quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mahalia Jackson - Amazing Grace

A maneira muito própria de cantar nas igrejas negras sempre teve enorme influência nos grandes criadores de Jazz.
"Desde o final do século XIX, o canto coral é, sem dúvida, a forma mais reconhecida da música afro-americana. E com razão, uma vez que os bancos das igrejas sempre representaram uma espécie de escola primária do jazz: negros ou brancos, muito poucos músicos escaparam ao fascínio que continua a exercer essa "catarse", essa transição irresistível da palavra para o canto, do diálogo entre pregador e fiéis ao transe colectivo, da tristeza ao júbilo que é o ressurgimento mais evidente das origens africanas em terra americana." em "Os Grandes Criadores de Jazz"

Mahalia Jackson (1911-1972) foi o nome maior do Gospel. Muito nova torna-se admiradora de Bessie Smith, é autodidacta  no canto e efectua as primeiras gravações na década de 30. Os anos 40 trouxeram-lhe o reconhecimento e o sucesso com canções como "Move On Up a Little Higher", "Let the Power of the Holy Ghost Fall on Me" ou a sua surpreendente interpretação de "Silent Night".


Mahalia Jackson cantando no novo templo que mandou
 construir (1961) - Os Grandes Criadores de Jazz

A aproximação ao Jazz vai-lhe valer a crítica dos mais puristas do Gospel, actua no Festival de Jazz de Newport pela primeira vez em 1957. Foi desde os anos 50 activista nos movimentos anti-racistas e em 1963 canta na manifestação pelos direitos na famosa Marcha em Washington pelo Trabalho e Liberdade onde Martin Luther King fez o célebre discurso "I Have a Dream".
Nesta recordação de Mahalia Jackson a canção "Amazing Grace" de 1947.



Mahalia Jackson - Amazing Grace

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dinah Washington - I Got You Under My Skin

"Dinah Washington (1924-1963). A "Rainha do blues" exprimia com uma voz metálica, um vibrato insistente, as aspirações e decepções da comunidade negra com um humor por vezes sardónico e obteve um sucesso comercial impressionante." em "Os Grandes Criadores de Jazz".

Dinah Washington teve uma curta mas intensa vida, atravessou diferentes estilos musicais, do Gospel, Blues ao Pop e claro o Jazz; como refere o site AllMusic:
"[Washington] was at once one of the most beloved and controversial singers of the mid-20th century - beloved to her fans, devotees, and fellow singers; controversial to critics who still accuse her of selling out her art to commerce and bad taste. Her principal sin, apparently, was to cultivate a distinctive vocal style that was at home in all kinds of music, be it R&B, blues, jazz, middle of the road pop - and she probably would have made a fine gospel or country singer had she the time."


Em pouco mais de uma dezena de anos deixou-nos perto de 30 álbuns originais que irão influenciar muitas futuras cantoras, de Julie London a Amy Winehouse.

Gravado em 1954 quando Dinah Washington começava a ter fama, "Dinah Jams" é um álbum ao vivo onde se destacam para além dela própria numa excelente prestação vocal, o baterista Max Roach e o trompetista Clifford Brown. Desse álbum a escolha vai para o standard e bem conhecido "I Got You Under My Skin", num belo entrosamento entre Dinah Washington e o grupo.



Dinah Washington - I Got You Under My Skin

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Anita O'Day - Take the "A" Train

"Anita O'Day possui um estilo muito puro, improvisa com uma facilidade espantosa e um desembaraço espectacular." em "Os Grandes Criadores do Jazz".

Anita O'Day (1919-2006) foi uma cantora branca de Jazz norte-americana.
A longa carreira desta cantora de Jazz começou nos anos 30 do século passado, mas é em 1941 ao ser contratada por Gene Krupa para a sua orquestra que se torna conhecida com a canção "Let Me Off Uptown".
A década de 50 vai ser a de maior sucesso e de maior produção discográfica, onde se destaca o álbum "Anita Sings the Most" com o Quarteto de Oscar Peterson em 1957. Pouco mais de 30 minutos tem este disco de duração, altamente recomendado, para ouvir num momento de relax total.




De 1957 a 1963 grava 16 álbuns, posteriormente a popularidade diminui, consome heroína e quase morre de overdose.
Em 2006 é editado o último registo, "Indestructible!".
Para recordar Anita O'Day vamos buscar uma canção de Billy Strayhorn de 1939 aqui na versão de Anita no álbum "Anita O'Day Sings the Winners" de 1958, é um standard do Jazz, é "Take the "A" Train".



Anita O'Day - Take the "A" Train

domingo, 27 de setembro de 2015

Betty Carter - Frenesi

Betty Carter (1929-1998) foi mais uma grande cantora de Jazz.
Sem ter alcançado a fama de uma Ella Fitzgerald ou Sarah Vaughan foi, no entanto, na segunda metade do século XX, uma das mais criativas intérpretes de Jazz. Tendo convivido, desde muito nova, com grandes nomes do Jazz como Charlie Parker, Lionel Hampton, Max Roach, Dizzy Gilliespie e Miles Davis começou a gravar em 1955, mas somente na década de 70 é que, finalmente, vê o seu talento consagrado.
Na verdade,  já no início dos anos 60 ganha alguma notoriedade ao gravar um disco de duetos com Ray Charles onde se destacava a impressionante versão de "Baby, It's Cold Outside".



Ficou conhecida pela capacidade de improvisação, pelo canto scat, demonstrando um domínio vocal único, por alguma razão Carmen McRae disse: "há realmente apenas uma cantora de Jazz - a única: Betty Carter."
Para audição, uma das primeiras gravações de Betty Carter, trata-se da adaptação ao Jazz de uma canção popular do mexicano Alberto Domínguez de nome "Frenesi" onde as capacidades vocais de Betty Carter são já evidentes, estávamos no ano de 1956.



Betty Carter - Frenesi

sábado, 26 de setembro de 2015

Sarah Vaughan - Nature Boy


" A mais completa das vocalistas é também a mais musical das cantoras graças a uma técnica excepcional" em "Os Grandes Criadores de Jazz". Sarah Vaughan (1924-1990) foi essa cantora.

Foi Billy Eckstine, cantor na orquestra de Earl Hines, que convence este a contratar Sarah Vaughan como segunda pianista e segunda vocalista. Quando em 1944 Billy Eckstine forma a sua própria orquestra, Sarah Vaughan acompanha-o, mas no ano seguinte inicia carreira a solo.

Sarah Vaughan - no livro
Os Grandes Criadores do Jazz
Tocou e gravou com os mais prestigiados músicos de Jazz, entre os quais Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Duke Ellington.
Pese os anos 60 e 70 terem levado Sarah Vaughan a uma aproximação à música Pop, com a gravação de música dos The Beatles, Henry Mancini e Michel Legrand, e à Bossa Nova gravando com Milton Nascimento, Dori Caymmi e António Carlos Jobim é a cantar o Jazz que encontramos o melhor de Sarah Vaughan; ouça-se "Lush Life", "Sophisticated Lady", "Solitude", "Lover Man" ou este "Nature Boy", uma das minhas canções preferidas, a cappela de 1948.



Sarah Vaughan - Nature Boy

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ella Fitzgerald - Goodnight My Love

Ella Fitzgerald (1917-1996) foi uma das mais conhecidas e importantes cantoras de Jazz do século passado. Possuindo um verdadeiro sentimento de Jazz, vai, no entanto, interpretar baladas e canções melodiosas que a vão colocar entre as melhores cantoras de cariz popular.

Descoberta aos 16 anos pelo baterista Chick Webb, logo a contrata para cantar na sua orquestra. Casa com Webb e após a morte deste em 1939 mantêm-se à frente da orquestra por mais dois anos.
De seguida, inicia carreira a solo, grava e colabora com diversos músicos de Jazz, atravessa géneros musicais, do Swing ao Be-Bop e ao colaborar com Dizzy Gillespie adere ao canto scat.
"Acompanhada por pianistas subtis (Oscar Peterson, Tommy Flanagan) ou por orquestras prestigiadas (Ellington, Basie), faz numerosas digressões, grava os grandes clássicos, interpretando nomeadamente um Porgy and Bess sublime, em companhia de Louis Armstrong." em "Os Grandes Criadores de Jazz".


Ella Fitzgerald e Duke Ellington
no Birdland em 1950 -
Os Grandes Criadores do Jazz
As primeiras gravações datam de 1936 e logo em 1937 atinge o primeiro lugar nos Estados Unidos com a canção "Goodnight My Love" gravada com a orquestra do clarinetista Benny Goodman.



Ella Fitzgerald - Goodnight My Love

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Billie Holiday - Lady Sings the Blues

O Jazz conheceu muitas vidas trágicas, a de Billie Holiday (1915-1959) foi uma delas.
Billie Holiday, teve uma infância difícil e muito pobre, ainda criança ouviu muito Bessie Smith e já adolescente  começou a cantar em bares e a dar nas vistas aos amantes do Jazz. Descoberta pelo crítico John Hammond grava o primeiro disco com o clarinetista Benny Goodman. Trava amizade com o saxofonista Lester Young que a alcunha de "Lady Day", faz parte da orquestra de Count Basie, faz digressões com a orquestra de Artie Shaw.



Deixou-nos uma longa e excelente discografia onde se destaca o LP, com o mesmo título da sua autobiografia, "Lady Sings the Blues" de 1956.

No início dos anos 40 viciasse em drogas pesadas, das quais não mais se vai ver livre. Escreveu em
"Lady Sings the Blues": "A droga nunca ajudou quem quer que fosse a cantar melhor, nem a tocar melhor um instrumento, nem a fazer melhor seja o que for. É Lady Day quem vos diz isto. Ela já a usou suficientemente para saber o que diz. Se houver aí alguém que me contradiga, perguntem-lhe se ele acha que sabe alguma coisa sobre droga que Lady Day não conheça".
Não possuindo, segundo os especialistas, dotes vocais destacados foi, no entanto, uma das maiores cantoras  de Jazz, "Usava sua estranha voz, suave e  ríspida, como um trompete.", em "Jazz - das raízes ao rock".
Para nós fica o prazer de imaginar uma negra bonita toda vestida de branco com uma gardénia branca no cabelo a subir ao palco, atirar a cabeça para trás e começar a cantar "Lady Sings The Blues".



Billie Holiday - Lady Sings the Blues

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Bessie Smith - Nobody Knows You When You're Down And Out

"A leveza do seu fraseado, a sua voz poderosa e expressiva, serviram de exemplo a todas as primeiras cantoras de jazz." em "Os Grandes Criadores de Jazz". Bessie Smith (1894-1937) foi a maior cantora de Blues (e todos sabemos o Blues é a base do Jazz) do seu tempo que lhe valeu o epíteto de "Rainha do Blues".


Retirado do livro "Jazz -
 das raízes ao rock" de
Lillian Erlich
Bessie Smith "Era uma mulher grande e majestosa, de um metro e setenta e cinco centímetros de altura e mais de cem quilos de peso. Tinha um lindo rosto redondo, cor de bronze e gostava de usar grandes brincos e suntuosos diademas. Tinha uma voz à altura do seu tamanho, um contralto rico de uma força aparentemente sem limites. Quando diante de microfones, Bessie Smith empurrava-os para longe." no livro "Jazz - das raízes ao rock" de Lilian Erlich.

É esta voz impressionante, nascida na extrema pobreza, que nas décadas de 20 e 30 vai conhecer o sucesso e cantar com alguns dos músicos de Jazz mais famosos de então, Louis Armstrong, Coleman Hawkins, Jack Teagarden, entre outros. Ganhou fortunas e gastou muito, faleceu na sequência de um desastre de automóvel do qual ficou para sempre a dúvida se teria sido socorrida prontamente.

Musicalmente ficamos com um tema que ela gravou no final da década de 20 e que eu gosto particularmente, "Nobody Knows You When You're Down And Out".


Bessie Smith - Nobody Knows You When You're Down And Out

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Jack Teagarden - After You're Gone

Jack Teagarden (1905-1964) não foi dos músicos de jazz a ficar entre os mais conhecidos.
No entanto uma pesquisa mais atenta e uma audição mais cuidada leva-nos a ter um particular interesse neste músico.
Jack Teagarden ficou conhecido pelas suas capacidades de improviso como trombonista (há muitas referências a considerá-lo o maior trombonista de Jazz) e também pelo seu estilo caloroso e criativo de cantar (considerada a melhor voz de jazz no início dos anos 30). Um tanto como Louis Amstrong, com quem, aliás, efectuou diversos duos vocais, na sua relação entre o cantar e o trompete.




Resumindo, em 1927, Jack Teagarden muda-se para Nova Yorque onde toca em diversas orquestras de Jazz. De 1939 a 1946, quanto todos tinham a sua Orquestra, Jack Teagarden também teve a sua, mas sem conseguir alcançar sucesso comercial. Em 1947 toca na Louis Armstrong’s All Stars, formando de seguida a sua própria All Stars, entre filmes, gravações e concertos se fizeram os anos seguintes, falecendo prematuramente em 1964.
De 1930 segue para audição "After You're Gone".


Jack Teagarden - After You're Gone

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Jazz: Das Raízes ao Rock

"Jazz: Das Raízes ao Rock" (no original What Jazz Is All About) é um livro de Lillian Erlich, edição revista de 1975, editado pela Editora Cultrix, São Paulo. É como o nome indica a história do Jazz desde o seu início até meados dos anos 70 do século passado.


Diz na contra capa do livro:
" Este livro conta, em linguagem simples e viva, a história do jazz como forma musical e a história de seus grandes compositores, instrumentistas e cantores. Ambas as histórias são apresentadas nas suas principais etapas: primeiro, as raízes, os ritmos de tambor trazidos de África, os cantos de trabalho nas plantações do Sul dos Estados Unidos e os spirituals; depois, os fazedores de ritmos, ragtimers, e os cantores de Blues melancólicos e pungentes; logo adiante, o apogeu de Nova Orleães e a explosão da chamada "Era do Jazz", nos anos vinte; mais tarde, a voga do "swing" dançado ao som de bandas famosas como as de Benny Goodman, Woody Herman e outros; a seguir, os movimentos de renovação - o bop, o jazz cool, o funky e o free - culminando no "jazz-rock, que trouxe novas misturas e novos rumos para essa singular forma musical norte-americana." 

Um prazer para qualquer curioso da música do século XX, o ideal é acompanhar a leitura com a audição dos compositores que vão sendo referidos.

Billy Eckstine - I Apologize

Billy Eckstine (1914-1993) foi um cantor de Jazz, cantor de belas baladas com uma singular voz de barítono.
De acordo com "O Jazz" de Morley Jones, " Billy Eckstine foi o primeiro cantor de grande voz a ganhar grande popularidade."
Nos finais da década de 30 ingressa, como vocalista, na orquestra de Earl Hines e em 1944 forma a sua própria orquestra por onde passaram entre outros Dizzy Gillespie, Carlie Parker e a futura estrela Sarah Vaughan. A partir de 1947 segue carreira a solo.



É nos anos 40 e 50 que se situa a sua melhor produção, na orquestra como percursor do Be-Bop e também a solo, como cantor romântico de baladas, com sucessos como "I Apologize", "Blue Moon" ou ainda "My Foolish Heart".
Infelizmente, relativamente pouco conhecido e pouco recordado. Para ouvir "I Apologize" do ano de 1951.



Billy Eckstine - I Apologize

domingo, 20 de setembro de 2015

Dizzy Gillespie - Oop-Pop-A-Da

"No canto, o be-bop (onomatopeia derivada de uma figura rítmica que designa o estilo musical surgido no início dos anos 40 e que renova os conceitos de jazz "clássico") manifesta-se de duas formas diferentes: através do scat, no qual as palavras são subtsituídas por onomatopeias, sílabas ou frases sem significado (assim no repertório de Dizzy Gillespie: "Oop-Pop-A-Da", "Ooo-Shoo-Be-Doo-Be", "Ool-Ya-Koo"...) ou através da adaptação de textos inéditos sobre temas originalmente instrumentais ou sobre os improvisos de solistas cuidadosamente transcritos (o estilo vocalese)." em "Os Grandes Criadores de Jazz".

Dizzy Gillespie (1917-1993) foi um dos principais criadores do chamado Be-Bop, foi um virtuoso do trompete, mas também (mais um) cantor scat tornando-se num (mais um) "entertainer" destacado.
Em 1939 é contratado por Cab Calloway para a orquestra do Cotton Club, donde é despedido em 1941 por, pelos vistos, "lançar bolinhas de papel para o palco" enquanto Cab Calloway cantava. A sua personalidade desconcertante  e o seu sentido de humor terão contribuído para o sucedido, mas o ter criado um fraseado muito próprio e a sua aproximação a Charlie Parker não devem ser ignorados.


Dizzy Gillespie (direita) com
Charlie Parker

As primeiras gravações conjuntas com Charlie Parker surgem em 1945 e o sucesso maior na segunda metade da década, nomeadamente com digressão pela Europa em 1948.

De 1947 Dizzy Gillespie & His Orchestra gravam entre outros temas "Oop-Pop-A-Da" que é a audição que se segue.



Dizzy Gillespie - Oop-Pop-A-Da

sábado, 19 de setembro de 2015

Cab Calloway - Minnie the Moocher

Cab Calloway (1907-1994) foi mais um importante músico, cantor de Jazz, a figurar no grupo dos "entertainers".
Comediante e bailarino foi igualmente chefe de orquestra substituindo Duke Ellington no famoso Cotton Club que "transforma-se num viveiro de jovens solistas (entre os quais Dizzy Gillespie)." - no já citado livro "Os Grandes Criadores de Jazz".
Foi mestre na utilização da técnica scat, forma de cantar com palavras inteligíveis, por exemplo: "Hi De Hi De Hi De Hi", cantadas de forma rápida e com grande efeito na interacção com o público. Louis Armstrong e Fats Waller foram outros cantores de Jazz a utilizar esta técnica.




"Minnie the Moocher" de 1931 foi o maior sucesso de Cab Calloway e que o vai acompanhar ao longo da vida nos seus espectáculos. Foi recuperada nos filmes "The Blues Brothers" em 1980 (interpretada pelo próprio) e "Cotton Club" de Francis Ford Coppola em 1984.
Para audição "Minnie the Moocher", Cab Calloway em 1931.



Cab Calloway - Minnie the Moocher

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Fats Waller - Honeysuckle Rose

Fats Waller (1904-1943) foi um músico de Jazz americano, pianista, organista e cantor.
Era também como muitos músicos do início do Jazz um "entertainer". Em "Os Grandes Criadores de Jazz", citando John Hammond: "O grande talento musical de Waller nunca recebeu a consagração que merecia. Era mais cómodo utilizá-lo como bobo e como palhaço do que como o grande artista que era." 

No vídeo a canção "Ain't Misbehavin'" composta por Fats Waller em 1929 e que teve dezenas de versões no mundo do Jazz vocal, aqui no filme "Stormy Weather" no ano em que faleceu.




Foi, ao que tudo indica, o primeiro a utilizar o órgão adaptado a uma linguagem jazzística. "...um grande instrumentista que se «passou» para o canto, mas com a vantagem apreciável de ser pianista, ou seja de se poder acompanhar", segundo o livro supra citado.

A par de "Ain't Misbehavin'", "Honeysuckle Rose" é das composições de Fats Waller mais conhecidas e que valeu igualmente inúmeras versões (vem-me à memória a lindíssima versão de Eva Cassidy no álbum "Live At The Blues Alley" em 1996).
Das várias gravações que Fats Waller fez de "Honeysuckle Rose" ficamos com a do ano 1934.



Fats Waller - Honeysuckle Rose

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Louis Armstrong - Dream a Little Dream of Me

Tendo como ponto de partida o livro "Os Grandes Criadores de Jazz", já aqui anteriormente referido, vamos proceder à recuperação de alguns cantores do chamado "Jazz Vocal", designação vaga a permitir englobar cantores que vão de Louis Armstrong e o seu scat, a crooners como Frank Sinatra e Johnny Hartman ou ainda formas mais populares, o Gospel de Mahalia Jackson, o Soul de Aretha Franklin, o Funk dos Earth, Wind & Fire, ou o mais recente Rap. As incontornáveis Billie Holiday e Ella Fitzgerald serão, claro, lembradas e também Ray Charles e as aproximações ao Pop de Stevie Wonder.

Começamos com Louis Armstrong (1901-1971).
Neto de uma escrava e filho de uma prostituta, não teve uma infância digna, valeu o gosto pelo canto e pelo cornetim que aprende a tocar num reformatório onde, adolescente, esteve preso por ter disparado uma arma para o ar. É como trompetista que se vai evidenciar e aos 25 anos é já considerado «o maior tocador de trompete do mundo». De acordo com o livro supra citado:
"A partir de meados dos anos 30, o cantor sobrepõe-se ao trompetista e, apesar de um certo descuido na escolha do repertório, consegue transformar a lama em ouro, transfigurando as piores lengalengas."
Possuidor de uma voz rouca e de grande expressividade, populariza o scat (canto sem palavras) e vai conhecer o reconhecimento mundial com "What a Wonderful World", "Hello, Dolly!", "Summertime" ou "When the Saints Go Marching In".



Inovador e virtuoso, quer como trompetista quer como cantor, Louis Armstrong foi dos músicos que mais contribuiu para o desenvolvimento do Jazz. Para o recordar "Dream a Little Dream of Me", uma canção da década de 30, grande êxito nos anos 60 pelos The Mamas and The Papas, interpretada por Louis Armstrong numa versão de 1950.



Louis Armstrong - Dream a Little Dream of Me

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Night Stars - Nita

Night Stars era o nome de um conjunto musical, dos anos 60, de Lourenço Marques (actual Maputo), talvez o que teve mais sucesso em terras além-mar, mas também conhecidos cá no Portugal Continental. Lá vence as eliminatórias do Concurso Ié-Ié e representa a então província de Moçambique na final do concurso em Lisboa, em 1966, ficando em 3º lugar.
Dos Night Stars já passámos pelo 2º e 3º EP , falta o 1º EP de 1964. Nele aparece um agradável tema instrumental de nome “Nita”.




A contra capa tinha mais um pequeno, delicioso e irresistível texto que transcrevo:
“para a juventude
Aqui estão 5 rapazes que vão correr mundo através deste disco. O ponto de partida é Lourenço Marques; o final da viagem será – assim o cremos – o cimo doirado da glória! O conjunto “NIGHT STARS” toca e canta especialmente para a juventude. Suave ou buliçosa, sentimental ou alegre, a sua música ficará na alma dos rapazes e raparigas como recordação agradável de alguns minutos bem passados … Num recanto tropical e poético ou à luz velada duma “Boite” em qualquer parte do mundo, as melodias dos “NIGHT STARS” serão bem recebidas … como perfume inebriante oferecido à nossa sensibilidade …”

És jovem (sempre!), suave ou buliçoso, sentimental ou alegre, estejas onde estiveres, inebria-te ao som de “Nita”. Aí vai, os sons da música Pop de Moçambique em 1964.



Night Stars - Nita

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Conjunto Académico João Paulo - It's Over

No grupo dos Conjuntos Académicos aquele que teve maior projecção foi sem dúvida o Conjunto Académico João Paulo. Já por aqui passou diversas vezes. Foi dos grupos que mais gravou em Portugal e tinha acesso facilitado aos meios de comunicação (nomeadamente a RTP). Desde espectáculos (na época não se dizia concertos) no Teatro Monumental, a passagens pela RTP, rapidamente atingem o sucesso que lhes é logo reconhecido em 1964 com a atribuição de “O Óscar da imprensa 1964”.
Na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX" pode-se ler:
“A sonoridade particular do agrupamento representava um equilíbrio entre a modernidade do estilo musical e do repertório e os valores dominantes do universo da canção ligeira em Portugal. Ao acompanhamento instrumental cuidado, tanto na dimensão tímbrica como no arranjo harmónico, aliou-se a expressividade vocal de S. Borges, o que contribuiu para a crescente popularidade do grupo e o prosseguimento de uma carreira profissional assente na edição discográfica.”

De um ecletismo excessivo foi vê-los interpretar versões de Adamo, Charles Aznavour, Gilbert Bécaud, mas também temas populares vindos do outro lado do Atlântico.
Logo no 2º EP de 1965 interpretam “It´s Over” de Roy Orbison.



Quanto à versão do Conjunto Académico João Paulo, que aqui segue, de salientar sempre a bonita voz de Sérgio Borges.



Conjunto Académico João Paulo - It's Over

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

José Cheta - Amanhã, amanhã

O Mundo da Música Pop

Ainda a propósito do prefácio de Joaquim Fernandes ao livro “O Mundo da Música Pop” de Rolf-Ulrich Kaiser com edição em 1973:
“ O salto dos conjuntos para as individualidades*, (antes só que mal acompanhados) não se processou sem que, no panorama musical falho de inventiva, despontasse um raio de esperança: o conjunto 1111. O agrupamento de José Cid entrou de «pé em riste» no mercado discófilo nacional e nos cérebros dos auditores, dominados pelos Calvários & Madalenas. «D. Sebastião» apareceu como «salvador descoberto» em manhã de sol radiante. É esse o caminho – teria gritado muita gente bem intencionada. De facto, as intenções do 1111 pareciam ser, se não a salvação nacional, pelo menos uma panaceia de efeitos confortáveis para os ouvidos. Passada a euforia, José Cid iniciou o caminho do retrocesso, deixando a solução da Provence (chamado de novo em auxílio dos menestréis lusitanos) e apadrinhando sonhos «reformistas» com alguns «balões de oxigénio» considerados essenciais à sobrevivência do culto do fácil e do rentável (José Cheta p. e.).”

(* referia-se a José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Francisco Fanhais, Barata Moura, Sérgio Godinho, José Mário Branco)

Do “raio de esperança” que foi o Quarteto 1111 já aqui dei nota por diversas vezes: “A lenda de el-rei D. Sebastião”, “Trovas do vento que passa”, “Nas Terras Do Fim Do Mundo”, do “caminho do retrocesso” ainda hei-de dar. Finalmente os «balões de oxigénio», José Cheta foi um deles.

Em 1970 José Cheta grava o seu primeiro EP com o acompanhamento notório do Quarteto 1111 e dele se destacou “Para lá daqueles montes” uma musiquinha pop, com alguma divulgação, que podemos recordar no vídeo.




“Para lá daqueles montes” foi mesmo assim o melhor que José Cheta cantou. A colaboração de José Cid com José Cheta manteve-se sempre em decrescendo de que é testemunho a muito conhecida e popularucha “Amanhã, amanhã” ou o “culto do fácil e do rentável”.
Apetece dizer, não vale cheta.



José Cheta - Amanhã, amanhã

domingo, 13 de setembro de 2015

Os Conchas - Somos Jovens

O Mundo da Música Pop

Continuando, mais uma vez, com o prefácio do livro “O Mundo da Música Pop" de Rol-Ulrich Kaiser publicado em 1973, Joaquim Fernandes descrente na resposta portuguesa à invasão Pop que se fazia sentir um pouco por toda a parte, afirma:
“Da babilónia confusa de meados dos anos sessenta, a nossa resposta a um movimento que, sendo formalmente musical, não se confinava às notas gemidas pelos wha-wha das violas eléctricas, a nossa resposta, dizíamos, foi uma busca desordenada de uma solução nacional (?). Dos tempos heróicos dos «Conchas» e do «Conjunto Mistério» ainda rezará a história dos mais propensos a efemérides.”

Quer a uns quer a outros já aqui fizemos as respectivas recordações. Agora, mais um regresso a Os Conchas. Nos primeiros anos da década de sessenta tiveram assinalável êxito a que correspondeu uma vasta discografia. Em 1962 iam já no seu 6º EP e é a este disco que vamos sacar o tema “Somos Jovens”. Se Elvis Presley, Neil Sedaka ou Paul Anka eram por cá muito seguidos, cabe, no entanto, a Cliff Richard a primazia de ter sido o mais imitado e este é mais um caso. “Somos Jovens” é a versão de Os Conchas para o conhecido êxito de Cliff Richard “Young Ones”.





Sem a frescura do original e um tanto empastelado segue “Somos Jovens” pelos Os Conchas.



Os Conchas - Somos Jovens

sábado, 12 de setembro de 2015

Filarmónica Fraude - Epopeia (1ª profecia)

O Mundo da Música Pop

Em continuação ao prefácio do livro “O Mundo da Música Pop” de Rolf-Ulrich Kaiser, com data de edição de 1973, afirma Joaquim Fernandes a certa altura:
“Não vai longe o tempo da Filarmónica Fraude. Entretanto, o conjunto dissolveu-se e deixou fechada uma possível saída para a música popular portuguesa. Foi uma «epopeia» que os editores não souberam incentivar preferindo uma outra «epopeia» económica em detrimento das propostas incómodas da Filarmónica.”

Clarividência do que agora parece ser consensual face à importância da obra deixada pela Filarmónica Fraude durante a sua curta existência. No ano de 1969 para além de 2 EP a Filarmónica gravaria ainda o disco de longa duração “Epopeia” cujo tema central era os descobrimentos e as suas adversidades.
“Enquanto boa parte da produção nacional procurava imitar a pop importada o mais fielmente possível, a Filarmónica procurava nas nossas raízes as marcas de distinção que reconhecia nos trabalhos que ia escutando de gente como Bob Dylan, os Byrds, ou até os Jethro Tull.” em “E Tudo acabou em 69” livro editado em 2013 com a história da Filarmónica Fraude contada pelos próprios.

No que diz respeito aos textos, “A Filarmónica Fraude apostava numa paródia de inteligente frontalidade na qual uma série de comentários, sátiras e críticas ao Portugal marcelista corriam na forma de evocações da epopeia dos descobrimentos e do Portugal de mil e seiscentos.” igualmente em “E Tudo acabou em 69”. A única coisa que então foi censurada, não foram as letras, não senhor, mas a assinatura da capa (capa aberta, julgo que inédita em LP portugueses) de Lídia Martinez que assinou “Lídia 69”, o ano teve que ser cortado.



O LP abria com o tema “Epopeia” e é com ele que ficamos nesta 3ª passagem pela Filarmónica Fraude.



Filarmónica Fraude - Epopeia (1ª profecia)

PS: Felizmente o fim da Filarmónica Fraude não deixou completamente “fechada uma possível saída para a música popular portuguesa”. Os anos 70 iriam ter A Banda do Casaco.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Os Titãs - Mira-me Maria

O Mundo da Música Pop

Da fraqueza de grande parte das abordagens musicais dos conjuntos portugueses (particularmente da primeira metade) da década de 60 já aqui fiz eco.
No reencontro com escritos mais antigos deparei-me com o prefácio de Joaquim Fernandes ao livro “O Mundo da Música Pop” do alemão Rolf-Ulrich Kaiser de 1969 e editado em Portugal em 1973. Constava assim:
A realidade portuguesa não pode fugir à conjuntura da realidade total. Na expectativa, como sempre e em quase tudo, aparamos o golpe, o turbilhão da década de sessenta, comodamente instalados nos salões das associações recreativas, nos bailes de carnaval ou de passagem de ano. Do grito dos Beatles – She Loves You, yé, yé, recuperamos os derradeiros vocábulos e passamos a infestar, de um dia para o outro, os bailes de finalistas, já que a «malta» até era «porreira» e «gramava» aquela música que, entretanto, ia assimilando nas suas incursões pelas discotecas.”
E mais adiante:
"O conjunto yé-yé viu-se de repente, transformado numa praga heterógena e radicalmente desconsciencializado da função que, no exterior, o movimento popular se tinha armado: a contestação progressiva do sistema e dos valores por ele proclamados. Providos de material precário, apoiados financeiramente no zero, teoricamente ingénuos e vivendo do «ouvido», a grande maioria dos conjuntos portugueses não aguentou o embate com a moda importada e foi fenecendo lentamente… …Dessa vaga inicial, pouco ou nada se salvou. Valerá a pena falar na tentativa desapoiada do «regional-pop», passe a expressão, do conjunto «Os Titãs»?

Os Titãs! Quem havia de dizer! Os Titãs eram de Matosinhos e deles já relembrei “Canção da Beira Baixa” e “Tema Para os Titãs”, ambos de 1963. Num fôlego final gravam um último EP em 1969 já com José Lello (o do Partido Socialista) no grupo.



 A escolha vai para um tradicional de Trás-os-Montes “Mira-me Maria” com vestes pop. O tal «regional-pop»?


Os Titãs - Mira-me Maria

O Mundo da Música Pop de Rolf-Ulrich Kaiser

""Das Buch Der Neuen Pop Musik" é o título original do livro "O Mundo da Música Pop" do jornalista alemão Rolf-Ulrich Kaiser, cuja edição original julgo ser de 1969. Editado pela Livraria Paisagem, suponho que no ano de 1973, a edição portuguesa tem tradução e um interessante prefácio de Joaquim Fernandes.


Um resumo da história da música Rock dividida em 3 partes:
- Antes
- A Nova Música Pop
- Depois

Na contra capa um pequeno texto de Tuli Kupferberg (1923-2010), poeta da contra cultura americana e fundador do grupo Rock The Fugs:
"Creio que a revolução vencerá, se conseguirmos sobreviver nos anos mais próximos. Acredito que nessa altura gozaremos de um florescimento artístico, social e humano tão profundo e formoso, que toda a anterior história da humanidade me aparecerá como um passado estúpido e insensato, o que talvez haja sido, de facto."


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Conjunto Mistério - If I Had A Hammer

“If I Had A Hammer” foi escrita em 1949 pelo músico Pete Seeger, desde muito cedo empenhado na defesa de causas progressistas, e referência máxima, ao lado de Woody Guthrie, do Folk norte-americano.

Em 1963 os inigualáveis Peter, Paul & Mary gravaram a sua versão no seu primeiro LP. É sem dúvida a melhor versão que existe de “If I Had A Hammer” e pode ser lembrada no vídeo seguinte.





“If I had a hammer
I'd hammer in the morning
I'd hammer in the evening
All over this land
I'd hammer out danger
I'd hammer out a warning
I'd hammer out love between my brothers and my sisters
All over this land”

Por cá “If I Had A Hammer”, não passou despercebida e também teve a sua versão. Aqui temos novamente o Conjunto Mistério, que com a sua boa dose de ecletismo, desde tradicionais portugueses em estilo Ié-Ié, ao Pop dos The Beatles e dos The Searchers, em português ou inglês, também fizeram, em 1964, a sua despretensiosa versão de “If I Had a Hammer”.



Conjunto Mistério - If I Had A Hammer

Blitz nº 45 de 10 de Setembro de 1985

Jornal "Blitz"

Há 30 anos saía o nº 45 do então jornal Blitz.
Na capa fotografia de Bruce Springsteen, onde se anuncia entrevista exclusiva e chamada para os grupos Teardrop Explodes e The Fall.


- Nas páginas 2 e 3 sempre com pequenas notícias: Nina Hagen no Brasil para 12 concertos, Bruce Sprinsgteen vai ao Brasil ...de férias e David Bowie e Mick Jagger lançam "Dancing in the Dark".
- Na página 4 "Em jeito de balanço - Jazz em Agosto 85", numa altura em que o destaque em termos de Jazz era o "Cascais-Jazz", outros espectáculos começaram a realizar-se, nomeadamente este "Jazz em Agosto" promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Por lá passaram a Sun Ra Arkestra, o António Pinho Vargas, os espanhóis Onyx com o português José Eduardo, Terje Rypdal e o sempe bem vindo Dave Holland.
-Na página 5 "The Fall - A Ira do Rock", a divulgação dos excelentes "The Fall" a propósito da edição do trabalho "Couldn't Get Ahead". Saudades dos The Fall, digo eu.
- Página 6 ocupada com artigo sobre The Teardropes Explodes. A história do grupo que ficou conhecido particularmente pelo primeiro LP "Kilimanjaro". Era o início da carreira a solo de Julian Cope.
- Página 7 com entrevista a Rui Neves divulgador de Jazz a propósito do "Jazz em Agosto".
- Páginas centrais, entrevista exclusiva a Bruce Springsteen e a sua consagração nacional e internacional com o LP "Born in the USA", mas o melhor já tinha passado nomeadamente com "the River" em 1980.
- Página 10 ainda com "Springsteen vive hoje os seus «Glory Days»...". Resumo da carreira de Bruce Springsteen, "Foram precisos mais de 10 anos, desde o seu primeiro álbum, «Greetings From Asbury Park, New Jersey», para Springsteen ser hoje considerado um herói do rock-and-roll, do mais puro norte-americano. Um Elvis dos anos 80". É verdade.
- Página 11 passa-se à frente pois já ninguém liga aos pregões e declarações.
- Página 12 com "Passatempo «The Cure» 20 LP's para os leitores" e "Rondas Nocturnas"
- Página 13 para os aficionados do Heavy-Metal com os W.A.S.P.
- Página 14 vai para a edição a solo de Stewart Copeland, baterista dos The Police e na pobreza dos discos editados na "semana passada" destacava-se a reedição de "Greetings From Asbury Park, NJ" de Bruce Springsteen.
- Página 15 com os Top de vendas. Nos LP em Portugal e USA mantêm-se em primeiro lugar "Brothers In Arms" dos Dire Straits, na Grã-Bretanha uma colectânea "Now That´s What...5" e na música indie The Cult ocupam o primeiro lugar.
- Página 16 com "Annette Peacock - A linguagem da Inovação". Termina em bem este nº do jornal Blitz ao divulgar Annette Peackock que no final dos anos 70 tinha gravado dois excelentes discos, "X-Dreams" e "Perfect Release".


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

The Electric Prunes - I Had Too Much to Dream (Last Hight)

O ano de 1967 foi um ano muito particular em termos musicais, muitos foram os grupos que editaram um álbum histórico neste ano e muitos fizeram-no pela primeira vez. Alguns não atingiram a popularidade que lhes permita serem hoje facilmente reconhecidos, são no entanto relevantes na história da música popular da 2ª metade da década de 60. Hoje recuperamos mais um desses grupos, The Electric Prunes.
The Electric Prunes são mais um grupo  a surgir no viveiro de Los Angeles no ano de 1965 e a enveredarem por sonoridades psicadélicas.


Em 3 anos editam 5 álbuns e terminam em 1971 com uma formação já diferente do original.
The Electric Prunes tiveram um sucesso moderado destacando-se a canção "I Had Too Much To Dream (Last Night)", que já tinha sido editada em Single em 1966, e que abria a primeiro LP do grupo. Aqui fica a sua recordação.



The Electric Prunes - I Had Too Much to Dream (Last Hight)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Vanilla Fudge - You Keep Me Hangin' On

Praticantes de um Rock pesado os Vanilla Fudge existiram no período de 1966 a 1970, tempo para deixarem 5 álbuns com uma sonoridade que vai do Psicadélico ao Hard-Rock. Depois verificaram-se várias reuniões com diferentes formações, actualmente ainda se mantêm com 3 dos músicos originais.

O primeiro álbum "Vanilla Fudge", editado em 1967, continha, para além de 3 originais, versões aceleradas de canções bem populares que iam das The Supremes aos The Beatles.




Estava neste álbum a canção que mais sucesso teve, uma canção de 1966 das The Supremes (ainda com a Diana Ross) de nome "You Keep Me Hangin' On".





Do Pop das The Supremes ao Hard-Rock dos Vanilla Fudge, "You Keep Me Hangin' On".



Vanilla Fudge - You Keep Me Hangin' On

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

The Tremeloes - Silence Is Golden

Inicialmente Brian Poole and The Tremeloes, definitivamente The Tremeloes a partir de 1966, tiveram particular êxito na segunda metade da década de 60, início dos anos 70.
The Tremeloes foram um grupo britânico de Pop-Rock influenciados pelo Merseybeat oriundo de Liverpool. O último sucesso que me recordo dos The Tremeloes foi "Me and My Life", estávamos no ano de 1970, foi uma daquelas canções de êxito fácil, de ficar no ouvido e cantarolar o resto da vida.




O êxito maior já tinha acontecido. Tinha sido no ano de 1967 com uma versão da canção "Silence Is Golden" (o original de "Silence Is Golden" já tinha sido editada como lado B de um Single pelos The Four Seasons em 1964), foi um sucesso enorme e chegou a nº 1 no Reino Unido.
Curiosidade, The Tremeloes ainda se mantêm, tendo em Dave Munden, baterista e vocalista o elemento sobrevivente da formação inicial de 1958, é obra!



The Tremeloes - Silence Is Golden

domingo, 6 de setembro de 2015

The Mothers of Invention - Who Are The Brain Police?

The Mothers of Invention é um caso à parte na história da música popular.
Longe da sonoridade fácil, agradável da generalidade da música Pop, The Mothers of Invention caracterizaram-se, tendo por base o Rock e os eternos Blues, pelo experimentalismo, colocando-os entre a vanguarda do que então se produzia. Não eram de fácil adesão, mas o seu ponto de partida permitia chegar a um público, amante do Rock, mas mais exigente.
À frente do grupo estava a figura de Frank Zappa (1940-1993), músico e compositor de difícil catalogação, foi influenciado por compositores do século XX como, por exemplo, Igor Stravinsky.

Frank Zappa deixou-nos uma longa discografia sendo a maior parte das gravações até 1975 com o suporte dos The Mothers of Invention. As minhas primeiras memórias vão para o segundo álbum a solo de Frank Zappa, de 1969, "Hot Rats", mas, por enquanto, interessa-nos o início, e o início foi em 1966.

Em 1966 The Mothers of Invention editam "Freak Out!" em formato de duplo LP.



"Freak Out!" é tido como um dos primeiros discos Rock conceptuais, sendo uma paródia à música Rock e à América de então.

"Who Are The Brain Police?" pertence ao álbum "Freak Out!" e foi também editada em Single.
A revista Mojo (referida na wikipédia) diz desta canção: "a vision of contemporary America where personal identity and individuality is erased" e ainda "one of the scariest songs to ever emerge from the rock psyche".
Era o princípio de Frank Zappa e The Mothers of Invention:



The Mothers of Invention - Who Are The Brain Police?

sábado, 5 de setembro de 2015

The Electric Flag - Texas

The Electric Flag foi mais uma banda norte-americana a abraçar o Blues-Rock e o Jazz-Rock, diria preponderantes, na década de 60.
Depois da passagem pelos The Butterfield Blues Band nos anos de 1964 a 1967, Mike Bloomfield (1953-1981) parte para formar The Electric Flag de curta duração. Tiveram na sua constituição músicos como Nick Gravenites (também ex-Paul Butterfield Blues Band e futuro Big Brother and the Holding Company de Janis Joplin), Buddy Miles (1947-2008) (futuro músico de Jimmy Hendrix) e ainda Harvey Brooks (colaborações com Bob Dylan, Miles Davis, The Doors,...) e Barry Goldberg organista de Blues e Rock.

The Electric Flag faz a primeira aparição no Festival Pop de Monterey em 1967. No vídeo a canção "Over Lovin' You" que iria fazer parte do primeiro álbum do grupo.




Esta formação vai gravar em 1968 o álbum "A Long Time Comin'" que agora recuperamos.
Depois disso chegam a actuar com os Cream e também com Dr. John e  The Velvet Underground. Extenuado Mike Bloomfield abandona The Electric Flag e vai encontrar-se com outro homem dos Blues, Al Kooper, que entretanto também tinha abandonado os Blood, Sweat & Tears após a gravação do primeiro LP.


A merecer o devido espaço na história da música popular Mike Bloomfield e The Electric Flag a necessitarem de um maior reconhecimento. "A Long Time Comin'" entre os discos pioneiros da fusão Rock com o Jazz cujo sucesso começava a verificar-se primeiro com os Blood, Sweat & Tears e depois com os Chicago.

Para ouvir "Texas", a faixa de abertura do lado B, composta por Mike Bloomfield e Buddy Miles. Rock, Jazz, Blues, Soul...



The Electric Flag - Texas

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Canned Heat - Story of My Life

Um dos melhores grupos a receber a etiqueta de Blues-Rock foram os californianos Canned Heat formados em 1965 e mantendo-se em actividade pese não subsistir nenhum elemento da formação original.
Ao nível destes Canned Heat somente me recordo de John Mayall & The Bluesbreakers (onde aliás tocaram vários músicos oriundos dos Canned Heat) e os iniciais Fleetwood Mac.
Larry Taylor e Harvey Mandel (actualmente nos Canned Heat) estiveram nos Canned Heat dos anos 60 e no início da década de 70 tocavam com John Mayall.
Na realidade várias dezenas de músicos passaram pelos Canned Heat, por agora mantenhamo-nos no período clássico (1967-1970): Bob Hite (1943-1981), voz, harmónica; Alan Wilson (1943-1970), guitarra, voz, harmónica; Henry Vestine (1944-1997) depois Harvey Mandel, guitarra; Larry Taylor, baixo; Frank Cook depois Adolfo de la Parra, bateria.

No vídeo a interpretação de "On The Road Again", o tema mais conhecido dos Canned Heat, no festival de Woodstock em 1969.




O primeiro LP data de 1967, um álbum repleto de Blues e lá estão, entre outros, temas de Muddy Waters, Willie Dixon, Sonny Boy Williamson.
A escolha fica em "Story of My Life", um original do músico de Blues dos anos 40 e 50, Guitar Slim.


Canned Heat - Story of My Life

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

The Graham Bond Organisation - Tammy

Mais um grupo dos idos anos 60.
The Graham Bond Organisation (ou Organization, fora do Reino Unido ) não ficou entre os mais conhecidos da época e são relativamente poucas as referências a este grupo britânico do meio da década.
Mas basta verificar a constituição inicial dos The Graham Bond Organisation para ficarmos admirados com os seus elementos. Graham Bond (1937-1974), vocalista e organista, o primeiro músico a gravar com o Mellotron (instrumento de teclas que iria ser particularmente utilizado no Progressive-Rock), Jack Bruce (1943-2014), baixista, futuro Cream, Ginger Baker, baterista, futuro Cream, John McLaughlin, guitarrista, futuro Mahavishnu Orchestra e actual conceituado músico de Jazz e ainda Dick Heckstall-Smith, saxofonista e futuro Colosseum.

The Graham Bond Organisation tocava Rhythm'n'Blues com influências de Jazz e deixam de 1965 dois LP.


O primeiro LP "The Sound of 65" contêm algumas excitantes faixas do Rhythm'n'Blues então tão marcante, pode-se ouvir "Train Time" de Jack Bruce (mais tarde interpretada pelos Cream), os tradicionais "Wade in the Water" e "Early in the Morning".
O tema mais comercial é uma balada de nome "Tammy" e com ele ficamos.



The Graham Bond Organisation - Tammy

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Captain Beefheart and His Magic Band - Electricity

Don Glen Vliet (1941-2010), de nascimento, ficou conhecido como músico, a partir de 1965, por Captain Beefheart e o grupo que o acompanhava por Magic Band, temos assim Captain Beefheart and His Magic Band.
Foi, a par com Frank Zappa, um dos músicos mais vanguardistas que a década de 60 conheceu.





O primeiro LP "Safe as Milk" chega em 1967. Música estranha, carregada de Blues mas com influências psicadélicas (não estivéssemos no ano de 1967), por vezes um Rock pesado e vocalizações fora do comum por parte de Captain Feefheart. De notar a presença de um jovem músico, então com 20 anos e a dar os primeiros passos, Ry Cooder que faz os arranjos de duas canções.
"Electricity" destacava-se por uma instrumentação pouco vulgar e uma voz distorcida, é a faixa selecionada para audição.



Captain Beefheart and His Magic Band - Electricity

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Blind Faith - Sea of Joy

Mais algumas bandas incontornáveis da década de 60.

Menos de  um ano de actividade e a edição de um álbum foram o suficiente para deixar os Blind Faith com um lugar na história da música Rock.
Na realidade, os Blind Faith são considerados um dos primeiros super grupos do Rock, formados por 4 proeminentes músicos, originários de grupos então bem conhecidos, a saber: Eric Clapton e Ginger Baker oriundos dos Cream, Steve Winwood dos Traffic e Ric Grech (1946-1990) dos Family. Praticantes de uma música de fusão Blues-Rock, da qual os grupos de origem não eram alheios, tiveram o primeiro concerto em Hyde-Park a 7 de Junho de 1969.




Em Agosto é editado o único álbum do grupo, um disco, hoje, histórico (com a capa a gerar a devida polémica).



Recordamos este álbum com uma grande canção e igualmente uma grande interpretação de Steve Winwood, "Sea of Joy". Boas memórias com os Blind Faith, entre os melhores de uma década que chegava ao fim.



Blind Faith - Sea of Joy