E na música popular portuguesa, como foi o ano? Ainda a viver-se um regime
opressivo que pretendia perpetuar tudo o que fosse caduco e redutor, averso,
portanto, à novidade e criatividade viesse ela donde viesse, nas artes também.
Mas o movimento de renovação que se vinha assistindo desde a década passada
nas mais variadas nuances da música popular, fosse ela a música dita ligeira,
o Pop. o Rock ou a música tida de intervenção que de uma forma mais evidente
afrontava o sistema fascista ainda vigente, continuava irresistivelmente a
desenvolver-se e a agradar a sectores cada vez mais largos da sociedade.
O ano de 1972 não teve o factor novidade que o ano anterior tinha tido (com o
surgimento de José Mário Branco e Sérgio Godinho), mas teve a confirmação e um
bom conjunto de discos que é agora possível recordar. Com alguma nostalgia,
apesar de tudo, pois tudo era mais simples, mais claro, evidente e adivinhava-se então que o regime não devia durar muito tempo, a dúvida era em que sentido, se a
abertura que se começava a verificar regredia ou se as forças democráticas
derrubariam o regime. Felizmente foi a democracia que venceu.
Quanto aos nomes e discos editados neste ano há-los para todos os gostos, fiz
uma selecção que independentemente do género e qualidade são significativos
deste ano. Começo com um nome pouco conhecido, António Braga.
https://www.discogs.com/ |
António Braga ou António Pedro Braga, conforme assinatura do primeiro ou
segundo disco publicados respectivamente em 1970 e 1972, foi um cantor de
intervenção tendo actuado, entre outros, com José Afonso e Adriano Correia de Oliveira em recitais junto da população estudantil e em associações
recreativas.
O Single de 1972 continha as canções: "Cavalo de Várias Cores" e "Caixinhas", esta última, com que ficamos, é uma versão de "Littles Boxes", bem conhecida na voz de Pete Seeger.
António Pedro Braga - Caixinhas
António Pedro Braga - Caixinhas
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