sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Georges Brassens - La Mauvaise Réputation

A revista "Vida Mundial" e a música popular

"«As pessoas sensatas não gostam que os outros sigam um caminho diferente do seu» (Georges Brassens, em «A Má Reputação»).
— Tenho uma voz desgraçada, não faço nada em cena, a minha música é sempre idêntica, não falo senão de canalhas, de morte, de prostitutas e mesmo assim, isto já dura há 17 anos!
Corre tudo tão bem que, desde 1952, Brassens vendeu qualquer coisa como dezasseis milhões de discos de 45 rotações, dos quais cerca de dois milhões de 30 cm., ou seja, muito mais do que qualquer outro cançonetista francês. As letras, publicadas na colecção «Poetas de hoje» da edição Seghers, chamaram a atenção de 300 mil leitores, e em 1967 foi-lhe atribuído o prémio de poesia da Academia Francesa. 
No entanto, em 1952, as discotecas tinham recambiado o seu primeiro disco com a indicação «invendável, obsceno», e a rádio nacional tinha-o proibido. Era vulgar ouvir-se dizer: «Tudo o que ele diz é absurdo, ou, então, obsceno. É um desafio ao bom gosto.» Ele desafiava, sim, mas outras coisas bem mais importantes do que a razão ou as boas maneiras. Brassens desmitificava, desintoxicava. Era, e é ainda, inimigo duma sociedade inimiga do homem. Restituiu ao público o gosto pela poesia, pois o público encontra nos versos de Brassens coisas que compreende e lhe dizem respeito. Não é exagero dizer-se que, devido à sua imensa popularidade, Brassens contribuiu mais do que qualquer outro para o rejuvenescimento das ideias. O seu sucesso teve o carácter dum fenómeno social. Conseguir manter-se em cena no Bobino durante três meses é um acontecimento social."

Começava assim o artigo intitulado "Georges Brassens: Luta Contra uma Sociedade Inimiga do Homem", um exclusivo para a "Vida Mundial" da revista francesa "Rock & Folk", publicado no nº 1591 de 5 de Dezembro de 1969.

São 3 páginas que o artigo ocupa, ao longo do qual se relata a vida de Georges Brassens intermediada por declarações do próprio.








Georges Brassens (1921-1981) foi um cantautor francês que se notabilizou nos anos 50 e 60, ainda nos anos 40 escreve os primeiros poemas e adere à causa anarquista. Diz o próprio:
"Penso que já tinha a anarquia dentro de mim aos 10 anos. O que é certo é que já estava predestinado para ela. A sua filosofia e o seu comportamento perante a vida convinham-me. Foi por isso que me juntei a eles. Ainda hoje procuro a companhia dos meus amigos anarquistas. Há uma coisa que me impressionou e me seduziu neles: o medo de se enganarem. Os anarquistas são os seres mais escrupulosos que conheço."

Em 1952 grava o primeiro álbum que ficou conhecido pelo nome da primeira canção, "La Mauvaise Réputation". Mais tarde um tema interpretado por outros cantores dos quais saliento Paco Ibáñez e Luís Cília.



Georges Brassens - La Mauvaise Réputation

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