Muito antes de se ouvir falar da “World Music” já por cá tínhamos o Duo Ouro Negro a misturar sons e a criar canções que hoje bem estariam nos top daquela área musical.
Sabiamente, efectuaram a síntese de uma diversidade de linguagens musicais até aí mantidas separadas. A mistura de géneros, da música tradicional angolana à música ligeira, ao folk, e nos anos 70, ao Pop-Rock levou-os ao reconhecimento em lugares tão díspares como o Japão, os Estados Unidos, Angola e quase toda a Europa (de Leste incluída). Deixaram-nos uma discografia de dezenas de LP e EP, desde o disco de maior fôlego, o LP “Blackground” de 1971, a outros de muito pouco interesse como “Maria Rita” ou “Au revoir Sylvie”.
Comecemos pelo primeiro EP por eles gravado em 1960 onde se lia na contra-capa:
“Começaram a cantar de forma imprevista, durante uma festa. E pode dizer-se que o espanto dos ouvintes e amigos foi igual ao dos próprios cantores, de tal forma ficaram surpreendidos com a sua habilidade. Nasceu assim o mais conhecido dos conjuntos de Angola, cujas actuações são disputadas. Eis o seu primeiro disco, primeiro degrau de uma consagração inteiramente merecida.”
Era composto por 4 temas cantados em dialectos angolanos, a saber, conforme texto da contra-capa:
“Tala on n'bundo” – “História de um preto esperto que quer jantar e beber vinho só por 5$00.”
“Kurikutela” – “História e reacções de um negro do interior que vê e anda de comboio pela primeira vez.”
“Mana fatita” – “Conta a história de uma vendedeira que por ser bonita e afável consegue ter sempre para vender as mais frescas hortaliças e frutas.”
“Muxima” – “Terra de grande beleza entre Luanda e Malange à beira do rio Quanza altar de Santa Ana (a mais milagreira do norte de Angola). Muxima é justamente um cântico de louvor a Santa Ana.”
Duo Ouro Negro, precursores da World Music. Segue “Muxima”.
Duo Ouro Negro - Muxima
Sem comentários:
Enviar um comentário