terça-feira, 31 de agosto de 2021

Tim Buckley - Look at the Fool

   1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


O melhor do ano de 1974 encontrava-se, para além do vanguardismo que ia dos Roxy Music a David Bowie, na área que muito genericamente podemos considerar do Folk-Rock com alguns dos seus protagonistas habituais. Mas mesmo aqui, alguns deles, e que estão no topo, ainda hoje, das minhas preferências, ficaram aquém das expectativas. Por exemplo: Tim Buckley.

Tim Buckley (1947-1975) tem em 1974, com "Look at the Fool", o seu último trabalho, faleceria o ano seguinte de overdose de heroína. Longe se encontrava musicalmente dos anos e discos de Folk-Rock que o tornaram numa das figuras mais reverenciadas da música popular norte-americana. Abraçando a partir de 1970 influências do Soul e do Funk não mais voltou, infelizmente, a alcançar o nível alcançado por exemplo em "Goodbye and Hello" (1967).

Miguel Esteves Cardoso considerava que "... foram poucos e bons os álbuns de1974"Tim Buckley tinha sido uma "desilusão", mesmo assim deu-lhe três estrelas por "Look at the Fool" aquele que acabaria por ser o seu último álbum.


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Um compositor e uma voz extraordinária que enveredou por um caminho que não era o dele. Mesmo assim ouça-se "Look at the Fool".



Tim Buckley - Look at the Fool

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Eric Clapton - Motherless Children

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


É sabido dos problemas que Eric Clapton teve no inicio dos anos 70 com a droga e o álcool que  o levou ao afastamento dos palcos e das gravações. Depois do primeiro álbum a solo "Eric Clapton" (1970), só em 1974 voltou aos discos publicando "461 Ocean Boulevard" o tal que trazia a versão de "I Shot the Sheriff" (aqui disponível) e que ajuda a dar impulso no reconhecimento de Bob Marley e do Reggae em geral.

Três estrelas foi quanto Miguel Esteves Cardoso conferiu a este álbum referindo-se-lhe: "... Clapton emerge da apatia com um LP quase fresco que exibe novamente os seus descansados e agradáveis dotes de guitarra."


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De um dos guitarristas mais famosos do mundo, do qual lamento o seu actual posicionamento anti-confinamento e anti-vacinação, escolhi a faixa de abertura, " Motherless Children", um tradicional recuperado e bem por Eric Clapton.



Eric Clapton - Motherless Children

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Bruce Springsteen - Rosalita (Come Out Tonight)

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Num grupo dito Mainstream Miguel Esteves Cardoso colocou três discos todos com três estrelas, "Veedon Fleece" de Van Morrison que ontem recordei, "The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle" de Bruce Springsteen e um outro que deixo para amanhã.

Para hoje o retorno a Bruce Springsteen.

 "The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle" era o 2º álbum de Bruce Springsteen e editado ainda no ano de 1973, embora Miguel Esteves Cardoso o coloque nas escolhas de 1974 com a atribuição de três estrelas e sobre diz:

"Springsteen melhora nitidamente, mas ainda está longe de atingir a perfeição dos seus álbuns ulteriores. O segundo lado do LP já faz antever a remática romântica que ele desenvolveria com tanta inspiração e contém algumas das suas canções mais duradouras - "Rosalita" e "Incident on 57th Street" serão as mais clássicas."


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Bruce Springsteen em construção, a caminho da glória com trabalhos como "Born To Run" (1975) e "The River" (1980). Fica a sugerida "Rosalita (Come Out Tonight)".



Bruce Springsteen - Rosalita (Come Out Tonight)

domingo, 15 de agosto de 2021

Van Morrison - Bulbs

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Van Morrison está entre os meus músico preferidos de sempre. Entre 1968 e 1974 gravou 7 álbuns que considero imprescindíveis  e bem significativos da música popular daqueles anos. Não tivesse gravado mais nada e mesmo assim teria lugar na galeria das figuras mais importantes na criação de uma sonoridade fusionista e renovadora.

Tenho pena de não o ter visto ao vivo neste período de que é testemunho o álbum ao vivo "It's Too Late To Stop Now" (1974), um dos melhores álbuns ao vivo que conheço. Vi-o em 1993 no Coliseu do Porto e em 2018 em Cascais e aquilo que posso dizer é que soube envelhecer, em 2018 melhor que em 1993. Sob o ponto de vista discográfico não mais deslumbrou, como eu tenho dito por várias vezes ancorou no porto seguro do Blues e com algumas variações que lhe são características e por aí ficou.

Adiantado no tempo é quanto parecia estar Miguel Esteves Cardoso ao referir-se ao álbum "Veedon Fleece" de 1974, já aqui dizia ele "Van Morrison recusa-se a avançar além do conforto encontrado ..." atribuindo somente três estrelas a este trabalho.



Edição alemã em vinil de 1989 com a ref: 839 164-1


"Veedon Fleece" tem sido revisto positivamente ao longo dos tempos e parece ter-se tornado consensual que se encontra entre os melhores álbuns que Van Morrison realizou. Marcou, pelo menos o fim de uma época, Van Morrison só voltaria a gravar três anos depois com o sofrível "A Period of Transition".

"Bulbs", editado em Single é o que fica para se ouvir, no sossego da noite...



Van Morrison - Bulbs

sábado, 14 de agosto de 2021

Kraftwerk - Autobahn

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Desde 1972 que se encontram entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso, eram os Kraftwerk. Sem nunca me terem empolgado tenho que reconhecer que foram naqueles tempos inovadores e inevitavelmente tinha que os ouvir. Em 1974 era incontornável a audição dos Kraftwerk e em particular a faixa "Autobahn"

"Autobhan" era também o nome do álbum que incluía o tema, agora numa versão de mais de 22 minutos que ocupava todo o lado A do LP, para ele Miguel Esteves Cardoso classificou com três estrelas. Em termos de Singles considera que o ano é de "I Shot The Sheriff" de Eric Clapton e também "Rebel, Rebel" de David Bowie, mas "O melhor é "Autobahn" dos Kraftwerk...".

Sim, foi em 1974 que a música "robotizada" dos Kraftwerk teve difusão internacional e que se tornou bastante popular pese a frieza e falta de emoção que ela transportava. Indiferentes ao Punk e à New Wave que iriam surgir os Kraftwerk ir-se-iam manter bem à tona da do sucesso com disco como   "Radio-Activity" (1975), " Trans-Europe Express" (1977) e "The Man-Machine" (1978).


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Agora é imaginarem-se a guiar numa auto-estrada a ouvir "Autobahn", "Wir fahren, fahren, fahren auf der Autobahn".



Kraftwerk - Autobahn

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

David Bowie - Rebel, Rebel

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Lou Reed e David Bowie foram figuras proeminentes da música Rock coom destaque aos primeiros anos da década de 70, os dois com gostos estéticos vanguardistas ao explorarem sabiamente um Pop-Rock dito decadente. Pontos altos o álbum "Transformer" (1972) de Lou Reed produzido por David Bowie e o álbum "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" e respectiva digressão com David Bowie qual salvador messiânico do agonizante planeta Terra com somente cinco anos para se salvar.

Para Miguel Esteves Cardoso David Bowie em "Diamond Dogs", ao qual atribuiu três estrelas, "... quer apresentar um mundo destruído, populado por estranhas mutações humanas, que faz lembrar certas imagens de Chirico e não é de todo estranho à visão do filme de Kubrick "A Clockwork Orange".

Ambos estavam adiantados no tempo, se "Rock'n'Roll Animal" de Lou Reed era "... um monumento às intenções da New Wave americana de 77", a canção "... "Rebel, Rebel" de Bowie constituiria uma espécie de hino tradicional para a geração dos Sex Pistols...".


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E a canção que ficou deste LP foi, sem dúvida, "Rebel, Rebel" que fica como sugestão de audição.



David Bowie - Rebel, Rebel

Lou Reed - Intro, Sweet Jane

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Ainda neste grupo de vanguarda, irrequieto que esteve na década 70 em constante pesquisa/evolução não deixando estagnar pelo êxito inicial mais dois nomes que editaram no ano de 1974 e incontornáveis na história da música Rock pós anos 60: Lou Reed e David Bowie.

Segundo Miguel Esteves Cardoso "Lou Reed e David Bowie regressam à crueza do Rock and Roll, talvez enfastiados com a indefinição atmosférica dos seus álbuns de 73", recorde-se "Berlin" e "Alladin Sane", "Pin-Ups" respectivamente. Talvez fossem estes "regressos" que permitiam depois novos avanços, "Coney Island Baby" para Lou Reed em 1975 e "Station To Station" para David Bowie em 1976.

Hoje Lou Reed, amanhã David Bowie.

Lou Reed edita dois álbuns, "Rock 'n' Roll Animal" e "Sally Can't Dance" aos quais Miguel Esteves Cardoso atribui respectivamente quatro e e três estrelas.



Edição portuguesa em vinil de 1975 com a ref: APL1 0472


"Rock 'n' Roll Animal" é primeiro álbum ao vivo de Lou Reed, composto por somente cinco faixas, quatro das quais vindas do tempos dos The Velvet Underground e talvez fosse por isso que Miguel Esteves Cardoso escreveu:"... Reed mostra que nunca perdera a sua paixão de adolescente...", mas ao mesmo tempo adiantado no tempo ao considerar ""Rock'n'Roll Animal" um monumento às intenções da New Wave americana de 77".

"Rock 'n' Roll Animal" começa com uma introdução a que se segue "Sweet Jane", uma das muitas canções que ficaram como marca do génio de Lou Reed. "Sweet Jane" vinha do 4º LP "Loaded" dos The Velvet Underground já sem a presença de John Cale. Grande interpretação esta.



Lou Reed - Intro, Sweet Jane

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Nico - The End

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Nico (1938-1988) foi uma extraordinária cantora de origem alemã que nos anos 60 fez parte do movimento underground novaiorquino liderado pelo artista Andy Warhol que a impôs no primeiro álbum dos The Velvet Underground de que foi produtor.

Depois do seu afastamento dos The Velvet Underground procurou encontrar o seu próprio estilo, "Foi durante este período que encontrei Jim Morrison e foi ele que finalmente me aconselhou a escrever as minhas próprias canções e a interpretá-las eu mesma, sozinha..." - em "Jim Morrison, para lá dos Doors" de Hervé Muller. Conselho seguido e eis "Chelsea Girl" (1967), "The Marble Index" (1968) e "Desertshore" (1970), este último já gravado no seu regresso à Europa. Participa em filmes de  Philippe Garrel mas continua a actuar em público, em 1972 actua no Bataclan com John Cale e Lou Reed (" Le Bataclan '72", editado em 2004) e em 1974 no Rainbow Theater com Kevin Ayers, John Cale, Brian Eno ("June 1, 1974" de que já dei conta).

E chega-se assim a "The End..." o seu 4º álbum onde marcaram presença John Cale, o suspeito de costume, e ainda Phil Manzanera e Brian Eno que estava em todo o lado.



Edição em vinil do Reino Unido com a ref: ILPS 9311


Nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso "The End..." teve três estrelas e escreveu ele: "Nico, sempre produzida e acompanhada pelo génio distorcido de John Cale, torna-se cada vez mais prisioneira do seu castelo gótico, cantando o desfecho da humanidade e da beleza como uma invocação apaixonada à escuridão. É um romantismo doentio, sufocado pela poesia da sua angústia interior e Nico será o "anjo azul" dos anos 70. presidindo ao apocalipse como uma musa caída na desgraça, expulsa do paraíso de outrora. Ferozmente original, Nico nem sempre sabe conter a sua tendência para o exagero e não há dúvida que os seus álbuns mais emocionantes (mas menos perturbantes) datam da década anterior."

"The End" é no original uma canção dos The Doors com uma impressionante interpretação do grupo e de Jim Morrison em particular, a qual, pensava eu, não haveria alguém a querer interpretá-la pois seria insuperável. Surpresa minha, e boa surpresa, quando Nico resolveu inclui-la no seu reportório e gravá-la dando mesmo nome a este álbum.



Nico - The End

terça-feira, 10 de agosto de 2021

John Cale - Fear Is A Man's Best Friend

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso Brian Eno marca ainda presença em mais um álbum, é ele "Fear" de John Cale onde para além de assegurar os sintetizadores é também produtor, colaboração que se iria prolongar ao longo do tempo e culminar num álbum conjunto em 1990 com "Wrong Way Up".

Duas figuras importantes na história do Rock e que o colocaram em patamares bem sofisticados e não acessíveis ao comum dos consumidores.

"Fear" era o seu 4º trabalho a solo, seguindo-se ao belíssimo "Paris 1919", e sobre ele Miguel Esteves Cardoso considera que "... embora excessivamente indulgente e completamente destituído de qualquer perspectiva crítica, dá uma ideia convincente da irrequieta imaginação e inteligência de ambos", fica-se pelas três estrelas.


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A originalidade da música de John Cale era evidente desde os primórdios dos The Velvet Underground e prolongou-se na sua carreia a solo. "Fear" é disso evidência e embora nem sempre se adira facilmente foi um disco subestimado no seu tempo.

"Fear Is A Man's Best Friend", um grande tema, uma amostra da genialidade de John Cale.



John Cale - John Cale - Fear Is A Man's Best Friend

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Kevin Ayers, John Cale, Eno, Nico - Baby's on Fire

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


A presença de Brian Eno prolonga-se para o Regresso ao Passado de hoje num álbum gravado ao vivo e que teve como principais protagonistas, para além dele próprio, John Cale, Nico e Kevin Ayers, mas também por lá passaram como convidados especiais Mike Oldfield e Robert Wyatt.

A ideia inicial terá partido de Kevin Ayers que convidou Nico e por tabela John Cale, os dois ex-The Velvet Underground da formação inicial. John Cale encontrava-se a gravar com Brian Eno  e vai daí este também participa no concerto. Já Robert Wyatt era bem conhecido de Kevin Ayers dos seminais Soft Machine onde militaram nos anos 60 e o jovem Mike Oldfield que fez parte da sua banda, The Whole World, em 1970. E assim a 1 de Junho de 1974, data que deu nome ao álbum, "June 1, 1974", realizaram este concerto, no Rainbow Theatre em Londres.


Edição em CD de 1990 com as refs: IMCD 92; (842 552-2)


Miguel Esteves Cardoso considerou o "... concerto desigual mas refrescante..." e deu-lhe somente três estrelas o que correspondia a "bom".

Num tempo em que o Rock se desenvolveu muito além das suas fronteiras iniciais e se aventurou na exploração de novas sonoridades e que acabou por ficar conhecido por Rock de vanguarda ou experimental, os músicos que participaram neste concerto tiveram boa parte da responsabilidade na sua elaboração e divulgação.

Para ouvir pode ser "Baby's on Fire" um tema de Brian Eno e que fazia parte do seu primeiro álbum a solo, " Here Come the Warm Jets", também de 1974. 



Kevin Ayers, John Cale, Eno, Nico  - Baby's on Fire

domingo, 8 de agosto de 2021

Brian Eno - Burning Airlines Give You So Much More

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

O ano de 1974 teve nos Roxy Music e seus derivados uma forte presença. Roxy Music com "County Life", Bryan Ferry com "Another Time, Another Place" e Brian Eno com os dois primeiros álbuns a solo estão aí para o demonstrar.

Brian Eno fez parte da formação inicial dos Roxy Music e com eles gravou os dois primeiros LP  respectivamente "Roxy Music" (1972) e "For Your Pleasure" (1973) onde foi marcante no estabelecimento da sonoridade do grupo. Ainda em 1973, em conflito com Bryan Ferry na liderança do grupo, abandona os Roxy Music e inicia carreira a solo tornando-se igualmente um produtor destacado.

Em relação aos dois primeiros discos de Brian Eno disse Miguel Esteves Cardoso: "Depois do desapontador "Warm Jets", "Tiger Mountain" é uma série de divertimentos electrónicos de curiosa transparência e beleza" atribuindo-lhes respectivamente três e quatro estrelas.


CD com a ref: EGCD 17


"Taking Tiger Mountain (By Strategy)" é o nome completo do 2º álbum, é extraordinariamente homogéneo e original e começava assim:



Brian Eno - Burning Airlines Give You So Much More

sábado, 7 de agosto de 2021

Bryan Ferry - Smoke Gets in Your Eyes

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Meses antes de "Country Life" dos Roxy Music ter sido editado publicava Bryan Ferry o seu segundo LP a solo "Another Time, Another Place"

Neste segundo trabalho Bryan Ferry continua, no seguimento de "These Foolish Things" (1973), na via das versões mostrando outra faceta menos vanguardista que caracterizava a música dos Roxy Music.

Para Miguel Esteves Cardoso em 1974 "Bryan Ferry entrega-se livremente às suas baladas ironicamente sentimentais, tanto em "Country Life" como no seu álbum a solo. Está completada a imagem suave e superficial do "gigolo" com um coração de ouro - vivendo num mundo hiperbolicamente luxuoso, populado por caricaturas de smoking e de cigarreira e criaturas "divinas" com sorrisos frágeis." e atribui somente três estrelas ao seu disco a solo.



Edição holandesa com as refs: 0 777 7 86530 2 8; EGCD 14



Num conjunto bem conhecido de canções sobressaía a versão de "Smoke Gets in Your Eyes" uma canção da década de 30 e grande êxito na versão dos The Platters no final dos anos 50. Lembro-me da sensação estranha que tive ao ouvir Bryan Ferry na linha da frente da música Rock a interpretar uma canção tão antiga quanto esta.

Deliciemo-nos com este "Smoke Gets in Your Eyes", com Bryan Ferry e a sua peculiar voz.



Bryan Ferry - Smoke Gets in Your Eyes

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Roxy Music - All I Want Is You

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Sofisticação, será um bom termo para definir boa parte da nova música que se desenvolveu nos primeiros anos da década de 70 e que teve nos Roxy Music um dos principais protagonistas. Etiquetada de Glam-Rock, mais ligada ao visual do grupo, ou de Art-Rock mais condizente com o experimentalismo musical e vanguardismo artístico que desenvolveram.

Em 1974 é publicado o quarto álbum de originais dos Roxy Music de nome "Country Life" e era mais um trabalho de excelência a mostrar caminhos que o Rock podia e devia ter continuado a explorar.

Para Miguel Esteves Cardoso, que deu quatro estrelas, considerou então que "Os Roxy deixam de ser uma banda para servir de veículo para as vinhetas hollywoodescas de Ferry" o que não me parece de todo razoável e a aceitá-lo então teríamos que recuar logo ao início do grupo, não foi sempre Bryan Ferry o líder do grupo e o escritor de praticamente todas as canções? E teria necessidade de já ter dois álbuns a solo?



Edição portuguesa com a ref: 2310 539, preço:430$00,
aprox. 2,15€


A capa bem arrojada teve problemas nos EUA tendo sido alterada conforme informação em https://www.discogs.com/:




Igualmente de acordo como mesmo sítio, as duas modelos constantes na capa original terão sido encontradas por Bryan Ferry em Portugal ...

Questões à parte o inegável é a qualidade com que eramos presenteados por mais este trabalho, o 4º em pouco mais de dois anos. E agora deixemo-nos de apartes e vamos ao que interessa, ouça-se "All I Want Is You".



Roxy Music - All I Want Is You

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Burning Spear - Marcus Garvey

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Burning Spear, nome importante da música Reggae que ainda não tinha conhecido passagem nestes meus Regresso ao Passado.

Mais um nome a juntar-se aos consagrados Bob Marley, Jimmy Cliff e Peter Tosh. Jamaicano de nascimento de nome real Winston Rodney, emergiu na cena musical do seu país ainda no final dos anos 60 mas a primeira gravação surge somente em 1973.

É em 1975 com o 3º LP, "Marcus Garvey", que ganha reconhecimento internacional. Está entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso mas coloca o disco em 1974, para o efeito isso pouco importa, atribui-lhe cinco estrelas e sobre ele diz:

"A afirmação mais contundente e expressiva do Rastafarianismo de sempre, impregnado duma religiosidade rebelde e estimulante. As canções "Marcus Garvey", "Slavery Days", "Jordan River" e "Resting Place" são hinos clássicos à visão mítica de Garvey."


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Marcus Garvey (1887-1940) foi um destacado nacionalista negro jamaicano, referência do movimento Rastafari de que Burning Spear era adepto. Segue a faixa de abertura a homónima "Marcus Garvey".



Burning Spear - Marcus Garvey

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Stevie Wonder - Too Shy to Say

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Nas escolhas de 1974 de Miguel Esteves Cardoso aparecem dois autores cujos discos constam em "Outros" ou seja algo que vai do Soul ao Reggae e que não se enquadravam nas outras categorias por ele identificadas, são eles Stevie Wonder e Burning Spear.

Quanto a Stevie Wonder Miguel Esteves Cardoso referia-se a dois LP "Innervisions", com quatro estrelas, e "Fulfillinguess' First Finale", com três estrelas. O primeiro era efectivamente de 1973 mas identificava os dois pois "...têm pontos de contacto evidentes", em relação a "Innervisions" dizia:"...representa a destilação conseguida do eclecticismo de Wonder, que se utiliza de influências Soul, Pop e Reggae duma forma efectiva e poderosa", já "O segundo é exageradamente místico, pretensioso até, embora redimido por canções como "Bird of Beauty" e "Boogie on Reggae Woman"."



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De um Stevie Wonder, de um período super produtivo, escolho do álbum menos acessível "Fulfillinguess' First Finale" uma bonita canção que não foi das mais conhecidas, "Too Shy to Say".



Stevie Wonder - Too Shy to Say

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Genesis - The Carpet Crawlers

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


É sabido, o Rock dito sinfónico teve na primeira metade da década de 70 o seu apogeu. Van Der Graaf Generator, Genesis, Yes, Gentle Giant são alguns exemplos dos que tiveram naqueles anos o seu período mais fértil e inovador. Mas rapidamente o género saturou e muitos deles entraram num irreversível declínio ou mesmo extinção.

Miguel Esteves Cardoso dá conta disso  no seu texto  "O Ovo e o Novo (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" como ontem dei conta. Aponta mesmo o ano de 1974 como o ano do "... fim do Rock sinfónico como força criativa" e considera "The Lamb Lies Down on Broadway", o álbum duplo dos Genesis nesse ano editado, como "... o único álbum escapatório...".

Considerava ainda que ""Lamb Lies Down on Broadway", publicado em 1974, embora enriquecido por momentos de puro êxtase musical (como The Carpetcrawlers"), caiu vítima das suas próprias pretensões, por muito louváveis que tenham sido."



Edição nacional de 1985 com a ref: 630205


Apesar de tudo e passados 47 anos da sua edição o álbum parecer ser bastante equilibrado e ouve-se e redescobre-se com renovado prazer. Eram os Genesis na sua melhor formação antes da saída de Peter Gabriel.

Fica então para ouvir essa ainda maravilha que era "The Carpet Crawlers", a canção mais bonita de 1974?



Genesis - The Carpet Crawlers

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Yes - The Revealing Science Of God

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Continuo com o ano de 1974, depois de revermos alguns temas da música por cá feita naquele ano é, agora, a vez da música Pop-Rock anglo-americana. Qual o estado da arte em 1974, depois da surpreendente década de 60 e ainda do experimentalismo dos primeiros anos da de 70?

Para dar corpo a este e próximos Regresso ao Passado nada melhor que socorrer-me de Miguel Esteves Cardoso e de voltar ao seu texto "O Ovo e o Novo (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980". Começo por lembrar que Miguel Esteve Cardoso comparava os anos 70 a uma curva de Gauss, ou seja era musicalmente em forma de U, sendo os pontos altos os anos de 1970 e 1980. Assim sendo não é de esperar muito do ano de 1974, pelo menos na quantidade a que estávamos habituados.

Começando pelo dito Rock de Fusão dizia Miguel Esteves Cardoso:

"1974 assinala o fim do Rock sinfónico como força criativa. É significativo que o acontecimento do ano seja a reedição de dois álbuns de 67 e 68 dos Pink Floyd, sob o título "A Nice Pair". Enquanto os Yes desgastam a mais tenaz das paciências com "Tales from Topographical Ocean", os Tangerine Dream reinventam o tédio com "Phaedra e Mike Oldfield mostra as suas limitações em "Hergest Ridge", o único escapatório é "Lamb Lies Down on Broadway" dos Genesis, por muito inferior que seja ao anterior" (o excelente "Foxtrot").


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Os Yes eram um dos meus grupos preferidos do chamado Rock sinfónico, a par dos Gentle Giant e Genesis, mas a partir deste álbum cortei com a sua música, na realidade deixei de ter "paciência" para temas tão longos e bem menos estimulantes dos de álbuns anteriores, "Close To The Edge" por exemplo.

De qualquer modo são bem relevantes de um tempo em que na nossa rádio se podia ouvir, por exemplo "Ritual - Nous Sommes Du Soleil" com mais de 20 minutos sem interrupções.

Assinale-se neste álbum a entrada de Alan White para a substituição de Bill Bruford na bateria e o fim por algum tempo das megalomanias de Rick Wakeman ocupado com viagens ao centro da terra e os mitos do rei Artur. Para os resistentes, aqui fica "The Revealing Science of God" e os seus mais de 20 minutos.



Yes - The Revealing Science Of God

(Nota: Na realidade editado em finais de 1973, por cá só me recordo de o ouvir já em 1974.)

domingo, 1 de agosto de 2021

José Afonso - Coro dos Tribunais

 E chego ao fim desta passagem por alguma da música que marcou a produção nacional no ano de 1974. E para terminar só podia ser com José Afonso, o nosso expoente máximo na renovação da música popular portuguesa encetada no início dos anos 60.

Longo tinha sido o percurso que José Afonso tinha desbravado. O fado de Coimbra tinha sido renovado, o movimento das baladas desenvolvido e a evolução para sonoridades mais complexas e algum experimentalismo, sem abandonar as raízes populares, faziam-se sentir, ouça-se "Cantigas de Maio" (1971) ou "Venham Mais Cinco" (1973).

E chegamos ao ano de 1974 onde José Afonso teve participação activa ao calcorrear o país no chamado "Canto Livre", muitas das vezes desprovido do mínimo de condições técnicas para actuação. A canção veio para a rua e acompanhou o processo revolucionário então em curso tornando-se muitas das vezes simplista e panfletária. Não foi esse o caso de José Afonso com o álbum "Coro dos Tribunais" gravado no final do ano em Londres com a colaboração de nomes como Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Alberto Moniz, Vitorino e José Niza.


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Fico logo com o tema inicial, o que dá título ao álbum, mais uma pequena maravilha de José Afonso.  Numa altura em que musical e politicamente se vivem novos tempos com protagonistas menos interessantes é urgente manter vivo o legado de José Afonso, eis "Coro dos Tribunais".



José Afonso - Coro dos Tribunais