terça-feira, 31 de maio de 2022

José Afonso - Viva o Poder Popular

 

No ano de 1975 três nomes consagrados da música popular portuguesa, José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, não publicaram álbuns em nome próprio. Mas era vê-los, um pouco por todo o país, a realizar sessões musicais em muito más condições técnicas, a nova canção portuguesa da qual eles foram destacados protagonistas saiu para a rua e correspondeu a um período panfletário que iria ser interrompido com o 25 de Novembro de 1975.

Neste período de canto panfletário, de intervenção política José Afonso terá efectuado a sua gravação menos interessante, tratou-se de um Single editado pela LUAR (Liga de União e Ação Revolucionária) organização política à qual esteve ligado.


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Continha duas canções "Viva o Poder Popular" e "Foi na Cidade do Sado" (esta última baseada nos acontecimentos ocorridos 7 de Março de 1975 em Setúbal onde a direita tentou realizar um comício tendo a oposição popular) que mostram bem o ambiente revolucionário que então se vivia. Segue "Viva o Poder Popular".



José Afonso - Viva o Poder Popular

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Samuel - Tu Dizes Que Me Queres Muito

 


Samuel é um cantor que teve notoriedade principalmente nos anos 70 do século passado. Possuidor de uma voz muito interessante revelou-se como uma promessa da nossa nova música popular que naquela década brotava com intensidade. Particularmente interessantes o Single de estreia, "O Cantigueiro", e a sua participação no LP "Fala do Homem Nascido" onde José Niza musicou a poesia de António Gedeão, ambos os registos datam de 1972.

Infelizmente nada mais de relevante deixou Samuel gravado e em 1975 foi mais um a alinhar pela música de clamor revolucionário sem nada a merecer o devido realce. Dois discos de formato pequeno, um com 6 canções, "De Pé Pela Revolução", e um Single com as habituais duas canções, "Hino da Reforma Agrária".


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Do disco "De Pé Pela Revolução" constavam canções tão populares como "Venceremos" e "O Povo Unido", mas também esta "Tu Dizes Que Me Queres Muito". Ouve-se e pouco fica, então como agora.



Samuel - Tu Dizes Que Me Queres Muito

domingo, 29 de maio de 2022

Paulo de Carvalho - O Facho

 

Não se limitou à participação no Festival da RTP da Canção (com a canção "Com Uma Arma, Com Uma Flor" já entretanto recordada) a actividade de Paulo de Carvalho no ano de 1975. Em termos de gravações foi editado também um LP de nome "Não de Costas Mas de Frente".

Um trabalho com algumas ideias interessantes mas que não conseguiu fugir à temática fortemente política que o momento propiciava, ouça-se "1926" por exemplo, e também momentos bem reveladores do clima revolucionário que então se vivia, por exemplo em "O Facho".


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Deste trabalho foram extraídos dois Singles, respectivamente com as canções "(Último) Tango dos Emigrantes", "1926" e "O Facho", "Julião, Desperta!". Amostra bem demonstrativo daquele ano marcante da democracia portuguesa proponho "O Facho".





Paulo de Carvalho - O Facho

sábado, 28 de maio de 2022

Shegundo Galarza - Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

 

Shegundo Galarza foi um reconhecido pianista radicado em Portugal a partir dos anos 50 bastante bem conhecido do público português não fosse ele presença assídua na RTP e também pelos inúmeros bailes que com a sua orquestra animava um pouco por todo o país.

Notabilizou-se na área da música ligeira com arranjos musicais de músicas de vários estilos, do Rock'n'Roll nascente ao tango passando por temas de cariz mais popular em particular os latinos de sucesso.





Após o 25 de Abril de 1974, com os ventos revolucionários a atravessarem toda a sociedade portuguesa, Shegundo Galarza grava vários discos com temas da nova música portuguesa protagonizada por músicos como José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco e ao seu jeito faz arranjos orquestrais mais condizentes com a vertente da música ligeira que era onde ele se "mexia" melhor.

É de 1975 o álbum onde interpreta temas dos três músicos mencionados e nele encontrava-se a sua versão de "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" de José Mário Branco. Não fora o golpe de estado do ano anterior, algumas vez Shegundo Galarza se atreveria a a fazer estas versões? tenho dúvidas, mas mudam-se os tempos...



Shegundo Galarza - Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Os Amigos do Zé - Terra de Dançarinos

 

Não deveria ser muito difícil gravar um disco no Portugal pós 25 de Abril de 1974, tantos são os exemplos que estou a encontrar para o ano de 1975. Já a qualidade, essa é bastante discutível quer a nível das letras de gosto relativamente fácil ao enaltecer as conquistas realizadas após o derrube do regime fascista, quer das melodias regra geral bastante simples e cantaroláveis facilmente.

Hoje mais um exemplo, neste caso de um grupo do qual não consegui obter qualquer informação, quem a tiver fico agradecido se aqui a divulgar, o grupo chamava-se Os Amigos do Zé.


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O disco era composto por duas canções, "Terra de Dançarinos" e "Ecos", ambas com coros muito acessíveis e fáceis de seguir. Ouça-se "Terra de Dançarinos".



Os Amigos do Zé - Terra de Dançarinos

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Luís Romão – Canção Distante

 

Luís Romão foi um cantar português que efectuou algumas gravações em Single nos primeiros anos da década de 70. Terá feito parte do grupo formado pelo Paulo de Carvalho de nome Fluído numa linha Pop-Rock que então se desenvolvia em Portugal. A solo os dois últimos Singles são de 1975, respectivamente "Chegou o Vento" e "Rossio" como canções principais.


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Só consegui encontrar a canção do lado B do primeiro Single que dá pelo nome de "Canção Distante", trata-se de um tema Pop a utilizar os sintetizadores tão populares em grupos estrangeiros de Rock mais progressivo aqui numa abordagem mais melodiosa. Não é desta que este cantor me convence, de qualquer forma aqui fica mais este registo do ano de 1975 aqui afastado dos temas vincadamente políticos que tenho recordado ultimamente.





Luís Romão – Canção Distante

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Luís Duarte - Cantar à Liberdade

 

De formação Clássica e passagem pelo Jazz Luís Duarte, a convite de Thilo Krasmann ingressou no seu grupo tomando assim contacto com a música popular que então se praticava, Pop-Rock de influências Anglo-americanas. Fez parte dos grupos de suporte de programas televisivos como "Zip-Zip" e "Curto-Circuito" tendo ainda em 1969 gravado o seu primeiro Single "Terra 77/My Room". Entretanto faz o serviço militar em Lisboa o que lhe permite continuar ligado à música, quer ao Jazz quer de cariz mais popular gravando em nome próprio mais dois Singles no ano de 1973.


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Com a revolução de 25 de Abril de 1974, instaurada a democracia no país, Luís Duarte, depois de mais uma experiência no Jazz, desta feita em Londres, de lá regressa publicando em 1975 o EP "Cantar à Liberdade" que passou despercebido, pelo menos para mim que dele não me recordo. Mais um dos muitos gravados naquele ano a enaltecer a liberdade que então se começou a viver em Portugal.



Luis Duarte - Cantar à Liberdade

terça-feira, 24 de maio de 2022

Alberto Júlio - No Domingo Vais à Missa

 

Foi um manancial de trabalhos discográficos que o ano de 1975 nos deixou. Muitos de valor duvidoso, alguns agora aqui recuperados, ficaram deixados de lado e servem agora de documento do ambiente musical então dominante. A escolha de hoje é um desses casos que não me recordo de todo de alguma vez o ter ouvido e não fora alguma pesquisa que tenho feito para estes Regresso ao Passado lá continuaria ignorado pois não faz parte das minhas memórias. Trata-se de Alberto Júlio e o álbum "Não, Não Dobro o Cachaço" (não confundir com, do mesmo ano, "Não, não, não me estendas a mão" de José Almada).



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Tanto quanto consegui apurar Alberto Júlio editou mais um LP, "Do Amor E Da Guerra" este com arranjos de Jorge Palma, e alguns Singles, circunscritos aos primeiros anos após o 25 de Abril. Numa toada Pop e letra a condizer com o canto de intervenção tão ao jeito da época fico pelo primeiro tema do álbum "Não, Não Dobro o Cachaço", é a canção "No Domingo Vais à Missa".



Alberto Júlio - No Domingo Vais à Missa

domingo, 22 de maio de 2022

Tonicha - Terras de Garcia Lorca

 

Também a multifacetada Tonicha não passou incólume à canção de intervenção que proliferou após os 25 de Abril de 1974. E se nos tinha surpreendido com discos como o EP "4 Canções de Patxi Andion" de 1972, também é verdade que não aquele, a meu ver, o seu tipo de canção predileto. Diria que a canção ligeira, tipo "Menina" com que venceu o Festival da RTP da Canção em 1971, e a música folclórica por exemplo "Canções e Folclore", LP de 1973, se enquadravam melhor no seu perfil musical.

Assim entre trabalhos mais comercias e outros com preocupações qualitativas mais notórias publica em 1975 o LP "Canções de Abril" onde surgem temas novos, alguns com letra de Ary dos Santos, ou ainda uma versão de "Somos Livres" já aqui recordada no original de Ermelinda Duarte. Os arranjos e direcção ficaram entregues a Jorge Palma




"Terras de Garcia Lorca", a faixa que abria este álbum, tinha letra de Ary dos Santos e era uma homenagem a Frederico Garcia Lorca, poeta espanhol assassinado durante a Guerra Civil Espanhola (1936), lembre-se que em 1975 Espanha ainda vivia sob a ditadura franquista.



Tonicha - Terras de Garcia Lorca

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Fernando Tordo – Fado de Alcoentre

 

Praticamente ninguém da área da música popular e ligeira portuguesa ficou indiferente à situação político-social que o país viveu após o 25 de Abril de 1975  e fizeram refletir na sua música as vivências de então, ou seja a luta contra o fascismo, pela liberdade e por melhorias sociais que então se impunham. Fernando Tordo foi um deles.

Figura bem conhecida do público português, vinha já dos anos 60 do final do grupo de Pop-Rock os Sheiks e na sua carreira a solo toda a gente conhecia pelo menos "Cavalo à Solta" e "Tourada" dos Festivais da RTP da Canção respectivamente de 1971 (3º lugar) e 1973 (1º lugar). Os acontecimentos políticos do ano de 1975 foram dominantes em boa parte da produção musical nacional e logicamente na de Fernando Tordo. Um LP "Feito Cá P'ra Nós" e um EP com 4 fados testemunham isso mesmo.


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A música como veículo da contestação popular que se manifestava nas ruas contra os saudistas do passado, a favor de um mundo novo. No EP sobressaiu o "Fado de Alcoentre" na sequência da fuga de 89 Pides (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) da prisão de Alcoentre.



Fernando Tordo – Fado de Alcoentre

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Duarte Mendes - Madrugada

 

Duarte Mendes foi um cantor que se notabilizou nos anos 70 do século passado. Ficou particularmente conhecido pela sua assiduidade no Festival RTP da Canção no qual participou nos seguintes anos: 

- 1970 - "Então Dizia-te" - 9º lugar
- 1971 - "Adolescente" - 8º lugar
- 1972 - "Cidade Alheia" - 6º lugar
- 1973 - "Gente" - 3º lugar
- 1975 - "Madrugada" - 1º lugar

e ora aí está "Madrugada" a canção vencedora do Festival que fica como a proposta para hoje.


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Falhou a participação no Festival de 1974, provavelmente ocupado na preparação da revolução do 25 de Abril, não esquecer que Duarte Mendes foi um dos capitães de Abril.

"Madrugada" uma das canções mais interessantes que Portugal levou ao Festival da Eurovisão mas que não logrou ir além do 16º lugar. Com letra e música de José Luís Tinoco uma canção que pela sua qualidade merece ser recordada.



Duarte Mendes - Madrugada

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Carlos Cavalheiro – A Boca do Lobo

 

Para o hoje o 2º lugar do Festival RTP da Canção de 1975 e, como é lógico, mais uma canção marcada pelos novos tempos que Portugal vivia depois do 25 de Abril de 1974, trata-se de "A Boca do Lobo" na voz de Carlos Cavalheiro.

Carlos Cavalheiro era um nome desconhecido no meio da música popular dita de intervenção e só os mais atentos se lembrariam dele como vocalista do grupo de Rock, tipo Deep Purple, de nome Xarhanga e que ousaram gravar dois discos pequenos em 1973. Depois da passagem pelo Festival e da colaboração no mesmo ano com Júlio Pereira só voltaríamos a ouvir falar dele já nos anos 80, com o boom do Rock português, no grupo Alarme.




A canção "A Boca do Lobo" teve a autoria do Sérgio Godinho, esse nome grande da nossa melhor música popular já então bem conhecido com 3 álbuns editados. 1975 com a azáfama de concertos, de cariz popular e pouco profissional que então aconteciam um pouco por todo o lado, terá tirado tempo a Sérgio Godinho para a edição de qualquer disco em nome próprio mas aqui aparece, também ele, neste Festival.

Boa interpretação, música interessante e letra a condizer com os tempos, era "A Boca do Lobo".



Carlos Cavalheiro – A Boca do Lobo

terça-feira, 17 de maio de 2022

Paulo de Carvalho - Com Uma Arma, Com Uma Flor

Continuo no ano de 1975 com canções que por cá se fizeram e para o efeito estou a recordar algumas das canções que passaram pelo Festival RTP da Canção daquele ano, bem diferente dos festivais anteriores e onde a canção política foi dominante. Paulo de Carvalho foi um dos participantes e logo com duas canções "Memória" e "Com Uma Arma, Com Uma Flor" que se classificaram respectivamente em 4º e 3º lugar.

Duas canções interessantes, bem interpretadas como Paulo de Carvalho sempre nos habituou mas não suficientemente fortes para vencer o certame. As duas foram editadas no mesmo Single com "Memória" no lado B e "Com Uma Arma, Com Uma Flor" no lado A.




Recordo esta última, como disse muito bem interpretada numa bela canção composta pelo José Niza. Pena que seja uma canção muito pouco recordada, na realidade não ficou na nossa memória colectiva.



Paulo de Carvalho - Com Uma Arma, Com Uma Flor

segunda-feira, 16 de maio de 2022

José Mário Branco - Alerta!

 

Sendo  Festival RTP da Canção de 1975 o primeiro a realizar-se sem censura prévia e ao mesmo tempo imbuída do espírito profundamente revolucionário que então se vivia no país, o mesmo contou com a presença de um nome que se tornaria num dos maiores cantautores de sempre da canção portuguesa, José Mário Branco. Aliás tal já se vinha a revelar em trabalhos como "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" (1971) e "Margem de Certa Maneira" (1972).

No história da música popular portuguesa daquele período vai marcar lugar pela sua importância a formação GAC (Grupo de Acção Popular) impulsionada por José Mário Branco com a realização de inúmeros espectáculos pelo país fora e cujos primeiros discos gravados surgem exactamente em 1975 com a edição de vários Singles e o LP compilação "A Cantiga É Uma Arma".


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Entre eles consta a canção "Alerta!" que participou no Festival RTP da Canção e que ficou no meio da tabela ou seja 5º lugar. Canção de carácter panfletário do qual nem o José Mário Branco ficou imune, eis "Alerta!"



José Mário Branco - Alerta!

sábado, 14 de maio de 2022

Fernando Girão e Jorge Palma - O Pecado Capital

 

A música dita de intervenção tomou de assalto boa parte das canções que concorreram ao Festival da RTP da Canção de 1975, era o primeiro que se realizava em liberdade e no meio de um processo revolucionário eis a explicação.

Jorge Palma dava então os primeiros passos, tinha regressado após o 25 de Abril de 1975 da Dinamarca onde se encontrava exilado e retoma a sua actividade musical revelando-se para além de compositor e intérprete também como arranjador de muitos disco da época.

No referido Festival da Canção tem duas participações, uma solo com "Viagem" ontem recordada e outra em duo com o Fernando Girão com a canção "O Pecado Capital".


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Fernando Girão era oriundo do mundo do Rock onde era conhecido como "Very Nice" tendo no início da década ficado conhecido no grupo nortenho Pentágono do qual, julgo, não existem gravações.

Fica pois aqui a curiosidade do cruzamento destes dois nomes da música popular portuguesa com destinos bem diferentes. Ah! é verdade, ficaram num 7º lugar entre 10 concorrentes.



Fernando Girão/Jorge Palma - O Pecado Capital

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Jorge Palma - Viagem

 


Sintomático das alterações na música popular portuguesa no ano de 1975, decorrentes das alterações políticas e sociais que então operavam é o Festival RTP da Canção desse ano, o primeiro em liberdade, era já o 12º que se realizava.

Para além de alguns nomes que já vinham antes do 25 de Abril de 1974, alguns deles reciclados, como Paulo de Carvalho e Paco Bandeira, eis que surgem nomes como Jorge Palma e José Mário Branco. Recordemos algumas dessa canções.

Entre as 10 a concurso começo por escolher a que ficou classificada em 8º lugar, dava pelo nome de "Viagem" e a interpretá-la então um jovem quase desconhecido, Jorge Palma.


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"Viagem" uma canção que nunca mais se ouvir e cujo disco, Single, se encontra à venda em discogs.com por mais de 60€. Recorde-se.



Jorge Palma - Viagem

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Trio Zé Ferrugem - Zé Ferrugem

 

1975 foi propício à formação de grupos ocasionais que deram voz ao fulgor revolucionário que então se vivia. Alguns mesmo muito pontuais que não passaram de uma gravação, é o caso de hoje com o Trio Zé Ferrugem.

O Trio Zé Ferrugem resultou da vontade de Samuel, José Jorge Letria e Nuno Gomes dos Santos (este oriundo do grupo Intróito) de que resultou o álbum "Zé Ferrugem" tendo ainda João Paulo Guerra emprestado a voz na leitura de textos introdutórios.




O peso da situação política a levar os autores deste disco a fazerem música muito aquém daquilo que eles já tinham demonstrado saber fazer. Texto altamente politizados e melodias de fácil assimilação é o que fica deste álbum que até a capa faz jus à ideologia revolucionária então dominante.

Com uma sonoridade mais Pop aqui fica o início deste trabalho, precisamente "Zé Ferrugem".



Trio Zé Ferrugem - Zé Ferrugem

terça-feira, 10 de maio de 2022

Maria do Amparo e Carlos Alberto Moniz - Companheiro Vasco

 

Mais um exemplo da ligação mais extrema da música popular à situação política que se vivia em Portugal no ano ido de 1975. Mais uma canção revolucionária de qualidade muito fraca e que exaltava a continuação do processo revolucionário. Neste caso trata-se do duo formado pelo Carlos Alberto Moniz e pela sua esposa Maria do Amparo com vários discos de vinil de formato pequeno editados naquele ano. Um deles era composto pelas canções "Daqui O Povo Não Arranca Pé!" no lado A e no lado B "Companheiro Vasco".


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"Companheiro Vasco" é do mais desinteressante que se fez naquela época enaltecendo e dando força ao então 1º ministro Vasco Gonçalves no aprofundamento de medidas então tomadas como a reforma agrária e as nacionalizações. Letra fácil, música também para poder ser cantada em manifestações, aqui vai mais esta recordação. Prometo ir melhorando as recordações deste ano, mas não é fácil...



Maria do Amparo e Carlos Alberto Moniz - Companheiro Vasco

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Coro Popular «O Horizonte É Vermelho» - Honra A Ribeiro Santos

 O extremar da situação política no ano de 1975 reflectiu-se em todas as vertentes da sociedade, na música não foi excepção e são vários discos que tal o demonstram.

As forças políticas mais de esquerda todas elas procuraram de alguma forma influenciar o meio cultural português formando ou apoiando grupos musicais de cariz revolucionário que projetavam o ideário político nas suas canções, foram vários os grupos então formados, sendo o GAC, aquele que melhor desenvolveu a sua produção musical num conjunto de discos históricos e que são hoje bem demonstrativos daqueles tempos. O GAC fica para outro dia, hoje é a vez do Coro Popular «O Horizonte É Vermelho» conotado com o MRPP cujo primeiro disco data de 1975.


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Trata-se de um Single com duas canções "Honra A Ribeiro Santos" e "Vamos Lutar Pela Terra", sendo a primeira uma homenagem ao estudante Ribeiro Santos assinado pela PIDE em 1972 numa reunião de estudantes ocorrida no actual Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). 



Coro Popular «O Horizonte É Vermelho» - Honra A Ribeiro Santos

sábado, 7 de maio de 2022

José Barata Moura - Cravo Vermelho ao Peito

 

José Barata Moura, que iria progressivamente comprometer-se com a música infantil, também em 1975 iria deixar o seu testemunho do processo revolucionário que então se desenvolvia em Portugal.

Filósofo e escritor, José Barata Moura começou por ser conhecido e ficar conotado com a música de intervenção do início dos anos 70. Desses anos ficaram, para além da bem conhecida produção de canções para crianças, lembre-se por exemplo "Olha a Bola, Manel", canções como "Vamos Brincar à Caridadezinha", "Intelectualité" e também esta "Cravo Vermelho ao Peito".




Publicada em Single, com a canção "Hei-de Cantar" no lado B, "Cravo Vermelho ao Peito", com um arranjo bem popular e uma letra cheia de ironia, é mais um marca das muitas que o ano de 1975 nos deixou. Recordemo-la.



José Barata Moura - Cravo Vermelho ao Peito

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Grupo Coral dos Operários Mineiros de Aljustrel - Oh! Baleizão, Baleizão!

 

1975 assiste a uma participação popular anteriormente não vista da população portuguesa nas mais diversas áreas. Uma verdadeira explosão popular que se manifestou para além da acção política ou na sequência dela. 

É do Grupo Coral dos Operários Mineiros de Aljustrel para mais uma recordação das gravações musicais efectuadas no ano de 1975.

Foi publicado um álbum e um EP, são dele canções como o "Hino da Intersindical", "Avante" e a canção para hoje "Oh! Baleizão, Baleizão!"




"Oh! Baleizão, Baleizão!" é uma canção homenagem a Catarina Eufémia, verdadeiro símbolo da resistência anti-fascista, que somente com 26 anos foi assassinada pela GNR na sequência de uma greve de trabalhadores rurais ocorrida em 1954.



Grupo Coral dos Operários Mineiros de Aljustrel - Oh! Baleizão, Baleizão!

quinta-feira, 5 de maio de 2022

José Manuel Osório – Por Quem Sempre Combateu


Se é verdade que o Fado ficou muito ligado ao regime anterior ao 25 de Abril, em parte por uma maneira de cantar anquilosada e uma lírica passadista, também é verdade que algum Fado resistiu logo após a revolução, nomeadamente com alguns fadistas conotados com o PCP como é o caso de José Manuel Osório.

Já o recordei a propósito dos prémios da imprensa de música ligeira relativos a 1970, onde ele era destacado com o Prémio de Intérprete de Fado, precisamente "pela originalidade do estilo e por procurar libertar o fado de temas passadistas".


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É dele o álbum "por quem sempre combateu" gravado em 1975 com um conteúdo lírico vincadamente anti-fascista a evidenciar as preocupações sociais e políticas daquele ano.

Fica-se com o fado que dava título ao álbum, "por quem sempre combateu".





José Manuel Osório – Por Quem Sempre Combateu

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Luísa Basto - De Pé Ó Companheiro

 

De uma canção bem conhecida que foi "Somos Livres" da Ermelinda Duarte (pese o nome Ermelinda Duarte possa dizer pouco a maior parte das pessoas) para uma canção, ao que apurei de 1975, mas da qual não tenho memória, trata-se de "De Pé Ó Companheiro" na voz da Luísa Basto.

Luísa Basto é uma cantora portuguesa ligada ao PCP sendo dela a versão inicial do hino do Partido "Avante", composta pelo Luís Cília, gravada em Moscovo em 1967. Voltou a gravá-la em 1974 e 1981, terá sido a canção mais conhecida e muito ouvida em manifestações após o 25 de Abril.

São várias as suas gravações, quer em Single, EP, LP e CD, tendo interpretado poetas como  Eugénio de Andrade, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, Florbela Espanca, e António Aleixo. 




"De Pé Ó Companheiro" é uma canção da autoria da dupla Ary dos Santos e Fernando Tordo e é bem reveladora dos tempos que se viviam em 1975.



Luísa Basto - De Pé Ó Companheiro

terça-feira, 3 de maio de 2022

Ermelinda Duarte - Somos Livres

 

Começo hoje mais uma série de recordações dedicadas à música popular portuguesa, desta vez centradas no ano de 1975.

Foi um ano fértil em termos musicais. Claro que teremos que contextualizar e lembrar que aquele ano foi também ele fértil em acontecimentos sociais, vivíamos então o prolongamento da revolução do 25 de Abril do ano anterior, a radicalização da sociedade portuguesa era enorme e as forças de esquerda predominavam no país. Um país que viveu esperanças e desilusões de que a música popular fez eco, da mais ligeira à mais elaborada.

De um modo geral as letras eram de pendor social com apelos directos à mobilização popular e combate aos anos obscuros de que o país se livrava, relativamente fracas e as músicas associadas igualmente apelativas, fáceis de ficar no ouvido como convinha. Mas, mesmo assim, encontraremos um pouco de tudo, desde as que ficaram vincadamente marcadas pelos acontecimentos daquele ano, a novas propostas musicais que então agradavelmente despontavam.

Assim, sem qualquer filtro de gosto pessoal, aqui procurarei recordar ou dar a conhecer canções que, boa parte delas, fizeram parte do nosso quotidiano.


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Começo com uma das mais ouvidas, "Somos Livres" na interpretação da Ermelinda Duarte. 

Ermelinda Duarte, actriz e cantora, compôs e deu a voz para esta canção que exalta a liberdade conquistada com o 25 de Abril. A canção teve arranjos de José Cid e fazia parte da peça de teatro "Lisboa 72/74".

Julgo que a canção é ainda de 1974, mas a sua popularidade prolongou-se bem pelo ano de 1975.



Ermelinda Duarte - Somos Livres