quarta-feira, 31 de julho de 2019

Weather Report - Birdland

Continuo em maré de memórias avulso, desta vez ficamos com Joe Zawinul.

Em Setembro de 2007 faleceu, tinha 75 anos quando o músico Joe Zawinul nos deixou. Zawinul não foi um nome conhecido do grande público, teve contudo, um percurso musical muito peculiar e deixou marcas relevantes na criação do som “Jazz de Fusão”, terá em lugar de destaque na história da música moderna. 

No início da década de 60, o músico austríaco faz parte do quinteto de Cannonball Adderley, terminando a década na companhia de Miles Davis e influenciando-o de forma determinante com o seu som eléctrico. Esta influência será notória no duplo álbum “Bitches Brew” de Miles Davis, uma referência obrigatória na fusão do Jazz e do Rock (procurei o CD e não o encontrei, ah! já sei, é a minha filha Ana que o tem. Está em boas mãos!) e em “In a Silent Way” onde assina o tema título. No início dos anos 70 forma, conjuntamente com Wayne Shorter, Miroslav Vitous e Jaco Pastorius, os Weather Report. O grupo terá um êxito significativo e a sua música reconhecida como a de maior sucesso na criação das sonoridades Jazz/Rock que despontavam na época. Ao Jazz ele juntou o piano eléctrico e os sintetizadores, ao Rock a improvisação típica do Jazz, a fórmula resultou e agradou a diferentes públicos. A popularidade maior foi atingida com o tema “Birdland” do álbum “Heavy Weather” de 1977.


https://www.zawinulonline.org


Em 1987 com o fim dos Weather Report forma o Zawinul Syndicate. Foi com esta formação que tive oportunidade de o ver em 2001, a 29 de Junho, no Coliseu do Porto num concerto seguro, maduro, mas talvez já sem a originalidade dos anos 70. Concerto conjunto com a nossa Maria João com quem ele faria diversos concertos.






Weather Report - Birdland

terça-feira, 30 de julho de 2019

June Tabor - The Band Played Waltzing Matilda

Mais algumas memórias soltas dão continuidade a estes Regresso ao Passado até interromper por alguns dias para umas merecidas férias.

A primeira recordação vai June Tabor.

Em 1978 falecia a minha cantora preferida de sempre, Sandy Denny, e um enorme vazio se me apoderou pois sabia da impossibilidade de alguma vez o ver superado. Ainda hoje, a minha paixão por Sandy Denny é incontornável e como esperava não mais encontrei alguém que preenche-se o espaço por ela deixado. À época procurei entre as vozes femininas que mais apreciava, Maddy Prior dos Steeleye Span, Jacqui McShee dos Pentangle (nas afinidades musicais mais próximas), Annie Haslam dos Renaissance, Sonja Kristina dos Curved Air, Grace Slick dos Jefferson Airplane (em afinidades bem mais remotas) uma sucedânea para a minha Sandy Denny, mas genericamente todas elas já estavam em fase descendente ou numa fase menos interessante das suas carreiras. Havia ainda a Joni Mitchell, mas essa já ocupava um lugar especial ao lado da Sandy Denny.

Até que um dia conheci um álbum designado “Silly Sisters”, de 1976, de um duo de música Folk que tomou o mesmo nome, formado pela Maddy Prior já referida e por uma tal June Tabor. E desde logo me prendeu a atenção a qualidade interpretativa desta última, então desconhecida para mim. Acompanhei, dada a sua pouca divulgação por cá, o mais perto que pude o percurso que June Tabor foi trilhando. Exímia interprete “a capella” foi ao longo dos anos abraçando vários estilos, do Folk tradicional, a standards de Jazz (mal recebidos pela crítica mais puritana) ou ainda ao Rock independente de uns The Velvet Underground ou Joy Division.


Edição em CD de 1989 com as ref: TSCD 298; TSCD298

A voz tornou-se progressivamente mais grave, mas sempre de uma pureza e integridade manifestas. Hoje, aos 71 anos é, para mim, a mais importante e bonita cantora Folk, ocupando, por especial valor, um lugar singular ao lado da Sandy Denny e Joni Mitchell. Ainda em 1976 grava o primeiro álbum a solo designado “Airs and Graces” e dele recupero a canção “The Band Played Waltzing Matilda”.
Escrita em 1971 por Eric Bogle tem como origem “Waltzing Matilda” do cancioneiro australiano do início do século XX. Ouçam então “The Band Played Waltzing Matilda” em silêncio de preferência, como diz a própria June Tabor: “O silêncio é tão importante como as notas”.




June Tabor - The Band Played Waltzing Matilda

 PS1: Na noite fria de 2 de Março de 1993, num Rivoli quase deserto, assisti a um concerto, belo e intimista, de June Tabor. Lembrei-me da Sandy Denny. Não a substituiu, mas ajudou a minorar o vazio por ela deixado.

PS2: Reproduzindo João Lisboa na crónica de 21 de Setembro de 2013, no Expresso: “Elvis Costello não se fica por meias palavras: “Se não gostam de escutar June Tabor, melhor seria que desistissem de ouvir música””

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Family - In My Own Time

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


"Family - Projectos e frustações", é o último artigo do nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e é sobre o grupo de Rock inglês Family.
Diga-se que quem não conhecesse os Family nada ganhou com a leitura deste texto que nada esclarece quanto ao estilo de música praticado, discografia editada, etc..

O artigo baseia-se numa banal entrevista ao multi-instrumentista John "Poli" Palmer entrado para o grupo em finais de 1969 e praticamente pode-se resumir ao texto introdutório:
"Os «Family» estão, actualmente, um pouco desorientados. Pretendem realizar um filme, este ano, e têm projectada uma digressão pela América. Todavia, as datas não estão ainda fixadas - o que os impede aceitar quaisquer outros compromissos."





Fica-se com a impressão que John "Poli" Palmer seria o líder do grupo quando na realidade tal papel ia directo para Roger Chapman possuidor de uma voz única e identificadora da sonoridade dos Family. O grupo praticava um Rock Progressivo com alguns laivos jazzisticos e  Folk também, possuíam aquando deste artigo 4 LP editados  e no meio da desorientação nele referida tiveram tempo de gravar e publicar o quinto álbum, "Fearless". A anteceder o álbum foi publicado o Single que lhes deu a maior projecção, "In My Own Time". "In My Own Time" teve passagem na nossa rádio e de "Fearless" lembro-me bem de o ver à venda nas discotecas da época.




Family - In My Own Time

domingo, 28 de julho de 2019

Elton John - Can I Put You On

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

"Elton John regressou feliz dos Estados Unidos" é o título para o artigo da página 13 do nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Fevereiro de 1971.
Regressado com sucesso dos Estados Unidos Elton John afirmava:"Acho que poderia retirar-me sem ter que me preocupar mais com problemas financeiros até ao fim da minha vida". Se em 1971 era verdade que dizer então actualmente tantos anos passados, tantos discos vendidos e tantas turnés realizadas.
Sim, Elton John teve uma carreira de sucesso quase permanente, mas, salvo uma excepção ou outra, o seu melhor esteve localizado num espaço de tempo relativamente curto. Para mim o período de eleição foi nos anos de 1970 e 1971. Excluindo "Empty Sky" primeiro registo de 1969, ainda em fase de definição, aqueles dois anos dão-nos cinco trabalhos todos eles maduros e do melhor que dele conheço.




Quando o artigo acima referido foi publicado (Fevereiro de 1971) a situação em termos de publicações era a seguinte:
"Elton John" e "Tumbleweed Connection" já estavam nos escaparates das discotecas e faziam as minhas delícias, ouvia-os avidamente. "Friends" a banda sonora do filme com o mesmo nome já estava gravada e seria publicada em 1971, também neste ano sairia "17-11-70", como o nome indicia a data de gravação ao vivo ocorrida nos Estados Unidos para uma transmissão radiofónica. Finalmente "Madman Across the Water", o quarto álbum de estúdio, surgiria ainda antes do final do ano.

De "17-11-70" escolho "Can I Put You On" tema que faria parte da belíssima banda sonora de "Friends"




Elton John - Can I Put You On

sábado, 27 de julho de 2019

Christie - Yellow River

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

Os Christie foram um grupo Pop britânico que obtiveram enorme sucesso no ano de 1970, depois esfumaram-se.

Apesar de terem durado até 1976 e pelos vistos a partir de 1990 até aos nossos dias, de acordo com a informação na wikipédia, onde se mantém Jeff Christie que dá o nome ao grupo, a realidade é que foi no ano de 1970 que se se tornaram conhecidos com duas canções que encheram as rádios naquele ano, respectivamente "Yellow River" e "San Bernadino", mais a primeira que a segunda.





"Yellow River" está entre as canções mais comercias que me lembro, já o achava em 1970 e a passagem do tempo não me fez mudar de ideias, é extremamente comercial, ritmo fácil e mais fácil ainda é de a cantarolar. Para os menos novos recuemos ao Verão de 1970 e fiquem a conhecer "Yellow River".




Christie - Yellow River

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Deep Purple - Child In Time

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


Na sequência de um pequeno artigo, também deste nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", onde se manifestava a falta de salas com condições para a actuação de grupos como os Led Zeppelin e os Ten Years After, mais um pequeno texto agora intitulado "Deep Purple: Recusa-se a actuar em França depois do incêndio de Grenoble" noticiava a falta de salas em França para a actuação dos Deep Purple.
O referido incêndio aconteceu numa discoteca a 1 de Novembro de 1970 e vitimou 146 jovens com menos de 27 anos, tendo a origem do incêndio ficado até hoje desconhecida.




Os Deep Purple em digressão em França cancelaram uma série de concertos alegando falta de segurança, "Actuamos em clubes onde se encontravam 2000 jovens, e que mais pareciam latas de conservas.", afirmava John Lord o conhecido organista dos Deep Purple.

Depois do álbum ao vivo "Concerto for Group and Orchestra", publicado em finais de 1969, o álbum que os iria consagrar definitivamente foi "Deep Purple In Rock" e marcava para muitos a melhor formação dos Deep Purple (Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord, Ian Paice). Neste álbum destaco "Child In Time" com os seus mais de 10 minutos.




Deep Purple - Child In Time

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Johnny Winter - Guess I'll Go Away

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


Uma pequena notícia intitulada "Johnny Winter pela 1ª vez em Londres" anunciava a primeira digressão de Johnny Winter por Inglaterra a terminar em 23 de Fevereiro no Royal Albert Hall.
Uma pesquisa na net leva-me a descobrir que Johnny Winter actuou em Londres, precisamente no Royal Albert Hall, a 17 de Abril de 1970, havendo inclusive um DVD e CD do concerto, pelo que pelo menos o título não estará correcto.




Johnny Winter (1944-2014) foi um música norte-americano de Blues-Rock com particular relevo no final dos anos 60 e anos 70. Destacou-se então a formação que tomou a designação de Johnny Winter And e que foi a que se deslocou a Inglaterra em 1971.
A primeira composição que conheci de Johnny Winter pertencia ao álbum "Johnny Winter And" de 1970 e era a faixa de abertura "Guess I'll Go Away", já lá vão pois quase 50 anos. É um tema bem característico do Blues-Rock por ele então praticado.




Johnny Winter - Guess I'll Go Away

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Paul McCartney - Another Day

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


Continuo a lembrar o nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que viu a luz do dia em Fevereiro de 1971. Na página 10 encontro o artigo que hoje recupero, intitula-se "A TV Britânica Despreza a Música Pop?" e dava-nos uma perspectiva da situação dos programas musicais na televisão inglesa.
Convido-vos a ler este artigo onde se manifesta o descontentamento pelo "quase desprezo da televisão inglesa pelos gostos de uma enorme camada de público" e da pouca importância dada à música Pop. Para além de programas de autor como os de Tom Jones e Lulu são referidos o "Disco 2" e o bem conhecido "Top Of The Pops".





"Top Of The Pops" foi durante muitos anos (1964 a 2006 segundo a wikipédia) o programa mais conhecido por onde passavam as canções que mais se destacavam nas tabelas de venda, pelo que se pode facilmente imaginar quão eclético era o programa.

Eis algumas das passagens no programa de 25 de Fevereiro de 1971:

Atomic Rooster – Tomorrow Night
Ray Stevens – Can We Get To That
The Mixtures – The Pushbike Song
Lynn Anderson – Rose Garden
The Showstoppers – Ain’t Nothin’ But A Houseparty
Perry Como – It’s Impossible
Chairmen Of The Board – Everything’s Tuesday
Dana – Who Put The Lights Out
The Four Seasons – Let’s Hang On; Medley
Paul McCartney – Another Day
George Harrison – My Sweet Lord

George Harrison ocupava o primeiro lugar com o seu "My Sweet Lord", já Paul McCartney com "Another Day", que tinha acabado de ser editada, posicionava-se em 24º lugar.

Entre o primeiro LP a solo "McCartney" (1970) e o segundo "Ram" (1971) encontrava-se este Single "Another Day" a fazer-me crer que o melhor Paul McCartney iria continuar na era pós-Beatles.




Paul McCartney - Another Day

terça-feira, 23 de julho de 2019

Fernando Tordo - Cavalo à Solta

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

A crítica mais exigente manifestou-se claramente desfavoravelmente ao Festival RTP da Canção ou como também era designado neste caso o VIII Grande Prémio TV da Canção. O jornal "DISCO MÚSICA & MODA" fazia, nas suas páginas centrais, o rescaldo do Festival em dois artigos intitulados respectivamente "A Festa Acabou" e "Duas Notas Salutares". Neste último, Tito Lívio termina dizendo: "As ovações que distinguiram Maria Betânia e, por contrate, a pateada que acolheu a canção vencedora do Festival - sinal de um público defraudado e, apesar de tudo, possuidor de razoável espírito crítico - foram as únicas notas salutares e inconformistas, num Grande Prémio solene, pomposo, acomodadiço, decepcionante e... moribundo, a continuar o actual sistema de votação dos júris regionais."







A excepção, em termos de concorrentes ao Festival, parece que ia para o Fernando Tordo com o seu "Cavalo à Solta" ao afirmar-se no texto "A Festa Acabou": "Depois Fernando Tordo. Merecendo melhor sorte, melhor compreensão. Um belo poema de Ary-poeta sério, extraordinariamente bem defendido. Como um fado falado, num perfeito equilíbrio de melodia, poema e interpretação. Até que enfim!".

Fernando Tordo ficaria pelo 3º lugar, mas foi a melhor canção do Festival que ainda hoje se ouve muito. A ela volto então, "Cavalo à Solta"




Fernando Tordo - Cavalo à Solta

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Maria Bethânia - Rosa dos Ventos

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

As páginas centrais deste nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" fazia o rescaldo do Festival RTP da Canção realizado a 11 de Fevereiro. Numa apreciação muito crítica... o melhor estava em Maria Bethânia convidada para actuação depois do desfile dos 9 concorrentes.

"Maria Betânia foi a maior atracção, entre as que a RTP apresentou em fim de festa, no seu Grande Prémio-1971.", afirmava-se em artigo com o título polémico "Maria Betânia: «Os festivais são um lixo...»".





No Brasil tinha afirmado que achava "os festivais um lixo" o que confirmou em Portugal "embora não me importe de participar como artista convidada, como é o caso".
Musicalmente diz-se «ferrenha» de Billie Holiday e admiradora do irmão e de Roberto Carlos e a sua passagem por Portugal servia para lançamento de novo disco onde constavam as canções "Jesus Cristo" e "Rosa dos Ventos". A primeira é de Roberto Carlos a segunda de Chico Buarque, "Rosa dos Ventos" é a escolha para hoje.




Maria Bethânia - Rosa dos Ventos

PS:
No texto é dito que Maria Bethânia tinha vindo do Brasil com o seu irmão Caetano Veloso. Curioso, pensava eu que Caetano Veloso se encontrava em exílio em Inglaterra e só tinha voltado ao Brasil em 1972. Descubro agora houve um acordo com o regime e que permitiu a Caetano Veloso estar em 1971 um mês no Brasil, pelo que afinal faz todo o sentido o texto deste artigo.

domingo, 21 de julho de 2019

Mary Hopkin - Think About Your Children

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

O sucesso de Mary Hopkin esteve centrado nos anos de 1968 a 1970, com os êxitos que foram primeiro "Those Were the Days" (1968) e depois "Knock, Knock Who's There?", segundo lugar no Festival da Canção da Eurovisão de 1970.

Era, pois, ainda bastante conhecida quando o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publica, no seu nº 2 em Fevereiro de 1971, uma entrevista com a Mary Hopkin enquanto comia o seu bife tártaro.





Na entrevista é referida por várias vezes a canção "Think About Your Children" que era então o seu mais recente Single de que ela gostava particularmente e considerava "... importante pela mensagem que contém". "Think About Your Children" é a recordação de hoje.

Mantém-se ainda hoje em actividade mas merecia ter tido uma carreira que explorasse outros caminhos e que tirasse melhor partido da bonita voz que possuía.




Mary Hopkin - Think About Your Children

sábado, 20 de julho de 2019

Melanie - Carolina In My Mind

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

Aos poucos e poucos cá vou eu recordando Melanie que eu tanto apreciava pelo forma diferente, achava eu, do usual que ela imprimia na interpretações das suas canções. Sim, gostava da Melanie, a Melanie Safka, dos finais dos anos 60, primeira metade dos anos 70, tinha uma voz inconfundível e uma capacidade interpretativa que me agradava particularmente. Não resistia a algumas das suas canções, como por exemplo: "Lay Down", "Beautiful People", "Ruby Tuesday", já anteriormente aqui recordadas, e também "Peace Will Come", "Brand New Key" ou ainda "What Have They Done to My Song Ma".




Neste nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicado em Fevereiro de 1971 trazia a letra de duas canções do então mais recente álbum de Melanie, "Candles In The Rain", o terceiro e o que por cá maior notoriedade teve. As canções eram "Carolina In My Mind" e "Lay Down".

"Carolina In My Mind" é um original de James Taylor, agora numa bela versão da Melanie da minha juventude.




Melanie - Carolina In My Mind

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Don Fardon - Indian Reservation

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


"Indian Reservation" é um original de 1959 na voz de Marvin Rainwater e tinha a designação de "The Pale Faced Indian". Foi praticamente ignorada até que Don Fardon a retomou, agora como "Indian Reservation". A história está o artigo que agora recupero e que fazia parte do nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de 1971, erradamente fica-se com a ideia de que é um original de Don Fardon.







Don Fardon é um cantor Pop inglês que teve algum sucesso no final dos anos 60, início dos anos 70, tendo o seu maior êxito sido precisamente este "Indian Reservation" que pelos vistos, em Inglaterra, teve dificuldade em se impor. Recordo hoje, então, esta canção na voz de Don Fardon, não sendo, no entanto, a versão que me lembrava melhor, essa ia para Paul Revere & The Raiders que em 1971 alcançaram o 1º lugar do Top norte-americano.




Don Fardon - Indian Reservation

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Albert Ayler - Music Is The Healing Force Of The Universe

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


A página dedicada ao Jazz trazia neste nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", para além do pequeno artigo dedicado a Quincy Jones, que motivou o Regresso ao Passado de ontem, espaço para "Os melhores do Jazz na opinião da crítica" e um artigo sobre Albert Ayler "A música era a sua religião", que serve de pretexto para agora o recordar. Este artigo lembra os concertos dados por Albert Ayler na Fundação Maeght em França alguns meses antes da sua morte.





Socorrendo-me novamente do livro "Os Grandes Criadores de Jazz" no texto "O free-som da liberdade" relativo ao Free-Jazz aqui ficam algumas notas sobre  Albert Ayler:
"Albert Ayler (1936-1970) terá sido, em menos de dez anos, a voz mais lancinante e fulgurante desta corrente. Profundamente marcado pelo gospel e pelas fanfarras religiosas da sua infância, iniciou-se verdadeiramente como saxofonista aos dezasseis anos, ao lado do grande harmonicista de blues, Little Water. Cria amizade com Cecil Taylor, depois com Coltrane, grava com Don Cherry, Gary Peacock, etc. O seu enorme vibrato, as suas citações aparentemente incongruentes (hinos, canções infantis, melodias mexicanas...) e mais ainda a sua religiosidade demonstrativa, desconcertam o público e a crítica americanos. A sua música é de um sinceridade desvairada e, mais do que ingénua, seria preciso qualificá-la de arte bruta. Aos seus contemporâneos, ela pareceu mesmo brutal, tanto mais que era como uma vertente árida de uma montanha em que Jimmie Hendrix ocupava a outra face. Ambos teriam um destino semelhante: alguns meses após os seus últimos grandes concertos (na Fundação Maeght), o cadáver de Ayler foi encontrado em East River, a 25 de Novembro de 1970."


O último álbum publicado em vida foi "Music Is the Healing Force of the Universe" no ano de 1969 e é dele o tema com o mesmo nome que se segue:




Albert Ayler - Music Is The Healing Force Of The Universe

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Quincy Jones - Bridge Over Troubled Water

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


No livro "Os Grandes Criadores de Jazz" o nome de Quincy Jones é por várias vezes referido: como orquestrador de Frank Sinatra no texto "Dos Crooners aos virtuosos" e de Aretha Franklin em "As vozes sagradas", no texto "Do funk ao rap" a certa altura ele é mencionado a propósito dos sucessos mundiais de Michael Jackson "Off The Wall" e "Thriller" que "...popularizam o funk sob uma forma muito sofisticada pelas orquestrações nervosas e coloridas de Quincy Jones, verdadeiro demiurgo de um jazz-funk que ele prefigurou dez anos mais cedo."
É ainda referido no texto sobre Toots Thielemans quando este "...começa a colaborar com Quincy Jones, de quem se torna o solista favorito...", e em "Big bands bop...", onde ficamos a saber que "sob a direcção musical de Quincy Jones" a orquestra de Dizzy Gillespie efectuou digressão em 1956, 1957 ao Médio Oriente e América do Sul. Finalmente na caixa no final do texto ""Quando se compõe, tudo se arranja..." Quincy Jones é indicado como um dos grandes «criadores» como produtor e é a seguinte a descrição:
"Quincy Jones (1933), trompetista, é, seguramente, o mais mais célebre dos arranjadores e dos produtores provenientes do Jazz. Começou nas big bands de Hampton e de Gillespie, antes de se instalar em Paris no final dos anos 50. Aluno de Nadia Boulanger, arranjador principal da Barclay, orquestrou o primeiro disco dos «Double Six» de Mimi Perrin (1959). Director musical dos discos Mercury, escreveu para Sarah Vaughan, Billy Eckstine, Sinatra, Basie, Ray Charles. Amigo íntimo deste último, desliza progressivamente, tal como ele, do jazz para a soul music: o seu nome torna-se uma garantia de sucesso nas capas dos discos, logo abaixo dos de Roberta Flack, Aretha Franklin, Al Jarreau e, sobretudo de Michael Jackson, de quem se torna mentor. O seu nome depressa simboliza essa revolução tranquila que muda profundamente o destino da música popular: a electrónica submete o acústico, o estúdio adquire primazia sobre a orquestra e o trabalho do arranjador confunde-se cada vez mais com o do produtor - confusão que faz aliás toda a originalidade dos seus próprios álbuns, obras de gastrónomo amorosamente preparadas à base de ingredientes que vão do gospel mais puro às «violinadas» mais ornamentadas..."


Agora sim o artigo que vinha no nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" em Fevereiro de 1971, na página dedicada ao Jazz, "Para Quincy Jones o Jazz é um estilo de vida"






À data, o álbum mais recente de Quincy Jones era "Gula Matari", do ano anterior, que começava com esta versão de "Bridge Over Troubled Water".




Quincy Jones - Bridge Over Troubled Water

terça-feira, 16 de julho de 2019

Bee Gees - Morning of My Life

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


A página 5 do nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que estou a recordar era composta por 2 artigos "4 Conjuntos 3 Decepções" e "Bee Gees: Um caso espantoso de imaginação criadora".
No primeiro refere-se alguns concertos de música Pop-Rock que então começavam a despontar em Portugal, a desilusão dos Mungo Jerry (grande sucesso no ano anterior com "In the Summertime", de Paul Brett Sage, na primeira parte dos Mungo Jerry e ainda The Foundations já por mim recordados nas canções "Baby, I Coudn't See" e "In The Bad Bad Old Day". A surpresa ia para um agrupamento de nome Explosion II dos quais não consegui qualquer informação, alguém a tem?

O segundo artigo dá azo a mais uma recordação para os Bee Gees.




"O que é que Barbara Streisand e Elvis Presley têm de comum com Sérgio Mendes, Tom Jones, Brenda Lee, Frank Sinatra, Vicki Carr, Janis Joplin e Engelbert Humperdink.? Não sabem? Pois a resposta é simples: Bee Gees.", assim começava este artigo.

A gozar, nesta altura, de muito prestígio, ficamos a saber que os Bee Gees tinham à data composto mais de 1500 canções algumas das quais objecto de inúmeras versões, como "Words", "To Love Somebody" (ambas já aqui recordadas) e "Morning of My Life", esta última escrita em 1965 por Barry Gibb como "In the Morning".

A nova versão que ficou conhecida como "Morning of My Life" e fazia parte da banda sonora do filme "Melody" tendo sido publicada em 1971.




Bee Gees - Morning of My Life

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Joe Cocker - The Letter

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

Tenho boas memórias de quando descobri Joe Cocker e conheci os seus primeiros registos. Interpretações como as de "With a Little Help from My Friends", "She Came in Through the Bathroom Window" e "Something" (todas dos The Beatles) não mais se esquecem, mas também "Feelin' Alright" dos Traffic ou ainda "The Letter" que tanto apreciava.

"Joe Cocker - O branco que canta com a voz de um negro" era o título do artigo que era publicado no nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Fevereiro de 1971 e que começava assim:
"Joe Cocker tem a voz de um negro cantor de «blues» de meia idade. Mas porque é branco, está classificado na categoria dos cantores de «rock and roll». Para muitos, é mesmo o melhor cantor de «rock'n roll» desde Elvis Presley".







Depois ficávamos a saber o percurso deste cantor inglês, falecido em 2014, até ao 3º álbum, o duplo ao vivo "Mad Dogs & Englishmen", para mim, o melhor trabalho que nos deixou. Sucesso em 1967 pelo grupo The Box Tops, "The Letter", na versão de Joe Cocker e pertencente a este álbum, terá sido aquela que, na época, mais me impressionou e fiquei rendido a Joe Cocker.




Joe Cocker - The Letter

domingo, 14 de julho de 2019

Emerson, Lake and Palmer - Take a Pebble

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

Para além de uma pequena caixa referente a Edwin Hawkins e da outra relativa à falta de salas para os Led Zeppelin e Ten Years After, tendo esta última motivo para o Regresso ao Passado de ontem, os dois principais artigos da página 4 do nº 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" iam para os Emerson, Lake & Palmer e para Joe Cocker.

O texto relativo aos Emerson, Lake & Palmer dá-nos a conhecer o processo da formação deste célebre trio do Rock mais progressivo dos anos 70.
Keith Emerson porque achava que The Nice tinha alcançado o seu limite, Greg Lake desejava sair dos King Crimson. Os dois conheceram-se quando os respectivos grupos actuaram em S. Francisco em Dezembro de 1969, teclas, voz e guitarras estava resolvido, faltava um baterista. Carl Palmer dos Atomic Rooster é então convidado e, após resistência inicial, acaba por ceder e completar o grupo que ficou conhecido pelos seus nomes, Emerson, Lake & Palmer.




Tornam-se conhecidos, mesmo antes da edição do primeiro LP, através da actuação, em Agosto de 1970, no famoso Festival da ilha de Wight. O LP surge no final do ano. "Emerson, Lake & Palmer" é o disco que eu sempre mais apreciei da discografia deste grupo cuja primeira fase terminaria no final da década de 70.
"Take a Pebble" estava entre as minhas preferidas.




Emerson, Lake and Palmer - Take a  Pebble

sábado, 13 de julho de 2019

Led Zeppelin - Gallows Pope

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


Tanto quanto consegui apurar os Led Zeppelin actuaram no Royal Albert Hall duas vezes, a 29 de Junho de 1969 e 9 de Janeiro de 1970. Em pequena notícia do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ,no seu nº 2 de Fevereiro de 1971, referia-se que estava "comprometida a apresentação dos Led Zeppelin no Royal Albert Hall", o que pelos vistos não se concretizou.
O motivo seria os "desmandos por parte do público" em actuações anteriores, cuja realidade era extensiva aos Ten Years After.







Se os distúrbios eram uma realidade, penso que também a necessidade de arranjar espaços cada vez maiores face à crescente popularidade de diversos grupos também o era, e, rapidamente, os estádios de futebol passaram a ser o palco para actuação de grupos de que os Led Zeppelin eram um bom exemplo.

À data os Led Zeppelin tinham 3 álbuns publicados, o último dos quais, "Led Zeppelin III", tinha surgido no final do ano anterior e gozava então de forte reconhecimento por parte da crítica e do público. É ainda hoje o meu disco preferido dos Led Zeppelin, menos Hard que os anteriores, mais eclético e diversificado com influências Folk, era um disco bastante original.

Escolho "Gallows Pole", um tradicional, que já lembrei na versão de 1939 de Lead Belly agora na versão moderna dos Led Zeppelin.




Led Zeppelin - Gallows Pope

sexta-feira, 12 de julho de 2019

The Equals - Black Skin Blues Eyed Boys

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


Ainda na página 2 referência ao artigo sobre o grupo britânico The Equals intitulado "Equals: «As Apatias Também se Curam».

Conhecidos como sendo dos primeiros grupos inter-raciais britânicos o que se estendia não só à sonoridade do grupo como às letras das canções, por exemplo a canção de hoje com a designação "Black Skin Blues Eyed Boys", o sucesso dos The Equals decorreu de 1966 a 1970. Neste artigo Eddie Grant, líder do grupo, manifestava a intenção de um abordagem menos comercial e afirmava:
"Não nos interessa vender discos menosprezando a qualidade, até porque sentimos, cada vez mais, a urgência de criar uma comunidade racial entre brancos e negros.»
O tema de hoje persegue essa intenção o que é explicado no referido artigo.








The Equals serão sempre recordados pelo sucesso da canção "Baby Come Back" do ano de 1968, êxito que não foi mais igualado. Menos comercial, mais interessante, com um ritmo Funk que então se desenvolvia, segue "Black Skin Blues Eyed Boys" para recordar bailes de casa (garagem) de outros tempos.




The Equals - Black Skin Blues Eyed Boys

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Tremeloes - Me and My Life

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971

Na 2ª página do jornal encontrava-se o habitual "Top 20" com os vinte Singles e os dez álbuns mais vendidos em Portugal e ainda o Top 10 de Singles na Grã-Bretanha e EUA.
Dê-se uma olhadela e note-se a qualidade genérica dos álbuns onde José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Padre Fanhais ocupavam lugar. Nos Singles, à semelhança da Grã-Bretanha, "My Sweet Lord" de George Harrison ocupava o primeiro lugar, logo seguido pelo Paulo de Carvalho com o seu "Walk On the Grass". Já recordei os dois, por isso hoje vou para o 3º lugar ocupado pelos The Tremeloes e o êxito que foi "Me and My Life".





The Tremeloes, grupo Pop dos anos 60, inesquecíveis pelo sucesso que tiveram em 1967 com "Silence Is Golden", tiveram em "Me and My Life" a última canção a chegar aos Top 10. Pessoalmente não mais ouvi falar do grupo pese terem continuado com gravações nos anos 70 e 80.

"Me and My Life", cujo início me faz recordar o início do programa de rádio "Página Um" ou seja a música "Page One" dos portuenses Pop Five Music Incorporated. Lembro-me muito bem dela, foi o último êxito do grupo.




Tremeloes - Me and My Life

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Duarte Mendes - Adolescente

DISCO MÚSICA & MODA, nº 2 de Fevereiro de 1971


15 de Fevereiro de 1971, é a data da publicação do 2º número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA". Periodicidade quinzenal era obra naquele tempo, mas mostra bem a apetência que começava a existir na juventude portuguesa no consumo de jornais com informação sobre a música popular de então e, neste caso, também nas tendências da moda.

Começo hoje a recordação deste nº 2 começando pela capa onde o destaque maior ia para o VIII Grande Prémio TV da Canção que tinha sido ganho pela Tonicha com a canção "Menina", destaque ainda para os Bee Gees "O Conjunto mais produtivo depois dos Beatles", para uma entrevista com a Mary Hopkin e também para a entrevista ao conhecido jornalista João Paulo Guerra sob o título "Tudo o que é chato é reaccionário".



O símbolo do "Zip-Zip" e depois da respectiva editora fonográfica congratulava-se, na página 11, com a vitória no Festival ...





e a "Philips", na página 16, agradecia aos autores e intérpretes de "Cavalo à Solta" e "Adolescente" pelas suas prestações no mesmo Festival.




A secção da moda destaca a morte de Coco Chanel e a moda vinda de Londres.




Musicalmente começo com Duarte Mendes a "Maior Surpresa" de acordo com as escolhas feitas pelo jornal, ler artigo "A Nossa Votação".




Duarte Mendes - Adolescente

terça-feira, 9 de julho de 2019

Edmundo Falé - Born On The Riverside

Nasceu no Porto, mas é em Lisboa que vai ser um dos fundadores do conjunto Ié-Ié Ekos, passa ainda pelo Conjunto Mistério e Sindicato e, recorda em “Bibliografia do Ié-Ié”:
“Foi nesta banda, no Sindicato, que, juntamente com Jorge Palma, Vítor Mamede, Júlio Gomes, Rão Kyao, Luís Pereira e outros, vivi um dos momentos mais altos da minha carreira, a participação no Festival de Vilar de Mouros então denominado o «Woodstock Português»”.

Era o Edmundo Falé, que já aqui evoquei na canção “Big Brother Joe” e "Estou Tão Só". Não chegou a gravar em nenhum dos conjuntos por onde passou, só a solo é que nos deixou registos daquela época. Depois de em 1965 ter gravado o 1º EP, por sinal fraco, é já na década de 70 que volta às gravações pela mão do José Cid. Naquela fase do José Cid de “gravar tudo com toda a gente” (José Cheta, Tonicha, José Jorge Letria, Simone, Mini-Pop, Frei Hermano da Câmara, etc.) surgem, em 1972, os dois Singles de Edmundo Falé.





Depois de “Big Brother Joe”, mas menos bem conseguida, foi a vez de “Born On The Riverside”. Com arranjos e direcção musical do Quarteto 1111 segue a canção “Born On The Riverside”, autoria do José Cid, interpretação de Edmundo Falé.




Edmundo Falé - Born On The Riverside

segunda-feira, 8 de julho de 2019

António Macedo - Baila, Baila, Rapariga

“António Macedo nasceu em Massarelos, Porto, a 26 de Fevereiro de 1946.
Faleceu na mesma cidade em 14 de Junho de 1999. Autor, intérprete e compositor, muito activo como cantor de intervenção durante os anos 70, mas sobretudo antes da revolução. António Macedo rapidamente se desiludiu. Autodidacta, acompanhava-se a si próprio à viola. Cantautor, por excelência, protagonizou uma das canções mais emblemáticas do canto de intervenção Erguer a voz e cantar, que ficou conhecida como “Canta, Amigo, Canta”. Passou a infância entre o Porto e Braga e em meados de 60 veio para Lisboa onde se licenciou em Germânicas.” - Em “Canto de Intervenção 1960-1974” de Eduardo M. Raposo.

Deixou uma discografia curta, um EP e cinco Single, mas muito interessante. Lembrando-me bem de ouvir algumas das canções na rádio, em concreto no programa da Rádio Renascença "Página Um".

Na contra-capa do Single que continha “O Casamento da Menina Manuela” lia-se:
"O principal valor de uso das canções de António Macedo será talvez o seu poder de intervenção no quotidiano: a possibilidade da sua presença na ausência de toda a encenação espectacular, num local sem privilégio ou uma hora sem data.
O que caracteriza as suas canções é a utilização dos signos mais comuns de um quotidiano que todos conhecemos bem demais, na produção de um sentido contrário ao do sistema (dominante). Trat-se de fazer da canção uma fala (mais do que uma escrita) de ruptura.
Esta é uma forma das diferenças fundamentais entre a canção e o poema ( em sentido estrito) podemos encontrá-la explorando a fundo as suas virtualidades numa canção como «o Casamento da menina Manuela». Quem o oiça compreenderá melhor como pode ser um começo de festa até o desmascarar dos negócios que se escondem as aparências dela.", assina Miguel Serras Pereira.





Do mesmo Single de “O Casamento da Menina Manuela” , estávamos no ano de 1972, segue a canção “”Baila, Baila, Rapariga”. Aqui fica mais uma bela recordação de António Macedo.




António Macedo - Baila, Baila, Rapariga

domingo, 7 de julho de 2019

Tino Flores - Viva a Liberdade

Em 1973 encontrava-me em Coimbra na Faculdade de Ciências e as evidências de
perseguição e censura eram bem maiores do que na minha terra natal, Ovar. De facto no nosso país não só na política mas em todas as áreas de actividade, o cinema e a música não eram excepção, a repressão fazia-se sentir.
Muitos filmes eram censurados com cortes ou então simplesmente por cá não passavam. Foi, por exemplo, o caso de “O Couraçado de Potenkim” do cineasta Serguei Einsenstein, o qual tive oportunidade de ver em sessões clandestinas organizadas, em Coimbra, pelo José Lamego (ex-deputado do PS, então militante do MRPP).
Na música são múltiplos os exemplos que se podem dar da censura praticada a múltiplos músicos proibidos de exercer a sua actividade de forma totalmente livre. Mas, genericamente, lá se ia conseguindo ouvir, entre outros, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho ou José Mário Branco; Tino Flores era de todo impossível de ouvir na rádio.






Os EP “Viva a Revolução” (1971) (encontrava-se a 50€ na internet), “Organizado o Povo é Invencível” (1972) e "O Povo em Armas Esmagará a Burguesia" circulavam secretamente, em Coimbra, de mão em mão. Tudo isto foi há mais de 45 anos. Para recordação aqui vai, de 1973, “Viva a Liberdade” que consegui recuperar algures na net.




Tino Flores - Viva a Liberdade

sábado, 6 de julho de 2019

José Cid - Todas Las Aves do Mundo

José Cid teima em não deixar definitivamente a música, continuando regularmente a animar festas e a encher Coliseus.
José Cid representa, actualmente, o que há de mais popularucho na música popular portuguesa, está ao nível de um Tony Carreira ou outros do mesmo género. Na realidade, o período mais relevante que teve foi de 1967 a 1970 com o Quarteto 1111 e a bela balada “A lenda de El-Rei D. Sebastião” ou o excelente “João Nada”. Aí sim teve um importante papel no surgimento na nova música portuguesa então em desenvolvimento. Com o fim do Quarteto 1111 a sua carreira pautou-se progressivamente pela mediocridade, sendo grande o rol de canções que o atestam: “Uma rosa que te dei”, “Ontem, hoje e amanhã”, “Na cabana junto à praia”, “Como o macaco gosta da banana”, etc., etc., etc.
E o curioso é ele julgar-se o dinossauro do Rock português comparando-se ao francês Johnny Halliday, ele que afirmava em 2007 na Semana Académica do Algarve: “Não me mandem cuecas para o palco, eu não sou o Tony Carreira”. Eis algumas frases dele que atestam o seu nível actual: “Se Elton John tivesse nascido na Chamusca, não teria tido tanto êxito como eu.” “Se o Rui Veloso é o pai do Rock português, eu sou a mãe.” “Gostava que não reparassem só no mau (…). De qualquer forma, o meu pior é muito melhor do que o melhor do Tony Carreira.” (frases retiradas da Wikipédia).
Está tudo dito. Mas, sublinho novamente, José Cid não navegou somente por estas águas estagnadas. Quer ao nível da composição, não esquecer que foi a única excepção feita pelo excelente programa de rádio ”Em Órbita” nos anos 60, ao passar no crivo da exigente escolha musical, um tema de música portuguesa, precisamente “A lenda de El-Rei D. Sebastião”, quer na posição crítica que tinha em relação à situação musical portuguesa e anglo-saxónica dominante nessa época. Veja-se o que ele próprio escrevia no nº 13 da revista “mundo da canção” de Dezembro de 1970 intitulado “Pop em Portugal”:
“Tive sinceramente pena ao saber da dissolução da Filarmónica Fraude. (…) A colaboração que deram ao último LP de Fausto – O MAIOR – entre os “mais” da jovem música portuguesa é prova de sobejo do espírito criador dos seus elementos.”
Relativamente ao projecto que então previa a passagem de 75% de música portuguesa na rádio dizia:
“Acho preferível para a formação musical do povo português ouvir Simon & Garfunkel, Donovan, Chicago, James Taylor do que cantores de ópera falhados «made Parque Mayer» que infestam as frequências de alguns programas de rádio, dos emissores mais castiços
Quanto ao fim dos The Beatles:
“Os Beatles também há algum tempo brincavam com o mau gosto como por exemplo em «Ballad to John and Yoko e Obladi oblada» embora o seu último trabalho LP «Let it be» seja das suas melhores obras. No entanto os tempos de Yesterday, Here, There and Everywhere, e Sargent Pepper´s iam longe e alguns conjuntos como Led Zeppelin, Cream, Blood Sweat and Tears, Chicago, Creedence Clearwater Revival e Crosby, Stills, Nash & Young, menos artificiais, e actuando ao vivo vinham a ganhar terreno na consciência dos que se interessam por «estas coisas» da Pop Music.”
E ainda:
“Os Cream constituíram o melhor trio até hoje conseguido na Pop Music.”

Não podia estar mais de acordo! Mas, qualquer semelhança com o José Cid actual..., cada um que tire as suas conclusões.





Em 1971 devia ter simplesmente mudado de vida. E é de 1971 que recupero, do EP “História Verdadeira de Natal”, ainda um tema, é “Todas las Aves do Mundo”.




José Cid - Todas Las Aves do Mundo

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Beatniks - Back In Town

Os primeiros anos da década de 70 vão alterar significativamente o panorama musical português. Portugal atrasado, analfabeto e isolado internacionalmente manifestava-se impotente no impedimento da proliferação das novas sonoridades que andavam no ar. Na música popular portuguesa os anos de 71/72 foram magníficos com evidências como o José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira e José Jorge Letria. Até no Jazz o cenário alterou-se significativamente, o 1º Festival de Jazz de Cascais em 1971 e o surgimento de alguns grupos nacionais como os Contacto, os Anar Jazz Group (de Jorge Lima Barreto), os Status e os The Bridge (de Jean Sarbib) são comprovativos.

O Rock teve no Festival de Vilar de Mouros de 1971 o seu ponto alto, os conjuntos proliferavam, Pop Five Music Incorporated, Psico, Sindicato, Pentágono, Beatniks são bons exemplos.

Dos Beatniks pioneiros do Hard-Rock em Portugal já recordei “Cristine Goes To Town” e "Sing It Along". E ficou então quase tudo dito. Recordemos que era já a segunda formação do grupo e que, para além daquele EP, só tiveram tempo de gravar um Single em 1972 e que é a recordação para hoje. As duas composições do Single são originais de nome “Money” e “Back In Town” e transpiram influências dos Uriah Heep, Grand Frank Railroad e Black Sabbath por todos os poros.





Alguns dos elementos do conjunto vão para a Bélgica em fuga ao serviço militar obrigatório, Rui Pipas passa a integrar os Albatroz, era um novo fim para os Beatniks. Renasceriam, após 25 de Abril, com nova formação e subsistiram (com diferentes formações) até ao início dos anos 80; por lá chegou a passar a Lena d’Água.

Com um riff pesado e monolítico, a lembrar os Black Sabbath, toca a ouvir “Back in Town”, o Hard-Rock português em 1972.




Beatniks - Back In Town


quinta-feira, 4 de julho de 2019

Tonicha - Poema da Auto Estrada

Regresso à música popular portuguesa dos primeiros anos da década de 70 para recordar algumas canções praticamente esquecidas.
Opções muito variadas, começo com a Tonicha.

Entre o popularucho de “Zumba na caneca”, passando pela bem conhecida canção “Menina” vencedora do Festival da Canção de 1971, até à colaboração nessa quase esquecida obra da música popular portuguesa que foi o LP “Fala do Homem Nascido”, decorria o ano de 1972, deparamo-nos com a Tonicha.
Como é fácil constatar, evidenciou ao longo da carreira diversas matizes musicais, mas, infelizmente, ficou sempre associada a músicas menores, muitas vezes próximo do nacional - cançonetismo e fica a pena de não ter sido mais atrevida noutras abordagens explorando as potencialidades vocais que possuía (fica também a tentativa de uma abordagem mais Pop com a colaboração do Quarteto 1111 no final dos anos 60, ou ainda em 1972 a interpretação de músicas de Patxi Andion).

Exemplo duma faceta pouco cultivada é a versão de “Oh Pastor que choras”, renomeada somente “Pastor”, e já aqui abordada no original do José Almada.


  


Mas melhor ainda está na participação no projecto colectivo que deu voz à poesia de António Gedeão no referido “Fala do Homem Nascido”. Recorda-se aqui “Poema da auto-estrada” na voz da Tonicha

Afirma a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX":
”Enquanto intérprete saliente-se a capacidade de adaptação a vários estilos musicais, além de uma clareza e cuidado na interpretação do texto”. Ou seja do melhor ao pior, ou como se poderia ter ganho uma bela cantora.




Tonicha - Poema da Auto Estrada

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Talking Heads - Fear of Music

Passagem por 20 álbuns ímpares da década de 70


Por fim um álbum de uma das últimas grandes bandas que o Rock conheceu: "Fear of  Music" dos norte-americanos Talking Heads.

Cada década tem um conjunto de grandes bandas, a diminuírem de década para década, que se deram a conhecer e que se impuseram, muitas delas pela sua originalidade, a de 70, em particular, foi fértil nos novos grupos que surgiram e que foram de tal maneira importantes que ainda hoje se mantêm como referências e também  influenciadoras de muitas outras novas bandas.
Os Talking Heads encontram-se entre esse conjunto de grupos, então surgidos em plena cena Punk, mas, neste caso, não tendo nada a ver com ela e destacando-se rapidamente de todas encabeçando o que de melhor a então designada New Wave nos trazia.

Mistura eficiente de Rock e Funk, os Talking Heads tiveram em "Fear of Music" um das suas melhores concretizações envolvendo-nos em doses rítmicas irresistíveis e de muito bom gosto, ouça-se "I Zimbra" ou " Life During Wartime". Em contraponto, uma das melhores composições de sempre dos Talking Heads ia para a acalmia de "Heaven" que não resisto a deixá-la hoje para satisfação de todos os amantes dos Talking Heads.







Os Talking Heads eram um quarteto formado por:
David Byrne - voz principal e guitarra
Jerry Harrison - guitarra, teclados e voz
Tina Weymouth - baixo e voz
Chris Frantz - bateria






A 19 de Novembro de 1994 no Coliseu do Porto, tive o privilégio de assistir ao concerto de David Byrne a solo, já com 3 álbuns editados, e lembro-me bem que o tema que encerrou o concerto foi precisamente este "Heaven" com que hoje vos deixo.




Talking Heads - Heaven