Cinco minutos de Jazz
Entre a publicação do 1º e 2º boletim "Cinco minutos de Jazz" decorreu o 3º Festival de Jazz de Cascais cuja antevisão, no 1º boletim, tinha levantado dúvidas quanto à escolha do elenco por não apresentar "... qualquer grupo de vanguarda norte-americano". A crítica mantem-se neste nº 2, através de artigo de Manuel Jorge Veloso, considerando-o um "Festival empacotado" para uma "elite privilegiada" e a "ausência do Jazz novo".
Também José Duarte constatava a ausência de manifestações de Jazz para além do Festival de Cascais dizendo que "FESTIVAL passado, marasmo crónico", criticando quer "os meios de informação" quer "o jovem espectador de Cascais" afirmando:
"Os meios de informação continuarão a ignorar o som, a imagem do jazz e a fotogenia dos seus músicos, o jovem espectador de Cascais agora só, sem os seus milhares de companheiros, irá bater palmas e sacudir a cabeça ao som dos tempos fortes da música dominante, alienado pela idade e aspecto das suas vedetas-marionetas, irá consumir s sucessiva edição do «último trabalho de longa duração», que durará tão pouco como o penúltimo, irá, inconscientemente, participar num processo industrial e político de homogeneização do gosto e da emoção. O jazz regressará ao lugar púdico, nesta sociedade de valores invertidos e frívolos, arrastando consigo uma solução sonora e universalizada, libertária. Assim, ciclicamente, se usa uma arte original, uma cultura desconhecida, tolerada como divertimento, desde a sua origem."
Marcou presença neste Festival o músico de Jazz americano Roland Kirk (1935-1977) sujeito, segundo o texto na figura acima, a "apelos ao aparente imediatismo" da sua música. Sugiro a audição de "Serenade to a Cuckoo" de 1965, um tema de fácil adesão, e que os Jethro Tull tinham dado a conhecer a uma população mais vasta do universo Pop-Rock. Roland Kirk na flauta.
Roland Kirk - Serenade to a Cuckoo
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