quarta-feira, 7 de junho de 2017

Filarmónica Fraude - Problema da Escolha

Voltar à Filarmónica Fraude é sempre um prazer. De duração curta, começaram em 1968 e terminaram em 1970, esgotaram a discografia com 2 EP e 1 LP, no ano de 1969.

Deram nas vistas no Verão de 1968, no Algarve, onde se encontrava o jornalista e escritor Fernando Assis Pacheco que escreveu no «Diário de Lisboa» de 12 de Agosto de 1968 com o título “A «FILARMÓNICA FRAUDE» NAS NOITES BRANCAS DE ALVOR”:
“Há qualquer coisa como duzentos conjuntos pop em Portugal. Fazendo as contas muito por baixo, a 50 mil escudos (de aparelhagem e instrumentos) cada um, teremos uma verba do 10 mil contos empenhada nesta curioso engrenagem musical. Daí o primeiro razão da sua importância. Uma segunda razão será a de a música pop satisfazer hoje, pelo menos em principio, os apetites de diversão de uma camada Juvenil numerosa e voltada para os modelos anglo-saxões. A «Filarmónica Fraude» embora fazendo um esforço no sentido de incorporar temas portugueses no seu repertório, executa fundamentalmente números ingleses e americanos. Os aplausos maiores vão para «Lady Madonna», «A Whiter Shade of Pale» e «Yesterday».” 




Mas seria a compor e gravar em português que a Filarmónica Fraude iria ganhar um lugar de destaque na história da música popular portuguesa. Em Março de 1969 saía o 1º EP e na contra-capa podia-se ler:
“Seis jovens, cujas idades variam entre os 17 e os 20 anos. Estudantes. Nomes: António Luís Linhares Corvelo de Sousa, José João Parracho, João José Pinheiro Brito, António Antunes da Silva, Júlio Vital dos Santos Patrocínio e João Manuel Viegas Carvalho. Característica comum : o gosto pela música, a preocupação de fazer diferente.
Não é aventura, nunca foi aventura, essa entrega total à música que os levaria a atingir o ponto julgado indispensável para conquistarem uma posição no meio discófilo nacional.
Foi um trabalho de pesquisa, de criação, que teve como objectivo imediato renovar, sem concessões piegas e ultrapassadas, a música ligeira portuguesa, Tê-lo-iam conseguido estes seis jovens componentes do agrupamento a que deram o nome de Filarmónica Fraude? O público e a crítica têm a palavra. Uma coisa é certa: o trabalho destes seis jovens não nasceu do improviso da ocasião, não é fruto de qualquer leviandade ou brincadeira que a sua juventude poderia desculpar. Há irreverência — isso sim. E, qualidade musical. Há um trabalho de equipa em que se sente a vontade de quebrar barreiras aparentemente intransponíveis. Há a certeza que a única fraude que existe pertence ao nome do conjunto.”

Deste EP já ouvimos “Flor de Laranjeira” e “Menino”, é, agora, a vez de “Problema da Escolha” (música sobre motivo popular).




Filarmónica Fraude - Problema da Escolha

Sem comentários:

Enviar um comentário