1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso
Nico (1938-1988) foi uma extraordinária cantora de origem alemã que nos anos 60 fez parte do movimento underground novaiorquino liderado pelo artista Andy Warhol que a impôs no primeiro álbum dos The Velvet Underground de que foi produtor.
Depois do seu afastamento dos The Velvet Underground procurou encontrar o seu próprio estilo, "Foi durante este período que encontrei Jim Morrison e foi ele que finalmente me aconselhou a escrever as minhas próprias canções e a interpretá-las eu mesma, sozinha..." - em "Jim Morrison, para lá dos Doors" de Hervé Muller. Conselho seguido e eis "Chelsea Girl" (1967), "The Marble Index" (1968) e "Desertshore" (1970), este último já gravado no seu regresso à Europa. Participa em filmes de Philippe Garrel mas continua a actuar em público, em 1972 actua no Bataclan com John Cale e Lou Reed (" Le Bataclan '72", editado em 2004) e em 1974 no Rainbow Theater com Kevin Ayers, John Cale, Brian Eno ("June 1, 1974" de que já dei conta).
E chega-se assim a "The End..." o seu 4º álbum onde marcaram presença John Cale, o suspeito de costume, e ainda Phil Manzanera e Brian Eno que estava em todo o lado.
Edição em vinil do Reino Unido com a ref: ILPS 9311 |
Nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso "The End..." teve três estrelas e escreveu ele: "Nico, sempre produzida e acompanhada pelo génio distorcido de John Cale, torna-se cada vez mais prisioneira do seu castelo gótico, cantando o desfecho da humanidade e da beleza como uma invocação apaixonada à escuridão. É um romantismo doentio, sufocado pela poesia da sua angústia interior e Nico será o "anjo azul" dos anos 70. presidindo ao apocalipse como uma musa caída na desgraça, expulsa do paraíso de outrora. Ferozmente original, Nico nem sempre sabe conter a sua tendência para o exagero e não há dúvida que os seus álbuns mais emocionantes (mas menos perturbantes) datam da década anterior."
"The End" é no original uma canção dos The Doors com uma impressionante interpretação do grupo e de Jim Morrison em particular, a qual, pensava eu, não haveria alguém a querer interpretá-la pois seria insuperável. Surpresa minha, e boa surpresa, quando Nico resolveu inclui-la no seu reportório e gravá-la dando mesmo nome a este álbum.Nico - The End
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