domingo, 31 de maio de 2020

Joni Mitchell - Cold Blue Steel and Sweet Fire

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


E chego ao fim desta passagem pelo ano de 1972 na escolha feita pelo Miguel Esteves Cardoso e que constava no texto de 1980 intitulado "O Ovo e o Novo (uma) Década de Rock: 1970-1980" e que servia de posfácio ao livro "POPMUSIC-ROCK" de Philippe Daufouy e Jean-Pierre Sarton na sua 2ª edição.
E para o fim ficou a sua primeira referência àquele ano que foi o álbum "For The Roses" da grande Joni Mitchell, um dos dois únicos LP que tiveram direito a cinco estrelas, "excelente", (o outro era "Transformer" de Lou Reed) dizendo ele que "...Joni Mitchell dá um salto empolgante com"For the Roses"...". Lembre-se que "For the Roses" sucedeu a "Blue", um disco que diria quase inultrapassável.


Edição alemã, em vinil, com as ref: 
AS 53 007, (SD 5057), K 53 007





Em "For the Roses" Joni Mitchell começa a afastar-se da "ortodoxia da música folk" e segundo Miguel Esteves Cardoso "Este afastamento sugestivo viria ser assumido quase completamente no LP seguinte - "For the Roses" - em 1972, porventura o álbum de fusão rock/folk mais excitante de sempre. É mais impressionista e menos directo, talvez até menos imediatamente pessoal do que os anteriores. Talvez porque Mitchell começou neste álbum a explorar com mais consistência e arrojo as possibilidades dos arranjos mais cheios, tentando conciliar uma temática própria de balada com a energia do Rock."

Se "You Turn Me On, I'm a Radio" era o prolongar de "Blue", "Cold Blue Steel and Sweet Fire", por exemplo, era o abrir portas a outras paragens que Joni Mitchell não deixou mais de explorar até se retirar das lides musicais.



Joni Mitchell - Cold Blue Steel and Sweet Fire

sábado, 30 de maio de 2020

Judy Collins - Four Strong Wings

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Se bem que tenha apreciado alguns dos trabalhos de Judy Collins, em particular na segunda metade dos anos 60, nunca foi uma cantora que estivesse no topo das minhas preferências. Uma voz referencial, sem dúvida, boa interprete mas faltava-lhe algo, talvez capacidade de composição, que a elevasse ao nível de uma Sandy Denny ou Joni Mitchell.

Na apreciação dos álbuns do ano de 1972, Miguel Esteves Cardoso inclui "Living" de Judy Collins atribuindo-lhe três estrelas, o equivalente a "bom", mas sem no entanto considerar que "...Judy Collins vai degenerando sorumbaticamente para a canção de salão...".



https://www.discogs.com/




"Living" é um álbum ao vivo editado no ano de 1971 fruto da tournée do ano anterior e das dez composições somente três são de autoria de Judy Collins. Bob Dylan, Leonard Cohen e Joni Mitchell, diria as principais influências de Judy Collins, marcavam presença com canções bem conhecidas.  


Nem uns, nem outros escolho "Four Strong Wings", uma canção do duo canadiano Ian and Sylvian e que Neil Young tão bem a iria interpretar em 1978 para o LP "Comes a Time".



Judy Collins - Four Strong Wings

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Dory Previn - Perfect Man

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Como disse em passagem anterior por Dory Previn, conheci mal a sua música e agora, que com facilidade se consegue chegar a praticamente tudo, tenho-a recuperado e continua a ser uma agradável surpresa.
Depois de "Mythical Kings and Iguanas" (1971), rapidamente surgem mais dois LP desta cantora, autora norte-americana que teve na década de 70 o seu melhor período de álbuns editados.

Esses dois álbuns foram "Reflections in a Mud Puddle" (1971) e "Mary C. Brown and the Hollywood Sign" (1972) os dois a constarem nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1972. Aos dois atribuiu três estrelas, o equivalente a "bom", mas ouvindo-os hoje a minha preferência vai claramente para o segundo. Já Miguel Esteves Cardoso continua na sua apreciação menos positiva dizendo que "...Dory Previn começa a dar sinais de falta de imaginação...".


https://www.discogs.com/



Quanto a "Mary C. Brown and the Hollywood Sign" tratava-se de um disco temático destinado a ser encenado para os palcos da Broadway, mas tal não chegou a concretizar-se.

"Perfect Man" é particularmente agradável e fica como sugestão para entrada neste trabalho de Dory Previn. A (re)descobrir!



Dory Previn - Perfect Man

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Carly Simon - I've Got To Have You

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Continuo com as últimas propostas musicais de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1972. Na realidade eram as primeiras no texto por ele escrito no referente àquele ano, as propostas eram todas norte-americanas e no feminino, eram Joni Mitchell, Judy Collins, Dory Previn e Carly Simon. À excepção da primeira as outras apresentavam trabalhos que não enchiam as medidas a Miguel Esteves Cardoso, começo com Carly Simon.


https://en.wikipedia.org/



O trabalho referido é "Antecipation", mais um a constar na troca de anos pois a sua edição é de final de 1971 mas acredito que só em 1972 é que nos fosse dado ouvi-lo na nossa rádio. De qualquer modo, um disco a confirmar, em meu entender, o que já no seu primeiro LP se antevia, uma excelente autora-intérprete de Folk-Rock oriundo dos EUA. O mesmo parecia não pensar Miguel Esteves Cardoso ao considerar que "...Carly Simon não corresponde inteiramente à promessa do álbum-estreia", ficou pelas três estrelas o que correspondia a um bom LP.

Eram várias as canções que podia tirar deste álbum para o ilustrar, "Antecipation" era a mais evidente mas já consta em Regresso ao Passado anterior, opto por "I've Got To Have You", uma bela canção original de Kris Kristofferson e interpretada por este, em duo, com a Rita Coolidge sómente no álbum "Breakaway" somente em 1974.



Carly Simon - I've Got To Have You

quarta-feira, 27 de maio de 2020

I've Always Kept a Unicorn - The Biography of Sandy Denny

I've Always Kept a Unicorn -The Biography of Sandy Denny


Publicado em 2015 "I've Always Kept a Unicorn - The Biography of Sandy Denny" é um livro que, como o nome indica, nos conta a história da vida da malograda Sandy Denny, autora e intérprete única que para além dos poucos álbuns a solo nos deixou teve passagens por grupos como The Strawbs, Fairport Convention e Fotheringay. A sua passagem pela música popular foi de tal modo importante  que  sucedem-se, passados tantos anos pois Sandy Denny faleceu em 1978, a publicação, não só na sua discografia, sempre com novas descobertas, como a publicação de obras escritas sobre a sua vida.






Este livro de Mick Houghton teve edição da editora Faber & Faber e contou com reconhecidos elogios da imprensa especializada, na contra-capa do livro pode-se ler:
"I've Always Kept a Unicorn tells the story of Sandy Denny, one of the greatest Bristish singer-songwriters. Emerging from the passionate, hard-driving folk scene of the sixties, Sandy laid down the marker for folk-rock on timeless albums with Fairport Convention and Fotheringay, before embarking on a mercurial solo career. At the core of her later life and work was her often turbulent relationship with musician Trevor Lucas, as she tried to reconcile motherhood and marriage with a rock 'n' roll lifestyle. Her tragic and untimely death came in 1978 at yhe age of thirty-one. Based on original and candid interviews with more than fifty of her friends, fellow musicians and contemporaries, and with access to previously unseen documents and Sandy's own notebooks, I've Always Kept a Unicorn illuminates the life of a unique and complex artist."

Contém ainda uma introdução de Richard Thompson onde ele afirma "As decades pass, and fashions in music come and go, I realise more and more that Sandy Denny was not only the most importante singer of my generation, buy that no one has come along to touch her since."


Depois da leitura  do livro aconselha-se a audição do duplo CD saído no ano seguinte ao do livro e com o mesmo nome que como diz no interior é "the best album Sandy Denny never made", uma colecção de canções em modo acústico e a solo.


I've always lived in a mansion
On the other side of the moon. 

I've always kept a unicorn 
And I never sing out of tune.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Sandy Denny - Listen, Listen

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Se Miguel Esteves Cardoso achou que em 1972 "A cena folk no Reino Unido vai perdendo ímpeto e razão de ser...", também é verdade que de lá veio um disco maravilhoso, muitos furos acima da concorrência. Refiro-me ao álbum "Sandy", da Sandy Denny, claro, que continuava, sem conseguir ser reconhecida, a escrever as melhores canções Folk-Rock da sua geração. Miguel Esteves Cardoso deu-lhe quatro estrelas, pouco no meu entender.
"Sandy" continha oito originais, uma versão de "Tomorrow Is a Long Time" (Bob Dylan) e o magnífico tradicional "The Quiet Joys of Brotherhood" com letra de Richard Fariña.


Edição espanhola de 1972 com as ref: 86 384.I, 86.384-I




"Released in September 1972, it was the album which Island thought would bring a commercial breakthrough.", lê-se em "I've Always Ket A Unicorn" de Mick Houghton, o que infelizmente não aconteceu. Fred Cantrell, responsável de vendas da Island diria "We realised we had a total genius on our hands but the question was how to channel it. The "Sandy" album was her best shot; after that we began wondering: where are we going wrong?" e a própria Sandy Denny começou a manifestar problemas pelo inêxito obtido, isto apesar das críticas positivas que genericamente o álbum obteve. Citada no mesmo livro Linda Thompson disse: "After the Sandy album, it got her  down that her popularity didn't suddenly increase in leaps and bounds, and that was the start of her really fretting about the way her career was going."

Pessoalmente sempre considerei que, por muitas voltas a editora desse, os discos que Sandy Denny fazia nunca chegariam aos Top de vendas (tal como por exemplo Nick Drake) nem mesmo depois da sua morte em 1978. Infelizmente a sua música ficará para sempre ligada, como costumo dizer, a uma imensa minoria. Mesmo canções como "Listen, Listen", a faixa de "Sandy" que mais se aproximava de um possível êxito comercial.



Sandy Denny - Listen, Listen

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Paul Stookey - Wedding Song (There Is Love)

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Dos elementos constitutivos dos Peter, Paul and Mary, Paul Stookey foi o primeiro a publicar um álbum a solo após a separação daqueles em 1970.
1971 viu logo surgir esse de trabalho de nome "Paul And", designação a encaixar nos trabalhos dos seu amigos Peter Yarrow, "Peter" (1972), e de Mary Travers, "Mary" (1971). Para alguns o melhor dos três trabalhos, embora pessoalmente tenha um fraquinho por "Mary".



https://www.amazon.com/



Era mais um bom álbum a merecer três estrelas por parte de Miguel Esteves Cardoso, mais um a juntar-se à lista hegemónica que neste ano os Estados Unidos revelavam face à produção Folk oriunda do Reino Unido.
Infelizmente foi mais um disco a passar, por cá, quase despercebido, não me recordo mesmo de o ver à venda. Mesmo assim recordava-me bem da canção que hoje recordo "Wedding Song (There Is Love)", num patamar bem destacado e que se enquadraria bem entre o melhor que aquele trio produziu.

Paul Stookey escreveu "Wedding Song (There Is Love)" como prenda de casamento de Peter Yarrow em 1969 e é uma pequena maravilha da música popular que irá perdurar através dos tempos. Adoro esta "Weeding Song (There Is Love)".



Paul Stookey - Wedding Song (There Is Love)

domingo, 24 de maio de 2020

Peter Yarrow - Weave Me The Sunshine

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Em 1970 os Peter, Paul and Mary puseram fim a uma colaboração, muitos anos mais tarde retomada, que durou toda a década de 60 e que nos deixou canções inesquecíveis da melhor música Folk praticada nos EUA.
Cada um seguiu o seu percurso e não tardou a que surgissem as primeiras prestações individuais, assim em 1972 Peter Yarrow gravou "Peter", Paul Stookey "Paul And" no ano anterior e também em 1971 Mary Travers editou "Mary" ou seja os nomes dos LP juntos davam a designação do antigo trio. Faltava a magia das harmonias vocais mas a qualidade de composição mantinha-se intacta.


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Miguel Esteves Cardoso coloca os discos de Peter Yarrow e Paul Stookey em 1972 e atribui-lhes três estrelas ou seja "bom" e vinham ajudar a comprovar que "A música americana está em bom estado...".
Sem dúvida "Peter", sem o brilhantismo dos Peter, Paul and Mary, era, no entanto, mais um agradável disco que vinha do outro lado do Atlântico e que por cá passou praticamente despercebido.


O disco terminava com "Weave Me The Sunshine", era o dar continuidade aos ideais dos anos 60, "Weave me the hope of a new tomorrow...".



Peter Yarrow - Weave Me The Sunshine

sábado, 23 de maio de 2020

Paul Simon - Duncan

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Finda a reunião com Art Garfunkel, que nos deixou muitas saudades e cinco álbuns do melhor Folk-Rock norte-americano para as minimizar, Paul Simon encetou carreira a solo apresentando-se em 1972 com o álbum homónimo.
E começava bem, começava com um grande álbum de Folk-Rock despido dos arranjos que alguns criticavam dos tempos de Simon and Garfunkel e fazendo alguma aproximações a outras paisagens musicais como em "Mother and Child Reunion". Miguel Esteves Cardoso assim o dizia considerando que Paul Simon "... se liberta dos excessos orquestrais dos últimos LPs dos Simon and Garfunkel para escrever canções mais fortes, alimentadas por influências musicais tradicionais mas relativamente desconhecidas - o gospel e o reggae são os dois exemplos mais significativos". Muito bom era a classificação obtida ao dar-lhe quatro estrelas.


www.discogs.com



Se os sucessos maiores foram "Mother and Child Reunion" e "Me and Julio Down by the Schoolyard" a minha preferência ia directa para "Duncan" que hoje proponho para audição.



Paul Simon - Duncan

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Crosby, Stills, Nash and Young - Judy Blue Eyes-On The Way Home

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Neste grupo de álbuns que Miguel Esteves Cardoso rotulou de Soft ou seja "Rock de influência Folk, Country ou Blues ou caracterizado por uma utilização maioritária de instrumentos não-electrificados", o ano de 1972 é praticamente quase todo pertença de cantores a solo americanos, os grupos quase que não aparecem, talvez espelho do Rock mainstream e Sinfónico então prevalecente. No entanto há excepções e uma delas vai para os Crosby, Stills, Nash and Young e para o duplo álbum ""4 Way Street" ao qual lhe atribui três estrelas.


Edição norte-americana de 1971 com a ref: SD 2-902


"4 Way Street" é um álbum duplo gravado ao vivo após o surpreendente "Déjà Vu" de 1970 e como o nome indica mostra-nos quatro caminhos diferentes trilhados pelos seus quatro membros. Pelo menos o primeiro álbum onde cada um se destacava na interpretação de canções suas, já o segundo, que era eléctrico contrariamente ao primeiro, mostrava a força que os quatro juntos possuíam e não era nada Soft. O primeiro era mais Folk, o segundo mais Rock!

Fico no Folk e no início do álbum "Judy Blue Eyes" seguido de "On The Way Home".




CSNY - Judy Blue Eyes-On The Way Home

quinta-feira, 21 de maio de 2020

J. J. Cale - After Midnight

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


J. J. Cale (1938-2013) foi um músico americano, tendo a sua forma de tocar guitarra influenciado nomes bem conhecidos da música Rock.
Quando Mark Knopfler surgiu no final dos anos 70 com os seus Dire Straits e surpreender meio mundo com a sua forma peculiar de tocar guitarra, logo me veio à cabeça que J. J. Cale seria uma das  influencias e na realidade era.
Mas outros houve que foram por ele influenciados, como por exemplo Eric Clapton, este uma figura já bem conhecida quando J. J. Cale se deu a conhecer. O primeiro álbum (1970) a solo de Eric Clapton tinha mesmo uma composição, "After Midnight" de seu nome, do então desconhecido J.J. Cale.


https://www.discogs.com/



Embora a sua actividade musical remonte ao final dos anos 50 é somente na década de 70 com a realização do primeiro álbum de originais, "Naturally" de 1972, que vai finalmente ser reconhecido. Num estilo muito próprio, diria muito relaxado, a música de J. J. Cale é muito cativante e sugestiva de momentos de grande descontracção.

"Naturally" está entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso considerou-o um bom álbum atribuindo-lhe assim três estrelas.
Nesta primeira passagem por J. J. Cale, deslizem pelo sofá e deixem-se levar por este "After Midnight".




J. J. Cale - After Midnight

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Little Feat - Easy to Slip

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

1972 revisto nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso. Continuo com mais 2 álbuns oriundos do Soft-Rock, ou seja aquele Rock calmo e suave oriundo da América do Norte e que fundia o Rock com pinceladas do Folk e do Country, são eles os LP editados naquele ano pelos Little Feat e J.J. Cale.

Miguel Esteves Cardoso referia-se a eles assim: "Aparecem as primeiras gravações de J.J. Cale e de Little Feat, ambas prolongando a tendência para fugir à fusão excessivamente comercial do Country com o Rock e celebrando um som mais simples e emotivo".

J.J. Cale fica para amanhã, hoje é a vez dos Little Feat.





No caso dos Little Feat não se trata do primeiro mas do segundo álbum por eles editado e, diga-se, não os acompanhei devidamente, por isso pouco me lembrava deles e em particular deste disco de nome "Sailing' Shoes".
Um disco muito agradável de se ouvir e que começava com "Easy to Slip" que Sandy Denny viria a gravar nas sessões do seu último álbum, "Rendez Vous", publicado em 1977, mas que acabaria por não ser incluída, surgindo somente em 1995 na colectânea "The Attic Tracks 1972-1984".




Little Feat - Easy to Slip

terça-feira, 19 de maio de 2020

Tim Buckley - Sweet Surrender

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Tim Buckley (1947- 1975) foi um cantor norte-americano que em vida nos deixou 9 álbuns de originais. Iniciado nos anos 60 na música Folk donde saíram os seus melhores trabalhos percorreu, na década de 70, caminhos que o levaram a a experiências fusionistas e vanguardistas não tão bem sucedidas.

Edição USA em CD de 1990 com a ref: R2 70359




Em 1972, é editado o seu 7º álbum, "Greetings from L. A.", complexo com misturas de Jazz e Funk, a mostrar as capacidades sem fronteiras que Tim Buckley possuía.  Sem o fulgor dos primeiros álbuns mas, mesmo assim, a denotar capacidades, nomeadamente vocais, como poucos tinham. Miguel Esteves Cardoso deu-lhe, e bem, três estrelas o que correspondia a bom.

Escolho "Sweet Surrender", Tim Buckley perto do fim do seu melhor, prematuramente desaparecido devido a dose de heroína.




Tim Buckley - Sweet Surrender

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Neil Young - Words (Between The Lines Of Age)

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Foi ao 4º álbum, "Harvest" de 1972, que Neil Young se tornou mundialmente conhecido não fosse o êxito que a canção "Heart of Gold" obteve.
Numa mistura hábil do Folk, do Country e do Rock Neil Young consolidou aqui uma carreira que tinha já quase uma década e que tinha tido como pontos altos as suas passagens pelos Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash and Young.
Ainda hoje o sigo com imensa curiosidade em particular na recuperação dos arquivos que tem vindo a fazer quer em novos álbuns, os últimos aquém do expectável, que insiste em gravar com regularidade.


Edição portuguesa de 1972 com a ref: REP54005



"Harvest" terá sido, não o melhor, mas o álbum que alcançou maior projecção e que ficou definitivamente como um marco da sonoridade com características tão próprias de Neil Young. Maior parte das canções deste álbum tiveram a devida divulgação e são hoje em dia facilmente identificadas como pertencentes a este trabalho. "Heart of Gold", "Harvest", "Old Man", "The Needle and the Damage Done" estarão entre as mais facilmente reconhecidas e que passavam regularmente em alguns programas da nossa rádio, mas também "Words (Between the Lines of Age)", a faixa longa com mais de 6 minutos, se ouvia na rádio e era então a minha preferida.
Era o tipo de composição que eu gostava em Neil Young, longa com passagens do refrão para longas improvisações de guitarra.




Neil Young - Words (Between The Lines Of Age)

domingo, 17 de maio de 2020

Loudon Wainwright III - Me and My Friend the Cat

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Nas escolhas Folk e Folk-Rock de 1972 de Miguel Esteves Cardoso os álbuns de origem Norte-americana esmagam os oriundos da Grã-Bretanha, segundo ele "A Música americana está em bom estado, como se deixasse de preocupar. Tim Buckley, Neil Young e Loudon Wainright somam e seguem, o último com redobrada força."

Continuo precisamente com Loudon Wainwright, ou melhor Loudon Wainwright III, figura importante do Folk-Rock norte-americano cuja carreira musical se iniciou ainda nos anos 60 prolongando-se até aos nossos dias. As primeiras gravações tiveram ocasião no início dos anos 70, sendo o álbum por Miguel Esteves Cardoso destacado, "Album II", obtido quatro estrelas, equivalente a muito bom. Era o disco que dele melhor conheci e que lamento não ter adquirido na devida altura.


https://www.discogs.com/


Mais uma vez as datas não batem muito certo pois "Album II" foi editado em 1971, será que teve edição por cá em 1972?
De qualquer forma aqui fica mais este regresso a London Wainwright III, desta vez com "Me and My Friend the Cat".




Loudon Wainright III - Me and My Friend the Cat

sábado, 16 de maio de 2020

Steeleye Span - Gaudette

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Miguel Esteves Cardoso tinha razão, 1972 é inferior aos anos anteriores no que diz respeito a álbuns de qualidade publicados. Dizia "A abundância louca de 70, e a riqueza de 71 vêm desembocar na relativa pobreza de 72. Aliás, a quantidade de lançamentos de qualidade decresce a partir de 70 quase regularmente, assim como recupera a partir de 1977."

Mesmo assim a escolha que fez para a categoria que designou Soft contempla algumas preciosidades que passarei a recuperar a partir de hoje. A primeira vai para os Steeleye Span, é o álbum "Below the Salt" para o qual dá quatro estrelas ou seja muito bom. Tecia o seguinte comentário:
"A cena folk no Reino Unido vai perdendo ímpeto e razão de ser e os Steeleye Span são os únicos a sair com um registo de qualidade neste ano, pleno de efusiva urgência e de garra, evitando o sentimentalismo e mostrando invenção nos arranjos."


Edição alemã de 1972 com a Ref: 6307 508 D




Os Steeleye Span são um grupo de Folk-Rock formado em 1969 e que se mantém no activo ainda hoje, da formação inicial só a sua cantora Maddy Prior se mantém. Os Steeleye Span foram formados por iniciativa de Ashley Hutchings, após abandonar os Fairport Convention tendo sido igualmente elemento fundador, em busca de sons mais tradicionais. Em 1972 publicam o seu 4º trabalho, o primeiro depois da partida de Ashley Hutchings para formar outra banda histórica do Folk inglês, a Albion Country Band, "Below the Salt", o mais bem conseguido até então e que os iria levar a meio da década a níveis altos de popularidade.


"Gaudette" com raízes prováveis no Séc. XVI é aqui surpreendentemente interpretada a cappella com a maravilhosa voz que Maddy Prior então revelava. Bem pensado o "fade-in" e "fade-out".




Steeleye Span - Gaudette

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Kraftwerk - Spule 4

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Nunca fui fã da música dos Kraftwerk, nem, genericamente, da música oriunda da Alemanha dos anos 70, era uma música muito "fria" muito despida de "sentimentos" que pouco me dizia. Os Kraftwerk, de Ralf Hütter e Florian Schneider (1947-2020), fizeram parte do chamado Krautrock que no final dos anos 60, início de 70, se desenvolveu na Alemanha em reacção à hegemonia da música anglo-saxónica e caracterizava-se por ser fundamentalmente instrumental cheia de experimentalismo onde os sintetizadores tinham um som preponderante.






Miguel Esteves Cardoso não se esqueceu dos Kraftwerk e deu quatro estrelas, muito bom, ao álbum "Kraftwerk 2" (presumo eu que seja este álbum, pois ele só é referido como "Kraftwerk" e este é o inicial de 1970) e reconhecendo a importância que tiveram no futuro da música Pop escreveu: "Os Roxy Music e os Kraftwerk são as revelações incontestadas do ano - estes últimos são os pioneiros do Pop electrónico, monótono, repetitivo e frio - a sua influência seria vasta."
De facto a sua influência foi grande, desde o consagrado David Bowie, ouça-se "Low" (1977), aos grupo cheios de electrónica da New Wave dos anos 80 como os Orchestral Manoeuvres in the Dark ou os Ultravox.

"Spule 4" pertencia ao referido "Kraftwerk 2", antes de aderirem a um som mais Pop que lhes daria o sucesso em 1974.



Kraftwerk - Spule 4

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Mott the Hoople - All the Young Dudes

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


 "Todo o mundo cosmopolita, figurinos, modelos, viciados, homossexuais, transsexuais, cantores, poetas embriagados, prostitutas e músicos está nesta canção, uma síntese quase total das preocupações de Lou Reed e de David Bowie", dizia Miguel Esteves Cardoso sobre a canção "All the Young Dudes". Para ele "All the Young Dudes" era, na interpretação dos Mott the Hoople, o melhor Single do ano de 1972.






Pertencia ao álbum homónimo, o qual classificava de muito bom ao atribuir-lhe quatro estrelas. O álbum foi produzido precisamente por David Bowie, tendo a canção título, hoje uma marca do Glam-Rock, sido por ele escrita. Também Lou Reed marcava presença neste álbum com os Mott the Hoople a fazerem uma versão de "Sweet Jane" com a qual abriam o álbum.

Boas companhias portanto para um grupo formado em 1969 e que se encontrava à beira do fim. Em particular David Bowie teve um papel decisivo na recuperação do grupo já que "All the Young Dudes" constituiu o maior êxito por eles conhecido.



Mott the Hoople - All the Young Dudes

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Roxy Music - Sea Breezes

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

A maior parte dos registos mais interessantes de 1972 vêm de artistas que tinham já méritos consagrados e que vinham da década anterior. A principal excepção vem da escolha de hoje, os ingleses Roxy Music que em 1972 se davam a conhecer ao mundo com o primeiro e homónimo álbum.
Vinham-se juntar ao movimento do Glam-Rock mas com uma sofisticação maior, tinham um aspecto bizarro e muito original colocando-os na vanguarda musical da época. Sobre eles dizia Miguel Esteves Cardoso, na continuação da proposta "hiperbólica, excessiva, virada para o "Glamour"" vinda do universo de David Bowie e Lou Reed:
"Os Roxy Music, formados em 1970, propunham uma mesma sofisticação, apoiada no experimentalismo irrequieto de Brian Eno e na imagem anos 30 de Bryan Ferry que, apesar de cabeludo nesses anos, já cantava como um Sinatra, embriagadamente lamentando artifícios  melodramáticos." Atribuiu-lhe quatro estrelas o equivalente a muito bom.

Um bom trabalho de início onde também marcava pontos, a par da originalidade da música, a glamorosa capa tipo anos 50, ei-la:


Edição portuguesa com a Ref: 2310 552, data provável 1977



A edição original do álbum não continha "Virginia Plan" que tinha sido editada em Single e que andou pelo Top de vendas. A faixa que eu mais apreciava era "Sea Breezes", recorda-se de seguida para aguçar o apetite para a audição completa do álbum.




Roxy Music - Sea Breezes

terça-feira, 12 de maio de 2020

Lou Reed - Walk on the Other Side

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Outro nome incontornável de 1972, a par de David Bowie, foi Lou Reed.
Miguel Esteves Cardoso vai mais longe e afirma mesmo: "A dupla Lou Reed-David Bowie é a mais influente da década".
O ano começou com a edição do primeiro LP a solo de Lou Reed, "Lou Reed" e não terminou sem a publicação do magnífico "Transformer", álbum que contou precisamente com a produção de David Bowie.





Para Miguel Esteves Cardoso ""Tranformer é a afirmação definitiva da estética Warholiana, a celebração final da maquilhagem ("Make-up"), da bissexualidade "Walk on the Other Side") e do humor irónico que são os alicerces do Novo Romantismo".
Quanto a Lou Reed "A grande força de Lou Reed é a sua habilidosa forma de escrever, semi-satírica e semi-séria, sempre deliciando-se com a sua sugestiva ambiguidade".

Entre os discos desta "nova era", "Transformer" era o único que obtinha cinco estrelas ou seja excelente, continha algumas das suas melhores composições de sempre como "Walk on the Other Side" e "Perfect Day". É com a primeira que hoje ficamos.




Lou Reed - Walk on the Other Side

segunda-feira, 11 de maio de 2020

David Bowie - Ziggy Stardust

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


As influências vindas dos anos 60 começam a diminuir, o Rock Progressivo atinge o seu auge e novos caminhos começavam a despontar na sobrevivência do Pop-Rock. Para Miguel Esteves Cardoso alguns dos principais protagonistas foram: "Lou Reed, John Cale e Nico, David Bowie, Iggy Pop e Brian Eno" e que foram "nomes determinantes da década, colectivamente responsáveis por uma pequena revolução no Rock, musical e liricamente".

Quanto a David Bowie que tinha "...saqueado a imagem Worholiana dos Velvets para construir a sua Super-estrela decadente, bixessual e superficial" era o apresentador de "uma nova era" começada com ""Honky Dory" no ano anterior". E mais adiante: "1972 foi o ano em que esse decadentismo excitante e inovador explodiu, simultaneamente diversificado e coeso, repartindo um fastio provocado pela uniformidade de R' n 'B e pela simplicidade "hippy"."


Edição portuguesa de 1972 com a ref: PL-14702




O ano era marcado pelo álbum de David Bowie de nome completo ""The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars"  ou simplesmente "Ziggy Stardust", um dos mais importantes de toda a década. Miguel Esteves Cardoso deu-lhe 4 estrelas o que parece pouco pela qualidade intrínseca e pela importância e influência que veio a revelar.

Porque ainda não passei o tema título, aqui fica "Ziggy Stardust".




David Bowie - Ziggy Stardust

domingo, 10 de maio de 2020

Traffic - Shoot Out the Fantasy Factory

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Traffic, uma banda pela qual nutria uma simpatia especial. Tinham uma sonoridade muito pessoal, pouco comercial, com óptimos instrumentistas, onde se destacava Steve Winwood com a usa voz inconfundível. Sempre gostei deles, mas em particular de 1967 a 1971 onde se podem encontrar os melhores álbuns onde se destacavam para além Stevie Winwood, Jim Capaldi, Chris Wood e Dave Mason (acrescente-se ainda Rebop Kwaku Baah surgido tardiamente)



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Miguel Esteves Cardoso coloca "Shoot Out the Fantasy Factory" nas suas escolhas de 1972 ( um "erro" recorrente, o álbum foi efectivamente gravado em 1972 mas só conheceu os escaparates em 1973) atribuindo-lhe 3 estrelas e dizia "... os Traffic entram marcadamente em declínio, tendo esgotado a fórmula que tão inspiradamente inventaram."
Sem dúvida um disco menos inspirado, daí ao fim foi um instante, em 1974 terminavam seguindo os seus membros diferentes percursos musicais. Pena foi pois os ingredientes que utilizavam em misturas que iam do Folk-Rock ao Jazz-Rock mostravam caminhos bem interessantes a serem explorados.

Não me ficou na memória nenhuma das 5 composições deste LP, nem mesmo o tema título que segue para recordação.




Traffic - Shoot Out the Fantasy Factory

sábado, 9 de maio de 2020

The Rolling Stones - Happy

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Enquanto os rivais The Beatles terminavam e tentavam manter o êxito que tinham obtido com percursos individuais, The Rolling Stones continuavam na sua caminhada que ainda hoje não terminou. Provavelmente estamos na presença de um grupo cuja totalidade é maior que o somatório das partes e não terão sido tentados em carreiras pessoais.
No entanto sempre achei que o projecto, algures em meados da década de 70, se encontrava esgotado e que a partir daí viveram de bons concertos e revivalismo do passado e não tanto de uma continuada renovação.


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Parece que  Miguel Esteves Cardoso também partilharia desta opinião já no início dos anos 80 ao afirmar a propósito "Exiles on Main Street" de 1972:
"Os Stones assinam a última obra importante da sua carreira, num álbum claustrofóbico e honesto que acompanha o regresso aos blues que caracterizou os dois primeiros anos da década, ..."

"Exiles on Main Street" um disco que à época dividia opiniões, havendo por cá quem escrevesse que The Rolling Stones "Cada vez tocam e compõem pior, cada vez mais repetem esquemas rítmicos, vocais e melódicos indo «inspirar-se» ao rock e aos blues da pré-história da pop, numa atitude declaradamente reaccionária face aos caminhos que hoje se lhe abrem." ("memória do elefante" nº 9).


A canção que mais se ouviu foi "Tumbling Dice", que já a disponibilizei, a seguir talvez "Happy" que podem ouvir de seguida.




The Rolling Stones - Happy

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Bob Marley - Stir It Up

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


No texto "O Ovo e o Novo (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" de Miguel Esteves Cardoso, que tem vindo a servir de suporte a estes meus Regresso ao Passado, é estabelecida uma classificação baseada em critérios de qualidade e de continuidade  para 11 anos (1970 a 1980) que o leva a enquadrar as principais figuras que "navegavam nos mares e ondas do Rock" em duas secções: os Sobreviventes e os Náufragos. A primeira permitia três "constelações" estando na primeira constelação aqueles que tiveram "qualidade constante e ininterrupta ao longo da década" e nela figuravam quatro nomes: Joni Mitchell, Leonard Cohen, David Bowie e Bob Marley. Eram aqueles que atravessaram "a década num aperfeiçoamento progressivo" e "constante". Joni Mitchell e David Bowie "experimentalistas" enquanto que Leonard Cohen e Bob Marley utilizaram "um formato fixo" sendo mais tradicionalistas.


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No ano de 1972 Miguel Esteves Cardoso escolhe para Bob Marley o LP "Cath a Fire", de facto o álbum foi gravado naquele ano mas só viu a luz do dia em 1973, e sobre ele dizia: "O primeiro passo de Marley na direcção duma maior sofisticação técnica foi aquele que pela primeira vez chamou a atenção da Europa para o seu trabalho. Como todos os seus trabalhos, é atemporal - mas é aqui que Marley começa a cuidar das suas canções, preparando-as para um público maior, sem sacrificar uma só onça da sua integridade."


"Stir It Up" colocava a Europa no reconhecimento da música Reggae e Bob Marley como o seu maior representante.




Bob Marley - Stir It Up

quinta-feira, 7 de maio de 2020

The Staple Singers - I'll Take You There

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Hoje avanço para o álbum "Be Altitude: Respect Yourself" do grupo Soul norte-americano The Staple Singers e que Miguel Esteves Cardoso, nas suas escolhas de 1972, deu 5 estrelas, ou seja, excelente.
Ou é da distância temporal ou simplesmente gosto pessoal, mas não consigo, problema meu com certeza, atribuir 5 estrelas a estes intérpretes do Soul e Gospel. Agradáveis de se ouvir, sim é verdade, mas nada que me entusiasme o suficiente para tal classificação.



https://www.discogs.com/


The Staple Singers constituiram-se ainda nos anos 40, mas só muitos discos depois, em concreto na primeira metade da década de 70, é que os seus discos sobem a lugares de destaque nas tabelas de vendas. "Be Altitude: Respect Yourself" chega a nº 3 na tabela dos Estados Unidos de R'n'B.

"Respect Yourself" e "I'll Take You There" eram os temas mais conhecidos e que mereceram edição em Single, tendo "I'll Take You There" chegado a nº 1.

Fica esta última para audição tendo em Marvis Staples, a que da família Staples teve maior sucesso, a voz principal.




The Staple Singers - I'll Take You There

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Bill Withers - Use Me

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Bill Withers, um nome que nunca me disse muito e que me passou um pouco ao lado. Não fossem as canções que já recordei, "Ain't No Sunshine" e "Lean On Me" e provavelmente teria sido um nome que não teria fixado. Também é verdade que, agora reconheço, salvo devidas e honrosas excepções, nos anos 70 gostava mais da música que vinha do Reino Unido do que da América do Norte. Talvez, também fosse por cá menos divulgada, recordo-me da dificuldade que tinha em encontrar álbuns de alguns grupos da Costa Oeste.
Bill Withers (1938-2020), faleceu recentemente e foi um cantor negro norte-americano que se notabilizou nos primeiros anos da década de 70, tendo abandonado as lides musicais na década seguinte, em parte por se incompatibilizar com quem pretendia fazer a sua música mais vendável.


https://www.fnac.pt/


Miguel Esteves Cardoso nas suas escolhas do ano de 1972 foi buscar o álbum ao vivo "Live at Carnegie Hall", na realidade gravado em 1972 mas somente editado no ano seguinte, ao qual atribui 4 estrelas. Colocou-o no grupo dos Outros (Soul etc.) a par do álbum das Staple Singers, "Be Altitude: Respect Yourself", sendo as considerações conjuntas:
"Dois álbuns cem por cento magníficos, transbordantes de alma e de sensualidade, puros e imediatos - a verdadeira essência do soul. As Staple Singers com o seu "gospel" invigorante, Bill Withers com a sua espantosa espontaneidade (e a voz mais ritmada de sempre) - sozinhos aguentando um ano, doutra forma empobrecido." 

A faixa de abertura era uma versão longa, ou melhor repetida, de "Use Me", canção que pertencia ao LP, esse sim, editado em 1972, "Still Bill".




Bill Withers - Use Me

terça-feira, 5 de maio de 2020

Pink Floyd - Obscured by Clouds

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Em 1972 os Pink Floyd eram já uma banda bem conhecida, mas, na realidade, muito longe do fenómeno de popularidade que viriam a atingir até ao final do século.
Não era fácil, face à música que praticavam, que a sua música fosse acessível a largas camadas da população mesmo de uma juventude ávida e aberta a novas experiências, por alguma razão estiveram conectados com a designação de música Underground. Ouça-se "Astronomy Domine", "Interstellar Overdrive", "A Saucerful of Secrets", "The Narrow Way", a suite "Atom Heart Mother" e perceber-se-á melhor o que quero dizer.
As coisas começaram a mudar com a realização de "Meddle" (1971) bem mais acessível que o anterior e com o seguinte "Obscured by Clouds" (1972) a anteceder um dos discos mais bem sucedidos da história do Rock "Dark Side of the Moon" (1973).


Edição italiana, em CD, de 1995, da EMI com a Ref: 7243 8 35609 2 9




"Os Floyd voltaram ao seu formato menos grandioso com "Obscured By Clouds", uma série de composições derivativas que nada apresentavam de novo, embora fossem claramente agradáveis", dizia Miguel Esteve Cardoso e, ao qual atribuía 3 estrelas, que assim fechava o destaque que dava ao Rock de Fusão (sinfónico) (os outros eram "Foxtrot" e "Close to the Edge", respectivamente dos Genesis e Yes que anteontem e ontem referi).

"Obscured By Clouds" era banda sonora do filme "La Vallée" do realizador Barbet Schroeder
Filmado na “Papua Nova Guiné” em busca de um mítico vale inacessível, nunca visto ou explorado, nem por ar, pois está “Obscured by Clouds”, “La Vallée” situa-se entre a visão hippie do mundo (o retorno à natureza) e um documentário sobre a natureza humana. A personagem central Viviane (“desfruta de uma confortável vida como mulher de um consul francês até visitar a Nova Guiné em busca de raridades para a sua boutique em Paris.”) primeiramente em busca de “penas raras que só existem em zonas remotas” parte em expedição em direcção ao “vale secreto”, ”um local reverenciado pelos habitantes locais como o lar dos seus deuses”. A obsessão com o vale “faz com que eles continuem enfrentando condições cada vez mais hostis.”, no percurso “encontram os “homens de lama” e são convidados a juntar-se a uma cerimónia papua…consequentemente a pessoa “civilizada” de Viviane é aos poucos despedaçada por cada nova experiência até não haver retorno…” (em itálico tradução de parte dos textos incluídos no CD).

“Obscured by Clouds” talvez o disco mais subestimado dos Pink Floyd a merecer um maior reconhecimento, apresenta-se na fase final, mais criativa e inovadora, dos Pink Floyd, na vanguarda do movimento Undergound e Psicadélico Londrino, no limiar de um “Rock clássico harmónico” no dizer da Wikipédia.
“Obscured by Clouds” o tema inicial do filme para ouvir, de preferência alto.




Pink Floyd - Obscured by Clouds

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Yes - You and I

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

O grupo Yes foi um dos iniciadores no final dos nos 60 do Rock Progressivo e teve nos primeiros anos da década de 70  a melhor inspiração em álbuns que ficaram como marco daquele género musical. Infelizmente, acabaram vítimas da sua persistência não sabendo sair de cena na altura certa, mas deixaram, entre 1970 e 1974, um testemunho mais que relevante da qualidade musical dos seus membros traduzida em disco que são marca do melhor que o Rock Progressivo nos deixou.

O ano de 1972 é o ano de "Close to the Edge", um disco que eu tanto admirava e que continha somente três faixas, a saber:
- Close to the Edge - 18m 30s
- And You and I - 9m 59s
- Siberian Khatru - 8m 56s


Edição do Reino Unido, de 1972, com a ref: K50012




Confesso que, hoje em dia é um disco a que não é fácil voltar, talvez excessivamente datado, a não ser revendo num dos muitos DVD que o grupo tem feiro sair com a revisitação do seu passado onde "Close to the Edge" se inclui como o ponto mais alto, antes de começarem a descer até ao abismo, ou seja estavam mesmo nos limites.

Encontra-se entre as três escolhas que Miguel Esteves Cardoso fazia na categoria Fusão (Sinfónico) com a atribuição de 4 estrelas como o álbum de ontem, "Foxtrot", dos Genesis. E sobre ele dizia: "É no ano seguinte [1972], porém que saem com a a sua obra-prima - "Close to the Edge" - cuja faixa "You and I" ilustra todas as qualidades líricas dos Yes sem nenhum dos defeitos. Pela primeira vez, talvez, os Yes apresentavam-se como mais do que a soma das suas partes, com um som unificado e monumental, sem que isso abafasse o tom elegíaco e intimista da música."


Recordo "And You and I" a que melhor resistiu ao passar dos anos.




Yes - You and I

domingo, 3 de maio de 2020

Genesis - Horizons/Lover's Leap

1972 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Volto a "O Ovo e o Novo (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" de autoria de Miguel Esteves Cardoso e que servia de posfácio ao livro "POPMUSIC-ROCK"  na sua 2ª edição actualizada de 1981.
Neste texto Miguel Esteves Cardoso passa em revista a década de 70 e inclui, ano a ano, uma selecção de discos que os qualifica de 3, 4 e 5 estrelas, resumidamente, bom, muito bom e excelente. Já revi os anos de 1970 e 1971, começo hoje o ano de 1972.

Começo com um conjunto de três álbuns designados como de Fusão (sinfónico) ou seja o Rock mais progressivo que então se praticava. O primeiro deles é "Foxtrot" do grupo britânico Genesis que assim ao 4º álbum atingia o estrelato, Miguel Esteves Cardoso dava-lhe 4 estrelas. Quanto ao grupo considerava que "... foram certamente a banda épica mais satisfatória da história do Rock."

Nos primeiros anos da década de 70 pontificaram os Genesis como um dos melhores grupos de Rock de sempre. Tudo se passou no curto espaço de tempo de 1971 a 1974 (salvemos ainda 1975 ano em que actuaram em Cascais). Se “Nursery Crime” de 1971 apontava já toda a pujança que o grupo rapidamente revelaria (ouça-se esse inigualável “Musical Box”) seria em 1972 que os Genesis atingiriam o auge com essa obra-prima que foi “Foxtrot”. Neste álbum sobressai no lado A "Watcher of the Skies" e todo o lado B. Neste lado, depois do encantador intróito de viola "Horizons", aparecia a magnífica suite "Supper's Ready" de 22m54s.


Edição portuguesa de 1972 com as ref: 6369 922 (CAS 1058); 633405


Deste inexcedível álbum segue em anexo o intróito e o início (a primeira de 7 partes) de “Supper’s Ready”: “Horizons/Lover's Leap”




Genesis - Horizons/Lover's Leap

sábado, 2 de maio de 2020

Conjunto Universitário Hi-Fi - Back On The Shore

A música Pop no feminino no Portugal dos anos 60


Última passagem por este tema dedicado à música Pop feita no feminino no nosso país nos idos anos 60 dos século passado, pelo menos por agora pois nunca se sabe se a este tema não poderei voltar um dia mais tarde.
E esta última escolha vai para uma pouco mais que menina que dava, e ainda dá, pelo nome de Ana Maria e que integrou a formação do Conjunto Universitário Hi-Fi.
Infelizmente dos 2 EP que publicaram, respectivamente em 1967 e 1968, Ana Maria só no primeiro é que participa e só em dois dos quatro temas é que toma uma parte relevante na vocalização.

O EP era composto pelas seguintes canções: "Back From The Shore", "Three Days Of My Life", "I Call Your Name" e "Words Of A Mad", ou seja três originais e "I Call Your Name" uma versão interessante dos famosos The Beatles.






Em a "Biografia do Ié-Ié" Luís Pinheiro de Almeida sobre Ana Maria diz: "...tinha 17 anos e andava no 7º ano do Liceu. Começou a cantar por brincadeira no dia 26 de Março de 1966. Preocupava-a o estilo, tipo Sylvie Vartan. Gravava quase todos os ensaios para poder corrigir defeitos."
E ainda a propósito transcrevia texto dela própria a propósito da colectânea "Caloiros da Canção" de 2010: "A música é um espaço de liberdade e cantar, tocar é um exercício fantástico dessa liberdade. E isto tem mais significado se pensarmos na época em que estávamos e que era uma época de grande repressão que não era só política, mas também social. No Liceu Feminino, não podíamos usar manda cava nem calças. Sempre de meias, até no Verão. Para nós, a música tinha que ver com todo este Mundo de liberdade."

"Back On The Shore" foi onde Ana Maria melhor mostrou as suas capacidades vocais pelo que hoje a repito.




Conjunto Universitário Hi-Fi - Back On The Shore