quarta-feira, 31 de março de 2021

Roland Kirk - Serenade to a Cuckoo

     Cinco minutos de Jazz


Entre a publicação do 1º e 2º boletim "Cinco minutos de Jazz" decorreu o 3º Festival de Jazz de Cascais cuja antevisão, no 1º boletim, tinha levantado dúvidas quanto à escolha do elenco por não apresentar "... qualquer grupo de vanguarda norte-americano". A crítica mantem-se neste nº 2, através de artigo de Manuel Jorge Veloso, considerando-o um "Festival empacotado" para uma "elite privilegiada" e a "ausência do Jazz novo".




Também José Duarte constatava a ausência de manifestações de Jazz para além do Festival de Cascais dizendo que "FESTIVAL passado, marasmo crónico", criticando quer "os meios de informação" quer "o jovem espectador de Cascais" afirmando:

"Os meios de informação continuarão a ignorar o som, a imagem do jazz e a fotogenia dos seus músicos, o jovem espectador de Cascais agora só, sem os seus milhares de companheiros, irá bater palmas e sacudir a cabeça ao som dos tempos fortes da música dominante, alienado pela idade e aspecto das suas vedetas-marionetas, irá consumir s sucessiva edição do «último trabalho de longa duração», que durará tão pouco como o penúltimo, irá, inconscientemente, participar num processo industrial e político de homogeneização do gosto e da emoção. O jazz regressará ao lugar púdico, nesta sociedade de valores invertidos e frívolos, arrastando consigo uma solução sonora e universalizada, libertária. Assim, ciclicamente, se usa uma arte original, uma cultura desconhecida, tolerada como divertimento, desde a sua origem."




Marcou presença neste Festival o músico de Jazz americano Roland Kirk (1935-1977) sujeito, segundo o texto na figura acima, a "apelos ao aparente imediatismo" da sua música. Sugiro a audição de "Serenade to a Cuckoo" de 1965, um tema de fácil adesão, e que os Jethro Tull tinham dado a conhecer a uma população mais vasta do universo Pop-Rock. Roland Kirk na flauta.



Roland Kirk - Serenade to a Cuckoo

terça-feira, 30 de março de 2021

Art Ensemble of Chicago - Oouffnoon

    Cinco minutos de Jazz


Mais uma passagem pelo 1º boletim "Cinco minutos de Jazz" que o programa de rádio com o mesmo nome começou a publicar gratuitamente com envio para casa em Novembro de 1973.

Começo por recordar um texto assinado por Carlos Madeira sobre "O Mercado (?) do Disco em Lisboa" onde começava a poder-se encontrar algumas gravações de catálogos até então não acessíveis, era o caso da editora ESP "... a primeira editora a gravar algumas das principais obras do que veio a ser conhecido por Free Jazz ou New Thing." O artigo que continuava nos nºs seguintes terminava chamando a atenção para o preço "simplesmente proibitivo" de 188$50 (menos de 1€).




Um outro texto assinado por José Nuno Miranda, "A Quem Serve o Festival a Nós ou a Eles?!...", tece críticas ao Festival de Jazz de Cascais que em 1973 ia para a sua terceira realização. O "...1º Festival de Cascais tomou foros de acontecimento...", o 2º foi "... uma grande sombra do seu antecessor" e antevia para o 3º "...erros e pontos fracos que podem obstar a um verdadeiro sucesso artístico, já quer o financeiro é garantido." Num país tão pouco dado a manifestações culturais do gabarito que estes Festivais tiveram parece que estas críticas correspondem a desentendimentos de uma certa elite lisboeta do que à real qualidade que os Festivais tiveram (pelo que li, não por lá ter estado).




Finalmente o destaque para hoje, o grupo Art Ensemble of Chicago (ainda hoje existente) formados em 1969 e que apresentavam um Jazz vanguardista com forte presença das sopros e percussões. Estiveram em evidência nas noites de 26, 27 e 28 de Novembro de 1973 com o álbum ao vivo "Bap-Tizum" do ano anterior.



Ouça-se "Oouffnoon".



Art Ensemble of Chicago - Oouffnoon

segunda-feira, 29 de março de 2021

Duke Ellington - Cotton Tail

   Cinco minutos de Jazz


A divulgação do Jazz nunca foi tarefa fácil, antes do 25 de Abril de 1974 ainda mais complicado o era. O acesso à música Jazz e a qualquer informação a ela relacionada era extremamente difícil e pior se não se vivia em Lisboa ou vá lá no Porto, o que era o meu caso. Assim, restava o pouco que se conseguia ouvir na rádio e aqui José Duarte teve papel fundamental com o seu "Cinco minutos de Jazz" e também com outras iniciativas algumas de duração curta, escrevia ele no nº 1 do boletim por ele lançado de distribuição gratuita:

"Na linha de realizações de maior projecção (reportagens directas de festivais em Paris, Newport, Varsóvia, Londres, Montreux, entrevistas com músicos, organização dos concertos de Lacy e de Wright, sessões com discos, projecções e conversa), o boletim ferve há anos e tem dignos antepassados: o do selado Clube Universitário de Jazz (1958/61) e o do silenciado Zip (1970/71). A concretização deste deve-se à Tecla que assegura a impressão e distribuição, e, como quem colabora não «toca» qualquer tipo de remuneração, a assinatura é gratuita.
A queda-ascensão-queda de várias rubricas semelhantes tem sido lastimável, embora o lugar do jazz na rádio deva ser o mesmo dos outros tipos de música digna e não «ghettos» fixos e rotulados." 




Neste nº 1 do referido boletim dava-se nota dos destaques, para o mês de Novembro, para a rubrica de rádio "Cinco minutos de Jazz" e entre eles constava a de Ben Webster para as noites de 19, 20 e 21.

Ben Webster (1909-1973) foi um saxofonista de Jazz considerado ao nível de Coleman Hawkins e Lester Young, entre 1940 e 1943 fez parte da orquestra de Duke Ellington, como primeiro solista tenor, e era desta colaboração que o "Cinco minutos de Jazz" fazia eco.




"Cotton Tail" é uma composição de Duke Ellington com os arranjos partilhados com Ben Webster e é a que fica para ilustrar o Regresso ao Passado de hoje.



Duke Ellington - Cotton Tail

domingo, 28 de março de 2021

Weather Report - Adios

  Cinco minutos de Jazz

"Cinco minutos de Jazz" não é um programa de rádio qualquer, é, simplesmente, o programa mais antigo existente na nossa rádio e que ainda hoje vai para o ar. O seu autor é José Duarte e quando eu o ouvia com regularidade, final dos anos 60 início da década de 70, era transmitido diariamente às 23h30m integrado no programa 23ª hora e ouvia-o em FM na Rádio Renascença.




No boletim que José Duarte começou a publicar gratuitamente em Novembro de 1973 escrevia:

"CINCO minutos de jazz começaram em 21 fev 66 com uma gravação de Hampton e sem preverem a duração e importância que iriam ter aqui na divulgação do jazz.
É sempre assim quando se nasce.
Hoje com mais de 2700 emissões acham que o seu principal contributo, para um maior interesse pelo jazz, tem sido a permanência diária, a informação diversificada.
Notável a colaboração de Rádio Renascença na continuidade da rubrica, quer participando no apoio a iniciativas extraordinárias, quer assegurando a edição, mesmo em períodos de seu próprio prejuízo comercial..."

Ainda um texto de José Duarte onde este identificava algumas das audições em destaque para aquele mês e nelas estava para as emissões das noites de 12, 13 e 14 os Weather Report, estando em causa o álbum "Sweetnighter" publicado em 1973.




Neste terceiro LP dos Weather Report militavam entre outros Joe Zawinul, Wayne Shorter e Miroslav Vitous e nele constava esta pequena composição "Adios", quem sabe se não a terei ouvido numa daquelas noites de Novembro em 1973.



Weather Report - Adios

sábado, 27 de março de 2021

Thelonious Monk - Let's Call This

 Cinco minutos de Jazz


Graças ao programa “Cinco minutos de Jazz” tomei, no início da década de 70, conhecimento de um conjunto de músicos que de outra forma não era, na época, fácil de aceder. Foi há quase 50 anos, em Novembro de 1973, que José Duarte fez acompanhar o programa de rádio com a distribuição gratuita (!!!), que eu recebia, de um boletim para os interessados. Escrevia ele nesse primeiro boletim:

“Como complemento escrito da programação rádio, como que contrariando o impressionismo ingénuo ou o marginalismo incompetente que por cá domina a mais recente opinião escrita (e não só) sobre jazz, e já com mais de um milhar e meio de assinaturas, este é o primeiro trabalho que vos oferecemos. E como antes vale um pássaro a voar do que dois na mão, o segredo está em tentar forçar a gaiola, publicando, tornando público, vulgarizando.”




Em destaque no mês de Novembro estavam os Weather Report (de Hancock, Zawinul, Shorter, McLaughlin), Ben Webster e os Art Ensemble of Chicago. A obra do mês era “Let’s Call This”, de 1953, de Thelonious Monk (1917-1982) em quinteto com Sonny Rollins (1930-) e é a escolha para hoje.




O crítico de Jazz Raul Bernardo que então colaborava com José Duarte escrevia no mesmo boletim:

“«Let’s Call This» é uma das mais desconhecidas das suas composições e, paradoxalmente, a que é mais cantável até certo ponto em que, a exigência de uma resolução rápida, constitui um autêntico apelo à inteligência musical do intérprete.”

Terminava com um apelo:

“Ouçam os leitores este simples e insinuante «Let’s Call This», cantem-no e descubram o mundo de Thelonious Monk.”

Segue “Let’s Call This” gravado a 13 de Novembro de 1953 pelo inovador pianista Thelonious Monk, em formação de Quinteto, com o gigante Sonny Rollins no saxofone tenor. Cantemos pois, Thelonious Monk.



Thelonious Monk - Let's Call This

sexta-feira, 26 de março de 2021

Atomic Rooster - Sleeping For Years

DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Por fim a última Página do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 6 , estávamos em Abril de 1971, a qual era dedicada aos Atomic Rooster com o título "«Tomorrow Night» e a Explosão dos Atomic Rooster".

O sucesso dos Atomic Rooster circunscreveu-se a um período curto, início dos anos 70, muito em torno do sucesso que a canção "Tomorrow Night" teve e que estava na base do artigo que hoje recupero.

"«Tomorrow Night» atingiu, agora, depois de cinco meses de venda os lugares cimeiros", lia-se no artigo onde se afirmava que apesar do êxito de vendas do Single "... o conjunto continuava basicamente como produtor de álbuns" e que "Em função do êxito do «single», a atenção no último álbum dos Atomic Rooster, «Death Walks Behind You"», de que foi extraído «Tomorrow Night»".





De 1970 a 1973 foram publicados 4 álbuns de êxito relativamente reduzido, sendo o referido "Death Walks Behind You" o que maior notoriedade obteve. Nele constavam os temas "Sleeping For Years", "Gershatzer" e "I Can't Take no More" "... instantaneamente reconhecidos e solicitados onde quer que actuem."

Para os amantes do Hard Rock eis "Sleeping For Years".





Atomic Rooster - Sleeping For Years

quinta-feira, 25 de março de 2021

Janis Joplin - Me and Bobby McGee

      DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971

Nunca se tinha visto, melhor, ouvido nada assim, uma branca que cantava como se de uma negra se trata-se. Do alto dos meus 12, 13 anos ouvia Janis Joplin boquiaberto tal a estupefação que a audição das suas músicas me provocavam. Como era possível alguém cantar assim? Para mim era surpreendente e inédito, o que também não era de admirar pois começava então a dar os primeiros passos na descoberta da música popular.

Ouvia "Kozmic Blues", "Piece of My Heart", "Ball and Chain"  e sobretudo as mais recentes "Cry Baby", "Mercedes Benz" e "Me and Bobby McGee".




Continuo com os "Novos Discos" que vinham anunciados no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e onde constava a edição do Single de Janis Joplin "Me and Bobby McGee"/"Half Moon".

Segue para audição a inesquecível versão de "Me and Bobby McGee", no original uma canção Country de Kris Kristofferson,  mas que parecia não ser de total agrado do autor do texto ao dizer "...este título não nos parece ser dos mais representativos da fabulosa intérprete".

Cá por mim sempre gostei e é sempre com renovado prazer que volto à versão da Janis Jplin.



Janis Joplin - Me and Bobby McGee

quarta-feira, 24 de março de 2021

Jimi Hendrix - Changes

     DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Mais um Regresso ao Passado com as novidades discográficas que vinham notificadas no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 6 de Abril de 1971. Entre elas constava o ´álbum "Band of Gypsys" de Jimi Hendrix.

"Band of Gypsys" foi a última edição em vida de Jimi Hendrix falecido em Setembro de 1970 e tratava-se de um registo ao vivo. Por cá, ao que parece, o álbum só foi comercializado em 1971, mas a forma como  o texto está escrito e o facto de não se referir à sua morte, dá-nos a sensação de tratar-se de uma tradução de um texto já existente, mas, claro, poderei estar enganado.




Depois de já ter disponibilizado "Power to Love" (erro de escrita quando o álbum foi feito, na realidade tratava-se de "Power of Soul"), é, hoje a vez de "Changes" no dizer do articulista: "«Changes», composição de Buddy Miles [ex-The Electric Flag], é plena de «gozos» de Hendrix. Embora por vezes o instrumental pareça um pouco desligado, «Changes » é, a seguir a «Power of Soul», a faixa que mais pode caracterizar Hendrix".



Jimi Hendrix - Changes

terça-feira, 23 de março de 2021

The Voices of East Harlem - Right On Be Free

    DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971

Continuo na mesma página do nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" com o artigo relativo a novas edições discográficas. Começar por referir a edição em EP de "Flor Sem Tempo" de Paulo de Carvalho onde constava a versão em inglês "Flower To Be Free" e as críticas positivas que lhe eram feitas, em particular a versão em inglês, estão as duas versões já disponíveis neste blogue.




Seguia-se um Single de um grupo vocal negro denominado The Voices of East Harlem formado por adolescentes negros e do qual não tinha a menor recordação. Neles fico para recordar "Right On Be Free", a outra era "No, No, No", que compunham o referido Single. Gravaram quatro LP e terão tido alguma projeção ao ponto de terem participado no Festival da Ilha de Wight de 1970.



The Voices of East Harlem - Right On Be Free

segunda-feira, 22 de março de 2021

Amazing Blondel - Pavan

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


"Novos Discos" ocupava a página 14 deste edição nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", onde eram apresentados alguns discos, Single, EP e LP, publicados no nosso mercado.

O primeiro era um Single dos Crosby, Stills, Nash and Young retirado do primeiro LP "Déjà Vu" e continha duas faixas, o tema título "Déjà Vu" e "Our House". As duas já disponíveis noutros Regresso ao Passado. Curioso o crítico dizer que "Déjà Vu" "...não trazer mais do que aquilo a  que nos havia habituado." como se os CSN&Y de um grupo antigo se trata-se.




Seguia-se o álbum "Evensong" dos britânicos Amazing Blondel, o 2º LP e não o 1º como é sugerido no texto. Os Amazing Blondel formaram-se em 1969 num período de grande revivalismo do Folk britânico, onde já se destacavam grupos como os Fairport Convention, os Pentangle, os Incredible String Band e emergiam os Trees e os Magna Carta com quem encontro afinidades.

Os Amazing Blodel apresentavam-se ainda mais tradicionais que os outros grupos referidos, sem influencias do Rock ou do Jazz, utilizando inclusive instrumentos antigos nas suas composições. Na altura, como agora, "O LP «Evensong» é importante para quem pretenda conhecer as verdadeiras raízes do folclore inglês.

Proponho "Pavan", a faixa de abertura.



Amazing Blondel - Pavan

domingo, 21 de março de 2021

Stan Getz - The Girl From Ipanema

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


O Jazz é na sua origem um género musical que se desenvolveu no final do século XIX, início do XX no seio da população negra afro-americana. Das canções de trabalho dos escravos negros aos nossos dias o Jazz floresceu, sofreu, bebeu influências e influenciou um sem número de estilos musicais vivendo actualmente uma diversidade tal que o podemos encontrar em quase todo o lado e em qualquer género. O Jazz deixou de ser uma música de "negros" para ser uma música universal apreciada em confortáveis salas de espectáculos.

Na minha adolescência aprendi a gostar do Jazz predominantemente negro onde os primeiros a entrar foram Miles Davis, John Coltrane e Thelonious Monk e olhava de esguelha a manifestações jazzísticas provenientes do mundo branco que tinha tendência a considerar como excessivamente técnico e pouco sentido. O Jazz tinha de ser negro.

Stan Getz terá sido dos primeiros músicos brancos que ouvi, não tanto por procura minha mas pelo sucesso comercial que obteve nomeadamente ao aproximar-se da bossa-nova e a gravar com artistas brasileiros de renome como João Gilberto e António Carlos Jobim.




Vem tudo isto a propósito do artigo publicado no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" intitulado "Stan Getz e o seu agrupamento na festa da Queima das Fitas" da cidade do Porto. Nesta altura Stan Getz seria muito provavelmente o saxofonista de raça branca mais importante evidenciando-se na forma leve e requintada da sua sonoridade.

Do LP "Getz/Gilberto" (1963) gravado com António Carlos Jobim, João Gilberto e Astrud Gilberto escolho grande sucesso que foi "The Girl From Ipanema".



Stan Getz - The Girl From Ipanema

sábado, 20 de março de 2021

James Taylor - Country Road

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


James Taylor teve nos primeiros anos da década de 70 o período que o catapultou para para o pódio do Folk-Rock norte-americano, a atestá-lo ficaram gravações como "Sweet Baby James" (1970), a sua obra prima onde se destacavam canções como "Sweet Baby James", "Country Road" e "Fire and Rain", e "Mud Slide Slim and the Blue Horizon" (1971) onde sobressaía a inesquecível "You've Got a Friend", grande sucesso na versão original de Carole King e também na de James Taylor.

O artigo "James Taylor: Uma Natureza em Conflito" publicado no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ainda não reflectia este último álbum que estava prestes a ser editado, sendo o texto ilustrado por letras de canções dos dois primeiros LP como "Knocking 'Round the Zoo", "Rainy Day Man" ou "Sweet Baby James".





Para recordar, mais uma vez James Taylor, proponho a audição de "Country Road" mais um momento inesquecível da qualidade musical que neste anos se praticava e que James Taylor foi um dos seus principais criadores. Muitas saudades traz esta canção.




James Taylor - Country Road

sexta-feira, 19 de março de 2021

Family Fair - Mrs Colbeck

DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Tinha decorrido há pouco, mais concretamente a 11 de Fevereiro, o Festival da Canção RTP de 1971 e o da Eurovisão tinha sido a 4 de Abril, portanto os ecos destes certames ainda ressoavam na imprensa portuguesa. O jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6 trazia um pequeno texto sobre a Daphne que tinha sido a revelação do nosso Festival com a canção "Verde Pino" que apesar de mal classificada tinha mostrado dotes vocais pouco comuns na nossa música popular e ligeira.




Note-se que Daphne não era totalmente desconhecida tendo participado no grupo Música Novarum que deixaram um excelente EP "Barca de Flores". No texto revela os seus gostos musicais, os portugueses eram o Paulo de Carvalho, a Teresa Paula Brito e o Nuno Filipe, quanto aos estrangeiros as escolhas iam para Elton John, Fotheringay (e não Fotherin Jay), Cat Stevens e ainda Crosby, Stills, Nash and Young, tudo boas companhias. Apesar de dizer que ia estar parada para ter aulas de canto estava já em curso a edição de um Single da nova formação Family Fair onde cantava em inglês sentindo-se mais confortável e as sua capacidades vocais eram mais evidentes.

Escolhi, para hoje, do Single dos Family Fair a canção "Mrs Colbeck" a lembrar a Jacqui McShee e os Pentangle, será que ela os conhecia?



Family Fair - Mrs Colbeck

quinta-feira, 18 de março de 2021

McDonald and Giles - Flight of the Ibis

      DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Em 1971 a ideia que a música Pop-Rock era coisa de jovens sem estudos musicais que não sabiam tocar senão 2 ou 3 acordes estava ultrapassada. Na realidade a música popular tinha atingido no final dos anos 60 um nível de sofisticação ao qual era difícil de dizer que quem a tocava não percebia nada de música. Inclusive começaram a efectuar-se, se bem que muito discutíveis, aproximações do Rock à Música Clássica o que tornava ainda mais premente a questão da qualidade dos executantes Pop-Rock.

O jornal "DISCO MÚSICA & MODA" trazia na sua edição nº 6 da segunda quinzena de Abril de 1971 um texto sobre este assunto com  o título "O Clássico e o Rock São Incompatíveis?" onde eram apresentadas as opiniões de 4 músicos então bem conhecidos, Keith Emerson, Ian McDonald, Vincent Crane e Rick Wakeman.

"Keith Emerson teve cinco anos de aulas particulares de piano e está grato pelos conhecimentos adquiridos..." lia-se no texto, qualquer dúvida era (é) ouvir o LP "Emerson,Lake & Palmer" (1970), já Rick Wakeman, ainda nos Strawbs com quem gravaria os álbuns "Just a Collection of Antiques and Curios" (1970) e "From the Witchwood" (1971), tinha estudado piano, órgão e harpa no Royal College e queria "... mandar todos os músicos «pop» para o Royal College durante uma semana..." e "... todos os estudantes de música clássica para a rua..." também durante uma semana com uma banda, para concluir que "Aqueles que conseguissem sobreviver seriam os músicos de que valeria a pena falar". O melhor e o pior de Rick Wakeman ainda estava para vir.

Quanto a Vincent Crane tinha obtido "... os graus de licenciatura e doutoramento" no Trinity College onde estudou "...piano (prática e composição)" considerando ele que os estudos que teve "...constituíram uma ajuda definitiva para o lugar que ocupo como músico «rock»". Vincent Crane tendo conhecido o sucesso frente Atomic Rooster onde tocava órgão e piano.




Finalmente Ian McDonald, multi-instrumentista, que tinha feiro parte dos iniciais King Crimson onde gravou o seminal "In the Court of the Crimson King " (1969), considerava que "Toda a música tem que ser influenciada por outros estilos para não estagnar" e que "Uma das coisas mais importantes que nós podemos aprender nos clássicos é a forma e a estrutura."

Em 1971 é publicado o álbum único do duo "McDonald and Giles" , os dois ex-King Crimson, Ian McDonald com uma panóplia de instrumentos e Michael Giles nas percussões. A sonoridade é próxima dos King Crimson de então, a prová-lo a canção "Flight of the Ibis" com o seu som puro e celestial.



McDonald and Giles - Flight of the Ibis

quarta-feira, 17 de março de 2021

Funkadelic - Free Your Mind and Your Ass Will Follow

     DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Os Funkadelic foram uma banda norte-americana que tendo como ponto de partida o Funk, deambularam por outras sonoridades bem mais agressivas, experimentalistas já muito distantes do Funk dançante original.

Nunca foram do meu agrado e rapidamente passaram-me ao lado. Musicalmente arrojados e letras atrevidas foram considerados "...demasiado ousados" e proibidos em vários sítios, disso nos dá conta um pequeno texto editado no jornal "DISCO MÚSICA & MODA", nº 6 de Abril de 1971, intitulado "Funkadelic Proibido em Inglaterra".

Para avaliar estes Funkadelic noticia-se que o director da Pye se deslocaria aos Estados Ynidos para os visualizar antes de se apresentarem ao público inglês. A última frase é sintomática e reflecte também aquela época: "Segundo o que «Disco» sabe, só o solista do agrupamento tem, às vezes, umas atitudes mais «liberais», actuando em cuecas."




Para os apreciadores aqui fica "Free Your Mind and Your Ass Will Follow", canção de 10 minutos que dava título ao 2º LP do grupo que, pelos vistos, terá sido sujeito a censura quando editado.



Funkadelic - Free Your Mind and Your Ass Will Follow

terça-feira, 16 de março de 2021

Pentangle - Bruton Town

    DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Provavelmente foi o primeiro texto que li sobre os Pentangle e não estou certo se nesta altura já tinha ouvido alguma música deles ou não, talvez no "Em Órbita" já os tivesse ouvido, mas se sim não o suficiente para ter uma ideia clara da qualidade da música deste grupo britânico que se tornou, ainda hoje, uma das minhas preferências musicais. Nem de propósito tenho estado a reouvir a discografia mais relevante do grupo que se situou entre 1967 e 1973 com a formação original.

"«Pentangle»: A diversidade dos seus elementos dinamizou a música Folk", assim se intitulava o texto que vinha publicado no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Abril de 1971 que tenho vindo a recordar e nele lê-se :"«Pentangle» é constituído por músicos com uma completa e diversificada experiência...", "Uma das principais características deste agrupamento é a de ter um som folk simultaneamente voltado para o jazz e para o clássico. Quem começa por ouvir «Pentangle» à espera de encontrar esquemas musicais clássicos na folk-music, ficará surpreendido quando verificar que, de repente, a evolução instrumental segue o caminho do jazz ou da música clássica." 

Sem dúvida, é isso mesmo, quando comecei a ouvir Pentangle (e também, Bert Jansch e John Renbourn a solo) a sensação que tive era que estava na presença de algo completamente novo, como que de um estilo novo se trata-se, na realidade nunca o Folk e o Jazz tinham tido uma abordagem como a que os Pentangle estavam a fazer. Quando é que agora se tem esta sensação? O carácter inovador parece arredado de maior parte da nova música que é divulgada, talvez a última vez que fiquei surpreendido tenha sido já nos idos anos 90 com o surgimento dos Tindersticks e o seu Rock alternativo.




Do 1º álbum de 1968 vou buscar a versão que os Pentangle fizeram de uma canção tradicional chamada "Bruton Town", a melhor que conheço. Espero que gostem tanto quanto eu.



Pentangle - Bruton Town

segunda-feira, 15 de março de 2021

Sindicato - Flor Sem Tempo

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Sindicato foi um grupo de Rock português que existiu de 1969 a 1971. Deram-se a conhecer na televisão em 1969 no programa "Zip-Zip" e terminaram em 1971 após participarem no Festival de Vilar de Mouros e terem gravado um Single.

Em Abril de 1971 eram objecto de entrevista, nas pessoas de Jorge Palma e Rui Cardoso, que ocupava as páginas centrais do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6. Nesta altura o grupo era composto por 9 elementos, situação pouco vulgar por cá, que como o título do texto sugere estava à procura da coesão de um conjunto. Tal dimensão era devida à inclusão de uma secção de sopros traduzindo-se numa imitação da sonoridade praticada pelos Chicago e Blood, Sweat and Tears.




A insatisfação era notória nos entrevistados quer em Jorge Palma que dizia "Precisávamos de mais qualquer coisa. Um bom solista, por exemplo. Ainda hoje essa falta se faz sentir", quer em Rui Cardoso "O que eu queria era tocar jazz... Assim, ao menos tocamos, trabalhamos, mesmo que não nos apeteça." e mais adiante "Tenho oportunidade de tocar algumas coisas que gosto, embora não seja exactamente o que quero fazer."

Do Single que publicaram já dei conhecimento neste blog onde se encontram as canções "SINDIblues Swede CATO'S Shoes" e "Smile", existem no entanto mais duas gravações do grupo que saíram num LP de Paulo de Carvalho e editado è revelia deste pela Polygram, que consistem em versões instrumentais das conhecidas canções "Flor Sem Tempo" e "Walk On The Grass".

É a primeira que hoje proponho.





Sindicato - Flor Sem Tempo

domingo, 14 de março de 2021

Clodagh Rodgers - Jack in the Box

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Na página 7 do nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" contava, para além do texto que recordei ontem sobre o fim previsível do duo Simon and Garfunkel, duas pequenas notícias, uma sobre a hipótese da não realização em 1971 do Festival da Ilha de Wight, que, efectivamente, só foi retomado em 2002, outra notícia sobre a Festa de Finalista do Liceu Sá de Miranda em Braga e ainda, o artigo principal, sobre o Festival da Eurovisão que se tinha realizado a 3 de Abril em Dublin.

Sob o título "Eurovisão - Um Solavanco na Música Portuguesa" discute-se a importância do festival  no desenvolvimento da música, em particular no nosso país, em que a ocorrência daquele certame se revestia então de importância única. Parecia que não havia mais nada e que as atenções musicais, e não só, se centravam naquele festival e no que o antecedia, o certame nacional para a escolha da canção que nos iria representava.

Mas nem em todos os países era assim, lia-se no texto "De todos os países participantes é interessante referir que parecem serem os ingleses os que menos ligam ao Festival. Pelo menos o jornalismo musical inglês não concede grande importância aos representantes do seu país e, em muitos casos, até ridiculariza as canções."




Não é de admirar, digo eu, na Inglaterra a cena musical encontrava-se ainda na vanguarda do que melhor então se realizava mundialmente, ressonância da explosão Pop-Rock dos anos 60 iniciada com The Beatles.

Em 1971 a Inglaterra foi representada por Clodagh Rodgers com a canção «Jack on a Box" que pelos visto terá sido parodiada pela imprensa inglesa, "...foi apelidada de «Jack on a String» e até de «Puppet on a Box» dada a sua semelhança com a canção «Puppet on a String»."

 E realmente há semelhança, ora ouçam "Jack on the Box" pela cantora Clodagh Rodgers, uma canção Pop que já pouco dizia a maior parte da juventude daquela época.



Clodagh Rodgers - Jack in the Box

sábado, 13 de março de 2021

Simon and Garfunkel - Bye Bye Love

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


A fazer fé no artigo "Será Inevitável a Separação de Simon e Garfunkel" publicado no º6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" em Abril de 1971 ainda não seria oficial a separação de Simon and Garfunkel, no entanto todas as evidências apontavam para tal. Art Garfunkel dedicava-se ao cinema e Paul Simon já tinha gravado o seu primeiro álbum a solo (na realidade era o segundo considerando "The Paul Simon Songbook" de 1965) que só seria editado em 1972.

Passados 50 anos, hoje é fácil de responder à pergunta com que terminava o artigo: "Depois de "Bridge Over Troubled Water" que se seguirá?". Em estúdio "Bridge Over Troubled Water", um dos mais conceituados álbuns da história da música popular, foi efectivamente o último trabalho conjunto. Depois houve bastantes encontros que se traduziram em concertos e, alguns álbuns ao vivo e respectivos DVD, lembro-me de "The Concert in Central Park" em 1982 e o mais recente "Old Friends: Live on Stage" de 2004.




Em 1971 os ecos de "Bridge Over Troubled Water" ainda se faziam sentir do tremendo sucesso de vendas que foi e dos prémios Grammy que obteve. Verifico agora que, aos poucos e poucos, já só falta recuperar deste álbum a canção "Bye Bye Love" gravada ao vivo em 1969 e que tinha sido um êxito na versão dos The Everly Brothers em 1957. Aqui vai ela.



Simon and Garfunkel - Bye Bye Love

sexta-feira, 12 de março de 2021

Family - Weaver's Answer

DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Depois de no nº 2, de Fevereiro de 1971, o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ter publicado um pouco interessante sobre o grupo inglês Family, eis que no seu nº 6 a eles voltam, agora com um texto mais esclarecedor. Centrado na figura de proa do grupo, Roger Chapman, aqui se fica a saber sobre ele que "... embora os únicos instrumentos que «toca» sejam a voz e o corpo" ele era um "... músico no sentido lato da palavra...". Ele próprio afirmava "Acho-me um verdadeiro músico. Sou bom a fazer vibrações ... talvez mais de que um instrumento." e ainda "Não dizia que sou um músico falhado. Talvez o fosse antes de compreender que a minha voz era um instrumento porque não encontro nenhum marco divisório entre ser vocalista e instrumentista."

O título do texto "Roger Chapman o principal «instrumento» do grupo «Family»" a fazer jus à importância do vocalista no grupo, sem dúvida a principal referência dos Family. E como eu, na altura, gostava deste grupo.




Em Março de 1971 tinha sido publicado o álbum "Old Songs New Songs", era uma compilação onde os Family recuperam, com novos arranjos e misturas, alguns dos temas do álbum "Family Entertainment" (1969). "Weaver's Answer" era uma delas que já disponibilizei, a propósito do tema "O violino no Rock", na versão original, Hoje volto a "Weaver's Answer" na nova versão, como diz Roger Chapman no texto "É preciso ouvir a nova versão de «Weaver's Answer» para verificar a diferença."



Family - Weaver's Answer

quinta-feira, 11 de março de 2021

The Rolling Stones - Midnight Rambler

     DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts, Bill Wyman e Mick Taylor constituíam The Rolling Stones quando estes efectuaram a turné de 1971 no Reino Unido. A anterior turné, em 1966, contava ainda com a presença de Brian Jones (falecido em 1969) no lugar de Mick Taylor. Foi aquela formação, terminada a digressão de 4 a 14 de Março de 1971, que actuou no dia 26 de Março no Marquee Club em Londres e que é alvo de um pequeno texto no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6 editado a 15 de Abril daquele ano.




Ficamos a saber qua os  filmes realizados "... foram efectuados com equipamento que atinge os 450nn contos e que é propriedade do grupo" e que continha "... um estúdio móvel de filmagens com uma mesa de gravação de 16 pistas e as melhores câmaras do mundo."

Contrariamente ao que era habitual na época em que os concertos se efectuavam para promover os discos recém editados, neste caso The Rolling Stones tocaram faixas do que seria o próximo álbum do grupo entre as quais constava "Brown Sugar".

Outra das composições que fez parte deste concerto para uma audiência convidada onde se encontravam, entre outros, Eric Clapton e Jimmy Page, foi "Midnight Rambler" que pertencia ao então mais recente trabalho "Let It Bleed" de 1969. Com o particular de termos Mick Jagger na harmónica.



The Rolling Stones - Midnight Rambler

quarta-feira, 10 de março de 2021

Georgie Fame & Alan Price - Yellow Man

    DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Georgie Fame e Alan Price eram dois nomes bem conhecidos da música Pop britânica nos anos 60. Dois excelentes teclistas e intérpretes.

De Georgie Fame, os mais velhos lembrar-se-ão com certeza de pelo menos as seguintes canções "Yeh, Yeh" (1964), "Sunny" (1966) e "The Ballad of Bonnie and Clyde" (1967).

De Alan Price provavelmente "I Put a Spell on You" (1966), "Hi-Lili, Hi-Lo" (1966) e ainda "Sunshine and Rain (The Name of the Game)" (1970).

Em Georgie Fame é de destacar também a sua colaboração, nos anos 80 e 90, com Van Morrison fazendo parte do seu grupo e e participando em discos de "Avalon Sunset" (1989) a "The Healing Game (1997).

Em Alan Price é de referir que ainda nos anos 60 esteve na formação inicial dos famosos The Animals ou seja entre 1963 e 1965 onde destaco o som do órgão, que ficou uma referência para muitos grupos Pop daquele tempo, no celérrimo "The House Of The Rising Sun".




Sob o título "Dois Grandes Ídolos Associam-se: Alan Price e George Fame" o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 6 dava a conhecer o passado destes dois músicos e afirmava-se: "Os seus caminhos, ..., são quase paralelos, razão pela qual dois músicos pela qual dois músicos, tantas vezes comparados, se completam perfeitamente. As duas influências do jazz e os R'n'B, as duas técnicas, de cantor e de órgão, deverão abrir-nos um novo horizonte."

Deveriam ser altas as expectativas, mas na realidade a experiência não resultou, um álbum e alguns Singles depois a parceria terminava. O único sucesso foi a sofrível canção "Rosetta" que já se encontra neste blogue sob o tema "Canções que se ouviam no ano de 1971".

Do mesmo álbum segue "Yellow Man", uma canção vinda do outro lado do Atlântico, trata-se de um original de Randy Newman publicada no ano anterior em "12 Songs".



Georgie Fame & Alan Price - Yellow Man

terça-feira, 9 de março de 2021

Hugo Maia de Loureiro - Canção de Amanhecer

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


No início dos anos 70 começaram a realizar-se em Portugal festivais de música, alguns já ao ar livre outros em salas de espectáculos. Só na página 5 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6 eram anunciados dois. Um foi objecto do Regresso ao Passado de ontem (Festival Pop 71 em Coimbra) o outro recordo hoje, era o Festival Musical da Juventude realizado em Almada que ia para a sua 2ª edição. A informação é escassa quer em relação à edição que se ia realizar a 24 de Abril, e que no texto refere só se conhecer ainda três das canções apuradas sendo ainda necessário ainda efectuar orquestrações e ensaios (???), quer a efectuada em 1970.




Segundo o entrevistado a primeira edição contou "... com dez canções finalistas". E a vencedora foi "«Primavera», cuja autoria e interpretação couberam a José Augusto F. da Costa ..." e tinha sido "... eleita por um júri composto por António Vitorino d'Almeida, Nuno Martins, Natália Correia e Dórdio de Guimarães." Júri de excelência para uma canção e intérprete que desconheço de todo, alguém tem mais informação sobre ela?

Ainda segundo o mesmo entrevistado "Toda a crítica foi unanimemente  favorável, não propriamente pelo nível das canções apresentadas, mas pelo trabalho desenvolvido por uma comissão formada unicamente por jovens estudantes, quase leigos em assuntos musicais", ora bem o que contava eram as intenções não o resultado ...

No final terão actuado EFE 5, João Maria Tudela, José Barata Moura e Hugo Maia de Loureiro.

Deste último recordo "Canção de Amanhecer", lado B do Single "Canção de Madrugar"  que tinha concorrido ao Festival da Canção da RTP em 1970.



Hugo Maia de Loureiro - Canção de Amanhecer

segunda-feira, 8 de março de 2021

Beatnicks - Little School Boy

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


"Festival Pop em Coimbra no dia 15 de Maio", assim era anunciado um festival "Pop 71" no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", sendo publicitadas as regras para concorrer a esta competição. As inscrições eram efectuadas na Associação Cristã da Mocidade mediante uma jóia de 200$00 (aproximadamente 1€), era necessário enviar seis letras de canções, das quais metade originais e enviar as gravações para um júri que efectuaria a selecção "... de acordo com a índole e nível de Festival."



O Festival realizou-se e os vencedores foram os Beatnicks.

De tal facto recorda Pedro de Freitas Branco no livro "Sobreviventes - O Rock em Portugal na Era do Vinil" publicado em 2019 dizendo:

"Finalmente, em 1971, os Beatnicks editaram pela etiqueta Tecla o EP de estreia, Christine Goes to Town (Mário Ceia-José Diogo), cuja canção título permanece como tesouro escondido para todos os fãs do hard-blues-prog-rock da época, se me é permitida tão excêntrica designação. O som da gravação é deficiente, porém, os propósitos são convincentes.
O grupo atuou no programa de TV Pop 25, de Nuno Martins, consagrou-se a 15 e 16 de maio do mesmo ano como vencedor do I Festival Pop 71, realizado no Estádio Municipal de Coimbra, gravou um segundo single original, porém assistiu impotente à mobilização para o serviço militar obrigatório do seu essencial guitarrista solo - o infelizmente, Rui «Pipas» não voltaria, vindo a falecer num desastre de viação no ano seguinte."


Regresso assim ao EP "Cristine Goes to Town" desta vez para ouvir "Little School Boy".



Beatnicks - Little School Boy

domingo, 7 de março de 2021

Deep Purple - Black Night

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


"«Não Foi Por Snobismo Que Demos Um Concerto Com A Orquestra Filarmónica De Londres»" era o título do artigo sobre os Deep Purple que foi publicado no nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" a 15 de Abril de 1971. O centro do artigo está no concerto que realizaram com The Royal Philarmonic Orchestra no Royal Albert Hall em 1969 e do qual resultou a edição de um LP pelo qual já aqui passei. 

No texto John Lord (1941-2012), organista do grupo, esclarece que "... não pretendemos tocar sempre com orquestras nem fizemos aquilo por snobismo."  e repetindo-se "Somos um conjunto de rock no sentido da música excitante e não caminharemos para a música séria por snobismo."




Entretanto já tinha sido publicado "Deep Purple In Rock", onde constava "Child In Time", o álbum que catapultou os Deep Purple para o sucesso internacional, sendo referido no texto como tendo estado "...classificado nos top ingleses durante 38 semanas e um dos mais vendidos ultimamente em Portugal...". Ainda mais recente era o Single "Strange Kind of Woman" também já recordado.

Entre "Deep Purple In Rock" e "Strange Kind of Woman" outro Single marcante do Hard Rock dos Deep Purple, o inesperado "Black Night".



Deep Purple - Black Night

sábado, 6 de março de 2021

José Cid - Dom Fulano

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


O motivo de hoje é um pequeno texto assinado pelo crítico Tito Lívio intitulado "Algumas Considerações Sobre A «Nova» Canção Portuguesa" que vinha publicado no jornal de divulgação musical "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6 referente à segunda quinzena de Abril de 1971. Era um resumo do ponto de situação da música popular portuguesa naquele momento. Muita coisa estava a acontecer, já não era só a velha e estafada canção piegas que se ouvia na televisão e na rádio na década de 60 com António Calvário à cabeça, era também uma série de novos autores com outras preocupações nas letras e nas harmonias que se desenvolvia e que conquistava sobretudo uma população mais nova 

Novas editoras, novos compositores, novos cantores e novos poetas então surgiam dizendo Tito Lívio que "É necessário, no entanto, não limitar ou restringir este «movimento» à balada de protesto género mais apreciado e divulgado entre certos sectores..."




Um nome que se enquadrava bem neste processo de renovação da canção portuguesa dita popular era a de José Cid que se apresentava, primeiro no Quarteto 1111 depois a solo, na linha da frente da música Pop. Provas dadas no Quarteto 1111, em 1971 inicia a solo uma prometedora carreira, tendo neste ano editado um álbum e dois EP a considerar no melhor que a "«Nova» Canção Portuguesa" então nos trouxe.

Estava por pouco a edição do seu 1º LP que facilmente se colocaria num Pop de vanguarda, transversal a vários géneros, a influência do Pop-Rock internacional está presente bem como as mais genuínas raízes populares portuguesas. Entre as 12 canções que compõem este LP encontra-se "Dom Fulano", música de José Cid e letra de Natália Correia segundo tema do cancioneiro de D. Dinis. Estava em boas mãos a renovação da nossa música popular.



José Cid - Dom Fulano

sexta-feira, 5 de março de 2021

James Brown - Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


James Brown (1933-2006) ocupava uma página inteira deste nº 6 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicado a 15 de Abril de 1971. Com o título "James Brown Trocou o «Black Power» pelo «Soul Power»" dá-se a conhecer um pouco da história do cantor desde que nasceu "...recebendo a herança de pobreza e amargura do homem negro do Sul." até se tornar um "homem público" onde "... os seus discos causam um impacto tão grande nos Estados Unidos, especialmente entre a população negra, como qualquer movimento político."

Musicalmente passa pelo Blues, pelos Espirituais e Baladas até criar  "um estilo próprio"  tendo "...a sequência rítmica como base, poderosamente servida por um espectacular naipe de metais...". Em termos de gravações começaram a ser feitas a partir de "... actuações ao «vivo»..." onde James Brown "...atinge toda a sua dimensão" e onde "O público é subjugado pela sua grandeza e as salas transformam-se em ambientes de êxtase, vibrando frenéticas com o rei do soul e a música contagiante."




A produção discográfica de James Brown foi muito intensa, só em 1970 foram publicados 5 álbuns entre os quais constava o duplo "Sex Machine" sendo o primeiro LP gravado em estúdio mas com simulação de público e o segundo ao vivo. O álbum começava com "Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine" que ultrapassa os 10 minutos e é uma das canções que passou a acompanhar James Brown nas suas actuações. Ei-la.



James Brown - Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine

quinta-feira, 4 de março de 2021

Bill Evans - Here's That Rainy Day

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Sob o título "Prémios Grammy - Triunfo Completo de Simon e Garfunkel", ainda na página 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 6, dá-se a conhecer alguns dos galardoados nos prémios Grammy do ano de 1970. Já todos passaram por este blogue (excepção para Ray Price) pelo que fiz uma opção talvez não óbvia, a escolha vai para Bill Evans e o álbum "Alone".

Bill Evans (1929-1980) é um dos meus pianistas de Jazz preferidos destacando-o nos seus diversos e famosos trios acompanhado por um baixo e uma bateria. Mas na obra discográfica que nos deixou, são vários os discos que gravou a solo o que nos leva ao trabalho de hoje, o álbum "Alone" de 1970 que infelizmente não possuo.




No texto refere o prémio de Bill Evans como sendo "...pela melhor interpretação vocal de jazz..." o que não é correcto o Grammy é efectivamente referente à "Best Jazz Performance - Small Group Or Soloist With Small Group", feita a correção resta ouvir a escolha que fiz. "Here's That Rainy Day" uma canção dos anos 50 aqui interpretada ao piano por Bill Evans.



Bill Evans - Here's That Rainy Day

quarta-feira, 3 de março de 2021

The Weathermen - It's The Same Old Song

    DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Os Four Tops talvez mais lembrados pela canção "Reach Out I'll Be There" tiveram, no entanto outros sucessos, entre eles conta a canção "It's The Same Old Song" de 1965. Mas a que eu me recordava melhor não era a original mas sim uma versão de 1971 assinada pelos The Weathermen.

Ainda na página dois do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" constava um espaço onde eram reproduzidas as letras de duas canções então bem conhecidas, "Rose Garden" pela Lynn Anderson e "It's The Same Old Song" precisamente a propósito da versão assinada pelos The Weathermen.




The Weathermen era, na realidade, o pseudónimo do pouco creditado Jonathan King que usava e abusava de pseudónimos e que terá ficado mais conhecido como produtor e de estar na origem da descoberta dos Genesis.

Simplesmente porque me lembrava bem desta canção e porque nos trás um momento de boa disposição aqui fica "It's The Same Old Song".



The Weathermen - It's The Same Old Song

terça-feira, 2 de março de 2021

Marvin Gaye - What's Going On

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 6 de 15 de Abril de 1971


Finalmente, a tabela de vendas de Singles dos Estados Unidos da América que vinha publicada no jornal quinzenal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 6 editado em 15 de Abril de 1971. E não passo do nº 1 o Single "What's Going On" de Marvin Gaye a antecipar o álbum com o mesmo nome que seria editado também em 1971. Um álbum histórico que ganhou lugar de relevo na história da música popular, de tal modo que a revista Rolling Stone em 2020 classificava-o em 1º lugar de "Greatest Albuns of All Time".

Sobre este disco pouco há a dizer a não ser que é uma obra-prima do Soul comparável a "Kind Of Blue" de Miles Davis no Jazz ou ainda a "Exodus" de Bob Marley no Reggae ou se quiserem a "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" dos The Beatles para o Rock. Cerca de 35 minutos deliciosos aos quais ficamos presos e surpresos.




Nove canções interligadas num álbum conceptual sobre a pobreza, a guerra, temas de todos os dias e tempos tão bem retratados por Marvin Gaye. Começava com o tema título, precisamente o que constava em 1º lugar na tabela dos EUA, que hoje recordo.



Marvin Gaye - What's Going On