quinta-feira, 30 de junho de 2016

Janis Joplin - Kozmic Blues

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Um dos mais fascinantes discos do ano de 1969 vai para a extraordinária cantora prematuramente falecida Janis Joplin. Dotada de uma voz fora do vulgar vai assinar no ano de 1969 um dos melhores discos de Blues-Rock. "Kozmic Blues", o primeiro álbum após a saída dos The Big Brother and The Holding Company, e único em vida,  foi gravado antes e editado depois da passagem de Janis Joplin pelo histórico Festival de Woodstock.

O programa de rádio "Em Órbita" nas suas classificações anuais vai considerar "Kozmic Blues" o 8º melhor disco do ano e referia-se-lhe assim:
"Espectáculo incomparável de uma artista incomparável!
Paixão, liberdade, ternura, erotismo, violência e humildade, um conjunto de sugestões que se libertam em harmonia admirável, da poderosa personalidade de Janis Joplin.
«Kozmic Blues» - um álbum empolgante!" 






A sugestão de audição vai para a faixar de abertura deste singular álbum e dá pelo nome de "Try (Just a Little Bit Harder)". Janis Joplin no seu melhor.



Janis Joplin - Try (Just a Little Bit Harder)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Neil Young - Neil Young

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


"Uma figura que ficará para sempre associada a alguns dos melhores momentos do "Em Órbita"-1969. Um álbum único:
Dele se liberta o encanto de temas simples que se entendem como resultado de uma inspiração que acontece.", eram estas as palavras  que o "Em Órbita" atribuía a Neil Young e ao seu álbum inicial, o 9º melhor do ano de 1969 de acordo com o programa de rádio.






Eis então justificada nova passagem pelo primeiro registo a solo de Neil Young. "Neil Young" foi editado pela primeira vez em finais de 1968, mas a insatisfação de Neil Young com a qualidade do som (exigência que ainda hoje mantém) leva a que em 1969 o disco tenha nova mistura e seja reeditado.

Seria o primeiro disco de um longo e ímpar percurso, que ainda hoje mantém, sendo um dos mais bem sucedidos "sobreviventes" dos anos 60.

Lembro-me de ter o disco, em vinil, nas mãos conjuntamente com "Saint Dominic's Preview" (1972) do Van Morrison e ter de decidir qual deles comprar. Difícil a escolha, o meu pai inclinou-se para Van Morrison, foi este que se comprou. Já em formato CD acabei, tardiamente, por adquirir este "Neil Young".

Pese toda a polémica que se gerou quanto à qualidade da gravação mesmo depois da reedição, "Neil Young" é um belo primeiro álbum a que é bom retornar. Lembramos "Here We Are In The Years" que de acordo com ""Neil Young - A história definitiva da sua carreira musical", "...permanece ainda hoje uma das canções mais admiráveis do álbum."



Neil Young - Here We Are In The Years

terça-feira, 28 de junho de 2016

Jethro Tull - Stand Up

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

"Stand Up" é o 2º LP do grupo britânico Jethro Tull. Marca a identificação do som Jethro Tull com um estilo mais progressivo, em detrimento da maior influência do Blues do primeiro álbum.
A saída de Mick Abrahams, para formar os Blowyn Pig, e a sua substituição por Martin Barre, que se vai manter por 43 anos, permitiram a consolidação da sonoridade Jethro Tull e a assunção do projecto Jethro Tull por Ian Anderson.
"Stand Up" foi todo escrito por Ian Anderson, as influência do Blues ainda se faziam sentir, mas outros horizontes se abriam, influências clássicas, aproximação ao Folk podem-se detectar num dos álbuns dos Jethro Tull a que é mais agradável de voltar.






Eis a apreciação do programar "Em Órbita" ao considerar "Stand Up" o 10º melhor álbum de 1969:
"Músicos de formação facilmente identificável,  únicos porta-vozes em Inglaterra de um género de música abandonado em benefício de experimentalismos de méritos tantas vezes discutíveis, Jethro Tull são, no entanto, autênticos músicos de vanguarda.
Explorando, com inteligência, uma origem musical que é um filão inesgotável, os Jethro Tull conseguem apresentar, através de subtis pormenores de interpretação e orquestração, um figurino sempre original para um tipo de música com muitos frutos ainda para dar."

É deste álbum a primeira música que provavelmente conheci dos Jethro Tull, "Bourée", a adaptação do clássico de J. S. Bach e hoje um clássico também dos Jethro Tull.

Para recordação, a faixa de abertura A New Day Yesterday" uma remanescência do anterior "This Was".



Jethro Tull - A New Day Yesterday

segunda-feira, 27 de junho de 2016

The Moody Blues - To Our Children's Children's Children

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


The Moody Blues, referência britânica obrigatória na história da música popular da segunda metade da década de 60.  The Moody Blues referência também obrigatória no programa "Em Órbita".
Depois de em 1968 colocar os dois primeiros álbuns (não considerando "The Magnificient Moodies" de 1965 antes da formação clássica) dos The Moody Blues entre os melhores do ano, em 1969 elege mais 2 álbuns entre os melhores. É o período de ouro de um grupo que encantou a nossa juventude, The Moody Blues.

"To Our Children's Children's Children" é o 4º álbum a merecer ser considerado o 11º melhor do ano, o 3º "On the Threshold of a Dream" iria ter ainda melhor sorte. Mas para já fiquemos com "To Our Children's Children's Children".




Com "To Our Children's Children's Children" The Moody Blues encerravam um ciclo que era difícil de repetir. Embora até 1972 fizessem mais 3 LP a não desconsiderar é um facto que os primeiro 4 LP transcendiam-se em qualidade e inovação.
"Em Órbita" ao classificá-lo em 11º lugar faz a seguinte apreciação premonitora:
"To Our Children's Children's Children" - uma realização que, embora não abra novas perspectivas à música dos Moody Blues, prolonga, através de uma requintada encenação sonora, os objectivos de grandiloquência arrebatadora que sempre identificaram este grupo.
Uma obra que suscita uma interrogação em matéria de continuidade."

Já recordámos deste disco "Watching and Waiting", é agora a vez de "Gypsy".



The Moody Blues - Gypsy

domingo, 26 de junho de 2016

Chicago - Chicago Transit Authority

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Um caso sério no panorama musical de 1969 foi o aparecimento dos Chicago Transit Authority, posteriormente somente Chicago. Um septeto de músicos que em três anos nos iriam surpreender com uma criatividade incomum ao gravarem 3 duplos álbuns de qualidade inegável, o que não era nada vulgar.
Explorando áreas que, não sendo propriamente originais, os Blood, Sweat and Tears terão sido dos primeiros, abriam novos caminhos para a música popular, os Chicago constituíram-se, no género fusão Jazz Rock, das propostas mais interessantes de então.

Logo no primeiro registo, o duplo homónimo "Chicago Transit Authority" revelavam uma frescura contagiante a que ninguém fica indiferente. Ainda hoje se ouve com todo o agrado. Numa mistura original de Rock, por vezes próximo do chamado Hard-Rock, e forte influência jazzística com destaque para a utilização dos metais, os Chicago revelavam simultaneamente um som audacioso e simples, ouça-se "Does Anybody Really Know What Time It Is?".




"Em Órbita" escolhe "Chicago Transit Authority" para o 12º melhor álbum do ano de 1969 e considerava os Chicago assim:
"Um grupo de personalidades possuídas duma sólida intuição musical e dum sentido exacto do bom gosto estético, que nos deram quer em originais quer em recriações, alguma da música mais intensamente vivida e praticada em 1969. 
A Chicago Transit Authority - afirmação convicta de músicos em plenitude."

Ficamos com o início, ficamos com "Introduction" a primeira faixa:



Chicago - Introduction

sábado, 25 de junho de 2016

Fairport Convention - Unhalfbricking

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Entre as novidades mais criativas que o programa "Em Órbita" ajudou a divulgar encontrava-se o grupo britânico de Folk-Rock Fairport Convention. Os seminais Fairport Convention são, aliás, um dos principais grupos na origem do Folk-Rock inglês que tanto apreciamos.

Em 1969, os Fairport Convention já tinham sofrido algumas alterações na sua constituição, sendo a principal a admissão da cantora Sandy Denny em substituição de Judy Dyble que tinha participado no primeiro LP do grupo.
O ano de 1969 vai ser um ano único da história dos Fairport Convention e do Folk-Rock. Editam nada mais nada menos que 3 álbuns que vão ser cruciais na definição do Folk-Rock.
É o 2º (3º no discografia do grupo) que "Em Órbita" elege para a 13ª posição na lista dos melhores álbuns do ano, era "Unhalfbricking".




Uma nota para a capa do LP. Não continha qualquer referência ao grupo ou ao nome do disco, era simplesmente uma fotografia dos pais de Sandy Denny com os elementos do grupo ao fundo no jardim.
Mas o melhor estava no interior, um disco histórico com a revelação de uma espantosa Sandy Denny na composição, e no canto. Ainda o gosto desta por Bob Dylan  com a inclusão de 3 canções superiormente interpretadas. Uma delas era "Percy's Song".



Fairport Convention - Percy's Song

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Blitz nº 86 de 24 de Junho de 1986

Jornal "Blitz"

A capa do nº 86 do jornal Blitz que saiu há 30 anos tinha na capa a fotografia mais conhecida de Jim Morrison (na realidade parte da fotografia em que Jim Morrison está de tronco nu e braços abertos).





- Fofoquices de Ok! sem interesse preenchem a página 2.
- Pequenas notícias ocupam a página 3: A digressão em favor da Amnistia Internacional de que fizeram parte entre outrso, os U2, Lou Reed, Peter Gabriel Sting, Bob Dylan, Joan Baez, Brian Adams e Jackson Brown; Os Xutos e Pontapés vão assinar pela Polygram; os desconhecidos Woodentops vêm tocar ao Rock Rendez-Vous.
- Página 4 para os UHF, nova formação novo espectáculo: "UHF on the road"
- Página 5 com anúncio único da "Dansa do Som", a grande discoteca do país em venda postal. LP entre os 850$00 e 1250$00 (4,25€ e 6,25€).
- "Bonnie Tyler - rock no feminino" ó título do artigo na página 6. Elogios à carreira da cantora galesa noticiando-se o novo LP "Secret Dreams and Forbidden Fire"
- Página 7 com "Busca no Sótão" recorda a via e obra dos The Doors e do seu líder Jim Morrison, continuava bem viva a lenda de Jim Morrison.
- Página 8 tem "Doces Agressões", são as iniciativas de convívio de estudantes de várias faculdades de Lisboa, numa delas um vídeo dos Joy Division gravado em Bruxelas em 16 de Outubro de 1979.
- Na Página 9 dá-se a conhecer um desconhecido Andrew Poppy com um uci álbum editado e de passagem por Lisboa para ceder uma faixa do disco para o filme português "Uma Rapariga no Verão".
- Páginas centrais para o duplo álbum colectânea "Divergências", edição da editora Ama Romanta da música moderna portuguesa que então era feita e pouco divulgada. Mler If Dada, João Peste, Pop Dell'Arte, Croix Sainte, Bye Bye Lolita Girl, Essa Entente são alguns que fazem parte desta duplo LP.
- Página 12 dá-se a conhecer a biografia oficial de um grupo novo do País de Gales, os Kooga, tinham um LP de nome "Across the Water".
- Página 13 totalmente ocupada com os habituais "Pregões e Declarações".
- Página 14 dedicada à moda sem qualquer interesse.
- O Cardápio na página 15 anuncia Carla Bley e Egberto Gismonti para o Coliseu de Lisboa na noite de 30.
- Numa altura em que se fizeram dos melhores clip musicais, sob o título "O manifesto surrealista", na página 16, fala-se do clip de Peter Gabriel "Sledgehammer".
- Página 17, em "Este Mundo e o Outro" destaque para dois discos, de Philip Glass, "Songs From Liquid Days" e de Ryuichi Sakamoto, "Field Work".
- As listas dos Top ocupam as páginas 18 e 19, nos LP, em Portual o 1º lugar ia para "Bem Bom" de Gal Costa" nos EUA era o álbum homónimo de Whitney Houston e na Grã-Bretanha o LP "A Kind of Magic" dos Queen. O mais interessante andava na lista de Independentes, por exemplo "Victorialand" dos Cocteau Twins e "Hatefull of Hollow" dos Smiths estavam entre os dez primeiros.
- Finalmente a página 20 sob o título "Aí vai (Vroum! Vroum!) esse chiante aerodinâmico roquenrol kôr de karamelo e frutas" dá-se a conhecer Tom Wolfe jornalista americano "com um gosto especial pela cultura Pop".


Peter, Paul and Mary - Peter, Paul and Mommy

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Peter, Paul and Mary eram presença obrigatória no programa "Em Órbita".

Em 1969 gravam o último álbum de originais antes de em 1970 editarem a colectânea "Ten Years Together" e de se separarem. Ir-se-iam encontrar repetidas vezes mas infelizmente já sem a magia da década de 60.
E como era o último álbum desta primeira fase dos Peter, Paul and Mary?
Nada mais que um álbum infantil a merecer o Grammy para melhor disco para crianças, "Peter, Paul and Mommy".
Um disco para crianças a que os adultos não ficam indiferentes, belas canções com belas harmonias onde se destacavam a recuperada "Puff (The Magic Dragon)", o tradicional "It's Raining" e a canção anti guerra do Vietname "Day Is Done" porque, de acordo com Peter Yarrow, "children will lead us to a better world".




"Peter, Paul and Mommy" é o 14º álbum eleito para os melhores de 1969 pelo programa de rádio "Em Órbita". Agora oportunidade para voltar à nossa meninice  e recordar "Day Is Done" e continuar a acreditar num mundo melhor.



Peter, Paul and Mary - Day Is Done

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Tim Buckley - Happy Sad

Os 15 melhores álbuns de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Em 1968 tinha sido, para o programa "Em Órbita", a revelação do ano, em 1969 é a consagração ao entrar na lista dos melhores álbuns do ano, era Tim Buckley.

Tim Buckley (1947-1975) morreu de overdose de heroína e nunca conheceu o êxito comercial. Rapidamente alcançaria o estatuto de culto de uma minoria que apreciava a sua música e as capacidades vocais invulgares que demonstrava. Em vida não atingiu os Top nem de vendas nem de popularidade. Dificilmente o alcançaria, a música, intimista, evoluiu do Folk para abordagens bem mais vanguardistas nos anos finais da sua vida, não era propriamente de gosto fácil e, logo, de êxito assegurado.





Em 1969 Tim Buckley grava e edita o 3º álbum "Happy Sad" onde é notória a evolução para um som mais complexo, mas não menos belo. Composto por apenas 6 canções de longa duração (apenas "Sing a Song For You" tem os normais 2m36s), "Happy Sad" é o álbum que "Em Órbita" elege para o 15º lugar dos melhores álbuns do ano.

Um prazer voltar a Tim Buckley, aqui, como amostra, a pequena "Sing a Song For You".



Tim Buckley - Sing a Song For You

quarta-feira, 22 de junho de 2016

The Beatles - Ballad of John and Yoko

A pior gravação de 1969 segundo o programa "Em Órbita"

Recordemos as piores gravações que o "Em Órbita" considerou nos anos anteriores:
1966 - Frank Sinatra - Strangers In The Night
1967 - Sandie Shaw - Puppet On A String
1968 - The Union Gap - Young Girl

Ou seja, canções que atingiram níveis elevados de popularidade e que passaram incessantemente na rádio. E "Em Órbita" não olhava aos autores, Frank Sinatra incluído...
Em 1969 como seria?
Numa longa explicação "Em Órbita" escolhe The Beatles e a canção "The Ballad of John and Yoko".
Nem The Beatles escaparam.






Eis o texto lido pelo "Em Órbita":
"É nossa firme convicção, sem pretendermos fazer disso um axioma, que, para além da personalidade de um criador ou do conjunto da sua obra, há que saber distinguir, de per si, a validade de cada exemplo dessa actividade criadora, aplaudindo os que o merecem, denunciando aqueles que não passam de exploração aleatória de uma popularidade conquistada embora a golpes de génio. Com efeito, só através duma atitude apreciativa livre e desinibida se poderá com relativa tranquilidade proceder à separação criteriosa do trigo e do joio.
Para a escolha da pior gravação do ano de 1969, de entre um número inquietante de produções perigosamente más (perigosamente pelo impacto fácil e imediato que obtém junto de espíritos pouco esclarecidos), foi nossa preocupação apenas considerar aquelas que, partindo de nomes com responsabilidades criadas e assentes em sólidos pilares de talento e seriedade, por esse mesmo facto se salientam e se revestem de maior gravidade.
E assim deparámos com uma que logo nos chocou pelo que representa de cabotinismo gratuito, de exploração malsã da enorme divulgação que o nome dos responsáveis necessariamente facilita.
À pobreza confrangedora duma melodia repetitiva no mau sentido justapôs-se uma lírica em que a ironia saudável e a crítica esclarecida cedem o lugar a uma manifestação negativa de abdicação, de derrota e de desencanto. Esta atitude de fria maquinação, ao assumir um carácter de pedantismo inconsequente da parte de personalidades cujo mais autêntico valor residia na capacidade de criarem músicas e líricas acima de tudo belas e ricas de conteúdo, levou-nos a resistir ao apelo aliciante que, para esta escolha, representavam para nós gravações como “Dizzy”, de um Tommy Roe, “Sugar Sugar”, de uns Archies.
Desses, nada nos surpreende, porque nada deles se esperava.
Não é esse o caso dos Beatles.
Justifica-se assim a escolha de “The Ballad Of John And Yoko” como a pior gravação de 1969."

Na rejeição constante do êxito fácil, para o "Em Órbita", The Beatles com "Ballad of John and Yoko" produziram a pior gravação de 1969.



The Beatles - Ballad of John and Yoko

terça-feira, 21 de junho de 2016

Donovan - Atlantis

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


E chegamos à canção nº 1 de 1969.

11º em 1967 com "Sand and Foam", 6º em 1968 com "The Hurdy Gurdy Man", é nº 1 em 1969 com "Atlantis". Donovan é o músico que nos deixou estas pérolas da música popular
"Atlantis" editada em Single ainda no ano de 1968, surge integrada, em 1969, no álbum "Barbajagal" e o "Em Órbita" fiel à obra de Donovan vai colocá-la no topo das melhores canções do ano.




No dizer do "Em Órbita":
"Atlantis é um acto de conquista.
Cruzada maravilhosa empreendida por novos guerreiros que partem na certeza antecipada de uma vitória final, empolgante e decisiva.
É um ritual de mágico encantamento, que nos transporta até às diluídas fronteiras de um nobre e novo país, onde tudo se sublima em atmosferas de transbordante paixão.
Fascinante sussurro de um Deus perfeito que, mordido pelo fogo de uma eterna insatisfação, se projecta ao assalto de metas sempre mais longínquas.
Subtil murmúrio que em brusca e prodigiosa metamorfose se transforma no grito visceral e puro de um novo Sol a nascer.
Atlantis é todo o fascínio de uma Nova e Desconhecida Aventura.
Atlantis é um dos mais belos momentos de toda a história da música popular.
Atlantis é a melhor gravação de 1969."



Donovan - Atlantis

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Simon and Garfunkel - The Boxer

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


O ano de 1969 não viu editado nenhum álbum de uma das preferências do programa "Em Órbita", o duo norte-americano Simon and Garfunkel. Tinha-se que aguardar por 1970 pelo sucessor dessa obra-prima que foi "Bookends". No entanto a anteceder esse disco único de nome "Bridge Over Troubled Waters", Simon and Garfunkel adiantam um Single onde consta uma das melhores canções do duo, "The Boxer".






"The Boxer" foi das canções mais produzidas e que mais tempo levaram a ser gravadas, havendo quem a considere excessiva nos arranjos e até na duração. Cá por mim sempre me senti confortável com esta bela canção e com certeza o "Em Órbita" também ao considerá-la a 2ª melhor canção do ano.



Simon and Garfunkel - The Boxer

domingo, 19 de junho de 2016

The Moody Blues - Watching and Waiting

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


E chegamos às três melhores canções de 1969 de acordo com o programa "Em Órbita".

No álbum "To Our Children's Children's Children" dos The Moody Blues constava aquela que o "Em Órbita" vai colocar na 3ª posição. "Watching and Waiting" é das canções mais belas que The Moody Blues compuseram, não tendo sido, no entanto, das que tiveram maior popularidade.

Num álbum, inspirado na chegada do homem à lua, com elevada produção de estúdio era um disco difícil de reproduzir ao vivo, talvez por isso não tão conhecido como as anteriores.




Vá-se lá saber porquê "Watching and Waiting" não obteve sucesso nas tabelas de venda, contrariamente ao LP que, pese a sua complexidade, foi bem recebido.
Editada em Single em Outubro de 1969, foi a tempo de "Em Órbita" colocar "Watching and Waiting" directamente no 3º lugar das melhores do ano. Altura para saborear "Watching and Waiting", uma das minhas preferidas de sempre.

Watching and waiting
For a friend to play with
Why have I been alone so long
Mole he is burrowing his way to the sunlight
He knows there's someone there so strong

Cos here there's lots of room for doing
The thing you've always been denied
Look and gather all you want to
There's no one here to stop you trying

Soon you will see me
Cos I'll be all around you
But where I come from I can't tell
But don't be alarmed by my fields and my forests
They're here for only you to share

Cos here there's lots of room for doing
The things you've always been denied
So look and gather all you want to
There's no one here to stop you trying

Watching and waiting
For someone to understand me
I hope it won't be very long



The Moody Blues - Watching and Waiting

sábado, 18 de junho de 2016

Blood, Sweat and Tears - Spinning Wheel

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Contrariamente à maioria dos programas então existentes, "Em Órbita" primou pela diferenciação, quer na forma, sóbria e didáctica, quer no conteúdo, inovador e de qualidade.
Era assim que o programa era visto na rubrica RÁDIO da revista "Vida Mundial" no nº 1578 de 5/9/1969:
"Numa estrutura de programa, de directriz radiofónica inerente ao senso comum, tida como inevitável e de acordo com o que preferem os radioouvintes, é uma metáfora que continua, à força de repetir-se, a servir de tabuleta pacóvia ou máscara de habilidade ardilosa à maioria dos nossos programadores.
Não o preferiu assim "Em Órbita" que, com as suas virtudes e defeitos conhecidos, tem procurado valorizar-se perscrutando o que melhor lhe convém e irá convir ao público. É um esforço tanto mais louvável quanto a programação puder resistir ao desfile de preferências anacrónicas.
É claro que não esquecemos que se trata de um programa «comercial», mas um programa em que a teorização crítica não está divorciada das diversas realidades de um programa radiofónico nas suas implicações técnicas e de meios propiciatórios ao que de melhor se faz na nossa rádio.
É claro também que, por ser um programa «comercial», o anunciozinho é indispensável, mas... Por anunciozinho: Por que motivo não serão outros os locutores a anunciar a banha-de-cobra em vez dos mesmos que orientam o programa?"

Quanto aos anúncios também aí o "Em Órbita" se diferenciava. Eram criteriosos na escolha, pelo menos a certa altura tiveram um patrocínio único, e distintos na apresentação que era feita pelos próprios e bem integrados no "clima" do programa.

Na divulgação musical, que é o que agora nos interessa, a escolha era feita, entre as mais recentes produções discográficas, muitas em primeira mão, pelo gosto dos autores e não "com o que preferem os radioouvintes", o que permitia ter acesso privilegiado ao que melhor se fazia em Inglaterra e Estados Unidos.

Para o 4º lugar das melhores canções do ano de 1969 a escolha recai sobre "Spinning Wheel" dos então emergentes Blood, Sweat and Tears.





Já sem Al Kooper os Blood, Sweat and Tears então reformulados tinham o grande David Clayton-Thomas como vocalista principal. Esta nova formação vai ter um êxito tremendo sendo "Spinning Wheel" um dos temas então mais conhecidos durante o ano de 1969. "Spinning Wheel" fazia parte do 2º LP "Blood, Sweat & Tears" editado em finais de 1968.



Blood, Sweat and Tears - Spinning Wheel

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Crosby, Stills and Nash - Helplessly Hoping

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


A grande novidade, vinda dos Estados Unidos, do ano de 1969  foi um trio de músicos já com provas dadas em diferentes grupos, David Crosby proveniente dos The Byrds, Stephen Stills dos desavindos Buffalo Springfield e Graham Nash do grupo inglês The Hollies, ficaram conhecidos por Crosby, Stills & Nash ou simplesmente CSN.

Por cá era possível ouvi-los no programa "Em Órbita", eram uma das manifestações mais interessantes do ano que o programa vai premiar entre os melhores.

Chegamos assim, ainda na lista das melhores canções, ao Top 5 e em 5º lugar está "Helplessly Hoping". "Helplessly Hoping" é uma pequena maravilha, é uma bênção de Deus, é uma canção imaculada que perdura no tempo. Escrita por Stephen Stills após o fim da relação com a Judy Collins, foi editada em Single como lado B de "Marrakesh Express".




A década de 60 terminava em beleza com "Helplessly Hoping", eram os Crosby, Stills & Nash, para ouvir em silêncio.

Helplessly hoping her harlequin hovers nearby
Awaiting a word
Gasping at glimpses of gentle true spirit he runs
Wishing he could fly
Only to trip at the sound of goodbye

Wordlessly watching he waits by the window and wonders
At the empty place inside
Heartlessly helping himself to her bad dreams he worries
Did he hear a good-bye?
Or even hello?

They are one person
They are two alone
They are three together
They are for each other

Stand by the stairway you'll see something certain to tell you 
Confusion has its cost
Love isn't lying it's loose in a lady who lingers
Saying she is lost
And choking on hello



Crosby, Stills and Nash - Helplessly Hoping

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Jethro Tull - Living In The Past

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Muito do melhor que se fez na música popular anglo-americana teve passagem em primeira mão pelo programa "Em Órbita" que, mais uma vez, temos vindo a recordar. Desta, a pretexto do ano de 1969.

Não sei se os Jethro Tull fizeram parte daqueles que tiveram a primeira aparição na nossa rádio no programa "Em Órbita", mas uma coisa é certa, não era comum a sua audição noutros programas. E a sua música não era dada ao gosto fácil de uma grande parte da programação que então se verificava.
É portanto natural que as minhas primeiras audições dos Jethro Tull tenham sido feitas no "Em Órbita", lembro-me bem de ouvir, por exemplo "Boureé", no "Em Órbita". Talvez o mesmo tenha acontecido com "Living In The Past".

"Living In The Past" é uma canção dos Jethro Tull editada em Single em 1969, que não constou em nenhum álbum de originais, a qual teve do "Em Órbita" a devida atenção e que no final do ano a considera a 6ª melhor do ano.





Somente em 1972, na compilação com o mesmo nome, é que encontramos "Living In The Past" editada em  LP. Em 1972, face ao sucesso que entretanto os Jethro Tull alcançaram, "Living In The Past" ganha nova vida tornando-se um tema de referência do grupo.



Jethro Tull - Living In The Past

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Procol Harum - A Salty Dog

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


"Não chega. Não basta ter uma boa ideia. Não basta ser um bom rapaz. Não chegam os Quakers, nem os Adventistas do Sétimo Dia. Rubricas como «Que Quer Ouvir», «Quando o Telefone Toca», «Cartas a Ninguém», «Uma Vedeta na Noite», «Grande Feira do Disco», «Vozes que São Êxito», etc., são o papel químico umas das outras, repetindo a mesma mediocridade, a mesma inutilidade e idêntica sensaboria. Nada as destaca, nada as distingue, constituem, apenas, uma forma de preencher tempo, a mesma colecta de publicidade.
Se «Radiorama», «Em órbita», «Página Um», «Impacto» e toda a programação da 2.a estação da E. N. se distinguem e merecem os argumentos de uma crítica honesta e justa, todas aquelas e muitas outras rubricas podem ficar sob a tutela do mais completo esquecimento. São ridículas de mais para que possam constituir motivo de qualquer julgamento. No entanto, como a atracção exercida por tudo quanto é mau, se torna dia a dia mais perniciosa, seria interessante um estudo sobre os propósitos reais de tais rubricas, sobre a sua desmesurada inconsciência ou as suas intenções pouco claras. Seria curioso saber como e porquê tais rubricas são possíveis e porque motivo resistem e fecundem tão prodigamente. Seria óptimo saber quais as intenções que movem os responsáveis de tais rubricas, e indagar porque as defendem eles com unhas e dentes. Talvez fosse este o modo de se chegar a outras e proveitosas conclusões, sobretudo, às de carácter cultural, social e pedagógico. Sim, porque não acreditamos não ser deliberada a prioridade radiofónica dada a tais absurdos, assim como não acreditamos que outros não vejam e reconheçam a inutilidade de tais emissões. Um propósito existe. Qual?" na rubrica RÁDIO da revista "Vida Mundial" nº 1575 de 15-08-1969.

Mais um texto a dar-nos uma ideia do estado em que se encontrava a rádio portuguesa no ano de 1969.
Felizmente tínhamos o "Em Órbita" a fazer a diferença, toda a diferença. Aqui conseguíamos ouvir o que dificilmente se poderia ouvir noutros programas.
Recordo-me bem de ouvir uma das canções que me marcou para sempre e que o "Em Órbita" vai considerar a 7ª melhor do ano, era "Salty Dog" dos bem queridos Procol Harum.





"A Salty Dog" é o melhor que os Procol Harum produziram e uma das minhas preferidas de sempre. "A Salty Dog" é a composição perfeita, superiormente interpretada por Gary Brooker com arranjos de orquestra grandiosos e está entre o melhor que conhecemos da música popular.

Contra a mediocridade, a inutilidade a sensaboria da generalidade do que então nos era dado ouvir, segue "A Salty Dog", para recordar sempre!



Procol Harum - A Salty Dog

terça-feira, 14 de junho de 2016

Led Zeppelin - Whole Lotta Love

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


Uma rádio diferente, era o "Em Órbita"!
Para quem não viveu os anos 60 não é fácil de imaginar o que era a programação de rádio naquela época e a importância que programas como o "Em Órbita" tiveram na alteração do panorama da difusão musical então ocorrido.
Em depoimento a Luís Pinheiro de Almeida, para o jornal "Blitz" nº 22 de 2 de Abril de 1985, Jorge Gil, um dos autores do programa, afirmava:
"Era uma época em que se desconhecia, por completo, o que estava acontecendo em matéria de música popular em países como a Inglaterra e os Estados Unidos, e em que prevalecia a divulgação de subprodutos saídos das editoras espanholas, italianas e francesas, reveladoras do mais completo conformismo face ao gosto dominante do grande público.
O contacto com a música anglo-americana foi, nesses anos, uma espécie da catapulta não apenas para a formação de um novo tipo de «gosto» e de «prazer» , mas também por via das interrogações que ela suscitava, veio provocar uma tomada de consciência face  aos problemas do nosso país, designadamente os enfrentados pelos jovens como a guerra colonial".


Anualmente, o "Em Órbita" procedia à elaboração das listas das melhores canções e álbuns, referente ao ano de 1969, nas melhores canções vamos encontrar em 8º lugar aquela que tornou os Led Zeppelin num dos grupos mais populares e queridos da juventude de então, "Whole Lotta Love".




"Whole Lotta Love", mais tarde, foi identificada como tendo origem na canção "You Need Love" de Willie Dixon na interpretação de Muddy Waters de 1962, mas mais evidente na versão, de 1966, da mesma canção, pelos Small Faces.
"Whole Lotta Love" é bem representativo da qualidade e simultaneamente do êxito comercial que a música Pop-Rock então alcançava. O 8º lugar das melhores canções do ano de 1969 era ocupado por "Whole Lotta a Love".



Led Zeppelin - Whole Lotta Love

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Janis Joplin- Kozmic Blues

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


O ano de 1969 foi mais um grande ano na música popular anglo-americana, a testemunhá-lo as listas de melhores canções e melhores álbuns do ano, elaboradas pelo programa "Em Órbita". Um programa de audição obrigatória. É verdade que alguns outros programas, como o "Página um" surgido na Rádio Renascença no ano anterior ou até mesmo a "23ª hora"com os seus "Cinco minutos de Jazz" do José Duarte,  vieram alargar o leque de opções, no caso do "Página um" havia mesmo sobreposição de horário o que dificultava a escolha, mas nenhum se lhe comparava em sobriedade, inovação e muito bom gosto.
Então, se queríamos a nata do que melhor se fazia lá fora era mesmo o "Em Órbita" que tínhamos que sintonizar.

Continuamos a recordar a lista das melhores canções do ano de 1969 elaborada pelo "Em Órbita".
No 9º lugar aparece "Kozmic Blues" de Janis Joplin.





Após a saída dos Big Brother and the Holding Company, Janis Joplin (1943-1970) forma a Kozmic Blues Band que a suporta no primeiro e único álbum sob nome próprio editado ainda em vida.

Deste "Espectáculo incomparável" como o "Em Órbita" vai classificar o álbum, a canção "Kozmic Blues" ocupa a 9ª posição entre as melhores de 1969.



Janis Joplin- Kozmic Blues

domingo, 12 de junho de 2016

Primavera Sound (PJ Harvey - The Ministry Of Defence)

Primavera Sound 2016


Terminado o Primavera Sound 2016, tempo ainda para voltar ao 2º dia, o dia de Brian Wilson, PJ Harvey mas também das competentes Savages ("Em palco as Savages são das melhores formações Rock da actualidade", afirmava hoje o jornal Público).

Se de Brian Wilson nos ficou a nostalgia e a satisfação de ter presenciado o génio de um dos autores mais importantes da segunda metade do século XX, de PJ Harvey ficou a descoberta da poderosa, estranha e bela música que ela interpreta. Ainda segundo a edição de hoje de o Público referindo-se à transformação em palco após a actuação de Brian Wilson:
"Não era apenas o negro noite. Era também o negro vestido pelos músicos e pela cantora. Era a contraluz que envolvia aquelas pessoas em palco numa penumbra misteriosa. Era a música de PJ Harvey, a que a cantora inglesa gravou em The Hope Six Demolition Project, majestosa e actuante, e que no Primavera Sound se mostrou sombria como gospel demoníaco, como blues assombrado, como jazz fantasmagórico."




Centrado no recém editado "The Hope Six Demolition Project" estivemos na presença de uma música fascinante e inovadora. Para (re)descobrir esta cantora, compositora, multi-instrumentista, já no seu nono álbum de originais.

Uma palavra para a excelente organização do Primavera Sound. Tudo a funcionar como deve ser, apesar da lotação esgotada neste dia. Os concertos a começarem na hora exacta.


PJ Harvey - The Ministry Of Defence

Fairport Convention - Genesis Hall

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Nunca é demais referir a importância que o programa de rádio "Em Órbita" teve, na segunda metade dos anos 60, na divulgação contracorrente da melhor música popular de origem anglo-americana. Na realidade, o panorama da programação radiofónica era fraca, muito fraca remetendo-se, geralmente, para a passagem da chamada música ligeira francesa, italiana e portuguesa.

Num pequeno texto na rubrica RÁDIO da revista "Vida Mundial" nº 1568 de 27/6/1969 podia-se ler a seguinte crítica:
"Teima-se no velho «slogan» de música portuguesa. Mas, afinal, que música portuguesa? Aquela escrita musical sem verdade, com frases «palmadas» aqui e ali, feita por mistificadores que confundem música com «fungagá»? Que música? As cantigas do Calvário, da Madalena, da Maria Pereira, da Simone, do Artur Garcia? A pornografia na voz de um certo Tony de Matos? Ou a tradicional romaria, de nuances folclóricas, nos gritinhos de vidros partidos de uma certa Tonicha?
Quando será desvendado o segredo do que se entende (ou entendem determinadas pessoas), por música portuguesa?
Porque não se dá acesso aos que cantam boa música, sem curarem de saber se é portuguesa? é que acontece muitas vezes esta coisa simples: trata-se, realmente, de verdadeira mú­sica de raiz portuguesa. E não é sádica, peganhosa, trágica, onírica, piegas.
Por vezes surge, não se sabe como (e convém a muitos que não surja) um grupo jovem. E fica-se desde logo com uma certeza, depois da sua primeira intervenção, é de longe melhor que os consagrados pelo disco, pela rádio, pela TV."


O "Em Órbita" era o oposto do criticado, era irreverente, inovador, intransigente na qualidade musical. Prova, as classificações elaboradas pelo programa que agora estamos a recordar.





O 10º lugar na lista das melhores canções de 1969 encontramos "Genesis Hall" dos então desconhecidos Fairport Convention.
Depois de um primeiro LP editado em 1968, os Fairport Convention marcam definitivamente o ano de 1969 com 3 álbuns únicos definidores do melhor Folk-Rock. Do álbum "Unhalfbricking", "Em Órbita" vai buscar "Genesis Hall". Um tema de Richard Thompson, com uma interpretação soberba de Sandy Denny e uma excelente execução dos Fairport Convention.



Fairport Convention - Genesis Hall

sábado, 11 de junho de 2016

Brian Wilson no Primavera Sound 2016

Primavera Sound 2016





Para a memória futura da passagem de Brian Wilson pelo Primavera Sound 2016, algumas fotos.









Primavera Sound (Brian Wilson - Wouldn't It Be Nice)

Primavera Sound 2016


Apesar de algumas críticas terem atenuado o meu arrependimento de, em 2015, não ter assistido à comemoração dos 30 anos de "Horses" pela Patti Smith, este ano decidi, atempadamente, que não ia faltar ao Primavera Sound 2016. Não queria correr o risco de, à posteriori, me arrepender pois o que estava em causa era, nada mais nada menos que o quase mítico Brian Wilson e a comemoração do 50º aniversário de "Pet Sounds". Claro que corria sempre o risco das sobreposições e interferências sonoras (que felizmente não ocorreram durante a actuação de Brian Wilson, mas fizeram-se sentir durante a excelente prestação de PJ Harvey), do desconforto de um espaço aberto, com meio mundo a falar ao telemóvel, a beber e a ligar a tudo (infelizmente confirmou-se) menos ao motivo único que deviam, a música e, neste caso, a Brian Wilson, a Al Jardine (os dois sobreviventes dos The Beach Boys) e a mais 10 magníficos músicos que reviveram "Pet Sounds".

Para mais "Pet Sounds" é um daqueles álbuns, de referência na história da música popular, que nos acompanha desde a adolescência e cujas melodias nos ficaram para sempre na cabeça. Não havia como faltar.

O concerto de Brian Wilson foi memorável porque irrepetível, dificilmente o voltaremos a ver.
Muito fragilizado fisicamente e dificuldades vocais notórias, começou com “California Girls”, “I Get Around”, “Surfer Girl”, "Don't Worry Baby", o álbum "Pet Sounds" na integra, ainda tempo para "Good Vibrations", "Barbara Ann", "Surfin' USA" e no fim "Fun Fun Fun".

Do álbum "Pet Sounds", a passagem por "God Only Knows".




Ficamos com o início de "Pet Sounds", "Wouldn’t It Be Nice". Foi bonito, foi muito bonito.



The Beach Boys - Wouldn't It Be Nice

Neil Young - The Loner

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

O período de 1 de Abril de 1965 e 31 de Maio de 1971, a primeira série do programa "Em Órbita", transformaram o programa numa lenda da melhor rádio então feita em Portugal. Quem queria estar a par do que melhor se fazia na música popular de expressão anglo-saxónica era sintonizar o Rádio Clube Português em FM (Frequência Modulada - na época pouco acessível pois nem todos os rádios tinham esta opção) e ouvir a selecção criteriosa e intransigente que o programa, que tinha em Paulo Gil o seu principal autor, fazia.
A novidade estava não só na qualidade musical, não indo ao encontro do gosto fácil da maioria do público, mas sim ao gosto e preferências dos seus autores, mas também na forma de apresentação do programa, longe da proximidade, intimidade que a maior parte dos locutores procurava ter junto das massas, antes sóbria e esclarecedora.

Lembro-me de alguma ansiedade na espera de saber quais os melhores discos que o "Em Órbita" elegia, iriam de encontro à nossa previsão? será Simon and Garfunkel ou Donovan na melhor canção? e o melhor LP será para os The Moody Blues ou Leonard Cohen?

No ano de 1969, continuando a recordação das melhores canções do ano escolhidas pelo "Em Órbita", vamos para a 11ª posição.





Pese as canções que já tinha escrito nos tempos dos Buffalo Springfield, Neil Young era, então, um ainda ilustre desconhecido e edita em 1969  o primeiro homónimo disco, "Neil Young".
Hoje, um clássico de Neil Young e do Folk-Rock, "The Loner", a canção saída desse LP é também o primeiro Single de Neil Young e vai ser a escolha para a 11ª melhor canção do ano.



Neil Young - The Loner

sexta-feira, 10 de junho de 2016

The Doors - Runnin' Blue

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"



O programa "Em Órbita" procurava a divulgação do que mais genuíno e inovador se fazia na língua inglesa. Numa época em que não era fácil o acesso ao que de melhor se fazia na música popular anglo-americana, foi a audição de "Em Órbita" que me foi dado descobrir algumas das propostas mais interessantes que então vieram a contribuir para o meu gosto musical.
The Doors foram uma dessas descobertas, não que não passassem noutros programas, mas o privilegiar a divulgação dos LP em relação aos Singles, a par das considerações que eram feitas, tinha um aspecto formativo então inédito.

Era possível ouvir apreciações como: The Doors são "um caso raro de personalidade afirmada pela simplicidade e rudimentaridade de processos".
The Doors eram uma passagem regular no programa e mereceram a presença nas classificações do programa ao longo dos anos.





Em 1969 voltam a constar na lista das melhores canções do ano e a escolha não foi para a opção óbvia de "Touch Me" mas para "Runnin' Blue" ambas do mesmo LP, "Soft Parade".
Num álbum com maior peso do Blues que os que antecederam e a par de arranjos orquestrais até então inéditos no grupo, "Runnin' Blue" é a 4º aposta em Single e é a escolha do "Em Órbita" para a 12ª melhor canção do ano.



The Doors - Runnin' Blue

quinta-feira, 9 de junho de 2016

The Beatles - Something

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

O melhor programa de divulgação musical que se fez na rádio portuguesa dava pelo nome de "Em Órbita" e ouvia-se no Rádio Clube Português entre as 19h e as 21H e novamente das 00h às 01h.
Às 19h30m tínhamos o conflito com o programa "Página Um" na Rádio Renascença, ora se ouvia um ora o outro conforme a selecção musical.
O "Em Órbita" mais criterioso, o "Página Um" mais popular.

Momentos para agora recordar com a recuperação das listas elaboradas anualmente pelo "Em Órbita" onde se escolhiam os melhores, o pior e a revelação do ano.
Vamos para a 13ª melhor canção de 1969, e a escolha recai sobre The Beatles e a canção "Something".






"Something" é uma composição de George Harrison a ganhar então e, finalmente, algum espaço na hegemonia Lennon/McCartney que estes sempre tiveram na discografia dos The Beatles.
Teve como inspiração "Something In The Way She Moves" que James Taylor gravou em 1968 e que já tivemos oportunidade de recordar.
"Something" saiu em Single conjuntamente com "Come Together" e foi o primeiro nº 1 dos The Beatles que não teve a assinatura da dupla Lennon/McCartney.

Para o "Em Órbita" estava entre as melhores do ano, era a 13ª escolha.



The Beatles - Something

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Creedence Clearwater Revival - Proud Mary

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Numa época em que o que de melhor se fazia na área da música popular de expressão anglo-saxónica era praticamente desconhecida em Portugal, um programa de rádio veio alterar esta realidade, foi o programa "Em Órbita" que teve o seu início a 1 de Abril de 1965.

Era então muito novo, com regularidade comecei a ouvir o "Em Órbita" no final da década, talvez por indicação de algum colega mais velho que ouvisse o programa ou a chamada de atenção de algum artigo da imprensa escrita como o seguinte pequeno texto da revista "Vida Mundial" nº 1561 de 9/5/1969 da rubrica Rádio:
"«Em Órbita» (R. C. P.) — Programa estruturado, que desde o primeiro instante abdicou de qualquer espécie de improvisação, traçando, através de um estilo até aí desconhecido na nossa rádio e depois muito imitado, um vasto panorama da moderna música anglo-saxã. Programa que no seu dinamismo e na sua densidade definiu e esclareceu o próprio movimento da canção actual, sobretudo da música que procura apreender as contradições do nosso tempo e a imagem real dos jovens. 
 Classificação:*** 

 Pouco ou sem interesse: * Com interesse: ** Com muito interesse: ***"


E continuando na recordação das melhores canções do anos, seguimos com a classificada em 14º lugar, nada mais nada menos que o grande êxito que foi "Proud Mary" e fazia parte do segundo álbum "Bayou Country" do grupo americano de Rock Creedence Clearwater Revival.




Num ano de elevada produção dos CCR, nada mais que 3 LP: "Bayou Country", Green River" e "Willy and the Poor Boys" é a canção "Proud Mary" que o "Em Órbita" iria destacar e classificar na 14º posição.



Creedence Clearwater Revival - Proud Mary

terça-feira, 7 de junho de 2016

The Byrds - Old Blue

As 15 melhores canções de 1969 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

De retorno ao programa de rádio "Em Órbita". Tornaram-se famosas as listas classificativas dos melhores álbuns e melhores canções que durante alguns anos o programa realizou. Numa exigência de qualidade e inovação que era apanágio dos autores do programa, destacavam-se da mediania ou mesmo pobreza de maior parte da programação radiofónica de então.
Para algumas publicações da imprensa escrita o fenómeno, que "Em Órbita" foi, não passou despercebido e assim, aqui e acolá, é possível encontrar algum texto a fazer referência ao programa. Por exemplo na revista "Vida Mundial" nº 1560 de 2/5/1969 encontrava-se na rubrica "Rádio" o seguinte texto:
"«Em órbita» embarcou na nave cósmica do êxito e transmite dos espaços siderais, com repetições de eco que se perdem no infinito, os últimos sucessos dos Beatles, de Donovan e de outros. E faz critica, fiscalização minuciosa ao que é verdadeiramente mau. Aberta ao que em educação musical da canção moderna tem realmente valor e significado e às inovações que uma exigência rigorosa possa ir certamente justificando, «Em órbita» é de facto uma excepção no panorama radiofónico nacional. Rádio funcional, sendo simultaneamente um processo de assimilação de formas sócio-culturais, «Em órbita», é uma espécie de canção de protesto e um conceito que vai abrindo caminho e está contido numa única palavra — seriedade."


Já passámos pelas listas dos anos de 1967 e 1968, vamos para as classificações de 1969 e começamos pelas melhores canções do ano.

Depois de já terem marcado presença nas listas dos anos de 67 e 68 vamos encontrar os californianos The Byrds no 15º lugar. Tinham lugar cativo nas preferências musicais do programa.





Pioneiros do Folk-Rock, The Byrds vão no ano de 1969 já no sétimo álbum que dava pelo nome de "Dr. Birds & Mr. Hyde" e é de lá que "Em Órbita" vai escolher o tema tradicional "Old Blue". Num disco mais virado, à semelhança do anterior "Sweetheart of the Rodeo", para o Country-Rock, The Byrds da formação original só tinha Roger McGuinn, David Crosby já tinha partido para nos encantar nos Crosby, Stills & Nash.

Não sendo o melhor disco dos The Byrds, "Em Órbita" escolhe "Old Blue", que agora recuperamos, para a 15ª posição.



The Byrds - Old Blue

Revista Vida Mundial - A Rádio no ano de 1969


A 2ª metade da década de 60 vai assistir a algumas alterações na programação musical na rádio portuguesa.
Num país ultra conservador onde musicalmente dominava a música ligeira de gosto duvidoso, prevalecendo produtos ultra comerciais vindos de França, Itália, Espanha e nacionais, de Tony de Matos a António Calvário.
O panorama começou a mudar quando em 1965 se inicia a transmissão do programa "Em Órbita" e a passagem intransigente da melhor música popular, jovem, de expressão anglo-saxónica, de Bob Dylan aos Cream, dos Jefferson Airplane a Georgie Fame.
Outros programas, como a "Página um", se lhe seguiria no corte com uma situação passadista e caduca no conteúdo e na forma de fazer rádio.

A anteceder a divulgação das listas classificativas do programa "Em Órbita" do ano de 1969 alguns recortes, desse mesmo ano, da revista "Vida Mundial", onde, na rubrica "RÁDIO", se dava nota da situação que então se vivia na nossa rádio. De notar as referências ao programa "Em Órbita".



Vida Mundial, Nº 1560 de 2-05-69

Vida Mundial, Nº 1561 de 9-05-69

Vida Mundial, Nº 1566 de 13-6-69

Vida Mundial, Nº 1568 de 27-06-69

Vida Mundial, Nº 1575 de 15-8-69

Vida Mundial, Nº 1578 de 5-9-69