha atenção inseridos que estavam na renovação que o Rock operou no início dos anos 80. Não sei ao certo quando deixei de me interessar por este grupo irlandês, mas não estarei longe se afirmar que "The Unforgettable Fire" (1984) foi um dos últimos. Bem sei que a popularidade do grupo aumentou com "The Joshua Tree" (1987) mas penso que começaram então a produzir um Rock mais convencional.


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Produzido por Brian Eno e Daniel Lanois, "The Unforgettable Fire" trilhou caminhos mais experimentais como por exemplo "4th of July", a escolha óbvia de hoje.

"4th of July" foi dos temas menos ouvidos longe de por exemplo "Pride (In the Name of Love)" ou "The Unforgettable Fire". É um tema instrumental resultante do trabalho de Brian Eno sobre improvisação de Adam Clayton e the Edge, o nome vem da filha de Edge ter nascido a 4 de Julho.



U2 - 4th of July

sábado, 16 de julho de 2022

Bruce Springsteen - 4th of July, Asbury Park (Sandy)

  Os Meses do Ano em Canção


Do início da carreira de Bruce Springsteen uma bela canção de amor dirigida a uma tal "Sandy" mas cujo nome completo do título é  "4th of July, Asbury Park (Sandy)" ou seja tem o mês de Julho no seu nome.

Estávamos em 1973, Bruce Springsteen publicava o seu segundo álbum "The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle" que antecedia o grande sucesso que foi o disco seguinte, "Born to Run" em 1975.


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Deste álbum sobressaíram canções como "Rosalita (Come Out Tonight)", já recordada noutro Regresso ao Passado, e também esta "4th of July, Asbury Park (Sandy)" onde alguns vêm influências de Van Morrison de "Astral Weeks".

Em mais um dia quente de Julho fiquemos com Bruce Springsteen e cantemos

Sandy the fireworks are hailin' over little Eden tonight 
Forcin' a light into all those stony faces left stranded on this fourth of July...



Bruce Springsteen -  4th of July, Asbury Park (Sandy)

sexta-feira, 15 de julho de 2022

The Decemberists - July, July!

 Os Meses do Ano em Canção

Mês de Julho. Aproveito para algumas, poucas, passagens por canções com referência ao mês de Julho no título. Nestes dias quentes começo com um grupo de música Pop-Rock, dita independente, já deste século, são The Decemberists.

The Decemberists são uma banda norte-americana que, dizem, têm influências do Folk-Rock britânico do final dos anos 60 e cujo primeiro álbum, "Castaways And Cutouts", data de 2002 tendo então sido bem recebido pela crítica.


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Nele consta o tema "July, July!" que obviamente é o tema escolhido para hoje. 

Neste mês quente de Julho fiquemos com a frescura agradável da música dos The Decemberists com "July, July!". Um grupo para se descobrir melhor para formular uma melhor opinião.

July, July, July
Never seemed so strange
July, July, July
Never seemed so, never seemed so strange



The Decemberists - July, July!

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Joni Mitchell - In France They Kiss On Main Street

 1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Finalmente, a minha preferência maior entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1975, nada mais nada menos que Joni Mitchell com o álbum "The Hissing of Summer Lawns", o sétimo da sua  carreira que se tinha estreado em 1968.

Para "The Hissing of Summer Lawns" cinco estrelas, foram só três os álbuns aos quais Miguel Esteves Cardoso atribuiu a pontuação máxima, os outros foram: "Born to Run" de Bruce Springsteen e "Natty Dread" de Bob Marley.




Álbum Asylum em vinil, edição alemã com as ref:
 AS 53 018, (7E-1051), K 53 018

Joni Mitchell continuava assim uma década impressionante de que foi uma das principais protagonistas. Poucos a atravessaram com a qualidade, quantidade de produção e criatividade como ela manifestou disco após disco.

Qual deles o melhor? É impossível de dizer, a não ser no gosto de cada um. Folk, Folk-Rock, Jazz, Jazz-Pop, Folk-Jazz são algumas das paragens, ou melhor passagens, da sua discografia num processo evolutivo verdadeiramente ímpar. "The Hissing of Summer Lawns" é um disco avançado no tempo e encontra-se entre os meus preferidos, sobre ele dizia Miguel Esteves Cardoso:

"Em 1975 sai "Hissing of Summer Lawns", um novo momento de partida. A melodia é quase totalmente sacrificada ao ritmo e os textos abandonam, por momentos, a transparência realista de "For the Roses" e "Court and Spark" para se deliciarem com jogos de palavras ou pomas surrealistas. Aparecem pela primeira vez as influências africanas (com os tambores dos guerreiros do Burundi) em "The Jungle Line" e Joni Mitchell lança-se a instrumentos anteriormente desprezados, tocando piano e sintetizador. É um álbum um tanto ou quanto hermético, pouco acessível até, mas, como é sempre o caso com os álbuns pós-75 dela, as canções abrem-se com cada audição. Às vezes pode durar quarenta ou cinquenta audições antes que as canções floresçam, tanto no espaço musical como no que diz respeito à subtileza e à ironia camuflada dos textos. "Hissing of Summer Lawns" é o primeiro Joni Mitchell moderno, mas, sendo o mais experimental de todos, falta-lhe em coesão o que ganha em espontaneidade. Mas, como todos os bons vinhos, amadurece com a passagem do tempo...".

E começava com este maravilho "In France They Kiss On Main Street".





Joni Mitchell - In France They Kiss On Main Street

terça-feira, 12 de julho de 2022

Janis Ian - Lover's Lullaby

1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Janis Ian, infelizmente, não ficou entre as cantoras mais reconhecidas da música Folk norte-americana surgida nos anos 60. Com um início promissor ainda naquela década, lembre-se o LP "Janis Ian" (1967) e a canção "Society’s Child"  com apenas 16 anos, a confirmação e a maior notoriedade chegariam em 1975 com o seu já 7º trabalho.

Nele encontrava-se a magnífica "At Seventeen" que entretanto também já recordei. Para Miguel Esteves Cardoso "Between the Lines" era muito bom pois deu-lhe quatro estrelas e refere-se lhe assim: "Janis Ian reaparece com uma colecção desesperadamente sentimental, carregada de auto-compaixão e de mágoa, mas salva pela força emotiva e pelo sarcasmo atilado das letras."

 

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O álbum terminava com esta pequena maravilha que dá pelo nome de "Lover's Lullaby". Vamos ouvir?



Janis Ian - Lover's Lullaby

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Judy Collins - Salt Of The Earth

   1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Ponta final, em crescendo, para as escolhas de Miguel Esteves Cardoso no ano de 1975. Depois de Emmylou Harris, outro nome feminino da cena Folk-Rock norte-americana, aliás como os próximos dois que faltam, Judy Collins, é dela que se trata.

Judy Collins, nome maior do Folk revelado nos anos 60, perderia fulgor durante a década de 70 e no dizer avalizado de Miguel Esteves Cardoso "Judy Collins continua a valer apenas pela sua voz, interpretando canções populares que já nada devem ao folk".


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Palavras a propósito do álbum "Judith", ao qual dá umas simpáticas três estrelas o equivalente a bom.

Deste LP já recordei a interpretação magnífica de "Send In The Clowns", proponho agora "Salt Of The Earth" um original da dupla Jagger/Richard e que fazia parte do LP dos The Rolling Stones "Beggars Banquet" de 1968.



Judy Collins - Salt Of The Earth

domingo, 10 de julho de 2022

Emmylou Harris - If I Could Only Win Your Love

  1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Era ainda uma cantora muito insípida quando em 1969 Emmylou Harris gravou o seu primeiro álbum. na realidade quase ignorado. Será a sua colaboração com Gram Parsons, quer em gravações deste quer em concertos, que iria preparar Emmylou Harris para uma carreira a solo de sucesso.

Em 1975 publica "Pieces of the Sky" que identificaria Emmylou Harris como uma cantora Folk e Country-Rock. Um disco marcante na sua discografia, pelo menos para Miguel Esteves Cardoso que em 1980 escreveu, ao considerá-lo entre as suas escolhas de 1975: "Emmylou Harris estreia-se convincentemente, pese embora não ter feito melhor depois de "Pieces of the Sky".


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Hoje é, nos EUA, um nome consagrado, não tendo na Europa o mesmo reconhecimento.

Recordo "If I Could Only Win Your Love", uma canção dos anos 50, um hit na voz de Emmylou Harris em 1975.



Emmylou Harris - If I Could Only Win Your Love

sábado, 9 de julho de 2022

Neil Young - Tonight's the Night

 1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Neil Young foi (é) uma figura proeminente do Folk-Rock nas suas diversas variantes. Em particular nos anos 70, onde a par de outros dois canadianos Joni Mitchell e Leonard Cohen, preencheu algumas das páginas mais bonitas da música popular, foi e é presença regular nas minhas horas de devaneio musical.

Em 1975 foi editado o seu sexto álbum de estúdio, "Tonight's the Night", quase dois anos após ter sido gravado e reflectia toda a dor que Neil Young sentia após a morte de Danny Whitten, guitarrista dos seus Crazy Horse, e do roadie Bruce Berry, os dois por excesso de consumo de drogas.


Edição nacional com a ref: REP 54040



Miguel Esteves Cardoso descreve-o assim: "Neil Young chega ao pico da sua angústia num álbum intransigente que chora com uma força demoníaca as vidas amigas que tombaram à sua volta, descrevendo com aguda ironia os sintomas e as causas da cultura da droga. O álbum é dedicado ao guitarrista dos Crazy Horse, Danny Whitten (que morrera antes da gravação de "Harvest"), e está impregnado duma raiva e duma paixão quase insuportáveis."

Levou com a classificação e quatro estrelas ou seja muito bom!

Começava assim este "Tonight's the Night".





Neil Young - Tonight's the Night

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Paul Simon - 50 Ways to Leave Your Lover

 1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Se, como já referi, o ano de 1975 não foi particularmente brilhante para o Folk-Rock é ainda mais verdade para o oriundo das ilhas Britânicas. Apesar de tudo é dos Estados Unidos da América que se encontra o melhor que se fez naquele género musical. Isso está reflectido nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso.

Do Reino Unido só aparecem os álbuns dos Steeleye Span e The Chieftains enquanto que dos EUA para além de Bob Dylan, que ainda ontem recordei, Miguel Esteves Cardoso anuncia mais um conjunto de discos que continuo hoje a recordar. São as próximas seis propostas a começar pela de hoje, Paul Simon com "Still Crazy After All These Years".


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Atribuindo-lhe quatro estrelas sobre ele diz: "O último trabalho de Simon é também o último da década, mas traz uma nova sofisticação musical e uma maturidade lírica que o coloca outra vez na primeira linha dos compositores-cantores." E exemplifica: ""My Little Town" conta com a voz de Art Garfunkel (que se perdera logo após a separação com LPs lamechas e gelatinosos) e á uma das faixas mais sensibilizadoras, enquanto "50 Ways to Leave Your Lover" é uma das suas melhores de sempre".

Oportunidade para ouvir "50 Ways to Leave Your Lover". Se 1975 foi um ano menor e produziu canções como esta que dizer dos tempos actuais?



Paul Simon - 50 Ways to Leave Your Lover

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Steeleye Span - Hard Times of Old England

1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Em 1975 os Steeleye Span eram a face mais visível do Folk-Rock britânico. Formados por Ashley Hutchings em 1969 e entretanto abandonado o grupo, tinham em Maddy Prior, actualmente  único elemento da formação inicial a manter-se no grupo, a sua principal referência e era naqueles tempos, uma das minhas cantoras preferidas. Discograficamente bastante produtivos, publicam em 1975 dois LP, perfazendo assim oito álbuns de originais desde o início da década. Eram eles "Commoners Crown" e "All Around My Hat", este último o maior êxito comercial do grupo, principalmente pelo tema título que entretanto já recordei.


https://www.discogs.com/ 


Miguel Esteves Cardoso limitou-se a considerá-lo entre as suas escolhas com a classificação de três estrelas, era simplesmente "a continuação dos Steeleye Span".

Um belo trabalho a merecer mais uma recordação, desta vez "Hard Times of Old England", um tema baseado numa canção tradicional. Apreciem a voz de Maddy Prior.



Steeleye Span - Hard Times of Old England

quarta-feira, 6 de julho de 2022

The Chieftains - Tabhair Dom Do Lámh (Give Me Your Hand)

  1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


The Chieftains são uma verdadeira instituição musical da Irlanda. Constituíram-se no início dos anos 60 mas só em meados dos nos 70 é que tomei conhecimento da sua música. Desprovida da ligação ao Rock que outras bandas então protagonizaram, por exemplo os Fairport Convention ou a Incredible String Band, parecia, no início, que lhe faltava algo, mas ouvida com mais atenção logo se constatava que era superiormente elaborada e interpretada. Tive a felicidade de os ver (e ouvir) ao vivo a 4 de Novembro de 1994 no Coliseu do Porto no saudoso Festival Intercéltico. Música Celta é essa uma das principais vertentes da música dos The Chieftains que através dos tempos foram granjeando reconhecimento generalizado.


Edição Claddagh do Reino Unido em CD
com a ref: CC16CD


Para Miguel Esteves Cardoso, nas escolhas referentes a 1975, "o LP mais lindo da ano é o quinto dos Chieftains, que interpretam a música tradicional da Irlanda dum modo carregado de força nostálgica e de desavergonhada emoção." e tendo em consideração o estado da música, em particular o Folk, "É uma excepção clara (e de pouca consequência) à atmosfera geral de estafada criatividade que pervade a música de inspiração folk de ambos os lados do Atlântico. O estertor final, em dos seus mais belos gritos, fora o álbum de Richard and Linda Thompson - e, em 1975, praticamente não há música que reste, para fazer ou ouvir." (fica-se sem perceber porque é que "Pour Down Like Silver" de Richard and Linda Thompson não aparece nas escolhas).

E agora é deliciarmo-nos com "Tabhair Dom Do Lámh (Give Me Your Hand)" um tema tradicional do século XVII.



The Chieftains - Tabhair Dom Do Lámh (Give Me Your Hand)

terça-feira, 5 de julho de 2022

Bob Dylan - Tangled Up in Blue

 1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Dos vários agrupamentos de discos que Miguel Esteves Cardoso fazia nas suas escolhas ano a ano da década de 70, no ano de 1975, que tenho vindo a recordar, surge um conjunto de três álbuns da área do Folk-Rock que passo a referir:

Bob Dylan - Blood on the Tracks
The Chieftains - The Chietfains 5
Steeleye Span - All Around My Hat


https://www.discogs.com/




Ano pouco produtivo para este género que tanto aprecio. Começo com Bob Dylan e o seu "Blood on the Tracks" sobre o qual Miguel Esteves Cardoso pouco diz, atribui-lhe três estrelas e refere o "regresso de Dylan", presumo que se refere ao regresso à Columbia Records pois em termos de edições elas eram bastante regulares. Aliás anteriormente considerava que Bob Dylan "Chegaria ao fim da década sem um único grande álbum, embora "Blood on the Tracks", "Desire", e "Slow Train Coming", tenham momentos de grande inspiração." É o que faz considerar que "Dylan é um dos poucos génios da música popular".

"Blood on the Tracks" é um álbum bastante homogéneo donde não saiu nenhuma canção que ficasse na nossa memória colectiva, mas é sempre bom a ele voltar. Experimentemos "Tangled Up in Blue", o tema de abertura.



Bob Dylan - Tangled Up in Blue

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Tom Waits - On a Foggy Night

 1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


A década de 70 foi, um pouco à semelhança da sua anterior, bastante evolutiva que é como quem diz a música que se ouvia no seu início e no seu fim eram bastante diferentes. E alguns nomes do seu início desapareceram ou perderam qualidade ao longo da década e igualmente no seu final alguns dos nomes que executavam o melhor Rock eram desconhecidos ou nem sequer tinham começado as suas carreiras no seu início.

Anteontem recordei Patti Smith cujo primeiro registo data de 1975, ontem Bruce Springsteen sendo o primeiro trabalho de 1973 e para hoje volto a Tom Waits que também se tinha iniciado em 1973. Três grandes nomes da música popular surgidos nos anos 70 e que ainda hoje se mantêm em actividade.

Tom Waits não é para se ouvir todos os dias em qualquer lugar, eu prefiro à lareira em noites frias e silenciosas. Possuidor de uma voz estranha de não fácil agrado a sua música centra-se no Blues, no Jazz e algumas pitadas de Rock.


Edição portuguesa Asylum com a ref: ASY 63002, duplo vinil
com o preço de 920$00, cerca de 4,6€


No ano de 1975 é publicado o seu terceiro trabalho de estúdio, mas gravado com uma pequena audiência a recriar o ambiente de um clube de Jazz. O álbum é duplo e dá pelo nome de "Nighthawks at the Diner" a merecer constar nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso com três estrelas. E dizia dele: "O álbum ao vivo de Tom Waits é um veículo apaixonante para a projecção da sua personalidade tão carismática como invulgar e parece captar a atmosfera íntima e levemente surrealista das suas actuações. A voz de Tom Waits é de quem engole um cinzeiro de beatas todos os dias ao pequeno almoço e a sua recitação quebrada é originalíssima."

Como aperitivo para uma noite a ouvir Tom Waits aqui fica "On a Foggy Night".



Tom Waits -  On a Foggy Night

domingo, 3 de julho de 2022

Bruce Springsteen - Jungleland

1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


O ano de 1975 salvar-se-ia com um punhado de discos de audição, e posse, obrigatória. Um deles é a recordação de hoje e é um dos poucos a que Miguel Esteves Cardoso concede cinco estrelas, trata-se "Born to Run" de Bruce Springsteen.

"O único grande álbum de Rock do ano (e o Rock and Roll andava doente desde o fim da década de 60) é o trabalho monumental de Bruce Springsteen. É o poeta dos espaços abertos, devorados pela velocidade do automóvel amorosamente montado; poeta dos amores furtivos e da paixão impedida; o cantor do sonho americano coagulado em pedaços azedos de pesadelo." escrevia Miguel Esteves Cardoso.

"Born to Run" era o terceiro trabalho de Bruce Springsteen e a sua grande revelação de canções como começava a escassear, canções que se centravam em três actores como lhe chamava Miguel Esteves Cardoso: "a estrada pela qual se corre de automóvel, a cidade-selva donde se foge, e a mulher que se quer levar." e mais adiante "Springsteen é o derradeiro Romântico americano, paixão carregada com o fardo da inteligência, sentido poético devassado pela consciência da realidade. "Born to Run" é uma vasta tela panorâmica onde toda uma cidade e o seu cidadão se erguem em três dimensões, com proporções gigantescas." para concluir "É o primeiro álbum de verdadeiro Rock and Roll da década, e o segundo ("Darkness at the Edge of Town") também lhe pertenceria".


Edição portuguesa com a ref: 80959, etiqueta com preço: 730$00 com 15%
de desconto, ou seja pouco mais de 3€


"Jungleland" é de cortar a respiração, é o ponto mais alto de um trabalho que se ouve como se não houvesse amanhã e tudo tivesse que ser consumido no momento.



Bruce Springsteen - Jungleland

sábado, 2 de julho de 2022

Patti Smith - Gloria

1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Apesar da fraqueza do ano de 1975, este ano viu nascer aquela que seria uma das mais influentes personagens femininas do universo Rock, Patti Smith. "Horses" o seu primeiro álbum, sinal percursor do Punk-Rock quase nascente, é, ainda hoje, um poderoso trabalho demonstrativo das potencialidades que o Rock ainda tinha por desbravar. Trabalho que contou com a genialidade de John Cale como produtor ficou como do melhor que o ano de 1975 nos deixou.

Constava nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso, ao qual deu quatro estrelas, dizendo: "...este espantoso trabalho de poesia e Rock foi o segundo [o primeiro seria "Born to Run" de Bruce Springsteen] a socorrer um ano doutra maneira pobre, e até hoje é o trabalho mais original de Patti Smith, o único em que as suas muitas vezes absurdas pretensões se justificam plenamente. A paixão dramática de Smith atinge momentos de clímax de efeito devastador (como na sua versão desse clássico do Rock e do Punk: "Gloria") e a sua voz interessantemente desequilibrada transporta as canções na sua crista arrogante e sanguínea".


Edição portuguesa com a ref: 201 112, reedição de 1979


E assim começava um percurso único e invejável de uma grande cantora Rock. Começava com "Gloria", canção de Van Morrison de 1964 então gravada pelo seu grupo Them.



Patti Smith - Gloria

sexta-feira, 1 de julho de 2022

David Bowie - Young Americans

    1975 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Miguel Esteves Cardoso até tinha razão 1975 foi o ano menos interessante da década, o ano em que menos discos que consideremos imprescindíveis produziu. Mesmo assim alguns discos que ele não referiu julgo que merecem estar entre as melhores escolhas daquele ano, lembro-me por exemplo de "Rising For the Moon" dos Fairport Convention com a regressada Sandy Denny, "Pampered Menial" o primeiro dos progressivos Pavlov's Dog, "Nadir's Big Chance" de Peter Hammill na sua carreira a solo e paralela aos Van der Graaf Generator, "Pour Down Like Silver" dos saudosos Richard and Linda Thompson ou ainda "Ruth Is Stranger Than Richard" mais uma aventura musical do génio de Robert Wyatt.

Mas o tema centra-se nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso e lá encontravam-se dois trabalhos de David Bowie respectivamente "Young Americans" e "Station to Station" (embora este, julgo, seja de 1976), atribui-lhes quatro e três estrelas.


https://www.discogs.com/


Sobre ele dizia: "Uma nova metamorfose, desta vez embrulhada naquilo a que Bowie viria a chamar a sua fase de "soul plástico". Ritmos Disco e porto-riquenhos, entranhadamente americanos, marcam a grande maioria das canções destes dois álbuns. Com uma imagem já completamente diferente (o famoso "thin white duke"), Bowie cultivava uma elegância à América de Nixon e da juventude burguesa metropolitana, abandona toda a visão apocalítica para abraçar uma ortodoxia hiperbólica." concluindo que "embora tenha sido uma das mais prolíferas" era a "fase mais vazia da carreira de Bowie" (lembre-se que o texto de Miguel Esteves Cardoso é de 1980).

Relevante desta fase é a canção que dá título ao álbum "Young Americans", recordemo-la.



David Bowie - Young Americans