segunda-feira, 30 de abril de 2018

The Kinks - Lola

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

A quantidade de canções a merecer destaque no ano de 1970 é realmente impressionante. Parece que nunca mais acaba. Estou ainda nas escolhas do Miguel Esteves Cardoso, que aparecem no artigo que constitui o posfácio do livro "POPMUSIC-ROCK", nos "Singles representativos" do ano de 1970. E, claro, lá aparece aquela que porventura terá sido, por cá, o maior êxito dos britânicos The Kinks, a canção "Lola".

Muito se ouvia esta canção que eu sempre gostei, aliás à semelhança de boa parte da discografia dos The Kinks. Era já o 8ª álbum do grupo, que dava pelo longo nome "Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One" donde saíram as duas canções editadas em Single, "Lola" e "Apeman" respectivamente.

Edição portuguesa em vinil, referência NSPL 18359, data desconhecida.



Com uma vigorante entrada de guitarra e a inesquecível letra tão bem interpretada por Ray Davies, eis "Lola".


I met her in a club down in North Soho 
Where you drink champagne and it tastes just like cherry cola 
C-O-L-A cola 

She walked up to me and she asked me to dance 
I asked her name and in a dark brown voice she said, "Lola"
L-O-L-A Lola, lo lo lo lo Lola...



The Kinks - Lola

domingo, 29 de abril de 2018

Matthews Southern Comfort - Woodstock

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Entre os singles que Miguel Esteves Cardoso considerava "representativos" do ano de 1970 estava a escolha de hoje, era o grupo Matthews Southern Comfort com a canção "Woodstock".


Se alguém foi produtivo em 1970, foi sem dúvida Ian Matthews. Já o tinha referido neste tema "1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso", editou exactamente 3 álbuns. Primeiro "Matthews´ Southern Comfort" em nome próprio e depois no grupo Matthews Southern Comfort os LP "Second Spring" e "Later That Same Year", mas nenhum deles continha a canção que hoje relembro, "Woodstock".

"Woodstock" é uma canção original de Joni Mitchell do seu álbum de 1970 "Ladies of the Canyon", mas cujo sucesso se viria a dever às versões que Crosby, Stills, Nash and Young e também Matthews Southern Comfort nesse ano fizeram. Qualquer delas conheci antes do original.

Muitos anos tive que esperar para obter "Woodstock" pelos Matthews Southern Comfort. Primeiramente publicada em Single, antes do álbum "Later That Same Year", seria no ano seguinte incluída no mesmo álbum mas somente na edição norte-americana, teria que esperar por 2008 pela edição do álbum em CD com a inclusão de 4 faixas extra entre as quais estava precisamente "Woodstock".


Edição em CD de 2008 referência BGOCD807


Eis estratos do texto incluído nesta edição:
"Though she'd declined an invitation to take part [refere-se ao festival de Woodstock]... ,canadian singer/songwriter Joni Mitchell wrote a song about the event that was duly passed over to her then-current boyfriend Graham Nash's band, Crosby, Stills Nash & Young."

"The appearence of 'Woodstock' on CSNY's hugely successful album Déjà Vu made its writer a tidy sum of money as well as giving her increased public profile, but the song gained its greatest exposure as the result of a cover by British band Matthews Southern Comfort."

"Backed by the low-key 'Scion', Matthews Southern Comfort's version of 'Woodstock' appeared in July 1970. It was a breathtaking performance, substituting the harshness of the CSNY original... with a beatific treatment that better suited the innocent, back-to-the-garden hippie idealism of the song's lyrics."


Com o mesmo prazer de quando a ouvi pela primeira vez, segue "Woodstock".




Matthews Southern Comfort - Woodstock

sábado, 28 de abril de 2018

Mick Jagger - Memo from Turner

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Para além da identificação dos melhores álbuns do ano, Miguel Esteves Cardoso, no artigo que tenho vindo a seguir, identificava um conjunto de canções que considerava serem os "Singles representativos" do ano e são algumas dessas canções que me proponho agora recuperar.

"A melhor canção de 1970 é, curiosamente, um single - "Memo from Turner", de Mick Jagger." afirmava Miguel Esteves Cardoso, e é com "Memo from Turner" que hoje ficamos.

"Performance" é um filme inglês de 1970 onde Mick Jagger faz o papel de Turner, uma estrela de Rock. Da banda sonora do filme saiu o single "Memo From Turner", oficialmente a primeira gravação a solo de Mick Jagger (o primeiro álbum a solo seria somente em 1985, "She's the Boss").





Gravado em 1968, mas só editado em 1970, "Memo from Turner" conta com a participação com o então jovem e desconhecido Ry Cooder na guitarra e Randy Newman no piano. Não diria que é a melhor canção do ano mas é uma agradável canção de Mick Jagger.




Mick Jagger - Memo from Turner

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Bob Marley - Soul Rebel

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

"O Ovo e o Novo - (uma década de Rock: 1970-1980)" é o texto de Miguel Esteves Cardoso que tenho vindo a seguir no que diz respeito às escolhas discográficas do ano de 1970. A última categoria por ele referida é a que agrega o Soul e o Reggae, onde constava, para além do álbum ontem destacado "The Isaac Hayes Movement", 2 LP de Bob Marley.

Bob Marley (1945-1981) foi um músico jamaicano de grande sucesso, foi um dos iniciadores do género Reggae no final dos anos 60. Foi com o grupo The Wailers que Bob Marley assinou a sua discografia ou seja é sob a designação Bob Marley & The Wailers que foram assinados alguns dos melhores discos provenientes da ilha da Jamaica, cuja sonoridade se tornou tão popular a partir da segunda metade da década de 70.





Miguel Esteves Cardoso destaca 2 LP, respectivamente "African Herbsman" e "Rasta Revolution" aos quais atribui 4 estrelas. Verifico, a fazer fé na wikipédia, que estes dois LP são colectâneas editadas em 1973 e 1974 e que têm como base respectivamente os álbuns "Soul Revolution" de 1971 e "Soul Rebels" de 1970.

Assim sendo é a "Soul Rebels" que vou buscar o tema "Soul Rebel" e que também aparece em "Rasta Revolution". Mais uma mostra da diversidade musical do ano de 1970.




Bob Marley - Soul Rebel

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Isaac Hayes - Something

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Conheci a música de Isaac Hayes em 1970, precisamente com o álbum "The Isaac Hayes Movement" que contém a canção escolhida para hoje.

Como já em tempos referi a informação musical disponível naquele tempo era muito, muito escassa. Um ou outro bom, mesmo excelente, programa de rádio e pouco mais, a revista "mundo da canção" era uma novidade e tinha acabado de ser editada. Havia ainda a imprensa estrangeira como o "Melody Maker" e o "New Musical Express", mas para adquiri-los o sítio mais perto onde estavam disponíveis era na Bertrand no Porto e eu vivia em Ovar.
Por isso quando ouvia os locutores pronunciarem Isaac Hayes, juntando as duas palavras, era impossível de descodificar a sua escrita, sabia como se pronunciava não sabia como se escrevia. Só mais tarde quando vi um álbum de Isaac Hayes numa discoteca do Porto é que consegui associar o disco ao músico que eu apreciava.
Isaac Hayes (1942-2008) foi um músico soul negro com início de carreira na década de 60 e que em 1970 editou dois discos que eu gostava particularmente, o já referido "The Isaac Hayes Movement" e "...To Be Continued", respectivamente o 3º e 4º longa duração antes do sucesso mundial que foi no ano seguinte o duplo "Shaft" com a música do filme com o mesmo nome.






Na categoria "Soul e Reggae", Miguel Esteves Cardoso incluía "The Isaac Hayes Movement" nas quatro escolhas que fazia para os melhores discos de 1970, deu-lhe ainda 4 estrelas.

Numa mistura elegante de Soul, Rock e Jazz, era extremamente agradável a audição deste disco composto somente por 4 temas. Os que melhor me lembrava eram "I Stand Accused" e "Something", esta última uma versão longa da canção de George Harrison.




Isaac Hayes - Something

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Soft Machine - Slightly All the Time

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

O outro disco que seleccionei para hoje recordar, e que estava nas escolhas do Miguel Esteves Cardoso que ontem referi, no que concerne à chamada música de "Fusão (Jazz)" no ano de 1970, é "Third" dos ingleses Soft Machine.

Os Soft Machine que vinham desbravando, desde 1967, novos caminhos para a música Rock têm em "Third", como o nome indica, o seu 3º registo e tratava-se de um álbum duplo. Era o primeiro com o saxofonista Elton Dean (a quem Elton John foi buscar o primeiro nome) e onde pontificavam já Mike Ratledge, Rober Wyatt e Hugh Hopper (Kevin Ayers já tinha partido) e é o meu álbum preferido dos Soft Machine.
O álbum era composto por quatro faixas, cada uma ocupando um lado do disco em vinil e tinham todas mais de 18 minutos. A minha edição é em CD, de ano incerto, da colecção "Rewind" da Sony Music com a referência 471407 2, são dele as imagens seguintes.






Dada a extensão das músicas a opção fica por parte do tema "Slightly All the Time" de Mike Ratledge e Hugh Hopper.




Soft Machine - Slightly All the Time (parte)

terça-feira, 24 de abril de 2018

Miles Davis - John McLaughlin

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Foi sem dúvida excelente o ano de 1970. Dentro das variadíssimas matizes que o Rock tomava, o Jazz-Rock foi uma das que mais se desenvolveu. Não só da parte dos músicos Rock, a incorporar influências do Jazz na sua sonoridade, como da parte de consagrados músicos de Jazz que não resistiram a fazer o percurso inverso e a serem convencidos das vantagens de alguma aproximação ao Rock.
Miguel Esteves Cardoso, no texto "O Ovo e o Novo - (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" que tenho vindo a seguir, chamou de "Fusão (Jazz)" e escolheu 4 álbuns, 3 oriundos mais do Jazz e o outro mais do Rock, que eram os seguintes:

Miles Davis - Bitches Brew
Weather Report - Weather Report
Jean-Luc Ponty - King Kong
Soft Machine - Third

Ao primeiro deu 5 estrelas, aos dois seguintes 3 estrelas e ao último 4 estrelas.

Hoje ficamos com Miles Davis.

Edição de 1987 da série CBS Jazz Masterpieces, referência CBS 460602 2.
(Printed in Holland (Cover), Printed in Austria (Disc))



Do álbum histórico "Bitches Brew", que esbateu fronteiras e aproximou públicos, fica para audição a faixa mais curta de nome "John McLaughlin", o conhecido guitarrista de Jazz-Rock, precisamente. É ele que se ouve na guitarra.




Miles Davis - John McLaughlin

segunda-feira, 23 de abril de 2018

The Moody Blues - Melancholy Man

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

"A Question of Balance" é o sexto álbum de originais do grupo britânico The Moody Blues. E, embora já conhecesse boa parte da discografia anterior, foi o primeiro que me recordo da sua edição. E como tal ao ouvi-lo apercebi-me de que com "Question of Balance" iniciavam um novo período na sua carreira. Contrariamente aos anteriores a estrutura do álbum não era conceptual, as canções não apareciam interligadas e não possuía nenhum prólogo como "Departure", "In the Beginning" ou "Higher and Higher". Era um conjunto de canções bem individualizadas começando com a fortíssima "Question" e um Justin Hayward magnífico a interpretar:

Why do we never get an answer 
When we're knocking at the door 
With a thousand million questions 
About hate and death and war?
....

Quanto à capa, ver as fotos seguintes, essa continuava magnífica na continuação do que já nos tinham habituado e iriam manter até "Seventh Sojourn", tinha a particularidade de se fechar como se um envelope fosse.




Edição do Reino Unido de 1970, referência THS 3 da editora Threshold



Entre as várias canções que se ouviam na rádio, pelo menos no programa "Página Um" e talvez no "Em Órbita" (os dois programas que eu mais ouvia) havia uma que eu gostava em especial, era "Melancholy Man" da autoria de Mike Pinder e por ele cantada.
Ah! é verdade, o Miguel Esteves Cardoso deu-lhe 3 estrelas entre os álbuns de "Fusão (sinfónico)" do ano de 1970.




The Moody Blues - Melancholy Man

domingo, 22 de abril de 2018

Emerson, Lake and Palmer - The Barbarian

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Na selecção, que Miguel Esteves Cardoso fez no que chamou de "Fusão (sinfónico)" e no referente ao ano de 1970, estavam, para além dos Pink Floyd e King Crimson que acabei de recuperar, Syd Barrett, entretanto saído dos Pink Floyd, com os dois LP de estúdio que nos deixou, respectivamente "The Madcap Laughs" e "Barrett", os Yes com o 2º LP "Time and a Word", os Genesis também com o 2º de nome "Trespass" e ainda os Emerson, Lake and Palmer e The Moody Blues, objectos de recordação para hoje e amanhã.

Os Emerson, Lake and Palmer eram constituídos, como o nome indica, por Keith Emerson nos teclados e era oriundo dos Nice, Greg Lake na voz e guitarras oriundo dos King Crimson e Carl Palmer na bateria acabado de sair dos Atomic Rooster.

"Emerson, Lake & Palmer" era o primeiro LP ao qual Miguel Esteves Cardoso confere 3 estrelas. Foi o primeiro e o melhor trabalho que nos deixaram, é aquele que melhor resistiu ao passar dos anos e que ainda hoje se ouve com indisfarçável prazer.


Edição portuguesa, referência 10.287224.35




Sobre eles e este disco dizia Miguel Esteves Cardoso:
"A última das bandas orquestrais que começou em 1970 e recusa-se a morrer em 1980 são os Emerson, Lake and Palmer. Depois duma estreia fulgurante que durante alguns anos fez esquecer as saudades dos Nice, os EL&P enveredaram por um trajecto que reprimia a sensibilidade de Greg Lake a favor da inveterada e insuportável megalomania de Keith Emerson."
e mais adiante:
"Fugindo para os efeitos sonoros complexos e para o biombo do poder decibélico (característica comum no desenvolvimento das bandas sinfónicas), os EL&P nunca mais voltaram à qualidade do seu primeiro álbum."

O álbum abria com a faixa instrumental "The Barbarian" que mais tarde soube-se  tratar-se de um arranjo de "Allegro barbaro" do compositor húngaro Béla Bartók (1881-1945), é a proposta de hoje.




Emerson, Lake and Palmer - The Barbarian

sábado, 21 de abril de 2018

King Crimson - Cadence and Cascade

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

O Rock Progressivo nasceu na segunda metade dos anos 60. Já aqui passei algumas das referências mais importantes do género. Teria o seu auge nos primeiros anos da década de 70 e afundar-se-ia a meio da década de exaustão.
Miguel Esteves Cardoso chamava-lhe de "Fusão (sinfónico)" e "Fusão (jazz)" e identificava, para o ano de 1970, um conjunto de álbuns merecedores da melhor atenção tal a inovação que alguns deles representavam.
Entre eles estavam os King Crimson com dois LP, "In the Wake of Poseidon" e "Lizard", ambos com 4 estrelas.

Depois do surpreendente "In the Court of the Crimson King" do ano anterior, os King Crimson continuavam em "In the Wake of Poseidon" a exploração de sons pouco comuns no universo da música Rock de então.



Edição em CD de 2000 com a referência CDVKC2 da editora Virgin




Composto por temas genericamente longos, alguns somente instrumentais, do caótico à mansidão, e um pequeno trecho, "Peace" a servir de prólogo, interlúdio e epílogo, "In the Wake of Poseidon" constituía no todo uma experiência sonora realmente inaudita. Ainda hoje é objecto de estranheza e admiração, daí o retorno regular que faço a este trabalho. "Cadence and Cascade", na mesma linha de "I Talk to the Wind" do álbum inicial, é uma das minhas preferidas e segue no final para audição.

Miguel Esteves Cardoso apreciava assim os King Crimson:
"Os King Crimson foram ou únicos, dentre as grandes bandas sinfónicas da década, que escolheram arrumar as botas em nome da sua integridade artística, para perseguir carreiras individuais frescas."

Reagrupados várias vezes, embora com line-up diferentes e sem discos originais desde 2003, os King Crimson, sob o comando de Robert Fripp, mantêm-se em actividade.




King Crimson - Cadence and Cascade

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Pink Floyd - If

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Continuo com a selecção de LP feita pelo Miguel Esteves Cardoso. Para nos situarmos, relembro: estou a seguir o posfácio (que ocupava mais de um terço do livro) assinado pelo Miguel Esteves Cardoso à 2ª edição, de 1981, de "POPMUSIC-ROCK"; estou nas escolhas de 1970, depois do "Soft", do "Mainstream" e do "Pesado" segue-se a "Fusão (sinfónico)". Categoria pouco clara, como as outras também, mas como o próprio diz "categorias artificiais mas geralmente reconhecidas".
Nesta categoria, um conjunto muito interessante de disco aqui aparecem sendo o único a merecer 5 estrelas o álbum "Atom Heart Mother" dos Pink Floyd.



Edição de 1970 do Reino Unido com a referência  SHVL 781




Sempre gostei deste disco, talvez porque foi aquele que primeiro conheci na integra, mas também, acredito, por não ser um disco óbvio, ou seja, à época distanciava-se do que era habitual, mesmo com toda a toda a criatividade que andava no ar.
Uma suite orquestral com a designação do álbum ocupava todo o lado A com mais de 23 minutos. O lado B é ocupado por 4 faixas, 3 composições cantadas próximo do folk psicadélico e mais um instrumental a terminar de nome "Alan's Psychedelic Breakfast". Ouvir este disco era como partir numa aventura, sempre à descoberta de algo que nos tivesse escapado em audições anteriores.
Acredito que o Miguel Esteves Cardoso manteria hoje as 5 estrelas, contrariamente aos próprios Pink Floyd que viriam a desconsiderar este registo, dizia ele no citado artigo:
"1970 foi também o ano dos Pink Floyd que em "Atom Heart Mother" mostraram estar bem à frente dos seu rivais, adoptando a linguagem fascinante de "Ummagumma" (1969) para produzir um som coral acessível e arrebatador que ainda hoje causa uma sensação de elevação espiritual no ouvinte."
Cá por mim é sempre com entusiasmo que volto à sua audição, como se tivera 14 anos!

Estavam a meio do seu melhor período, aquele que vai de 1967 a 1973, e era já o 5º trabalho do grupo.
Num disco, que podemos considerar de Rock experimental, cheio de contrastes, segue a faixa "If" que nos remete para cenas bucólicas, é uma canção, singela e pura, escrita e interpretada por Roger Waters.




Pink Floyd - If

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Black Sabbath - Paranoid

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

No que diz respeito ao ano de 1970, na categoria do "Pesado", ou seja no Hard-Rock, Miguel Esteves Cardoso distingue 3 LP:
- Led Zeppelin - II
- Deep Purple - In Rock
- Black Sabbath - Paranoid

 ao primeiro o Miguel Esteves Cardoso atribui 4 estrelas aos outros dois 3 estrelas.

Não estando o Hard-Rock nas minhas primeiras preferências, os Led Zeppelin eram nitidamente os que reuniam a minha maior simpatia. Bem os Led Zeppelin eram muito mais do que Hard-Rock, eram um manancial de novas ideias cheias de energia e que atravessavam vários géneros, do Folk ao Blues.
Os Deep Purple não me entusiasmavam particularmente, tinha ficado surpreso com "Concerto for Group and Orchestra" do ano anterior e neste álbum ouvia "Child in Time".




Os Black Sabbath foram a maior novidade neste ano naquele género "pesado". Mais pesado ainda do que os grupos congéneres, optaram por aumentar os decibéis e as letras das músicas primavam por ser obscuras e aterradoras. Contraste total, portanto com a sonoridade do final da década de 60 onde predominava o Folk-Rock e a cultura hippie de paz e amor. Os Black Sabbath iniciavam assim o Heavy Metal, a designação Hard já não era suficiente.

É deste grupo e do álbum "Paranoid", o 2º da carreira e do ano a opção deste Regresso ao Passado. "Paranoid" a faixa homónima foi a que deu a conhecer os Black Sabbath ao mundo, ei-la.




Black Sabbath - Paranoid

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Santana - Oye Como Va

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Nas passagens que efectuei pelos Santana fiquei pelo primeiro LP "Santana" de 1969. É tempo de passar ao 2º e absolutamente excepcional LP que foi "Abraxas" editado no ano seguinte.

"Abraxas" fazia parte dos discos destacados por Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1970, na área do "Mainstream", atribuindo-lhe 3 estrelas. Poucas estrelas, diria eu, para um tão surpreendente disco.
Surpreendente, à época, pela extraordinária fusão dos ritmos latinos e do Rock, disco fundamental no que se convencionou chamar Latin-Rock, e hoje também pela maneira como se manteve actual e tão agradável de se ouvir.

Tive o prazer de aos meus 14 anos conhecer "Abraxas" e de ter sido dos primeiros LP que adquiri. Tocou vezes sem conta e ainda o guardo e ouço de tempos a tempos, mantendo uma qualidade sonora assinalável . São dele a capa que reproduzo, linda! lindíssima!

Edição do Reino Unido da CBS com as referências 64087, S 64087, KC 30130.
Edição de 1970




Um conjunto de canções notáveis que vão deste, diria, o eterno "Samba Pa Ti" (quantas vezes o dancei!)  à versão perfeita de "Black Magic Woman", já agora o irresistível "Oye Como Va", "Oye como va/Me ritmo/Bueno pa gozar/Mulatta"
"Abraxas" um dos discos mais inspirados do ano de 1970.




Santana - Oye Como Va

terça-feira, 17 de abril de 2018

The Stooges - 1970

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Continuamos bem no ano de 1970. Como se vê podia continuar neste ano por muitos e muitos dias pois até parece que o ano é inesgotável. O pretexto para estas passagens tem sido o Miguel Esteves Cardoso cujas crónicas me habituei a ler nos jornais "Sete" e "O Jornal" no final dos anos 70. O texto que tenho vindo a seguir, menciono-o mais uma vez, designa-se "O Ovo e o Novo - (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" e constava como posfácio da 2ª edição de 1981 do livro "POPMUSIC-ROCK". Um texto a que volto regularmente, neste caso a desculpa é o melhor que o ano de 1970 nos deixou segundo os critérios dele.
Recordo que estou nos álbuns "Mainstream" de 1970 com 3 estrelas e, pelo menos para já, não esgotarei todos os discos por ele mencionados.
Eis mais um, The Stooges com o LP "Fun House".

"Fun House", conjuntamente com "Morrison Hotel" e "Absolutely Live" dos The Doors, "Loaded" dos The Velvet Underground, "Vintage Violence" de John Cale, e "Back in the USA" dos MC5, todos de 1970, eram para Miguel Esteves Cardoso "seis álbuns seminais" , "pelas influências que exerceram durante a década", ou seja pelo relevo que tiveram no Punk e na New Wave da segunda metade dos anos 70.

Disco da etiqueta Elektra, referência ELE 42005, edição portuguesa de 1982

Etiqueta com o preço: 420$00 (cerca de 2,1 €)

"Fun House" é o 2º LP do grupo The Stooges liderados pelo carismático Iggy Pop ainda hoje no activo e que tive oportunidade de ver no extinto Pavilhão Infante Sagres no Porto a 25 de Junho de 1981. 34 anos tinha Iggy Pop, ainda muito novo, portanto, mas para mim suou-me, na altura, a ultrapassado, afinal longas décadas ainda teria pela frente (o álbum mais recente data de 2016).

Quanto a "Fun House", pouco considerado quando editado, é hoje quase unanimemente tido como um dos discos mais influentes, do Punk-Rock.
Já aqui deixei "1969" do primeiro LP, agora é a vez de "1970".




The Stooges - 1970

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Joe Cocker - Delta Lady

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Nasceu em Inglaterra em 1944 e faleceu nos Estados Unidos em 2014. Joe Cocker foi um nome grande da música popular.
Terei ouvido Joe Cocker pela primeira vez com o tema título do álbum inicial "With a Little Help from My Friends" (1969), versão ímpar do original dos The Beatles. No entanto o álbum que melhor conheci foi sem dúvida o impressionante duplo álbum ao vivo "Mad Dogs & Englishmen" (1970).

É um dos 20 álbuns "Mainstream" de 1970 aos quais Miguel Esteves Cardoso atribui 3 estrelas, ou seja bom, no texto que constitui o posfácio à 2ª edição livro "POPMUSIC-ROCK".


Joe Cocker em Woodstock (1969)

Possuidor de uma voz estranha e possante que o tornava o branco com a voz mais negra de então, a que se juntava um movimento do corpo que aparentava estar em permanente estado de ataque epiléptico, Joe Cocker teve em "Mad Dogs & Englishmen" o ponto mais alto da sua longa discografia.
Neste álbum composto na totalidade por versões de canções, boa parte bem conhecidas, sobressaiam temas como "She Came In Through the Bathroom Window" (The Beatles), "Honky Tonk Women" (The Rolling Stones), "Feelin' Alright?" (Traffic), "The Letter" (The Box Tops) e "Delta Lady" (Leon Russel).

"Delta Lady" é uma canção de Leon Russel (1942-2016), editada por este no seu primeiro álbum a solo também em 1970. Eis então a versão de Joe Cocker, ao vivo.




Joe Cocker - Delta Lady

domingo, 15 de abril de 2018

Spooky Tooth - I Am the Walrus

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Do manancial de bons álbuns editados no ano de 1970, mais um a recolher 4 estrelas na selecção feita por Miguel Esteves Cardoso, na área do "Mainstream", no texto onde ele fazia a revisão da década de 70 e compilava a seu gosto os melhores de cada ano. Nessa escolha estava o álbum "The Last Puff" dos ingleses Spooky Tooth.

Spooky Tooth era um grupo de Rock Progressivo que não atingiu propriamente o estrelato, mas com uma qualidade  bem acima da mediania. Tiveram basicamente 2 períodos de existência, primeiro de 1967 a 1970, depois de 1972 a 1974, sendo a sua composição, centrada em Mike Harrison, bastante diversificada.



Mike Harrison dos Spooky Tooth

O primeiro período de existência terminava com o 4º álbum de estúdio, o já referido "The Last Puff" que era composto maioritariamente por temas não originais, podendo-se encontrar canções como "I Am the Walrus" dos The Beatles, "Son of My Father" de Elton John e "Down River" de David Ackles.

Proponho a versão longa de "I Am the Walrus", uma bem conseguida recriação do tema que fazia parte da banda sonora do filme "Magical Mystery Tour".




Spooky Tooth - I Am the Walrus

sábado, 14 de abril de 2018

Traffic - Empty Pages

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Mais um disco 4 estrelas de 1970. Estrelas atribuídas por Miguel Esteves Cardoso no texto que tenho vindo a seguir e que constituía o posfácio da 2ª edição de 1981 do livro "POPMUSIC-ROCK".

"John Barleycorn Must Die" era o 4º álbum de originais do grupo Traffic e foi o primeiro que deles adquiri, talvez por isso o meu gosto especial por este disco.
Os Traffic foram um verdadeiro super-grupo onde se destacaram nomes como Steve Winwood, Jim Capaldi, Chris Wood e Dave Mason. Em 1970 reagrupam-se já sem Dave Mason e gravam "John Barleycorn Must Die", diria o álbum mais bem sucedido mas não o mais típico da sonoridade criada pelos Traffic. Nele destacava-se o tema título, um tradicional com arranjos de Steve Winwood numa aproximação ao Folk-Rock então com grande vigor, e também "Empty Pages" o tema que mais se ouvia.

Recordo-me de ver um grupo português, que não sei quem era, alguém se lembra?, a interpretar "Empty Pages" no programa da RTP, iniciado em 1971, de nome "POP 25" e que tinha a colaboração do José Nuno Martins a apresentar as novidades discográficas.


Referência ILPM 9116, edição de 1987 do Reino Unido,
faz parte da série: Island Life Collection





A escolha vai então para "Empty Pages", são os saudosos Traffic.




Traffic - Empty Pages

sexta-feira, 13 de abril de 2018

If - What Did I Say About That Box, Jack

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Continuo com boas recordações à custa do Miguel Esteves Cardoso. Continuo no ano de 1970, esse ano que nunca mais acaba e com algumas das escolhas dele, desta feita ainda na categoria "Mainstream", agora nos discos de 4 estrelas ou seja muito bom.

Dos vários por ele referidos deu-me logo vontade de começar pelo grupo inglês If que praticavam uma sonoridade de fusão do Rock com o Jazz, não muito vulgar em Inglaterra, a lembrar os incomparáveis Chicago do outro lado do Atlântico.
Lembro-me bem destes If, primeiro pela passagem regular na rádio, quase de certeza no programa "Página Um" com a divulgação de "If 1", "If 2" e "If 3", os três primeiros LP do grupo, depois por ter sido o primeiro concerto de Rock a que assisti.
É verdade os If estiveram em Portugal e deram concertos em Lisboa, no Monumental, e no Porto, no Coliseu. Foi no mês de Maio de 1972, tinha eu ainda 15 anos e vim, com o meu amigo Jorge Leite, de Ovar de comboio assistir ao concerto que é claro me deslumbrou. Antes do concerto ainda tivemos de tempo para uma passagem pelas discotecas e de na Valentim de Carvalho ouvir "Fireball" dos Deep Purple.
Não me lembro ao certo quem fez a primeira parte, sei que em Lisboa foram os Mini-Pop, inclinava-me para os Sindicato, mas julgo que nesta data já tinham terminado (a quem souber, agradeço antecipadamente a informação).


Os If em 1970 (wikipédia)

Entre 1970 e 1975, e por entre várias alterações na formação inicial, editam 8 álbuns, sendo o objecto de hoje o primeiro de 1970.
"If" ou If 1", como também ficou conhecido, era constituído por 7 faixas, aquela que melhor recordava era a instrumental "What Did I Say About That Box, Jack".




If - What Did I Say About That Box, Jack

quinta-feira, 12 de abril de 2018

John Lennon - Mother

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

O 3º LP, na área do "Mainstream" com 5 estrelas nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso, no ano de 1970, que ele publicou no longo artigo "O Ovo e o Novo - (uma) Discografia duma Década de Rock: (1970-1980)" e que eu tive a felicidade de obter, pois constava na 2ª edição do livro "POPMUSIC-ROCK", foi o álbum "John Lennon/Plastic Ono Band"

Tratava-se do 1º álbum a solo de John Lennon, depois da separação dos The Beatles naquele mesmo ano, e foi seguramente um dos seus melhores.

"Na Inglaterra, os Beatles fazem o mesmo que fizeram os CSN&Y nos Estados Unidos - os seus talentos explodem brilhantemente, mas é também, para todos os efeitos, o canto de cisne", comentava o Miguel Esteves Cardoso no citado artigo. E adiantava ainda relativamente a este álbum:
"Ainda hoje, as canções poderosamente confessionais desse álbum de 1970 (com realce para a força crua de "Mother" e a honestidade autobiográfica de "Working Class Hero") rivalizam em qualidade com as melhores canções dos Beatles."





Tinha eu 14 anos, andava no 5º ano do liceu (actual 9º ano) e lembro-me tão bem deste disco, em particular de canções como "Mother" e "Working Class Hero", mas também, não fazendo parte do álbum mas editada pouco depois a canção "Power To The People". Rivalizava no meu gosto com "All Things Must Pass" do também ex-Beatles George Harrison.

De um disco religioso e muito triste, ouçamos "Mother".




John Lennon - Mother

quarta-feira, 11 de abril de 2018

The Velvet Underground - Sweet Jane

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Os The Velvet Underground são, por excelência, a banda Rock de vanguarda dos anos 60. Pouco considerados no seu início foram com os tempos ganhando muito merecidamente um estatuto que os coloca num lugar ímpar na história da música Rock. Hoje, é mesmo apontada, por muitos, como a banda mais importante e influente que a década de 60 gerou.

Entre 1967 e 1970 deixaram-nos 4 LP que fizeram história. De início The Velvet Underground era um projecto de Andy Warhol impondo no primeiro álbum a presença de Nico, com o afastamento destes gravam de seguida "White Light/White Heat" (1968) o último com a presença de John Cale. Seguem-se "The Velvet Underground" (1969) e finalmente "Loaded" (1970), aquele que hoje nos interessa. É este último registo que ainda apresenta elementos da formação original, ou seja Lou Reed, Maureen Tucker, Sterling Morrison mas já com Doug Yule no lugar de John Cale.

De seguida seria a vez da saída de Lou Reed, afirmando ele em 1971:
"Desde o início, os Velvet Underground foram um processo de eliminação. Primeiro, saiu o Andy Warhol, depois a Nico, a seguir, o John Cale, por fim, já não havia Velvet Underground. Subitamente, eu era Lou Reed.", do artigo de João Lisboa na revista Expresso de 10 de Março de 2018.






"...o lindíssimo LP dos Velvet Underground, uma despedida nada típica que suavizava o som anterior sem perder uma pitada de espontaneidade", assim se referia Miguel Esteves Cardoso a "Loaded", salientando a influência que viria a ter mais tarde no Punk e na New Wave.

Totalmente composto por Lou Reed, "Loaded" era um dos 3 LP a que o Miguel Esteves Cardoso atribuiu 5 estrelas, ou seja indispensável, na categoria "Mainstream" referente ao ano de 1970.

A escolha recai sobre o, agora, clássico "Sweet Jane", um standard que acompanhou Lou Reed pela vida fora.




The Velvet Underground - Sweet Jane

terça-feira, 10 de abril de 2018

Van Morrison - Into The Mystic

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Dos The Beatles aos Chicago passando por Van Morrison, mais um lote de bons discos referentes ao ano de 1970 que Miguel Esteves Cardoso escolhia, agora na categoria do "Mainstream". Numa categoria tão abrangente como esta foram somente 3 os discos a merecerem 5 estrelas (ou seja, excelente, sem reservas), eram eles

- Van Morrison - Moondance
- The Velvet Underground - Loaded
- John Lennon and The Plastic Ono Band

Van Morrison foi o vocalista principal do grupo Them nos anos de 1964 a 1966. Deste período ficaram algumas canções que perduram através dos tempos como "Gloria", "It's All Over Now, Baby Blue", "Baby, Please Don't Go" e "Mystic Eyes". Em 1967 inicia carreira a solo, que depois da falsa partida de "Blowin' Your Mind!" (disco editado sem o consentimento de Van Morrison), teve em "Astral Weeks" (1968) e "Moondance" (1970) pontos muito altos difíceis de igualar.
O primeiro uma obra-prima não catalogável, o segundo mais próximo do standard mas não menos poderoso.

Edição alemã, provavelmente de 1979, referências K 46 040, WS 1835



"Moondance" é um disco eclético, sob o ponto de vista de género musical, do Jazz ao Folk, Blues e Rock, resultando uma mescla que iria tipificar  a sonoridade de Van Morrison por muitos e muitos anos.
Deste clássico do Rock, diria assim para simplificar, afirmava Miguel Esteves Cardoso no artigo já múltiplas vezes referido e que constituía o posfácio de "POPMUSIC-ROCK":
"Trabalhando nos E. U., Van Morrison consegue exceder a indiluída força bruta de "Astral Weeks" (68) com novo tour-de-force. É, sem dúvida alguma, o álbum Rock mais justificado e firme do ano e tem envelhecido com graciosidade."

Bem representativo deste trabalho "Into The Mystic", um verdadeiro clássico.




Van Morrison - Into The Mystic

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Al Stewart - Gethsemane, Again

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Ainda mais um escolha para os álbuns que Miguel Esteves Cardoso identificou como 3 três estrelas (bom), no ano de 1970 na categoria "Soft".

Desta vez para um artista que não conhecia devidamente  e cuja discografia não acompanhei de todo, trata-se Al Stewart, escocês de nascença. Não tenho pois memórias suficientes deste autor da área do Folk-Rock, sendo as notas aqui escritas baseadas em informação da internet, nomeadamente da wikipédia.

A sua carreira musical inicia-se em 1966 e prolonga-se até aos nossos dias, possuindo 16 álbuns de estúdio e 3 gravados ao vivo. Colaborou com músicos como Richard Thompson, Jackson C. Frank e Jimmy Page, mas nos anos 80 a sua popularidade foi decrescendo. Tomei há dias conhecimento que faz parte do line-up do Fairport's Cropredy Convention para 2018 actuando no último dia, 11 de Agosto.

Miguel Esteves Cardoso incluiu-o na lista das promessas em 1970 mas que não sobreviveram à década. Afirma:
"Al Stewart, um cantor na veia de Matthews [Ian Matthews], embora mais Dylanesco, publica o bonito "Zero She Flies" em 1970, após o ainda mais bonito "Love Chronicles" de 1969.
...
Embora tenha alcançado um êxito considerável com os seus álbuns de 76 e 78, o compromisso necessário roubou-lhe toda a qualidade. Stewart era um amador talentoso, sincero e simpático, repartindo um quarto alugado com as suas neuroses e paranóias - agora [1980] é apenas um compositor mediano, nem espectacular nem simples, atingido pela sua própria madureza."


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"Zero She Flies" era o 3º LP de Al Stewart e foi editado nesse riquíssimo ano que foi 1970. Deste "bonito" e agradável álbum sugiro "Gethsemane, Again".




Al Stewart - Gethsemane, Again

domingo, 8 de abril de 2018

Ian Matthews - Colorado Springs Eternal

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

De 1967 a 1969 Ian Matthews fez parte dos históricos Fairport Convention estando presente nos três primeiros álbuns do grupo.
Numa abordagem mais Country-Rock do que Folk-Rock, Ian Matthews enveredou, de seguida, por uma carreira que teria nos primeiros anos da década de 70 larga produção, entre 1970 e 1972 são editados ao todo 6 trabalhos por ele liderados.

Em 1970 são publicados 3 desses álbuns, todos de qualidade ímpar e todos a merecerem por parte de Miguel Esteves Cardoso a sua inclusão nos álbuns bons (3 estrelas) do ano, são eles:

- Ian Matthews - Matthews' Southern Comfort
- Matthews Southern Comfort - Second Spring
- Matthews Southern Comfort - Later That Same Year

Ou seja o nome do primeiro álbum a solo tomaria (sem o apóstrofe) a designação do grupo que assinaria os seguintes dois discos. Infelizmente a qualidade destes e dos seguintes três não seria mantida conforme o próprio Miguel Esteves Cardoso refere:
"Ian Matthwes parece ter gasto o seu talento introspectivo invulgar (mas limitado) e nunca mais poderá igualar o padrão imposto de maneira tão marcante. Perdendo as suas raízes simples e a pureza de concepção de 1970-1971, Matthews iria optar por um som mais comercial e cheio (por exemplo "Go For Broke" de 1976) que sufocaria a natureza pessoal e delicadamente esquizofrénica que tanto haviam enlevado no início."


Edição em 1996, no Reino Unido, em CD de Mattews' Southern Comfort
 e Second Spring, referência BGOCD313


Entre outros, o primeiro álbum a solo de Ian Matthews teve a colaboração dos ex-colegas dos Fairport Convention, Ashley Hutchings, Richard Thompson e ainda de Gerry Conway então nos Fotheringay, actualmente baterista dos Fairport Convention. Fica a canção de abertura do álbum e que foi igualmente editada em Single, trata-se de "Colorado Springs Eternal".

Em Agosto de 2017, em Cropredy no 50º aniversário dos Fairport Convention tive oportunidade de  ver Ian Matthews actuar não só com os Fairport Convention como com a sua formação Plainsong.




Ian Matthews - Colorado Springs Eternal

sábado, 7 de abril de 2018

The Incredible String Band - This Moment

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Dos grupos dos anos 60 que eu mais aprecio, em particular os da área do Folk-Rock, a The Incredible String Band terá sido das que mais tarde conheci. Muito provavelmente só tomei conhecimento deste incrível grupo em 1972 aquando do LP "Earthspan" e o tema "My Father Was a Lighthouse Keeper". Era já o 10º álbum do grupo e o seu fim já não estava muito longe, ficou-me gravado na memória e à primeira oportunidade procurei conhecer a discografia mais antiga.

O grupo teve várias formações sempre centradas nas figuras de Mike Heron e Robin Williamson, dois escoceses fundamentais na música Folk britânica mais progressista e desconcertante que me foi dado ouvir.
O Miguel Esteves Cardoso também a eles se refere no artigo que tenho vindo a seguir e que resumia o que de melhor a década de 70 teve, relembre-se era "O Ovo e o Novo - (uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980". "I Looked Up" é o álbum citado ficando com 3 estrelas no lote da música "Soft".






Nas notas que acompanham o exemplar que possuo, a edição em CD de 2014 da Beat Goes On (BGO), referência BGOCD1166 lê-se:
"Of the album's six tracks, four were written by Mike Heron, and one of the four, 'This Moment' has been described as one of his best loved ISB songs."

Da The Incredible String Band, aqui em formato de quarteto com o acréscimo de Licorice McKechnie e Rose Simpson, segue então para audição e para despertar a curiosidade por esta fascinante formação, "This Moment".




The Incredible String Band - This Moment

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Pentangle - A Maid That's Deep In Love

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Mais um excelente disco que constava nas escolhas do Miguel Esteves Cardoso e que, para meu gosto, merecia mais que as 3 estrelas que ele lhe atribuiu no texto "O Ovo e o Novo - (uma) Discografia duma década de Rock: 1970-1980" e que foi publicado como posfácio da 2ª edição do livro "POPMUSIC-ROCK". Trata-se do álbum "Cruel Sister" dos britânicos Pentangle.

Os Pentangle continuam a estar entre as minhas primeiras preferências no que concerne aos grupos musicais oriundos das ilhas britânicas dos finais dos anos 60 início da década de 70. Numa mistura única do Folk com o Jazz, os Pentangle foram, conjuntamente com os Fairport Convention, dos mais importantes na renovação da música com raízes tradicionais.

Se bem que neste blog já tenham sido referidos, ainda não tinham um entrada em nome próprio pelo que é a primeira vez que aqui dou a conhecer um tema deste singular grupo. Começo por destacar os 5 excelentes músicos que compuseram os Pentangle:

- Bert Jansch (1943-2011) - voz e guitarra
- John Renbourn (1944-2015) - voz e guitarra
- Jacqui McShee (1943-) - voz
- Danny Thompson (1939-) - contrabaixo
- Terry Cox (1937-) - voz e bateria


Edição inglesa, de 1997, da etiqueta Transatlantic
com as referências ESMCD 458 e GAS 0000458ESM ACO

Entre 1968 e 1972 editaram 6 álbuns seminais no género, "Cruel Sister" era já o 4º que o grupo tinha produzido e era composto somente por 5 temas todos arranjos de canções tradicionais. No livreto que acompanha a caixa "Pentangle - The Time Has Come 1967-1973" pode-se ler:
"As Renbourn reflects, 'all the tunes on Cruel Sister were mainstays of the performance repertoire and have proved to be the most enduring. Those pieces, in particular, are the ones most requested still in concerts wherever any of us play.'"

"Cruel Sister" mais um disco com muitas estrelas a que se volta sempre com renovado prazer. "A Maid That's Deep In Love" é uma belíssima canção e é a que abre este álbum.




Pentangle - A Maid That's Deep In Love

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Nick Drake - Hazey Jane II

1970 - Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Mais uma escolha imprescindível do ano de 1970, Nick Drake.

Pouco divulgado e portanto pouco conhecido, Nick Drake também constava na lista dos álbuns bons (3 estrelas) que Miguel Esteves Cardoso indicava, na categoria "Soft" do ano de 1970, no artigo, que diariamente tenho vindo a referir, por ele assinado e que constava como posfácio do livro "POPMUSIC-ROCK". O álbum era "Bryter Layter".

Era o trabalho do meio de uma discografia curta de 3 LP realizados entre 1969 e 1972, tão curta quanto excelente e merecedora de ser redescoberta, como aliás tem vindo a ser nos últimos anos. Algures no início dos anos 70 terei ouvido Nick Drake e o seu nome não mais esqueci até os seus discos serem editados em CD e poder adquiri-los. Este meu "Bryter Layter" é uma edição francesa do ano de 1989 da etiqueta Island e tem as referências IMCD 71 e (846 005-2)






"Bryter Layter", um disco intemporal, uma obra-prima da música Folk, aqui recordado no tema "Hazey Jane II" onde participam os músicos dos Fairport Convention, Richard Thompson na guitarra, Dave Mattacks na bateria e Dave Pegg no baixo, os arranjos são do amigo de Nick Drake, Robert Kirby.




Nick Drake - Hazey Jane II