Não conheço suficientemente bem a música feita actualmente para me pronunciar categoricamente sobre o que de melhor o ano de 2015 produziu, mas não deixo de ter a minha modesta opinião.
Sem, nos últimos anos, ter ocorrido algum novo e significativo movimento musical, assiste-se, em meu entender, ao remexer no baú das recordações dos últimos 50 anos e em trazer cá para fora velhos sons remisturados e servidos com novas roupagens Soft-Rock ou Indie-Pop. Refeições requentadas, que por muito boas que sejam não ultrapassam as originais frescas e saborosas.
E, em 2015, lá fomos ouvindo, entre o melhor, Kurt Vile, FKA twigs, The Apartments (estes mais antigos), Julia Holter, David Corley, Ryley Walker, Siskiyou mas nada que nos deixe verdadeiramente deslumbrados.
E quanto aos sobreviventes dos anos 60, como foi o ano de 2015?
Mais uma vez Richard Thompson não desiludiu e apresenta-nos mais um belo álbum (CD+EP) “Still”, The Gardian escreve “Thompson is still unique”, esperemos que por muitos anos.
Van Morrison há três anos (uma eternidade!) sem originais edita em 2015 “Duets: Re-Working the Catalog”, adoro Van Morrison mas esta velha e gasta ideia de efectuar duetos não me convence. Aguardemos por algo novo deste velho Van Morrison.
David Bowie, não foi em 2015, é já dia 8 que sai o novo registo de nome “Blackstar”, esperemos que corresponda às expectativas. Pela amostra já conhecida, exploração de sonoridades de difícil assimilação à primeira audição.
Faltaram à chamada, entre outros, Bob Dylan e Robert Wyatt.
Neil Young, sempre ele. Sempre em actividade! O álbum “The Monsanto Years”, o 36º disco de originais, gravado com o grupo Promise of the Real (dos filhos de Willie Nelson) é a cruzada de Neil Young contra a empresa Monsanto (multinacional produtora de pesticidas, herbicidas, e sementes geneticamente manipuladas) e, felizmente, não desilude. Ainda tempo para mais um duplo álbum “Bluenote Café”, que Neil Young foi buscar aos seus famosos arquivos (Archives Performance Series), neste caso gravações ao vivo de 1987/8.
Finalmente a minha escolha do ano findo.
As irmãs Rachel e Becky Unthank produzem no duo The Unthanks a melhor música popular que se vai fazendo neste milénio. Em 2015 é com “Mount the Air” que The Unthanks nos encantam ao trazer a música tradicional para uma sonoridade única e inconfundível como há muito não se ouvia. Definitivamente, um dos pontos mais altos da música popular dos últimos anos.
“Died for Love” um tradicional superiormente recuperado para os tempos modernos.
The Unthanks - Died For Love
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