Da nossa música Folk, ou Folk-Rock, daquela que se aproximava daquilo que melhor então se fazia, em particular, no Reino Unidos com os Fairport Convention, Pentangle e Incredible String Band, não ficaram muitos registos. Também pouca houve, é verdade. Um dos melhores exemplos resume-se a um Single editado no ano de 1971 e é a proposta para hoje, são os Family Fair.
Os antecedentes destes Family Fair são os seguintes.
Em 1969, Nuno Rodrigues formou conjuntamente com Clara Stock Aguiar (Daphne), António Lobão e Judi Brennan o grupo Música Novarum de boa memória e de curta duração, deixou um EP gravado que tenho vindo a recordar.
Em 1971 é a vez dos Family Fair, ou seja Nuno Rodrigues e Daphne com Carlos Zíngaro, Celso de Carvalho e Carlos Coelho Achega. Lembre-se que no mesmo ano Daphne participou no Festival RTP com a canção "Verde Pino" composta por Nuno Rodrigues da qual já dei nota.
A sonoridade dos Family Fair é absolutamente incrível no contexto musical da época, o Single é uma raridade e vale bom dinheiro. Na contra-capa um texto de Tito Lívio:
"Torna-se sempre arriscado e comprometedor para um crítico aceitar sobre si a responsabilidade da apresentação de uma nova gravação no tão pobre e confuso panorama da "nova" canção portuguesa.
Escutei várias vezes este "single" de "Family Fair". Com agrado, com uma surpresa não isenta de alegria, de prazer. Aquele que nos comunica a validade e qualidade de uma experiência.
Música que enraíza nos grupos folk-rock como os Fairport Convention, Fotheringay, Mathew´s Southern Comfort e Pentangle ela aparenta-se ainda quanto à instrumentação utilizada (ausência absoluta da percussão por desnecessária) com Jim Webb e John Mayall.
Em "Soldier" há desde o início a criação de uma atmosfera estranha, exótica que nos é fornecida pelo som acre dos instrumentos utilizados (recuperados assim para a pop experiência rara entre nós): violino e violoncelo. A voz de Daphne aparece aqui dotada de uma transparência e espiritualidade serenas servindo muitas vezes de contraponto instrumental, sublinhando a força de um poema-tema actual e oportuno.
"Mrs Colbeck" - um poema de raízes surrealistas, melodia com uma instrumentação mais curiosa embora não tão colorida e rica como "Soldier" em que a viola (ela própria quando seca utilizada como percussão) vai marcando o ritmo e criando um crescendo de intensidade sonora muito belo.
"Family Fair" constitui, sem dúvida, desde já, uma experiência muito positiva e honesta merecedora de toda a nossa atenção."
Para mim a lembrar os Pentangle de Jacqui McShee, segue "Soldier".
Family Fair - Soldier
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