Em tempos idos em que não havia liberdade de expressão e qualquer manifestação
de discordância com o regime era reprimida, a expressão artística não foi
excepção. A forma de contornar revelou várias facetas umas mais subtis que
outras, umas conseguindo "furar" a censura outras nem por isso. Algumas
revelando-se mais radicais mas musicalmente mais pobres ou mesmo muito pobres,
revelavam-se no exterior, em particular em França, e alguns discos chegavam cá e
eram distribuídos clandestinamente é o caso da escolha de hoje.
Tino Flores encontrava-se exilado em Paris e será lá que gravará os seus
discos. Em "Canta, Amigo, Canta" de João Carlos Callixto lê-se:
"Em todos eles tanto as letras como as músicas são de sua autoria, tendo sido bastante divulgadas composições como "Na Casa do
Operário", "Viva a Liberdade" ou "O Meu Amigo Está Preso", em que a
linguagem utilizada era acutilante e bem mais directa do que a da
generalidade dos cantores de protesto - o que se devia, sobremaneira, ao
facto de Tino Flores não ter de passar a sua criatividade pelo crivo da
censura."
É de 1972 o EP "Organizado o Povo É Invencível" onde constava "Na Casa do
Operário", mas também este "Passa o Tempo".
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