quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Janis Joplin - Move Over

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Nestas escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1971 já recordei, Dory Previn, Judy Collins, Sandy Denny, Laura Nyro, Joni MitchellCarly Simon e Mary Travers. Tudo mulheres, portanto, o que levava Miguel Esteves Cardoso a escrever:
"O ano foi generoso para a voz da mulher, surgindo com um novo poder comunicativo, liberta dos complexos e dos estereotipos dos anos 60 e enfrentando com coragem as possibilidades de composição oferecidas pelo Rock. Pela primeira vez é representado com justiça o trabalho da mulher em todas as suas dimensões até aqui reprimidas ou disfarçadas. Desde a visão tradicional de Mary Travers à garra de Sandy Denny ou de Laura Nyro vai uma amplitude considerável, mas une-as uma mesma atenção à palavra, um mesmo desejo de desmistificar, e uma mesma atitude (embora elegíaca) de aberta contestação. Para completar magnificamente esta explosão de talento, é editado, postumamente "Pearl" de Janis Joplin". 




https://www.amazon.com/



E assim volto a Janis Joplin e ao álbum "Pearl". Havia ainda qualquer coisa no ar para juntar tanta qualidade num único ano e havia muito, muito mais como veremos nos próximos dias. Para já é com Janis Joplin que fico, a canção é "Move Over" que tantas, tantas vezes ouvi naquele ano.




Janis Joplin - Move Over

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Mary Travers - The First Time Ever I Saw Your Face

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Estava entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1971 e dava-lhe 4 estrelas, era o primeiro álbum a solo de Mary Travers, após o fim do trio Peter, Paul and Mary que nos tinha maravilhado com a música Folk produzida na década de 60.

Peter, Paul and Mary tinham terminado em 1970, sendo Mary Travers a primeira a iniciar gravações a solo. Simplesmente "Mary" se designou o primeiro trabalho desta artista que recordo sempre com tanta saudade. Um disco que continuo a procurar que seja editado em CD para o poder adquirir, enquanto isso não acontece contentemo-nos com as cópias em mp3 que se conseguem arranjar na internet.


https://www.pinterest.pt


"The First Time Ever I Saw Your Face" é uma canção dos anos 50 que teve ao longo dos anos dezenas de versões, a mais conhecida será por ventura  a de Roberta Flack em 1972. Mary Travers também fez a sua e estava incluída neste disco de excepção.




Mary Travers - The First Time Ever I Saw Your Face

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Carly Simon - That's the Way I've Always Heard It Should Be

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Carly Simon teve nos primeiros anos da década de 70 os seus melhores trabalhos, em particular os 2º e 3º álbum respectivamente "Anticipation" (1971) e "No Secrets" (1972). O 1º álbum, simplesmente "Carly Simon" é ainda de 1971 e está entre os escolhidos por Miguel Esteves Cardoso ("Anticipation" colocou-o em 1972), atribuindo-lhe 3 estrelas ou seja "Bom. Contém boas canções, mas uma ou outra canção indiferente ou medíocre".


https://en.wikipedia.org/


Tratava-se de um bom disco para uma revelação na música, o que lhe valeu o Grammy de Melhor Novo Artista, mas, na realidade, o destaque do álbum ia para o Single dele extraído com a canção "That's the Way I've Always Heard It Should Be", o resto do álbum ouve-se de forma agradável mas não se desenvolve de forma a surpreender.

O melhor estava para vir. Para já é com "That's the Way I've Always Heard It Should Be" que ficamos.




Carly Simon - That's the Way I've Always Heard It Should Be

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Joni Mitchell - A Case of You

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Escrevia Miguel Esteves Cardoso:
"Joni Mitchell ilustra com perfeição inquietante o fenómeno raro duma evolução criativa constante que inova sem ruptura, que experimenta sem inconsciência e que abre novos caminhos sem ser à custa do encerramento de outros.", definição perfeita para o génio que é Joni Mitchell.

"Blue" é dos discos (mais antigos) de Joni Mitchell o que me lembro melhor da sua edição e é ainda hoje um dos meus preferidos da sua longa e magnífica carreira.
Foi no programa de rádio "Página Um" que ouvi algumas das canções deste disco fora de série e que se encontra no Top 3 dos discos da minha vida.
Em 1971 quando ouvi estas canções pela primeira vez estava longe de imaginar que estava na presença de um dos melhores discos de sempre da música popular.


Edição alemã em Vinil de 1999 (?) com as Ref: 44 128, (MS 2038), K 44 128





"Blue" está entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1971 e de certeza que não hesitou ao atribuir-lhe 5 estrelas. Sobre ele dizia:
""Blue", lançado em 1971, é um álbum difícil de catalogar. É um álbum de canções de amor - à parte Leonard Cohen e Tim Buckley, o mais lindo de todos."

O disco é composto por 10 temas compostas por Joni Mitchell de um bom gosto invulgar. A escolha de uma canção para hoje não é fácil, mas acabo por ficar com "A Case of You", no dizer do MEC, "...um deslumbre de paixão e amor, onde a mulher, na sua plenitude de paixão e de amor, se desenha livremente."




Joni Mitchell - A Case of You

domingo, 27 de janeiro de 2019

Laura Nyro - Spanish Harlem

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Laura Nyro (1947-1997) foi uma cantora norte-americana transversal a vários géneros musicais, do Pop ao Jazz. Em 1971 Laura Nyro estava no pico da sua carreira, embora em termos de popularidade nunca tivesse atingido níveis significativos. Tinha uma voz portentosa de nos criar espanto logo aos primeiros acordes, era igualmente uma compositora talentosa tendo algumas das suas canções ganho notoriedade noutras interpretações, exemplos: "Wedding Bell Blues",  "Save The Country" pelos Fifth Dimention e "And When I Die" pelos Blood, Sweat and Tears.

Já tive ocasião de a lembrar por duas vezes, pela sua passagem pelo Festival de Monterey em 1967 e nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso referentes a 1970. E aqui volta novamente nas escolhas de 1971 daquele conhecido crítico de música. Tratava-se do seu 5º LP "Gonna Take a Miracle", obtinha 4 estrelas e não desmerecia em relação aos seus álbuns anteriores.





"Gonna Take a Miracle", contrariamente aos anteriores não contém originais sendo constituído por  versões de de canções Soul e Rhythm'n'Blues dos anos 50 e 60. Seguir-se-ia um período de retiro regressando em 1976, mas perdendo alguma da chama que se lhe conhecia dos primeiros álbuns.


Deste álbum recorda-se a bem conhecida "Spanish Harlem", um original de 1960 então na voz de Ben E. King.




Laura Nyro - Spanish Harlem

sábado, 26 de janeiro de 2019

Sandy Denny - John The Gun

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Sandy Denny, a melhor cantora que a Inglaterra nos deu, estava, claro, entre as preferências de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1971. Os anos iniciais com Johnny Silvo, Alex Campbell e os Strawbs já tinham passado, assim como as brilhantes experiências com os Fairport Convention e os Fotheringay. 1971 era o início de uma não menos brilhante mas curta carreira a solo, e para começar foi com esse monumento da música Folk-Rock que dá pelo nome de "North Star Grassman and The Ravens".  5 estrelas atribuiu Miguel Esteves Cardoso.


Edição Espanhola de 1971 Ref: 85.675-L, (ILPS 9165)




Brilhante na qualidade pois em termos de popularidade nunca a teve, ainda hoje infelizmente.

Leia-se o texto que vem na  "Deluxe Edition" de "North Star Grassman and The Ravens" em duplo CD edição de 2011:
"Sandy never did have that number one record; yet her influence, boyh as a singer and a songwriter, would endure long after Sandy herself died in 1978. At the time of her death she was barely into her 30s, but the quality of her work was such that, even today, decades later, Sandy is routinely cited as the greatest female singer these isles have ever produced. She is regularly name-checked by such luminaries as Kate Bush, Robert Plant, Judy Collins and Pete Townshend; while rising stars such as Rachel Unthank and Joanna Newsome cite Sandy as influence and an inspiration.

Baffling though, Sandy Denny remains unknown to the public at large - but how very different it might have been it this, her debut solo album, had been released immediately following her departure from Fairport Convention in 1969. Instead, Sandy meandered for a while with the short-lived Fotheringay. And by the time The North Star Grassman And The Ravens was released in September 1971, the momentum had been lost."

Não concordo com esta última ideia que o momento tinha sido perdido e que o seu disco a solo devia ter sido editado logo após a saída dos Fairport Convention. Penso que não havia processo da música de Sandy Denny chegar aos Top e ser ouvida pelo grande público. Infelizmente, Sandy Denny era e continua a ser para uma imensa minoria. Que este blog contribua um pouco para contrariar esta realidade.

Segue "John The Gun", uma das muitas pérolas que Sandy nos deixou.




Sandy Denny - John The Gun

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Judy Collins - Amazing Grace

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Na realidade "Whales & Nightingales" de Judy Collins é um álbum que foi editado em 1970, por qualquer razão Miguel Esteves Cardoso incluiu o disco nas suas preferências de 1971 dando-lhe 4 estrelas, recorde-se "Muito bom. Contém sobretudo boas canções, com um ou outro deslize de pouca importância".

https://www.allmusic.com


Ao recordar agora este disco, há quantos anos o não ouvia, fica-se com uma nostalgia enorme, pois trata-se do tipo de música que hoje dificilmente se encontra quem o faça, para mais com o nível da Judy Collins. Miguel Esteves Cardoso escrevia:
"Tão glorioso como os seus álbuns de 60, este álbum tem o coração dum espiritual negro, retendo ainda alguma da pureza do folk que Judy Collins elevara a um novo plano de sensibilidade poética."

De originais a versões de canções de Joan Baez, Jacques Brel, Bob Dylan, Pete Seeger e tradicionais se faz este álbum que hoje recordo.
A canção que mais ouvi naquela época foi a versão de "Amazing Grace" que fechava o álbum. Que bom voltar a ouvi-la, uma maravilha.




Judy Collins - Amazing Grace

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Dory Previn - Mythical Kings and Iguanas

1971 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Retorno ao ano de 1971. Ano fértil em quantidade e qualidade na música popular, eram muitos ainda os ecos da  2ª metade da década de 60 e vários os géneros que se destacavam, o Rock Progressivo vivia  o seu melhor período e a música Folk e Folk-Rock manifestava-se com uma intensidade de nos deixar hoje boquiabertos. Um ano ainda muito bom, que não fazia prever o descalabro de muitos dos seus protagonistas que no final da década eram uma pálida imagem do que tinham sido. Eram os "náufragos" no dizer de Miguel Esteves Cardoso que entre eles colocava, por exemplo, Elton John, os ex-Beatles e a generalidade dos grupos de Rock Progressivo e sinfónico.

Mas, nada melhor, para sistematizar ideias sobre o ano de 1971, que voltar a Miguel Esteves Cardoso e a algumas das suas escolhas. Socorro-me novamente do seu artigo "O Ovo e o Novo (Uma) Discografia Duma Década de Rock: 1970-1980" que foi publicado como posfácio do livro "POPMUSIC-ROCK". Foram muitas as escolhas, vamos a elas.

A primeira vai para Dory Previn e o álbum "Mythical Kings and Iguanas" que mereceu 5 estrelas, ou seja, recorde-se, "Excelente, sem reservas".


https://en.wikipedia.org


Dory Previn (1925-2012) foi uma cantora norte-americana cuja produção discográfica se verificou na década de 70 do século passado.  E, confesso, foi um álbum e artista que me passaram praticamente ao lado, provavelmente teria por cá pouca ou nula divulgação. Vamos sempre a tempo de recuperar o que é bom, em particular este disco de um singeleza impressionante à qual ficamos presos durante mais de meia hora, não querendo ser importunado por nada.
Comecemos pelo tema título "Mythical Kings and Iguanas".





Dory Previn - Mythical Kings and Iguanas

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Richard Thompson - For Shame Of Doing Wrong

Cá estou eu novamente com Richard Thompson. Verifico agora que é a 19ª vez que Richard Thompson tem direito a etiqueta nestes meus Regresso ao Passado e provavelmente muitas mais vezes a ele voltarei, tal a frequência com que me deparo com algo que me motiva a ele regressar.

Desta vez é um recorte de jornal semanário Se7e de 27 de Janeiro de 1994, trata-se de um artigo assinado pelo João Lisboa com o título "Revisto e Aumentado" a propósito da edição da colectânea "Watching The Dark (The History of Richard Thompson)".





Quando novo não gostava de colectâneas, achava-as, e a maior parte eram (são), colecções de êxitos de venda mais fácil, muitas das vezes para ocupar espaço em períodos de maior afastamento, fosse qual fosse o motivo, de determinado artista, uma habilidade de marketing, portanto.
Muitas das vezes ainda será assim, mas ao longo do tempo a minha percepção das colectâneas foi mudando, pelo menos em relação a algumas que nos surgem no mercado e que, sem dúvida merecem a melhor atenção.
"Watching The Dark (The History of Richard Thompson)" terá sido uma das primeiras que me tentou, tal era a qualidade da mesma. Para mais tratava-se de Richard Thompson, meu artista de eleição de há muito tempo. Trata-se de uma caixa de 3 CD com uma etiqueta onde se lê: "47 tracks/217 minutes of music. 23 previously unreleased or rare tracks live and studio recordings 1969-1992. 56 page booklet with introductory notes by Gril Marcus, full biography and rare photos".
Razões de sobra para a sua aquisição, ainda hoje.

"Watching The Dark (The History of Richard Thompson)" (1993) é a melhor compilação que conheço de Richard Thompson, melhor que, por exemplo, a caixa de 6 CD "RT- The Life and Music of Richard Thompson" de 2006.

Para aguçar o apetite escolho "For Shame Of Doing Wrong". O original é de 1975 do LP "Pour Down Like Silver". Esta é uma versão de estúdio de 1980 para um projecto abortado conforme notas no interior.




Richard Thompson - For Shame Of Doing Wrong

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

The Bothy Band - 16 Come Next Sunday

The Bothy Band foi uma banda irlandesa dos anos 70 constituída por músicos oriundos do Folk.
Eram formados por Matt Mollay (conhecido flautista, passou pelos Planxty e depois desde 1979 The Chieftains), Paddy Keenan, Dónal Lunny (elemento fundador dos Planxty), Tríona Ní Dhomhnaill, Mícheál Ó Domhnaill, o violino foi assegurado sucessivamente por Paddy Glackin, Tommy Peoples e Kevin Burke (elemento fundador dos Pactrick Street que vi tocar a 6 de Abril de 1997 no Cinema do Terço).

Deixaram-nos 3 álbuns realizados entre 1975 e 1977 e foram a par com os Planxty e The Chieftains os principais impulsionadores do renascimento da música Folk irlandesa.





Fernando Magalhães em artigo no jornal Público de 31 de Março de 1993 dava-nos a conhecer a importância dos The Bothy Band ao afirmar: "Nos três álbuns de estúdio que gravaram, concentraram doses maciças de talento, chispas de génio que revolucionaram por completo o modo de sentir e dizer a música irlandesa." Quanto ao disco que estava em causa dizia, depois de o considerar um marco da música tradicional irlandesa: ""Old Hag You Have Killed Me" é o cume dos cumes desse génio.", e termina considerando-o "Um objecto de culto".


Edição em CD nos EUA, data incerta, da Green Linnet Records, com a ref: GLCD 3005


Das múltiplas boas escolhas de "Old Hag You Have Killed Me" fico com "16 Come Next Sunday" com a bonita voz de Tríona Ní Dhomhnaill.




The Bothy Band - 16 Come Next Sunday

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Van Morrison - I Can't Stop Loving You

"Tocado Pela Mão de Deus" é o título de um artigo publicado a 17 de Fevereiro de 1993 no jornal O Público e antecedia a vinda a Portugal, julgo que pela primeira vez, de Van Morrison para dois concertos que se realizaram no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa a 19 de Fevereiro e no Coliseu do Porto no dia seguinte. Foi este último que tive a oportunidade de assistir.

O artigo salientava o seu lado místico desde os tempos de "Gloria" ao então álbum mais recente que era "Hymns To The Silence", que o autor do artigo considerava ser o que Van Morrison perseguia, "é a ambiência e a solenidade, o espaço mágico propício ao êxtase místico". Terminava questionando se tal era possível "num recinto "desportivo" como o pavilhão Carlos Lopes?". A mesma questão se poderia ter posto relativamente ao dia seguinte no Coliseu do Porto, recinto mais apropriado a este tipo de evento.




No entanto, o que me ficou na memória desse concerto foi que ficou muito aquém das expectativas, foi curto, certinho mas pouco emotivo, mesmo descontando o facto de sabermos que Van Morrison não é muito dado a muita interacção com o público. Assim como chegou assim partiu, aliás como no concerto de 2018 em Cascais no EDPCOOLJAZZ mas desta vez num concerto muito mais bem conseguido.

Edição dos EUA da Polydor em duplo CD, ref: 314 519 219-2

Van Morrison foi, é e espero que continue a ser, um dos meus músicos preferidos, há quase 50 anos que sigo a sua música que me tem proporcionado inúmeras horas de satisfação. De "Hymns To The Silence" recordo uma belíssima versão de uma canção dos anos 50, aqui interpretada com o acompanhamentos dos The Chieftains, "I Can't Stop Loving You".




Van Morrison - I Can't Stop Loving You

domingo, 20 de janeiro de 2019

Tindersticks - Another Night In

Já tive o prazer de ver os Tindersticks 7 vezes em Portugal. De todas saí satisfeito com a prestação deste excelente grupo inglês. No entanto, não há nada como o primeiro e esse foi em 1997 quando deram o primeiro concerto na cidade do Porto. Foi a 21 de Novembro de 1997 num Coliseu completamente cheio. O factor novidade e o facto de os Tindersticks passarem um período particularmente criativo, ouça-se "Tindersticks" (segundo álbum-1995) e o seguinte "Curtains" (1997), com certeza contribuíram para um concerto magnífico e empolgante. Leia-se o que Amílcar Correia dizia em artigo no Público a 23 de Novembro:
"Não há memória, nos últimos anos da velha sala de concertos portuense, de uma avalanche assim." e mais adiante "Visivelmente surpreendidos, os músicos, quase sempre estáticos em palco, à excepção de Stuart Staples, o vocalista, chegaram ao ponto de pedir silêncio para que pudessem retomar o espectáculo, quando se preparavam para arrancar com o primeiro dos três "encores" e a multidão não dava mostras de suster o seu entusiasmo."





Sem dúvidas um concerto histórico centrado no álbum "Curtains" para muitos o melhor trabalho do grupo. "Como as "Curtains" escondem dores de crescimento" era o que Stuart Staples e Dickon Hinchliffe contavam ao Blitz de 18 de Novembro de 1997





"Os cientistas do drama e do filme negro com violinos e cigarros...", era como eram considerados os Tindersticks em vésperas do seu regresso aos palcos portugueses.


"Curtains" começava com "Another Night In", hoje um clássico dos Tinderticks.




Tindersticks - Another Night In

sábado, 19 de janeiro de 2019

June Tabor - All This Useless Beauty

Maddy Prior tocou no Porto em 2 de Abril de 1992, passado menos de um ano, mais concretamente a 2 de Março de 1993, era a vez de June Tabor actuar no mesmo espaço da sua amiga ou seja no Teatro Rivoli.
Dois monstros da música Folk e tradicional britânica actuavam então na cidade do Porto, tendo eu não perdido a oportunidade de as ver. Contrariamente ao concerto de Maddy Prior, deste lembro-me bem da sua extraordinária actuação numa noite muito fria e um Rivoli despido como ela não merecia.

Se a primeira vinha já dos anos 60, colaboração com Tim Hart e início dos históricos Steeleye Span, June Tabor iniciou-se precisamente com Maddy Prior em 1976 com o álbum "Silly Sisters", nome pelo qual o duo ficou conhecido, tendo ainda gravado "No More To The Dance" em 1988. De então para cá construiu uma carreia a solo irrepreensível, assim como colaborações com outros músicos e grupos, como a Oysterband e actualmente o trio Quercus.





Aquando deste concerto June Tabor era uma cantora madura e tinha essa confirmação no seu então mais registo álbum, o belíssimo "Angel Tiger".

A anteceder o concerto em entrevista a Fernando Magalhães publicada no jornal Público a 24 de Fevereiro





June Tabor é "Uma grande cantora, perto da perfeição", é o que eu penso também. Um bom exemplo vem da interpretação de "All This Useless Beauty" escrito por Elvis Costello para ela e é a escolha de hoje. Pertence ao álbum "Angel Tiger" altamente recomendável.




June Tabor - All This Useless Beauty

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Maddy Prior & Rick Kemp - Rose

Por incrível que pareça, há concertos a que assisti dos quais praticamente não tenho memória ou somente umas imagens difusas, pouco claras. O Regresso ao Passado de hoje vai para um deles.


Recuo ao ano de 1992, mais precisamente ao dia 2 de Abril, no Teatro Rivoli do Porto. Era o primeiro dia do 3º Festival Intercéltico e o cartaz da noite era preenchido pelos Matto Congrio e pela Maddy Prior. Valha que tenho o bilhete comprovativo da minha presença naquela noite no Rivoli e ainda um recorte que suponho seja do jornal Público do dia seguinte para reavivar a memória.




O texto intitula-se "Uma rosa é uma rosa é Maddy Prior" e pelos vistos deve o agrado de Fernando Magalhães que o assina. Refere-se-lhe assim "No Porto, a antiga vocalista dos Steeleye Span deslumbrou" e ainda "Uma voz portentosa, aliada a uma postura em palco de completa descontração e à ingestão de vários copos de aguardente ao longo do concerto, contribuíram para que Maddy Prior assinasse uma actuação inesquecível nesta terceira edição do Intercéltico, que decorre no Porto até dia 4."






Reavivadas as minhas memórias recordo que os trabalhos então mais recentes de Maddy Prior eram, "Happy Families" (1990) com o seu marido Rick Kemp e "Carol and Capers" (1991) com a The Carnival Band.





É ao CD "Happy Families" , referência PRKCD 4, edição de 1990 do Reino Unido, que recupero "Rose" (provavelmente a filha, hoje cantora Rose Kemp), "o momento mágico" como diz Fernando Magalhães.




Maddy Prior & Rick Kemp - Rose

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Weekend - Nostalgia

Depois de algumas memórias do ano passado, retomo os meus Regresso ao Passado mais longínquos. Para isso vou-me socorrer de alguns recortes de jornais que quando as guardei nunca pensei que um dia existiria Internet e que se poderia ter um Blog onde se poderia recuperar esses recortes.
Estes recortes são dos anos 90 e correspondem a textos publicados nos Semanários Expresso, Se7e e no diário Público.

Aleatoriamente começo com um texto de João Lisboa intitulado "Homeopatia" e publicado a 3 de Junho de 1995 no semanário Expresso. O propósito é a edição em CD de "The '81 Demos" dos Weekend e "Cars In the Grass" por Stuart Moxham and the Original Artists.
Primeiro proponho a leitura do artigo, depois mais algumas notas sobre estes músicos do Pop-Rock Alternativo.




Os Weekend (1981-1983) centrados em  Alison Statton, Simon Booth e Spike. A evidência no grupo ia para Alison Statton.
Stuart Moxham teve em "Signal Path" a primeira gravação a solo em 1992.
A ligação destes dois artistas (Alison Staton e Stuart Moxham) fez-se alguns anos antes, no final dos anos 70, constituindo juntamente com Philip Moxham os históricos e seminais Young Marble Giants (1978-1980), os quais tive o prazer de ver em 28 de Maio de 2008 na Casa da Música numa das reaparições do grupo.
A árvore genealógica a partir dos Young Marble Giants é difícil de seguir tal a variedade de  combinações que entretanto se efectuaram e de gravações dispersas efectuadas. Eis algumas: Weekend, Devine and Statton, Alison and Spike, The Gist (que estiveram em Vilar dos Mouros em 1982), Stuart Moxham and the Original Artists.


De volta ao texto de João Lisboa ficamos a saber que "The '81 Demos" era um EP, editado naquele ano de 1995, composto por 4 demos das canções "Drumbeat", "Red Planes", "Nostalgia" e "Summerday" anteriores ao muito bom "La Varieté" (1982) o qual os incluía (supondo que "Drum Beat For Baby" é "Drumbeat" dos demos). "La Varieté" foi, à semelhança de "Colossal Youth" (1980) dos Young Marble Giants, o único álbum de estúdio do grupo seguindo-se ainda um disco ao vivo "Live At Ronnie Scott's" onde se pode ouvir novamente "Nostalgia" e nos extras "Drum Beat For Baby" e "Summerdays".


Edição da Vinyl Japan de 2000, ref: ASKLP118




Das 3 hipóteses é a "La Varieté" que vou buscar "Nostalgia". Ouçam é de ouvir e chorar por mais.




Weekend - Nostalgia

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Stuart A. Staples - A New Real

Algumas memórias de 2018

Desde 1995, quando conheci o 2º álbum dos Tindersticks, que sigo com particular gosto este grupo inglês praticante de um Rock melódico e sumptuoso que os diferencia e distancia da generalidade da música Pop-Rock de consumo rápido.
Claro que Stuart A. Staples, vocalista e principal compositor do grupo, chamou logo a atenção com as suas peculiares e distintivas capacidades de composição e interpretação.

Com alguns altos e baixos, os Tindersticks nunca desiludiram e têm sabido manter-se muito acima da mediania. Quanto a Stuart A. Staples, que também tem efectuado algumas gravações a solo, já não posso dizer o mesmo. Muito bem nos dois primeiros registos "Lucky Dog Recordings 03-04" e "Leaving Songs" respectivamente de 2005 e 2006, mas desilusão em 2018 com "Arrhythmia", um trabalho completamente diferente dos anteriores.


https://tindersticks.bandcamp.com


Composto somente por 4 composições, só "Music For a Year In Small Paintings" dura mais de 30 minutos, predominantemente instrumental, sombrio, porventura excessivamente intimista, é de não fácil audição e fica uma experiência que não deixa vontade de repetir.
Infelizmente "Arrhythmia" é a desilusão do ano de 2018. Fica a esperança, quase certa, do regresso de Stuart A. Staples, a solo ou com os Tinderticks, para sonoridades mais envolventes a que estava habituado.




Stuart A. Staples - A New Real

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Márcia - Tempestade

Algumas memórias de 2018

Ainda as últimas memórias para o ano findo. As novas edições portuguesas são o motivo de hoje.
Foram vários discos portugueses editados em 2018, agora, dignos de nota. Não que fosse um ano exuberante ou de grandes surpresas, mas sim pela consistência que alguns trabalhos revelam. Não são muitos mas eis alguns que eu recomendaria:

- Márcia - Vai e Vem
- Selma Uamasse - Mati
- The Legendary Tiger Man - Misfit
- Sérgio Godinho - Nação Valente
- António Zambujo - Do Avesso
- Dead Combo - Odeon Hotel


Bastam meia-dúzia para aquilatar o estado da música popular portuguesa do ano passado. Um pouco liberto do domínio avassalador do Fado, que não aprecio particularmente, que temos assistido nos últimos anos, estes seis trabalhos mostram cada um à sua maneira e no seu género específico o que de melhor o ano de 2018 nos deixou. Desde a surpresa de Selma Uamasse, que tive oportunidade de apreciar no Concerto do Rodrigo Leão, ao regresso do sempre bem vindo Sérgio Godinho, a mostrar que continua actual e que tem ainda muito para dar, a The Legendary Tigerman a realizar o melhor Rock por cá feito, motivos não faltam para a audição destes discos.
António Zambujo, no seu 8º álbum "Do Avesso", revela que a sua actual popularidade não é por acaso, sem dúvida um grande escritor de canções, já os Dead Combo, na sua mistura de géneros que vai do Fado ao Blues, revelam ser das propostas mais originais que este século viu nascer






Deixo para o fim a Márcia, não necessariamente por ser o melhor álbum dos referidos, mas talvez o que mais merece uma maior divulgação. Márcia não é propriamente uma desconhecida, vai já no seu 6º trabalho de originais, e tem vindo a revelar-se na última década como uma das propostas mais seguras que me foi dado ouvir, a merecer, sem dúvida, uma maior atenção e maior exposição. "Vai e Vem" é um disco maduro, intimista e muito bonito, contém 12 canções de sua autoria e 3 duetos respectivamente com António Zambujo, Samuel Úria e Salvador Sobral. Um disco a descobrir em múltiplas audições.

Este álbum começa com "Tempestade", tempo de a ouvir.




Márcia - Tempestade

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

The Kinks - The Village Green Preservation Society

Algumas memórias de 2018

Como disse ontem foram muitas as reedições/compilações que se registaram em 2018 e que merecem a devida atenção. No mínimo ouvi-las no Spotify, na melhor das hipóteses adquiri-las.
Eis alguns:

- The Beatles - The Beatles [White Album] [50th Anniversary Deluxe Edition]
- Bob Dylan - More Blood, More Tracks: The Bootleg Series, Vol. 14
- Buffalo Springfield - What's That Sound? Complete Albums Collection
- David Bowie - Loving the Alien (1983-1988)
- Led Zeppelin - How The West Was Won
- Jimi Hendrix - Electric Ladyland [50th Anniversary Deluxe Edition]
- Roxy Music - Roxy Music [Super Deluxe Edition]
- Yes - The Steven Wilson Remixes
- The Kinks - The Village Green Preservation Society [Super Deluxe Edition]


https://www.amazon.co.uk


Porque The Kinks foram sempre um dos meus grupos preferidos, não resisto  a propor a reedição de "The Kinks Are the Village Green Preservation Society" um original de 1968. Várias são as propostas, algumas acessíveis em termos de preço, edição em 1CD (stereo remasterizado), 2CD (stereo+mono remasterizado, mais faixas extras) e vinil 1LP (stereo remasterizado, vinil de 180gr).
Mas há uma proposta cara, é a edição em caixa com 3LP, 5CD e 3 Singles.

Para abrir o apetite ouça-se "The Village Green Preservation Society".




The Kinks - The Village Green Preservation Society

domingo, 13 de janeiro de 2019

José Mário Branco - Quando Sabedes Amar, Amigo (Ou Mar De Vigo)

Algumas memórias de 2018

No capítulo das reedições e compilações elas são cada vez mais, melhores e algumas de difícil acesso face aos preços praticados. The Beatles e a "50 Anniversary Edition" do "White Album" com 6 CD + Blu-Ray  por cerca de 140€, a caixa com a obra integral de José Mário Branco mais de 70€, "Loving the Alien (1983-1988)" de David Bowie, 15 LP por cerca de 300€, são alguns exemplos.

Em termos nacionais José Mário Branco esteve em destaque, para além da caixa referida foi publicado o duplo CD "Inéditos (1967-1999)", da música popular à música clássica, o (re)descobrir de temas inéditos em CD, na realidade uma parte já conhecidos, mas impossíveis de se encontrar nas edições originais em vinil.






Desiludido com a situação actual afirma em entrevista ao Blitz:
"Pode ser que eu volte a cantar em palco. Nunca foi a parte que eu gostei mais, é engraçado. Mas pronto, pode acontecer que eu volte aos palcos. Agora não sei muito bem o que hei-de dizer. O estado em que esta porcaria está. Aquilo que a gente falava ainda agora, de ser tudo muito autobiográfico, esta coisa podre em que a gente vive agora, este mundo feio em que a gente vive agora, faz com que eu não me sinta bem a ir para o palco cantar aquelas coisas do costume, a "Inquietação", "Eu Vim de Longe", "Queixa das Almas Jovens Censuradas", e as pessoas a acenderem isqueiros, e agora acendem telemóveis, e a cantar aquilo comigo. Eu não me sinto bem. Tem que haver outra coisa que eventualmente irá aparecer e eu volto para o palco."

Enquanto isso não acontece é começar a ouvir esta colectânea, e começar pelo princípio, quando tudo começou. Estamos no ano de 1967, José Mário Branco compõe 7 canções com letras de trovadores medievais, 6 viram a luz do dia em 1969 no EP "Seis Cantigas de Amigo" publicado pelos Arquivos Sonoros Portugueses. "Certamente por falta de espaço no formato EP, uma das canções ficou excluída apesar de ser uma das mais cantadas pelo autor nas suas actuações ao vivo...", lê-se nos textos que acompanham este duplo CD, a canção é "Quando Sabedes Amar, Amigo (Ou Mar De Vigo)" e é a proposta de audição para hoje.




José Mário Branco - Quando Sabedes Amar, Amigo (Ou Mar De Vigo)

sábado, 12 de janeiro de 2019

Lucy Dacus - Night Shift

Algumas memórias de 2018

Listas com os melhores álbuns do anos sempre houveram para todos gostos. Mas, regra geral, há uma sintonia que faz coincidir muitas das escolhas dos 10 ou 20 mais.
Este ano essa sintonia não é tão evidente mas, mesmo assim arrisco alguns discos que fui ouvindo ao longo do ano e que parecem ser o menor múltiplo comum das diversas escolhas que consultei.

- The Breeders - All Nerve
- David Byrne - American Utopia
- Julia Holter - Aviary
- Kurt Vile - Bottle In It
- Christine and The Queens - Chris
- Alela Diane - Cusp
- Low - Double Negative
- Father John Misty - God's Favorite Customer
- Neko Case - Hell-On
- Lucy Dacus - Historian
- Elvis Costello - Look Now
- Snail Mail - Lush
- Scott Matthew - Ode to Others
- Sophie - Oil of Every Pearl' Un-Inside
- Jonathan Wilson - Rare Birds
- Car Seat Headrest - Twin Fantasy
- Cat Power - Wonderer
- The Goon Sax - We're Not Talking


Alguns no chamado Rock Alternativo (ainda existe?) como The Breeders e David Byrne, outros com as suas estranhas sonoridades em propostas vanguardistas do novo modernismo e da electrónica, Julia Holter e Low , outros no Folk das mais variadas matizes, de um Kurt Vile (o Neil Young dos nossos dias?), Father John Misty, Neko Case, Jonathan Wilson, Alela Diane e a regressada Cat Power. As propostas do rock independente vão para Snail Mail e o 1º álbum "Lush", Lucy Dacus com o 2º álbum "Historian"  e Car Seat Headrest
Para os amantes do Pop fica a bem recebida francesa Christine and The Queens ou simplesmente Chris, Scott Matthew num Pop mais sofisticado e da Austrália vêm The Goon Sax com o seu Pop simples e electrizante.
De realçar ainda os bons regressos dos consagrados Elvis Costello e David Byrne.


Depois de PJ Harvey em 2016, de Laura Marling em 2017, a minha escolha para 2018 vai para a prometedora Lucy Dacus com o Rock independente de "Historian" o seu 2º trabalho (interessante estas minhas escolhas, será que as mulheres estão a tomar conta das melhores produções da música popular?).


https://pitchfork.com


Entre a melancolia, o carinho e algumas descargas eléctricas de fúria bem sentidas se desenvolve este trabalho desta jovem norte-americana. Logo à primeira faixa se fica rendido com "Night Shift", ei-la.




Lucy Dacus - Night Shift

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Richard Thompson - The Storm Won't Come

Algumas memórias de 2018

Em 2015 o álbum do ano foi "Mount the Air" das irmãs The Unthanks, em 2016 foi "Lodestar" de Shirley Collins, em 2017 "Nightfall" do trio Quercus onde pontifica June Tabor, a minha escolha para 2018 vai para Richard Thompson e o seu mais recente trabalho "13 Rivers".

De retorno aos originais, depois de uma revisitação acústica ao longo de 3 CD de algumas canções da sua extraordinária carreira, Richard Thompson mostra estar em forma, sem sinais de abrandamento, e continuar a ser uma das figuras mais importantes da música popular dos sobreviventes da geração de 60 que se mantêm no activo.

Da editora Proper, ref: PRPCD150, CD de 2018





"13 Rivers" poderá não ser o seu melhor trabalho, mas revela uma frescura invejável e foi o disco que mais ouvi no ano que terminou. Infelizmente, apesar das críticas globalmente favoráveis a maior parte das listas dos melhores álbuns do ano esqueceram-se deste disco, naquelas que eu consultei as excepções foram para a lista da revista Uncut que o coloca em 11º lugar e, nas diversas listas do semanário Expresso, João Lisboa selecciona-o para os 10 melhores de 2018.

Assim sendo resta aconselhar vivamente a audição deste excelente registo daquele que considero ser o mais importante músico de Folk-Rock vivo.
Um bom exemplo da qualidade deste disco  é "The Storm Won't Come". Ouçam e não hesitem em comprá-lo.




Richard Thompson - The Storm Won't Come

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Judy Dyble - Marianna

Algumas memórias de 2018

Felizmente Judy Dyble voltou às gravações.

Judy Dyble esteve na formação inicial dos Fairport Convention (1967-1968), tendo com eles gravado o 1º LP do agora histórico grupo. Em 1970 tempo ainda para editar o, então ignorado, hoje muito considerado "Morning Way" sob o nome de Trader Horne. Depois foi o longo silêncio até ao início deste milénio, tendo mantido uma significativa regularidade nas novas gravações. As minhas preferências vão para "Talking With Strangers" (2009) e "Flow and Change" (2013) e, em 2018 ano em que completou 69 anos, para este encantador "Earth Is Sleeping".


Edição da Acid Jazz em com a ref: AJXCD447

Um pouco abaixo daqueles dois, mas mesmo assim um disco altamente recomendável, uma produção um pouco mais arrojada e teríamos o álbum do ano. A voz de Judy Dyble continua cristalina como há 50 anos e as canções são belíssimas e de um bom gosto cada vez mais raro de se encontrar.
Rapidamente se fica cativo deste disco, a primeira sensação que tive, à medida que a audição progredia, era, a cada canção, que se estava na melhor do álbum.

Não é preciso ir mais longe, fico logo pela faixa de abertura "Marianna". No dizer de Judy Dyble:
"Is it a song about a mountain? Is it a song about a earthquake? Is it a song about a woman being amused to passion? Is it a song about an Earth Goddess awakening to spring? It is all of these and none of these. It is whatever can be read into it."

Um disco intemporal para se ouvir sempre.




Judy Dyble - Marianna

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Norma Waterson & Eliza Carthy with The Gift Band - Strange Weather

Algumas memórias de 2018

Norma Waterson tem 79 e é uma verdadeira instituição da música Folk oriunda das ilhas britânicas. O início da sua carreira remonta aos anos 60 na formação The Watersons centrada nos irmãos Norma, Mike (1941-2011) e Lal Waterson (1943-1998). Era o início de um caminho percorrido nas mais diversas matizes da família Waterson, com a irmã Lal, com o marido Martin Carthy (ex-Steelye Span), a solo, com a filha Eliza Carthy e um sem número de variações até este Norma Waterson & Eliza Carthy with The Gift Band. Mãe e filha já tinham assinado um primeiro álbum em 2010 denominado "The Gift".

"Anchor" é o nome deste trabalho que agora recordo como um dos melhores do ano passado. Como seria de esperar o disco não desilude e só surpreende quem, menos atento, não conhecer os músicos nele envolvido. Norma, Eliza, Martin e mais um conjunto talentoso de músicos estão presentes donde realço Kate St. John (há quanto tempo não ouvia falar dela!) nos sopros e voz, mas também Phil Alexander no piano e acordeão.


Edição em CD  com a ref: TSCD594



De arranjos de tradicionais a composições de Tom Waits e Kurt Weil se faz este disco que até agora parece não ter tido o destaque devido na imprensa especializada. Um conjunto de canções maravilhosas onde realço "Strange Weather" (Tom Waits), "The Galaxy Song" (Eric Idle), "Shanty of The Whale" (KT Tunstall) e os tradicionais "The Elfin Knight" e "Scarborough Fair".

Em 1988 Tom Waits deu a conhecer "Strange Weather" no álbum ao vivo "Big Time", mas já no ano anterior Marianne Faithfull a tinha gravado uma excelente versão no álbum com o mesmo nome. Agora em 2018 a não menos excelente versão por Norma Waterson.




Norma Warterson & Eliza Carthy with The Gift Band - Strange Weather

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Van Morrison - Got To Go Where The Love Is

Algumas memórias de 2018


Van Morrison parece ter definitivamente ancorado no porto seguro do Jazz e do Blues. Pelo menos é que mostram os seus últimos 5 álbuns editados nos últimos 3 anos. Mais evidente nestes últimos trabalhos a sua ligação de sempre ao Blues, de que é hoje em dia um dos seus maiores intérpretes, Van Morrison tem vindo a gravar conjuntamente com temas novos ("Got To Go Where The Love Is", por exemplo) ou novas versões de canções suas mais antigas ("The Way Young Lovers Do", por exemplo), standards do Blues e do Jazz de seu agrado.
Evidência maior nas duas publicações de 2018: "You're Driving Me Crazy" e "The Prophets Speaks", que tiveram a colaboração do organista e trompetista Joey DeFrancesco, tomando mesmo o nome Van Morrison and Joey DeFrancesco no primeiro daqueles registos.



Edição Exile Productions, Ref: 19075820032, de 2018



No conjunto dos dois álbuns temos um total de 29 canções, sendo na realidade canções novas somente 6 o que não é suficiente para um álbum de originais.
Talvez seja demonstrativo do estado actual de Van Morrison, mais interessado em recriar canções que gosta do que propriamente criar novas canções. Assim sendo e não pondo em causa a qualidade inquestionável destes álbuns, gostaria de voltar a ouvir Van Morrison com canções novas, e liberto da homogeneização sonora que ultimamente tem revelado.


Edição Exile Productions, Ref: 7707186, de 2018



Ainda não totalmente digerido este "The Prophet Speaks", editado em Dezembro último, mas de destacar de imediato a excelente qualidade do som e a voz impecável de Van Morrison nesta fusão do Jazz e do Blues.
A este ritmo, daqui a 6 meses teremos outro novo disco, tempo suficiente para a digestão de mais este belo trabalho.
No ano de 2018 de destacar ainda o concerto no EDPCOOLJAZZ, já neste blogue devidamente noticiado.




Van Morrison - Got To Go Where The Love Is

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Neil Young - Too Far Gone

Algumas memórias de 2018

Dos 4 músicos dos Crosby, Stills, Nash & Young, somente David Crosby gravou álbum de originais ("Here If You Listen" foi o Regresso ao Passado de ontem), não significa que os outros 3 estivessem parados.
Stephen Stills continuou activo com inúmero concertos, alguns com com Judy Collins com a qual tinha gravado o álbum "Everybody Knows" em 2017, mas também com Neil Young e em nome próprio.
Graham Nash deixou uma excelente colectânea, "Over The Years" e esteve em turné parte do ano.

Finalmente Neil Young. 2018 não viu um novo trabalho deste ímpar músico canadiano, quebrando a regularidade de um álbum por ano a que nos vinha habituando. Dedicou-se aos seus famosos arquivos (Neil Young Archives-NYA, Personal Series-PS) donde foi tirar mais dois álbuns ao vivo, o primeiro a aparecer foi o Volume 05 designado "Roxy - Tonight's the Night Live", o segundo foi o Volume 07 editado já em Dezembro, "Songs for Judy" é o nome.


"Roxy - Tonight's the Night Live" foi gravado ao vivo na abertura do Roxy Theatre em Setembro de 1973 e contém sobretudo faixas do álbum "Tonight's the Night" acabado de gravar, mas cuja edição só viu a luz do dia em 1975 (composto com extremo pesar pelas mortes recentes de Danny Whitten, guitarrista dos Crazy Horse e do "roadie" Bruce Berry, a editora decidiu atrasar a sua publicação).


Edição em CD com a ref: 9662-49079-6



"We had very recently lost Danny Whitten and our rodie Bruce Berry to heroin overdose so we were missing them and feeling them in the music every night as we played. Tonight's the Night was sort of a wake. There was no overdubbing on those nine original songs. They were recorded live, with no clean up.", lê-se nas notas do álbum. E ainda:
"We had finished recording and decided to celebrate with a gig at a new club opening on the Sunset Strip, the ROXY. We went there and recorded for a few nights, opening the ROXY. We really knew the Tonight's the Night songs after playing them for a month, so we just played them again, the album, top to bottom, two sets a night for a few days. We had great time."


"Songs for Judy" é compilado da turné a solo e acústica de Neil Young pela América do Norte no ano de 1976. Contém 22 canções precedidas pela introdução "Songs for Judy" onde Neil Young ficciona  a visão de Judy Garland:"What I'm gonna tell you is I saw Judy Garland down there tonight earlier. She was wearing a red dress, with red lipstick, and she had some, yeah uh, little bit of music with her right here uh, one of those music folios, it said "Somewhere over the rainbow", had a picture of her as a little girl looking up at me with the blue sky behind her, and there she was, Judy Garland in a red dress with a piece of music and she looked up and she said "How's the business Neil?". You don't have to believe me.", segue-se "Too For Gone", canção que só teria edição oficial no álbum "Freedom" em 1989.



Edição em CD com a ref: 9362-49037-8




De resto é mais uma pequena maravilha que Neil Young recupera para nosso gáudio. Canções que na época estavam entre o melhor que ele tinha composto, de "Old Laughing Lady" a "Pocahontas", sem esquecer as eternas "Tell My Why", Harvest" e Heart Of Gold".




Neil Young - Too Far Gone