sexta-feira, 30 de abril de 2021

Joni Mitchell - Help Me

Canções que se ouviam no ano de 1974


E para acabar em bem com este tema, quem sabe se não voltarei a ele um dia?, nada melhor que voltar a Joni Mitchell e ver como é que lhe foi musicalmente este ano.

As expectativas eram grandes, os dois álbuns anteriores, respectivamente "Blue" (1971) e "For the Roses" (1972), tinham-na colocado entre um reduzido número de eleitos que ficarão na história da música popular dos últimos 60 anos. E aí estava ele, "Court and Spark", o 6º registo da cantora, a demonstrar que não se tinha esgotado nos álbuns anteriores e que bem pelo contrário explorava e abria novos caminhos para a sua música de raiz Folk-Rock. Seria, para mim, a par de "Like an Old Fashioned Waltz" de Sandy Denny e "I Want To See The Bright Light Tonight" dos pouco considerados Richard and Linda Thompson, o melhor trabalho discográfico de um ano parco em boas novidades.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


"Court and Sparks" é um dos melhores álbuns de Joni Mitchell em particular e da música popular em geral. As influências do Jazz eram crescentes sem deixar de se sentir as referências Folk anteriores, é simultâneamente um disco onde se cruza o tradicional e a inovação, um trabalho de maturidade.

Uma música que não pode ser considerada de gosto fácil, longe disso, logrou, no entanto, grande divulgação e aceitação do público, em particular a canção "Help Me" que, conjuntamente com "Free Man in Paris, foi das mais ouvidas na rádio.



Joni Mitchell - Help Me

quinta-feira, 29 de abril de 2021

The Rolling Stones - It's Only Rock 'n Roll (But I Like It)

      Canções que se ouviam no ano de 1974


Um ano fraco, este 1974, comparando-o com os anteriores. Nas listas oficiais de discos mais vendidos, e consequentemente dos mais ouvidos na rádio, constavam cada vez mais discos de sucesso rápido, circunstancial e de qualidade duvidosa. A influência dos anos 60 desvanecia-se, os "velhos"  estavam acomodados, e os novos protagonistas eram, geralmente, de qualidade inferior aos seus antecessores. perdia-se originalidade e ganhava em complexidade e perdia-se até chegar nova vitamina com o movimento Punk.

Como que indiferentes a tudo isto The Rolling Stones editavam o seu 12º LP de originais e afirmavam "It's Only Rock'n'Roll". Mas o Rock já não era somente Rock'n'Roll tinha-se transformado e as mudanças eram imensas e muito rápidas. The Rolling Stones fiéis ao Rock'n'Roll, também eles passaram por dificuldades na década de 70 e não convencera, em álbuns como "Goats Head Soup", "It's Only Rock 'n Roll" e "Black and Blue"


https://www.discogs.com/ - capa do LP (edição portuguesa)


A canção que promovia o LP era "It's Only Rock 'n Roll (But I Like It)" que apesar de ter andado pelos top de vendas já não convencia, sinceramente o melhor já tinha passado.



The Rolling Stones - It's Only Rock 'n Roll (But I Like It)

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Eric Clapton - I Shot The Sheriff

     Canções que se ouviam no ano de 1974


Eric Clapton é um guitarrista de qualidade mais que reconhecida, encontrando-se sempre entre os melhores guitarrista do mundo nas listagens que são regularmente elaboradas. Se sempre o apreciei, também é verdade que sempre o admirei mais integrado num grupo do que na sua carreira a solo, ou seja tenho que recuar aos anos de 1963 a 1971. Repare-se nos grupos por onde passou e deixou marcas:  The Yardbirds, John Mayall & The Bluesbreakers, Cream, Blind Faith, Derek and the Dominos, foram as principais formações que ele integrou.

Ao longo dos anos 60 Eric Clapton foi idolatrado por uma juventude que pintava o seu nome nas paredes: "Clapton is God",  o início da década seguinte vai-lhe ser difícil com afastamento dos palcos devido a problemas com drogas, mas em 1974 está de regresso com o 2º álbum a solo "461 Ocean Boulevard ".


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


É neste álbum que consta um dos seus maiores sucessos, a bem conhecida "I Shot the Sheriff", um original de Bob Marley, do ano anterior, e que trouxe a música Reggae para uma audiência mais vasta, eu incluído.



Eric Clapton - I Shot The Sheriff

terça-feira, 27 de abril de 2021

Leo Sayer - One Man Band

    Canções que se ouviam no ano de 1974


Leo Sayer notabilizou-se em 1973 quando, com a sua voz fora do vulgar, surpreendeu o mundo da música Pop com a canção "The Show Must Go On". Seria a primeira de várias canções que se ouviram durante os anos 70 e que traziam alguma frescura onde os sons mais pesados do Rock Progressivo e do Hard-Rock eram dominantes.

Mas o factor novidade foi-se desvanecendo, as características vocais próprias parece que também se foram normalizando com o passar dos anos e a aproximação ao Disco ("You Make Me Feel Like Dancing") retiraram-lhe originalidade.

De qualquer forma ficaram, para além das virtudes vocais e de entertainer que possuía, um conjunto de canções que marcaram aqueles anos e eram audíveis na nossa programação radiofónica.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


"One Man Band", de 1974, encontra-se entre esse conjunto de canções que se ouvem e logo se identifica pela novidade que a sua voz ainda então tinha.



Leo Sayer - One Man Band

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Ringo Starr - Only You

   Canções que se ouviam no ano de 1974


Dos 4 ex-Beatles Ringo Starr, o baterista, era o menos dotado quer a cantar quer na composição. Do tempo dos The Beatles são-lhe conhecidas somente duas composições suas, "Don't Pass Me By" e "Octopus's Garden" e poucas são aquelas em que é voz principal.

Daí que as expectativas fossem reduzidas após a separação dos 4 músicos e tal revelou-se verdade, pese a frequência com que gravou. Em 1974 ia já no seu 4º álbum a solo, "Goodnight Vienna" e era mais um disco sofrível de reduzida relevância.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Desse álbum foi editado em Single e ainda me lembro de ouvir na rádio a canção "Only You" que hoje fica para recordação.

"Only You" é uma belíssima canção dos anos 50, grande sucesso na versão original e intemporal dos The Platters. A versão de Ringo Starr está muito longe da qualidade que o original teve até pelas suas parcas qualidades vocais e não é para ser levada a sério. Fica o esforço de Ringo a interpretar "Only You".



Ringo Starr - Only You

domingo, 25 de abril de 2021

George Harrison - Dark Horse

  Canções que se ouviam no ano de 1974


Se John Lennon tinha em "Imagine" (1971) o seu melhor trabalho pós-Beatles, George Harrison tinha-o tido com "All Things Must Pass" (1970) não voltando pois a ter outro registo com o mesmo gabarito até à sua morte em 2001.

A década de 70, onde gravou maior parte da sua discografia a solo, foi mediana e ziguezagueante, melhor no início que no fim. "Dark Horse" de 1974 sucedia a "Living in the Material World" do ano anterior e era genericamente uma desilusão, onde estava o génio de "My Sweet Lord", "Isn't It A Pity", "All Things Must Pass", ou até de "Bangla Desh" e de "Give Me Love"?


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George Harrison encontrava-se em claro processo criativo decrescente e estava musicalmente esgotado. Mesmo assim ainda se ouviu o tema título "Dark Horse", mas era pouco, muito pouco para de quem tanto se esperava.



George Harrison - Dark Horse

sábado, 24 de abril de 2021

John Lennon - Whatever Gets You Thru the Night

 Canções que se ouviam no ano de 1974


Comecei este tema sobre 1974 com Paul McCartney que finalmente dava sinais de alguma da criatividade que tinha demonstrado nos idos anos 600 com os, agora históricos, The Beatles. E como era em relação aos outros três ex-Beatles?

Todos eles se mantinham, em 1974, bem activos independentemente da qualidade que manifestavam, os três publicaram os seus LP e ainda se ouviam na rádio. Começo com John Lennon.

Em 1974 publica mais um álbum "Walls and Bridges" donde saíram dois Singles, respectivamente "Whatever Gets You Thru the Night" e "#9 Dream". Hoje, "Walls and Bridges" não é mais que uma simpática passagem, ouve-se do início ao fim e pronto acabou, nada de especial fica ..., nenhuma canção nos cativa em particular, a obra-prima que foi "Imagine" não mais se repetiu.


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Dum álbum mediano, "Whatever Gets You Thru the Night" iria ser o seu único Single a alcançar o nº 1 nos Estados Unidos tendo como particularidade a colaboração de Elton John nos teclados e harmonias vocais.



John Lennon - Whatever Gets You Thru the Night

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Cat Stevens - Another Saturday Night

Canções que se ouviam no ano de 1974


Os sons de "Mona Bona Jakon" (1970), "Tea For The Tillerman" (1970) e "Teaser and the Firecat" ainda se mantinham teimosamente na cabeça e Cat Stevens continuava a sua vasta produção discográfica naquela que foi a sua década de oiro (nove álbuns publicados no total).

Outras pequenas pérolas se seguiram como "Boy with a Moon & Star on His Head"  do álbum "Catch Bull at Four" (1972) ou "Oh Very Young" de "Buddha and the Chocolate Box", mas temos de reconhecer que o melhor já tinha passado e seriam esses primeiros LP que ficariam para sempre como as melhores referências da sua música.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Em 1974 era esta última , "Oh Very Young", que mais se ouvia mas também "Another Saturday Night" que foi publicada apenas em Single.

"Another Saturday Night", não tinha o encanto de outras canções com que Cat Stevens nos tinha deliciado mas era uma curiosa versão do original, de 1963, na voz de Sam Cooke. Um arranjo muito bem conseguido, com um toque latino, que se torna irresistível e convida a sair do sofá.



Cat Stevens - Another Saturday Night

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Carly Simon - I Haven't Got Yime For The Pain

    Canções que se ouviam no ano de 1974

A quase magia dos primeiros anos da década de 70 começa em 1974 a desvanecer claramente. As novidades não são muitas e, genericamente, fazem o prolongamento de sonoridades já conhecidas e exploradas na década anterior.

A maior parte dos músicos que tinham dado frescura renovada à música popular continuavam a gravar e a agradar, mas sentia-se que já não tinham o encanto que anteriormente haviam manifestado.

"Anticipation" e "No Secrets", respectivamente de 1971 e 1972, foram dois grandes discos de Carly Simon que eu gostei particularmente e que revelavam uma grande cantora e compositora. Em 1974 era publicado o 4º trabalho de nome "Hotcakes"  e não desmerecia em relação aos anteriores, lembro-me bem, por exemplo, de "Mockingbird", o dueto com o seu então marido James Taylor, ou ainda da canção que escolhi para hoje "I Haven't Got Yime For The Pain".


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


"I Haven't Got Yime For The Pain" foi publicada em Single e era muito agradável de se ouvir, ou melhor é, ora vamos lá fazer a prova (notem-se os arranjos de Paul Buckmaster).



Carly Simon - I Haven't Got Yime For The Pain

quarta-feira, 21 de abril de 2021

America - Lonely People

   Canções que se ouviam no ano de 1974


Os America continuavam, em 1974, na senda do sucesso iniciada no princípio da década. Nos ouvidos ainda estavam canções como "A Horse With No Name", "I Need You" e "Ventura Highway", um som muito aprazível, com harmonias impecáveis que teimavam em não nos sair da cabeça (claro, se elas estavam nos ouvidos).

Se bem que este trio se tenha mantido até aos nossos dias, em duo após a morte de Dan Peek em 2011, a verdade é que a impressão que deixou nos primeiros anos da década de 70 não mais se repetiu e quando, por qualquer razão, se evoca o nome deste grupo é daqueles anos que nos lembramos.

No ano de 1974 foi publicado o 4º LP de nome "Holiday" e dele saíram mais duas canções  a juntarem-se àqueles atrás referidas, eram "Tin Man" e "Lonely People" e tiveram a produção de George Martin.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


O Folk-Rock dá progressivamente lugar a uma sonoridade mais Pop e também progressivamente fui deixando de os seguir. Mas este "Lonely People" ainda vai conseguir surpreender. Agora, oportunidade de voltar a tempos bem mais interessantes do que os actuais, ou serei eu a ficar velho, com este "Lonely People?



America - Lonely People

terça-feira, 20 de abril de 2021

The Hollies - The Air That I Breath

  Canções que se ouviam no ano de 1974


The Hollies são dos grupos Pop mais agradáveis dos anos 60. Formados no início da década por Allan Clarke e Graham Nash (este abandonou o grupo em 1968 para dar origem aos famosos Crosby, Stills and Nash) destacaram-se pelas harmonias vocais e um conjunto de canções que, quem as ouviu na sua meninice, nunca mais as terá esquecido. Estou-me a lembrar de "Carrie Anne" (1967), "He Ain't Heavy... He's My Brother" (1969), que se podem encontrar facilmente neste blogue, e também  "On a Carousel", "Sorry Suzanne".


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


O último grande sucesso foi em 1974 com a canção "The Air That I Breath", uma canção de derreter corações. O original era de 1972 de Albert Hammond e não ficava atrás da versão dos The Hollies bem mais comercial.

Curiosidade: "The Creep" dos Radiohead foi acusada de plágio de "The Air That I Breath", e que há semelhanças, lá isso há.



The Hollies - The Air That I Breath

segunda-feira, 19 de abril de 2021

The Carpenters - I Won't Last a Day Without You

 Canções que se ouviam no ano de 1974


Pois é, aqui estou eu novamente com The Carpenters. Se nos anos 70, não lhes dei a merecida atenção, a passagem dos anos fez-me ver (e ouvir) este duo com outros olhos (e ouvidos) e não perder uma oportunidade de os recordar.

Hoje, vou recuperar a canção "I Won't Last a Day Without You". Pertencia ao LP "A Song For You" editado em 1972 e por cá, ao que apurei, teve edição em Single também nesse ano (ver capa).


https://www.discogs.com - edição portuguesa

Pelos vistos nos Estados Unidos só foi editada em Single em 1974 e neste ano andou pelos Top, terá pois sido esta a razão pela qual a inclui neste tema "Canções que se ouviam no ano de 1974". Pouco interessa, seja 1972 ou 1974, o prazer de a recordar agora é o mesmo.

Na contra-capa um piroso texto referia que The Carpenters "...mereceram o título do melhor duo do ano nos Estados Unidos." e que os "...temas por eles interpretados se transformaram em verdadeiros sucessos". Aqui vai mais um "I Won't Last a Day Without You" para ajudar a redescobrir The Carpenters.



The Carpenters - I Won't Last a Day Without You

domingo, 18 de abril de 2021

Elton John - Bennie and the Jets

Canções que se ouviam no ano de 1974


"Canções que se ouviam no ano de 1974", é impossível falar deste ano e deixar Elton John de fora. Quer se goste ou não de Elton John encontrava-se neste ano em nítido crescimento de popularidade mas que, no meu entender, não era directamente proporcional à qualidade com que se tinha revelado.

Produção intensa, talvez esteja na origem da perda de interesse que comecei a manifestar por este cantor, apesar de encontrar aqui e ali motivos de inegável valia. De 1970 a 1974 foram publicados 7 álbuns de originais, mais uma banda sonora e um álbum ao vivo, o último trabalho de 1973 tinha sido, ainda por cima, um duplo LP, o bem aclamado "Goodbye Yellow Brick Road". Para mim era um trabalho heterogéneo, começava bem com o tema longo "Funeral For A Friend", continuava melhor com "Candle In The Wind", descarrilava logo com "Bennie and the Jets" e seguia ziguezagueante...


https://www.discogs.com - edição portuguesa


Se para mim, que já tinha deixado de comprar os seus discos, o meu interesse era pouco, depois deste álbum foi ainda menor, com as devidas excepções.

Bem, estou no ano de 1974 e ouvia-se muito a música de Elton John, lembram-se, por exemplo, de "Saturday Night's Alright for Fighting" e "Don't Let the Sun Go Down on Me"? ou este "Bennie and the Jets"?



Elton John - Bennie and the Jets

sábado, 17 de abril de 2021

Gordon Lightfoot - Sundown

    Canções que se ouviam no ano de 1974


Gordon Lightfoot é um cantor da área do Folk-Rock, canadiano de origem, com particular sucesso nos anos 60 e 70 do século passado. Reconhecido e considerado por uma panóplia de artistas de renome acima de qualquer suspeita, muitos deles interpretaram canções deste autor, intérprete que hoje passo pela primeira vez.

Não me recordo quando terá sido o meu primeiro contacto com a música e Gordon Lightfoot. Terá sido com a belíssima canção "If You Could Read My Mind" de 1970? ou a versão de "Me and Bobby McGee" por ele feita também de 1970? ou então, terá sido, o que será o mais provável, mas não na voz dele, a canção "The Way I Feel" por ele composta e editada em 1967 e que deu origem à impressionante e inexcedível versão dos Fotheringay de Sandy Denny, neste caso com a voz principal de Trevor Lucas?


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Fosse quando fosse, estou agora no ano de1974 e Gordon Lightfoot era uma figura que não se podia ignorar na música popular, mas fundamentalmente nos Estados Unidos da América e Canadá.

Cerca de metade da sua discografia estava já publicada sendo deste ano o álbum "Sundown" e a canção título que hoje escolhi para audição, embora, reconheça, não foi por cá das mais ouvidas. Que relaxante e agradável de se ouvir este "Sundown"!



Gordon Lightfoot - Sundown

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Billy Joel - Piano Man

   Canções que se ouviam no ano de 1974


Editado no final de 1973, "Piano Man", era o 2º LP de Billy Joel músico norte-americano em quem encontro parecenças com Elton John mas sem ter alcançado o brilhantismo deste nos seus primeiros anos (em 1994 chegaram a fazer uma bem sucedida turné juntos).

Billy Joel iria em crescendo de popularidade ao longo da década de 70 culminando em 1977 com o álbum "The Stranger" onde se encontrava a incontornável canção "Just The Way You Are", verdadeiro hino do Soft-Rock e das rádios FM.


https://www.discogs.com - edição portuguesa do LP


"Piano Man", a canção, foi bastante difundida e, para mim, revelava influências nítidas de Elton John, não lhe tendo dado a devida atenção. Pensei ser um êxito furtuito que rapidamente passaria e não o início de uma longa carreira de sucesso como foi.



Billy Joel - Piano Man

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Carole King - Jazzman

  Canções que se ouviam no ano de 1974


Comecei ontem a recordar algumas canções que de alguma forma se tornaram conhecidas no ano de 1974, sobretudo canções que andaram pelos Top de vendas e que eram passagem na nossa rádio, pelo menos em alguns programas atentos ao que lá fora mais se vendia. Um ano ainda com algumas boas recordações musicais e não só também e sobretudo políticas, foi o ano da revolução de 25 de Abril que derrubou o regime opressor, que procurava, através da chamada "primavera marcelista" perpetuar um sistema político predominantemente fascista. Encontrava-me desde o ano anterior a estudar em Coimbra, tinha então 17 anos, e a pressão dos estudos e do envolvimento político de certa forma afastaram-me um pouco do meu entusiasmo pela música popular. É verdade que à medida que a década foi avançando a qualidade/novidade musical foi diminuindo o que também não ajudou.

A escolha de hoje é de uma grande compositora e cantora, Carole King, que em 1971 tinha realizado o inultrapassável "Tapestry", verdadeiro monumento da música Pop-Rock. Depois continuou a gravar com regularidade mas não mais deslumbrou.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Em 1974 editou "Wrap Around Joy", donde tinha sido extraído o Single com a canção "Jazzman" que não teve, nem de longe a projecção que outras canções tinham tido anteriormente. Mesmo assim aqui vai "Jazzman".



Carole King - Jazzman

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Paul McCartney & Wings - Band On The Run

 Canções que se ouviam no ano de 1974


Terminada a passagem que fiz com o tema "Cinco minutos de Jazz" cujo terceiro e último boletim saiu em Janeiro de 1974 e permitiu recordar alguma da música Jazz que nos era possível ouvir naquela altura, proponho agora abrir novo tema ( prolongamento do mesmo tema de anos anteriores) "Cancões que se ouviam no ano de 1974" para lembrar algumas das canções que se ouviam no outro lado da música popular, ou seja a música Pop e Pop-Rock alguma de caris bem comercial, aquela que era mais divulgada e consumida cá e não só.

Começo com Paul McCartney ou melhor a formação Wings por ele constituída em 1971 e cujo sucesso, com a devida qualidade com excepção da canção "My Love", só se revelou ao 3º LP "Band On The Run" editado no final de 1973.


https://www.discogs.com/ - Edição portuguesa


Do álbum, um dos melhores da sua carreira pós-The Beatles, foi extraída e editada em Single, entre outras, a canção título "Band On The Run", uma as que Paul McCartney teve de maior sucesso com os Wings.

Editada em Single também em Portugal foi uma das canções que marcou o ano de 1974.



Paul McCartney & Wings - Band On The Run

terça-feira, 13 de abril de 2021

Elsie Carlisle - What Is This Thing Called Love?

 Cinco Minutos de Jazz


Última passagem pelos boletins "Cinco minutos de Jazz", o 3º de Janeiro de 1974, para referir ainda dois textos nele publicados.

O primeiro, "Tem-se Meditado no Impossível" de José Andrade onde dá conta do atraso da divulgação do Jazz em África, onde ele tem, na realidade, as suas raízes mais profundas. Dá o exemplo de Angola, onde "nada tem acontecido" e "as (pobres) gentes"  só têm no ouvido "as programações radiofónicas" e por onde tinha passado um "inaguentável!" Percy Sledge. Resumindo "Não há jazz nessa gente a não ser a cor ... «exportada» autrora".




O segundo artigo, composto de duas partes e assinado por Manuel Veloso, numa parte dá-se conta e aconselha-se o livro "Hear Me Talkin' to Ya" de 1966, na outra fala-se de "anatole", "form-song" ou ainda "the usual", termos técnicos para definir a estrutura de composições como "Let's Call This" de Thelonious Monk, "What Is This Thing Called Love?" de Cole Porter e "Take de A Train" de Billy Strayhorn.




Cole Porter (1891-1964) foi um famoso compositor de canções que se imortalizaram quer em versões de músicos de Jazz quer em cantores como Frank Sinatra. Quem não conhece canções como "Body and Soul", "I've Got You Under My Skin" e "I Get a Kick Out of You" ou ainda a referida no texto "What Is This Thing Called Love", agora recordada na interpretação original de 1929 de Elsie Carlisle (1896-1977), note-se a voz lindíssima desta cantora. (Retirado do Youtube, transferido para digital do original em 78 rpm)



Elsie Carlisle - What Is This Thing Called Love?

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Bobby Hutcherson, Harold Land - Goin' Down South

Cinco Minutos de Jazz


 Último destaque para as noites de 28, 29 e 30 do mês de Janeiro de 1974, sugeridas no 3º boletim "Cinco minutos de Jazz" ia para o álbum "San Francisco", gravação de 1971, de Bobby Hutcherson com Harold Land em quinteto.

Bobby Hutcherson (1941-2016) foi um vibrafonista de Jazz que teve em Lionel Hampton e Milt Jackson as principais fontes de inspiração para a sua abordagem ao vibrafone. No final dos anos 60 forma um quinteto com Harold Land.

Harold Land (1928-2001) saxofonista tenor de Jazz, nome menos conhecido de grande versatilidade que o levou a tocar com nomes que vão de Eric Dolphy a Tony Bennett. Deixou obra quer em nome próprio, mas sobretudo em colaboração com outros músicos entre os quais Bobby Hutcherson, mas também nomes como Thelonious Monk e Bill Evans.




O parecer de José Nuno Miranda não era muito favorável em relação a estes dois músicos, a Bobby Hutcherson acusava-o de "ecletismo" e a Harold Land de "situação semelhante, atenuada pela sua grande maturidade instrumental".

Pois eu gostei, logo na faixa de abertura de "Goin' Down South", do LP "San Francisco" que acabei de ouvir.



Bobby Hutcherson, Harold Land - Goin' Down South

domingo, 11 de abril de 2021

Dizzy Gillespie, Bobby Hacket, Mary Lou Williams - Autumn Leaves

  Cinco minutos de Jazz


Dizzy Gillespie (1917-1993) - trompetista de Jazz, iniciou-se nos anos 30 no Swing dominante, nos anos 40 partilhou ideias musicais semelhantes com Charlie Parker, era o Bop que nascia. "A Night In Tunisia", hoje em dia um standard do Jazz é deste período.

Bobby Hacket (1915-1976) - trompetista de Jazz, tocou nas orquestras de Glenn Miller e Benny Goodman, nos anos 60 acompanhou Tony Bennett. Deixou uma vasta discografia quer em nome próprio quer em gravações de outros artistas.

Mary Lou Williams (1910-1981) - pianista e compositora de Jazz, revela-se muito nova tocando em espectáculos de vaudeville onde era apresentada como "Little Piano Girl". Compôs para Louis Armstrong, Duke Ellington, Benny Goodman, e Dizzy Gillespie entre outros.

Quis o destino que estes três nomes se cruzassem e que ainda com George Duvivier no baixo e Grady Tate na bateria tocassem ao vivo no The Overseas Press Club, em Nova Iorque, tendo resultado o álbum "Giants" editado em 1971.




Era este disco referido no 3º boletim "Cinco minutos de Jazz" com passagem na rádio no programa com o mesmo nome nas noites de 21, 22 e 23 de Janeiro de 1974.

No artigo dizia-se que Dizzy Gillespie  "continua teimosamente acordado" e "em permanente rejuvenescimento", que Bobby Hacket "surge aqui em força, ou melhor, em plena forma", quanto a Mary Lou Williams "mantem uma lucidez interpretativa e uma linguagem improvisativa notáveis".

Deste álbum a proposta vai para a bem conhecida "Autumn Leaves".



Dizzy Gillespie, Bobby Hacket, Mary Lou Williams - Autumn Leaves

sábado, 10 de abril de 2021

Dave Holland - Conference Of The Birds

 Cinco minutos de Jazz


Na música Jazz sempre tive preferência pela oriunda dos Estados Unidos da América desenvolvida pelos músicos negros que lhe deram origem. Não sou particular apreciador da música Jazz vinda da Europa e executada por músicos brancos que muitas vezes me parece excessivamente tecnicista e desprovida de sentimentos.

Claro que há exceções e hoje é uma delas, Dave Holland, branco e inglês.

Dave Holland, contrabaixista com passagem regular pelo nosso país (não me recordo já do que ano em que o vi a actuar a solo na Câmara de Matosinhos, talvez 1999), actualmente com 74 anos, granjeou ao longo dos anos uma popularidade merecida tornando-se uma figura ímpar e respeitada do mundo do Jazz.




Foi ele que esteve em destaque nas noites de 14, 15 e 16 de Janeiro de 1974 do programa de rádio "Cinco minutos de Jazz" que então passava na Rádio Renascença. É disso que dá conta o boletim nº 3 com a designação do programa num texto assinado por José Nuno Miranda, o pretexto é o álbum "Conference Of The Birds", hoje considerado uma das obras mais importantes do Jazz dos anos 70. Dave Holland em quarteto com Anthony Braxton, Sam Rivers e Barry Altschul, dois brancos e dois negros, "branco + preto = JAZZ!", conforme texto. Para ouvir o tema que dá nome ao álbum, "Conference Of The Birds".



Dave Holland - Conference Of The Birds

sexta-feira, 9 de abril de 2021

McCoy Tyner - A Prayer For My Family

    Cinco minutos de Jazz


O grande destaque para o mês de Janeiro de 1974 era McCoy Tyner.  Assim, o divulgava Raul Bernardo no 3º boletim "Cinco minutos de Jazz", sendo a gravação em causa a canção "A Prayer For My Family" que pertencia ao LP "Sahara".
Era um álbum a solo de McCoy Tyner do ano de 1972, um ano que "foi fértil em obras em piano-solo. Keith Jarrett - «Facing You», Chick Corea - «Piano Improvisations» (Nºs 1 e 2) e Joachin Fhun, todos se lançaram em longos discursos de solo de piano acústico, sem acompanhamento rítmico."






Depois da genial colaboração no quarteto de John Coltrane de1960 a 1965, McCoy Tyner dá continuidade à sua criatividade e evolução artística com um conjunto de gravações onde "Sahara" se evidencia como um dos seus mais mais importantes trabalhos e, hoje, uma referência na história do Jazz.

McCoy Tyner (1938-2020) que tive felizmente a oportunidade de ver ao vivo, em trio na Casa da Música em 2007, fica como um dos pianistas mais queridos dos amantes de Jazz. Também eu gosto de o ouvir ao lado de um Bill Evans.

Apreciem pois "A Prayer For My Family", a "nova música de McCoy Tyner", "um convite à visita dum jazz anticerebal, mas reflexivo".



McCoy Tyner - A Prayer For My Family

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Max Roach - Garvey's Ghost

   Cinco minutos de Jazz


Carlos Madeira continuava neste nº 3 do boletim "Cinco minutos de Jazz" a analisar os catálogos de discos de várias editoras disponíveis no mercado de Lisboa. Desta vez, depois de já ter passado pela "ESP" era da "IMPULSE" que se tratava e os destaques eram muitos, "Após as breves referências ao sector «free» da Impulse, pretendemos chamar a atenção para gravações de outros grandes criadores."

Entre eles estavam nomes como Gil Evans, Oliver Nelson, Art Blackey, Max Roach, McCoy Tyner, Charles Mingus, Duke Ellington e Coleman Hawkins.




"«Percussion Bitter Sweet» é um álbum do baterista Max Roach que deve ser ouvido sem hesitações.. Com Eric Dolphy, Mal Waldron, Booker Little, Clifford Jordan e outros, oferece-nos ainda a oportunidade, rara entre nós, de ouvir Abbey Lincoln, extraordinária cantora de Jazz."

Pretexto para segunda passagem pelo baterista Max Roach (1924-2007) com o tema "Garvey's Ghost".



Max Roach - Garvey's Ghost

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Frank Wright - Doing the Polka

  Cinco minutos de Jazz


Janeiro de 1974. Foi publicado o 3º e último boletim "Cinco minutos de Jazz" que então recebia em casa dos meus pais. Era mais um projecto que terminava prematuramente, tais as dificuldades de afirmação de publicações que tinham a ver com a música "maldita" que era o Jazz.




E, pelo dizer de José Duarte neste boletim "O número de assinantes deste boletim já ultrapassou, largamente, os dois mil, o que nos leva a acreditar num certo sucesso e oportunidade, o que nos vincula a um trabalho cada vez mais objectivo, e que atinja as necessidades expostas pela maioria.", não fazia crer que esta iniciativa estivesse no fim.



Já o programa de rádio com o mesmo nome mantinha-se teimosamente e continuava a "Ajudar a ouvir o som, fornecer dados e fontes...", ia fazer oito anos de existência e propunha-se comemorá-los "...com um concerto em Lisboa, com um grupo de músicos negros norte-americanos autores de jazz contemporâneo...". Julgo que ficou reduzido ao quarteto de Noah Howard que terá actuado no Hot Clube em Fevereiro.



Iniciativas maiores tinham sido efectuadas em 1972 com o concerto de SteveLacy, que deu origem ao álbum ao vivo "Estilhaços", e a 29 de Março de 1973 o concerto do quarteto de Frank Wright.

Frank Wight (1935-1990) era mais um nome ligado ao Free Jazz bem conhecido pelos seus "desvarios" a tocar saxofone tenor. Em Outubro de 1973 actuou, em quarteto sob o nome Center of the World, em Nancy donde resultou o álbum ao vivo "Last Polka in Nancy?". É dele este "Doing the Polka".



Frank Wright - Doing the Polka

terça-feira, 6 de abril de 2021

Muddy Waters - Sweet Little Angel

        Cinco minutos de Jazz


Agora sim, última passagem pelo boletim nº 2 "Cinco minutos de Jazz", boletim que eu recebia gratuitamente em casa e que servia, não só para aprender um pouco o que era isso da música Jazz, lembre-se que estávamos em 1973, como para estar atento e acompanhar algumas das emissões de rádio do programa de rádio com o mesmo nome, tendo em conta os destaques que eram referidos no boletim.




Neste boletim um extra que o acompanhava, uma folha com discos de Jazz que podiam ser encomendados para a Tecla, editora de música, e que mostra que a disponibilidade  de discos de Jazz já não era assim tão rara e difícil. Curiosidade o preço, 89$50 ou seja menos de 50 cêntimos. Na lista fico logo no 2º disco, o álbum "Mudy, Brass and the Blues" de Muddy Waters.





Muddy Waters (1913-1983), figura maior do Blues, afinal onde nasceu o Jazz?, e o Rock'n'Roll?, tornou-se popular em Chicago e rapidamente se tornou um mestre internacionalmente reconhecido indo influenciar outras gerações de músicos de outros géneros musicais como Ray Charles, Jimi Hendrix, The Beatles e The Rolling Stones. Em 1976 actuou no 6º Festival de Jazz de Cascais.

Do álbum de 1966 atrás referido, "Mudy, Brass and the Blues", fica para se ouvir "Sweet Little Angel", um standard dos Blues de 1930.



Muddy Waters - Sweet Little Angel

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Bessie Smith - Down Hearted Blues

          Cinco minutos de Jazz


Última passagem pelo boletim nº 2 de "Cinco minutos de Jazz" de Dezembro de 1973 editado gratuitamente por José Duarte, o histórico apaixonado e divulgador de Jazz principalmente conhecido pelo programa radiofónico onde este boletim retirou o nome.

Aproveito o mesmo artigo, ou seja "Primeiros (com)passos", com dicas para os iniciados no gosto pelo Jazz ou dos Blues, no caso de hoje, que as ligações são grandes. Afirma José Duarte: "A melhor cantora de blues» foi Bessie Smith (1898[*]-1937). Em 1923, da sua gravação de «Down hearted blues» venderam-se dois milhões de cópias. A editora CBS editou, recentemente, a sua obra completa numa série de excelentes álbuns duplos."

* Toda a informação que consulto dá como ano de nascimento 1894.




"Down Hearted Blues" foi gravada por Bessie Smith a 16 de Fevereiro de 1923 e foi o primeiro Single por ela editado. É a gravação mais antiga que até agora publiquei, a fazer quase 100 anos!



Bessie Smith - Down Hearted Blues

domingo, 4 de abril de 2021

Ornette Coleman - Lonely Woman

         Cinco minutos de Jazz


"Primeiros (com)passos" assim se intitulava o texto, assinado por José Duarte, que completava este pequeno boletim de divulgação do Jazz, composto por oito páginas e que era distribuído, perante pedido, gratuitamente. Este é ainda o nº 2 de "Cinco minutos de Jazz" de Dezembro de 1973 e que me ajudou a dar os primeiros passos no conhecimento e apreciação da música Jazz tão mal tratada naquela época no nosso país. Já tinha sido pior, felizmente a sua divulgação começava também a dar passos firmes por apaixonados por este género musical, como por exemplo o José Duarte que, ainda hoje, mantem o programa "Cinco minutos de Jazz" iniciado em 1966.

Este texto, como o nome indica, era composto de pequenas frases indicadoras e referências importantes da história do Jazz. Eis uma delas, mote para o Regresso ao Passado de hoje, "Qualquer das obras gravadas em quarteto por Ornette Coleman para a marca Atlantic nos anos de 1959 e 1960 são uma boa entrada no jazz contemporâneo. Chamam-se os discos: «The shape of jazz to come», «Chance of the century», «This is our music»."




Longe estaria eu de imaginar quando li estas linhas que  35 anos depois, precisamente a 7 de Novembro de 2008, teria a oportunidade e o prazer de ver Ornette Coleman, na altura já com 78 anos, ao vivo num inesquecível concerto no Coliseu do Porto acompanhado pela minha filha.

Seguindo a sugestão do texto, proponho uma entrada no Jazz com o álbum "The Shape of Jazz To Come", de 1959. Ornette Coleman em quarteto, este em saxofone alto, Don Cherry, trompete, Charlie Haden, baixo e Billy Higgens na bateria, o tema é "Lonely Woman" que abria o álbum.



Ornette Coleman - Lonely Woman

sábado, 3 de abril de 2021

Charles Tolliver - Ruthie's Heart

        Cinco minutos de Jazz


Para hoje um nome que não conhecia, ou, na melhor das hipóteses, não lhe dei atenção nenhuma, pois terá sido divulgado no programa "Cinco minutos de Jazz" em Dezembro de 1973. Trata-se do trompetista Charles Tolliver que, neste caso em quarteto, com relevo para Stanley Cowell no piano, era o destaque daquele programa de rádio para os dias 15, 16, 17, 18 e 19 de Dezembro de 1973. 




O quarteto tomava o nome do álbum em referência "Music Inc." que, segundo Charles Tolliver e conforme texto de Paulo Gil, "... apareceu com o desejo de reunir músicos que sintam a necessidade de sobrevivência de uma Herança, e uma Arte negra, com a esperança de que os sacrifícios e o alto nível de intercomunicação entre esses músicos sirvam também para comunicar com a sensibilidade de todos que, do exterior, participam das mesmas ou semelhantes inquietudes."

"Ruthie's Heart", o tema inicial, composto pelo próprio Charles Tolliver, aqui fica para apresentação deste trompetista ainda vivo e que voltou à música neste milénio após longo interregno.



Charles Tolliver - Ruthie's Heart

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Billie Holiday - All of Me

       Cinco minutos de Jazz


A obra do mês de Dezembro de 1973 e que passava todas as quintas-feiras no programa de rádio "Cinco minutos de Jazz" era o álbum duplo, em vinil de 1972, "God Bless the Child" de Billie Holiday (1915-1959).

Um texto de Raul Bernardo constava no boletim nº 2 com o mesmo nome do programa, editado gratuitamente, onde se releva a canção "All of Me", uma gravação de 1941 com a Orquestra de Eddie Heywood onde se pode ouvir Lester Young (1909-1959) no saxofone tenor.

"All of Me" é um standard do Jazz vocal, um original de Gerald Marks e Seymour Simons de 1931, que conheceu na voz de Billie Holiday a sua melhor interpretação.




Segundo Raul Bernardo, "«All of Me» surge como um diálogo de despedida de dois seres, servindo a ambiguidade com que Billie diz a letra de uma cançoneta da Broadway, como uma sugestão para uma leitura musical mais humana, sensual e sobretudo anti-romântica."

Sem mais delongas ouça-se "All of Me" na voz da grande Billie Holiday.



Billie Holiday - All of Me

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Sarah Vaughan - Alone Again (Naturally)

      Cinco minutos de Jazz


Tinha eu 17 anos quando subscrevi o boletim "Cinco minutos de Jazz" que estou agora a recuperar. Eram só meia dúzia de páginas mas que lia avidamente face à escassez de informação que havia da música popular em geral e do Jazz em particular.

Neste nº 2, de Dezembro de 1973, José Duarte manifestava preocupação quanto ao estado da divulgação da música Jazz no nosso país, isto apesar da situação ter melhorado nomeadamente com o Festival de Jazz de Cascais que naquele ano viu a sua 3ª edição. Para José Duarte " FESTIVAL passado, marasmo crónico" e "FESTIVAL passado, utopia renovada", dizia ele: "A organização para o ano decidirá que o som estará a cargo de excelentes profissionais estrangeiros, que nem só os novos são pobres, que o programa incluirá também jazz contemporâneo, debates, filmes, conferências, exposições, que o lucro, ou parte dele, financiará a actividade de músicos indígenas e a divulgação e esclarecimento permanentes.
No entanto, como sou mais azevedo do que azedo, ainda quero acreditar que o marasmo se transforma e a utopia se concretiza, e como a maioria dos assinantes deste boletim se declara iniciada, mas entusiasmada, é para ela que o nosso trabalho vai progressivamente convergir. Todos temos sensibilidade disponível e espaço para mais informação e o jazz não é mistério nenhum, nem mete medo a ninguém. É preciso sim que cada um subverta preconceitos, duvide dos próprios conceitos, se afirme na negação, se mantenha curioso, ávido, vivo."




Um nome que na altura eu conhecia mal era o de Sarah Vaughan (1924-1990) cantora de Jazz já então consagrada e uma rica discografia que vinha dos anos 50. Quando ela actuou em Cascais em Novembro de 1973 o seu álbum mais recente era "Feelin' Good" do ano anterior com uma aproximação à música Pop onde não faltava uma canção dos Bee Gees e outra de Gilbert O'Sullivan, terá sido por isso que que foi objecto de "contestação apatetada" conforme dizer de Manuel Jorge Veloso neste 2º boletim?

Deste LP não resisto è versão "Alone Again (Naturally)" cujo original de Gilbert O'Sullivan já se encontra neste blogue.



Sarah Vaughan - Alone Again (Naturally)