domingo, 31 de dezembro de 2017

Fairport Convention - Flatback Caper

Talvez as recordações de juventude sejam vividas com alguma distorção e empolgamento por tempos que já não têm retorno. Espero pois que o meu entusiasmo em relação ao final da década de 60, início de 70, não sofra de exageros injustificados.
A riqueza musical do período que vai de 1965 a 1972/3 é de tal forma que não encontro paralelo até aos nossos dias. A originalidade de muitas das propostas musicais então surgidas é tal que são como os pontos de singularidade na Matemática (A singularidade marca um ponto de transição entre dois «domínios», ou dois «mundos», num ponto ou instante - http://tecnociencia.etikweb.com/Article-33-A+Singularidade.html), ou seja foram momentos excepcionais onde o que nos era dado ouvir não tinha similitude com o até então vigente. Assim alguns autores e alguns temas foram tão marcantes que podemos considerá-los, quando surgiram, como únicos e absolutamente inovadores; lembro-me, sem me alongar nos exemplos, de: “Salty Dog” dos Procol Harum, “Bookends” de Simon & Garfunkel, “My God” dos Jethro Tull, “The End” dos The Doors, “Epitaph” dos King Crimson, “Third Movement” dos Deep Purple, “Flatback Caper” dos Fairport Convention.


Line Up do álbum "Full House" da esquerda para a direita:
Simon Nicol, Dave Swarbrick, Richard Thompson, Dave Pegg, Dave Mattacks


Fiquemos por aqui e recordemos os velhos (à época muito novinhos) Fairport Convention de 1970 com uma formação de luxo: Dave Mattacks, Simon Nicol, Dave Pegg, Dave Swarbrick e Richard Thompson, só faltava a Sandy Denny acabada de sair para outras singulares aventuras.
Recordo-me de ouvir “Flatback Caper” no programa “Em Órbita” (julgo que só aqui é que se conseguia ouvir) e de aguardar, diariamente, pelo momento em que divulgavam “Flatback Caper”, retirado do excelente, ainda hoje, “Full House”.
E porque nunca tinha ouvido nada assim, aqueles momentos eram em si mesmos “pontos de singularidade”, onde as leis da física ficavam esquecidas.
Em 1970 “Flatback Caper” era um ponto de singularidade, ora ouçam.




Fairport Convention - Flatback Caper

sábado, 30 de dezembro de 2017

Donovan - Curry Land

Na história da divulgação da melhor música popular anglo-saxónica é incontornável a abordagem ao programa de rádio “Em Órbita”da segunda metade dos anos 60, início dos anos 70. Passava na Rádio Clube Português, em FM, com duas emissões, primeiro das 20h às 22h e depois das 00h à 1h (das 20h às 21h havia conflito de interesses com o programa “Página Um” na Rádio Renascença). Por estes programas passava o que de melhor e mais recentes era editado principalmente em Inglaterra e nos EUA, mas também em França, Espanha,… e Portugal (Portugal, no caso do programa “Página Um”). Estes e alguns pouco mais (todos em FM – Frequência Modulada) destacavam-se da mediania, mesmo mediocridade, da maior parte da programação radiofónica. Mas nada melhor que recuperar alguns extractos de textos publicados pela revista “Vida Mundial” em rubrica dedicada à rádio de então:
“Sempre pensámos ter chegado a hora de se pensar no radiouvinte, não apenas em termos de mercado, e que é preciso dar-lhe algo em troca daquilo que ele paga. Pode-se interessar o povo com o folhetim piegas ou entrevistas bacocas, mas pode-se também interessá-lo com boa música popular, por exemplo (um Correia de Oliveira, um Luís Cília, um Manuel Freire, etc., são belas lições a ministrar) que é a expressão mais geral e comunicativa da educação de um público. E por música...” Vida Mundial Nº 1566 de 13-06-1969

“Não chega. Não basta ter uma boa ideia. Não basta ser um bom rapaz. Não chegam os Quakers, nem os Adventistas do Sétimo Dia. Rubricas como «Que Quer Ouvir», «Quando o Telefone Toca», «Cartas a Ninguém», «Uma Vedeta na Noite», «Grande Feira do Disco», «Vozes que São Êxito», etc., são o papel químico umas das outras, repetindo a mesma mediocridade, a mesma inutilidade e idêntica sensaboria. Nada as destaca, nada as distingue, constituem, apenas, uma forma de preencher tempo, a mesma colecta de publicidade.
E mais adiante:
“Seria óptimo saber quais as intenções que movem os responsáveis de tais rubricas, e indagar porque as defendem eles com unhas e dentes. Talvez fosse este o modo de se chegar a outras e proveitosas conclusões, sobretudo, às de carácter cultural, social e pedagógico. Sim, porque não acreditamos não ser deliberada a prioridade radiofónica dada a tais absurdos, assim como não acreditamos que outros não vejam e reconheçam a inutilidade de tais emissões. Um propósito existe. Qual?” 
Vida Mundial Nº 1575 de 15-08-1969

E, relativamente ao referido programa “Em Órbita”:
“«Em órbita» embarcou na nave cósmica do êxito e transmite dos espaços siderais, com repetições de eco que se perdem no infinito, os últimos sucessos dos Beatles, de Donovan e de outros. E faz critica, fiscalização minuciosa ao que é verdadeiramente mau. Aberta ao que em educação musical da canção moderna tem realmente valor e significado e às inovações que uma exigência rigorosa possa ir certamente justificando, «Em órbita» é de facto uma excepção no panorama radiofónico nacional. Rádio funcional, sendo simultaneamente um processo de assimilação de formas sócio-culturais, «Em órbita», é uma espécie de canção de protesto e um conceito que vai abrindo caminho e está contido numa única palavra — seriedade.”
Vida Mundial Nº 1560 de 02-05-1969



Porque ouvia diariamente o programa “Em Órbita”, recordo-me, por exemplo, da passagem de "Curry Land" do cantor folk escocês Donovan. Pertencia ao álbum “Open Road” (1970) e na classificação final do ano, que já tivemos oportunidade de recordar, “Curry Land” tomava o 7º lugar na lista das melhores canções.
 Agora, recuar no tempo, e deliciar-mo-nos, novamente, com “Curry Land”.




Donovan – Curry Land

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Led Zeppelin - Tangerine

Ao folhear os jornais antigos "DISCO MÚSICA & MODA" parei, aleatoriamente, no nº 6 de 15 de Abril de 1971 e deparei com a lista dos álbuns então mais vendidos em Portugal:
1 – Led Zeppelin III – Led Zeppelin
2 – Fotheringay – Fotheringay
3 – Elton John – Elton John
4 – Pendulum – Creedence Clearwater Revival
5 – All Things Must Pass – George Harrison
6 – John Barleycorn Must Die – Traffic
7 – Deep Purple In Concert – Deep Purple
8 – Fairport Convention – Fairport Convention
9 – Woodstock
10 – Stephen Stills – Stephen Stills

Uau! O melhor era o mais vendável! Ou a compra de discos somente acessível a uma elite mais esclarecida?
Retirando “Pendulum” de uns Creedence Clearwater Revival no limite de qualidade aceitável e de um projecto já esgotado, todos os restantes primavam por um atributo de bom gosto inquestionável. Stephen Stills (de Crosby, Stills, Nash & Young) no seu primeiro e bem conseguido registo a solo. Woodstock, a banda sonora do filme, não é preciso dizer mais nada.
O Folk-Rock representado no seu melhor, pelos Fairport Convention (presumo que seja o excelente “Full House” saído em 1970 já sem a Sandy Denny) e pelo registo único da nova formação da Sandy Denny, os Fotheringay, o melhor do melhor. Também, com algumas influências Folk, os fusionistas Traffic de Steve Winwood assinavam aqui o meu disco preferido.
Os Deep Purple no seu disco mais polémico gravado no Royal Albert Hall com a Orquestra Filarmónica de Londres. George Harrison, liberto do sufoco dos The Beatles e um triplo álbum promissor de outros voos, infelizmente não concretizados. Elton John e o espantoso segundo álbum e finalmente o primeiro lugar ocupado por um dos mais surpreendentes quartetos de Rock de sempre os Led Zeppelin com um dos meus discos preferidos, o terceiro, entre o Blues, o Folk, e o Rock mais “hard”.





Para audição segue “Tangerine”, uma composição com uma forte componente acústica, a mostrar uns Led Zeppelin muito além de percursores do “Heavy Metal” a que normalmente são associados:




Led Zeppelin - Tangerine

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Fotheringay - Nothing More

Da minha selecção das melhores canções de 1970 já tivemos oportunidade de lembrar várias, nomeadamente através das classificações do então programa de rádio "Em Órbita". A minha escolha para hoje situa-se no meu leque restrito das "melhores de 1970": "Nothing More" pelos Fotheringay. Não foi suficientemente conhecida e a sua intérprete nunca conheceu a popularidade. É de longe a minha cantora preferida de sempre e faleceu, prematuramente, em 1978 com apenas 31 anos, era a Sandy Denny.

A solo, com os Fairport Convention, nos Fotheringay, no colectivo The Bunch ou ainda no início com os Strawbs, teve tempo de nos deixar uma discografia insuperável. O seu talento era inesgotável quer como intérprete, quer como compositora e a sua voz inigualável.



Em 1970 formou os Fotheringay que gravaram um único e belíssimo álbum. O jornal “Disco, Música & Moda” no nº 9 de 1 de Junho de 1971, num artigo intitulado “ A Folk Inglesa” a propósito dos Fotheringay afirmava o seguinte:
“ O único e maravilhoso álbum dos “Fotheringay” é talvez o mais belo disco inglês de todo o ano de 1970. É uma pequena obra de arte, desde o desenho da capa, até à captação do som, passando pela incrível suavidade das guitarras de Trevor Lucas e Jerry Donahue, o diálogo eléctrico-acústico, a voz de sonho de Sandy Denny, que se excedeu tanto nas suas próprias composições (“Nothing More”, “The Sea”) como na velha balada escocesa (a fabulosa “Banks of the Nile”).” 




Com Sandy Denny na voz e no piano fiquemos com “Nothing More” a faixa de abertura do álbum. “Nothing More” a escolha para hoje, encontra-se entre as minhas preferidas de 1970 e de sempre.

Eis “Nothing More” de Sandy Denny, quarenta e sete anos depois:




Fotheringay - Nothing More

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Jethro Tull - With you there to help me

Estamos em 1970. Teríamos que esperar ainda um ano para a saída desse magnífico “Aqualung” que traria o merecido reconhecimento aos Jethro Tull. No entanto, desde 1968 que desbravavam caminhos, até então desconhecidos, numa encruzilhada dos Blues, do Jazz e da Música Clássica. Em 1970 vão já na sua terceira aventura de nome “Benefit”.

“Benefit” é de uma consistência e homogeneidade enormes onde não existe nenhuma faixa de menor relevo. A sonoridade, essa é mais “hard” que nos registos anteriores, os arranjos orquestrais a merecerem o devido destaque e, como não podia deixar de ser, a flauta de Ian Anderson a impor-se, cada vez mais, no universo musical dos Jethro Tull.

A faixa de abertura tornou-se um clássico dos Jethro Tull e dá pelo nome de “With you there to help me” e a ela volto novamente.






Com 30 anos de atraso tive a oportunidade de ver os Jethro Tull no Coliseu em Novembro de 2000. Se já não existia nenhuma surpresa musical, também é verdade que o som característico e original se mantinha na totalidade. Eram os bons velhos Jethro Tull, iguais a si mesmo (que mais se podia exigir?).



Jethro Tull - With you there to help me

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Neil Young - On The Beach

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Nesta passagem por 4 músicos de excepção que preencheram boas horas da minha juventude, começámos em 1969 com Neil Young e terminamos em 1974 também com Neil Young.

Desde sempre que Neil Young se mostrou como o mais produtivo, diria mesmo mais criativo e inovador, em relação aos outros 3 amigos dos Crosby, Stills, Nash & Young, senão veja-se a discografia de cada um até hoje. Neil, actualmente com 72 anos tem mais de 40 álbuns de estúdio editados.

No período em referência e que catapultou Neil Young para um lugar de destaque entre as figuras maiores da música Rock, editou nada mais que seis álbuns de originais, a banda sonora do filme "Journey Through The Past", para além de um álbum com os Crosby, Stills, Nash & Young e ainda um duplo ao vivo com o mesmo quarteto. De notar ainda o álbum "Tonight's the Night" só editado em 1975 mas na realidade gravado dois anos antes.

Depois da desilusão da banda sonora "Journey Through The Past" e do álbum ao vivo "Time Fades Away", ainda em 1973 os concertos de Neil Young basearam-se em "Tonight's The Night" o qual era naturalmente desconhecido do público.

"A apresentação de temas novos é algo com que qualquer artista toma as maiores precauções, deleitando primeiro o seu auditório com alguns trechos bem do agrado geral, antes de ganhar coragem, e passar ao trabalho inédito. Pois ali [Royal Festival Hall a 10 de Novembro de 1973] estava Young, abrindo com uma canção nova, e, pelos vistos, disposto a continuar com um reportório desconhecido pela noite fora" em "Neil Young" de Johnny Rogan.

De seguida a editora recusa-se a editar "Tonight's The Night" prevista para o início do ano.
Neil Young "...reagiu imediatamente, começando a trabalhar num álbum totalmente novo, nos fins de Novembro."

Quando "On The Beach" foi editado, em Julho de 1974, os Crosby, Sills, Nash & Young tinham-se juntado de novo e iniciado digressão que começou a 9 de Julho. Contrariamente às expectativas não surgiu nenhum novo álbum do grupo e a gravação ao vivo da digressão só foi editada em 2014, "CSNY 1974".

"On The Beach" revelou-se um trabalho extraordinário e um dos melhores de sempre de Neil Young. Um disco onde Neil Young surpreende ao abrir novos caminhos para a sua música, não é o Folk-Rock de "Harvest" ou de "After The Goldrush", mas entre o Country-Rock e o Blues-Rock, manifestando uma maturidade musical surpreendente.
Somente em 2003 foi editado em CD como parte da Archives Digital Masterpiece Series de Neil Young. É dessa série o meu exemplar com a referência 9362-48497-2 e edição alemã.







Segue o tema "On The Beach" bem representativo da sonoridade deste álbum homónimo.

Um Neil Young introspectivo como ainda não tínhamos tido:
The world is turning, 
I hope it don't turn away,
The world is turning,
I hope it don't turn away. 
All my pictures are falling 
From the wall where I placed them yesterday.
The world is turning', 
I hope it don't turn away...




Neil Young - On The Beach

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Graham Nash - Prison Song

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974


"Wild Tales" é o 2º trabalho a solo de Graham Nash. Depois de "Songs For Beginners" de 1971, depois do álbum com David Crosby "Graham Nash David Crosby" de 1972 e gorada a gravação de novo álbum dos Crosby, Stills, Nash & Young, Graham Nash grava o seu 2º LP intitulado "Wild Tales".

Na realidade o quarteto chegou a gravar alguns temas para o álbum que deveria chamar-se "Human Highway". Seguindo o livro "Neil Young" de Johnny Rogan, ficamos a saber que "O quarteto ensaiou algumas canções novas e, segundo Tim Drummond, gravou And So It Goes, The Prison Song (que mais tarde apareceram em Wild Tales) de Nash, Human Highway, de Young, e outras três."

Pelos vistos material para gravação não faltava, é o próprio Graham Nash que o afirma:
"...uma das razões para a existência de tantos trabalhos disponíveis, era o acordo verbal que os músicos haviam feito quando da formação dos C. S. N. & Y, segundo o qual cada um guardaria as suas melhores canções para possíveis projectos do grupo.





É neste contexto que surge "Wild Tales", mais um conjunto de canções a finalizar um período de grande criatividade daqueles 4 músicos e da música popular em geral. Com uma receptividade inferior ao anterior "Songs For Beginners" é, ainda hoje, particularmente agradável a sua audição. Ouça-se "Prison Song" para confirmar.




Graham Nash - Prison Song

domingo, 24 de dezembro de 2017

Neil Young - Journey Through The Past

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Vamos para o ano de 1973.
David Crosby - Terminada a parceria com Graham Nash que tinha dado origem, no ano anterior, ao álbum "Graham Nash David Crosby", os 5 elementos originais dos The Byrds acordam a realização daquele que seria o último álbum do grupo. "Byrds" um disco que apesar de bem recebido ficava muito aquém do que The Byrds tinham feito, David Crosby contribui com duas canções, "Long Live the King" e "Laughing" .

Stephen Stills - Depois do também bem recebido duplo álbum homónimo editado em 1972 pelos Manassas do qual Stephen Stills era o elemento de maior destaque, no ano seguinte editam um segundo trabalho de nome "Down The Road" que foi uma desilusão. Stephen Stills compõe maior parte do álbum.

Graham Nash - Neste ano Graham Nash vai gravar o subestimado "Wild Tales" o 2º trabalho a solo. Amanhã o recordaremos.

Neil Young - 1972 tinha visto o melhor e o pior de Neil Young, por um lado sucesso de "Harvest" que definitivamente o tornou conhecido em todo o mundo, por outro a fracassada banda sonora "Journey Throught The Past". Como seria o ano de 1973?

O ano de 1973 vai ser marcado pelo início de um período de depressão ao qual não foi alheio as mortes de Danny Whitten, guitarrista dos Crazy Horse, e de Bruce Berry, roadie dos Crosby, Stills, Nash & Young. Com os Crazy Horse grava canções que só viriam a ser editadas em "Tonight's The Night" em 1975, entretanto é editado o álbum ao vivo "Time Fades Away".

"Em Outubro, o passado de Neil acertou o passo com o músico, quando partes da última digressão foram editadas no álbum intitulado Time Fades Away. A ideia de lançar um álbum ao vivo constituído na sua totalidade por temas novos era original, e o músico podia até contar com alguns elogios da crítica. Porém, o conteúdo do disco iria suscitar uma recepção tempestuosa. Grande parte do público e da crítica reagira extremamente mal a Journey Trought The Past, mas ainda acreditava que Young voltasse com um álbum cheio de canções de amor, cuidadosamente elaborado. Time Fades Away seria tudo menos cuidadosamente elaborado. Revelou um Young novo, rude, impreciso, e intratável. Para muitos críticos foi sem dúvida a última pedra. Até os seus acólitos ingleses perceberam que haviam perdido o autor melancólico dos tempos de Harvest.", lê-se em "Neil Young" de Johnny Rogan para mais à frente afirmar:

"Embora Time Fades Away apresente uma qualidade irregular, parecendo falho de consistência, é, apesar de tudo, um álbum interessante, com alguns momentos inesquecíveis. Young dá novo passo no seu desenvolvimento artístico, tornando-se mais agressivo, peremptório e corajoso do que nunca."


1973, um ano globalmente menos interessante para estes quatro músicos de excepção. Nenhum foi imune ao decréscimo de qualidade a que a música popular começava a assistir, negros anos viriam.







Só recentemente adquiri este LP , sendo identificado como Neil Young Archives Official Release Series 05 - NYA ORS 05, na contra-capa lê-se "Printed in U. S. A.", na etiqueta do disco de vinil diz "Manufactured in Germany".

"Journey Through The Past", a canção título do álbum anterior e do filme também, é a que segue para audição.




Neil Young - Journey Through The Past

sábado, 23 de dezembro de 2017

Neil Young - Ohio

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974


O ano de 1972 não vai terminar sem ver editado mais um álbum de Neil Young.

Depois do êxito de "Harvest" quais seriam os passos seguintes de Neil Young?
A resposta no livro "Neil Young" de Johnny Rogan:
"Embora satisfeito com o sucesso alcançado, Young sentia-se ao mesmo tempo irrequieto, talvez porque compreendesse a necessidade de explorar ideias novas, em vez de simplesmente repetir os velhos temas."
Mais adiante:
"O artista alimentava naturalmente, esperanças de que a sua estreia no mundo do cinema tivesse tanto êxito como as vendas alcançadas pelo seu último LP. A princípio, o projecto parecia ter hipóteses. A empresa discográfica de Young, a Warner Brothers, aceitou financiar Journey Through The Past, na condição do músico gravar para eles a banda sonora do filme."





"Journey Through The Past", um duplo LP editado em finais de 1972 ainda sem o filme estreado, revelou-se uma desilusão, talvez por isso ainda não tenha visto a versão digital em CD. Um só tema original "Soldier" e uma colectânea de temas mal conseguidos de gravações ao vivo desde os tempos dos Buffalo Springfield, dos Crosby, Stills, Nash & Young, de Neil Young com The Stray Gators aquando da gravação de "Harvest", ainda 2 temas de The Tony & Susan Alamo Christian Foundation Orchestra & Chorus e o tema final dos The Beach Boys. Uma amálgama de composições onde mesmo assim se consegue realçar uma versão de "Ohio" e uma outra longa, muito longa de "Words", pese ser mais um ensaio que outra coisa.




Neil Young - Ohio

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Crosby & Nash - Immigration Man

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

No contexto do quarteto Crosby, Stills, Nash, & Young, Stephen Stills e Neil Young eram as figuras de maior destaque e as mais produtivas em termos de composição e gravação a solo. David Crosby (ex-The Byrds) e Graham Nash (ex-The Hollies) não sendo propriamente desconhecidos eram as figuras menos proeminentes. No entanto, os seus primeiros discos a solo tiveram uma recepção bastante positiva, David Crosby com o incomparável e injustamente pouco conhecido "If I Could Only Remember My Name" e Graham Nash com, o mais reconhecido, "Songs For Beginners"  ambos em 1971.

1972 começou com o sucesso esmagador de "Harvest" de Neil Young, enquanto Stephen Stills, depois dos dois LP de 1971, formava o grupo e editava o duplo álbum homónimo "Manassas". Quanto a David Crosby e Graham Nash, depois de digressão como duo, gravam e editam o primeiro LP como tal.




"Graham Nash David Crosby" veio confirma a qualidade que já se lhes conhecia. 6 canções de Graham Nash e 5 de David Crosby compõem um LP muito homogéneo e que, ainda hoje, é extraordinariamente agradável de se ouvir.
A canção escolhida é um tema de Graham Nash, resultado da sua própria experiência, é "Immigration Man".




Crosby & Nash - Immigration Man

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Neil Young - Harvest

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Mais um regresso a Neil Young. Foi, efectivamente, o mais prolífero dos quatro naquele período, na realidade foi-o desde sempre até agora.

Depois dos superlativos "Everybody Knows This Is Knowhere" (1969) e "After The Goldrush" (1970) e da passagem pelos Crosby, Stills, Nash & Young que o ajudou a ficar famoso, 1971 encontra Neil Young em digressão, primeiro nos EUA e depois na Grã-Bretanha, culminando em concerto no Royal Festival Hall. Citando "Neil Young" de Johnny Rogan: "O sucesso do concerto britânico assegurava que o seu álbum seguinte seria aguardado com grande expectativa. Aparentemente, o público não teria de esperar muito, dado que Young falara já do seu trabalho mais recente, no palco do Royal Festival Hall:
«Eu tenho esta  canção nova que escrevi ontem à noite. Não me consigo lembrrar das palavras todas, e esqueci-me de trazer a folha de papel onde as escrevi.
Vai ser a canção título do meu próximo álbum - chama-se Harvest»."

A expectativa era que no regresso aos EUA "Harvest" fosse rapidamente editado o que não veio a acontecer. Provavelmente devido à operação a uma hérnia discal a que foi sujeito, que não lhe permitia passar muito tempo em pé e ao seu consequente retiro.
"Harvest" só viu a luz do dia em Fevereiro de 1972 e foi o seu disco mais bem sucedido. Aclamado do lado de lá e do cá do Atlântico foi nº 1 em diversos pontos do globo.









Infelizmente o meu primeiro exemplar não resistiu ao passar dos anos e aquele que agora possuo, embora tudo indique ser uma edição portuguesa de 1972, foi já adquirido uns bons anos mais tarde.

Pese a qualidade inegável deste trabalho de Neil Young, sempre achei que o disco pecava por falta de homogeneidade, não só no género entre o Folk, o Country e o Rock mais pesado, como nos arranjos e até qualidade de alguns temas, duas faixas com a Orquestra Sinfónica de Londres e outra acústica ao vivo contribuem, independentemente da qualidade individual, para algum desequilíbrio do todo. Mesmo assim a merecer o devido destaque na longa discografia de Neil Young.

Segue "Harvest", uma bela canção de Neil Young daquele período.




Neil Young - Harvest

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Stephen Stills - Bluebird Revisited

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974


Por ordem cronológica o ano de 1971 viu aparecer os seguintes álbuns referentes a estes quatro músicos que temos vindo a seguir:

- David Crosby - If I Could Only Remember My Name
- Crosby, Stills, Nash & Young - 4 Way Street
- Graham Nash - Songs For Beginners
- Stephen Stills - Stephen Stills 2
(Só Neil Young não editou qualquer álbum a solo)

"Stephen Stills 2" é o objecto do Regresso ao Passado de hoje.





No seguimento do reconhecimento de que foi sucessivamente alvo, primeiro nos Bufffalo Springfield, depois nos Crosby, Stills & Nash, de seguida nos Crosby, Stills, Nash & Young e finalmente com o primeiro LP em 1970, é editado em 1971 o simplesmente designado "Stephen Stills 2", prolongamento das sonoridades já conhecidas.
Globalmente um pouco abaixo do anterior, os melhores temas abriam e fechavam o álbum, respectivamente "Change Partners" e "Bluebird Revisited", mas a homogeneidade parece ser o aspecto mais relevante. De notar mais uma vez o excelente naipe de músicos que acompanham Stephen Stills neste segundo registo, Eric Clapton, Jerry Garcia, Billy Preston, Nils Lofgren e David Crosby encontram-se entre eles.
Estivesse todo o disco ao nível da faixa final e estaríamos na presença de um disco a escolher para levar para uma ilha deserta. Para ouvir com toda a atenção "Bluebird Revisited", excelente!




Stephen Stills - Bluebird Revisited

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Graham Nash - Simple Man

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Cada um dos elementos dos Crosby, Stills, Nash & Young fizeram com êxito o seu álbum a solo após a primeira separação em 1970.
Neil Young com "After The Goldrush", Stephen Stills com o álbum homónimo ainda em 1970, David Crosby com "If I Could Only Remember My Name" já em 1971 e finalmente Graham Nash com "Songs For Beginners".
Graham Nash é, dos quatro, o único não norte-americano. Na realidade Graham Nash nasceu em Inglaterra e lá começou a sua carreira musical. Foi elemento fundador do famoso grupo Pop The Hollies e nele esteve de 1962 a 1968.
Graham Nash já conhecia David Crosby do tempo dos The Byrds e também Stephen Stills ainda nos Buffalo Springfield. É durante a passagem, em 1968, dos The Hollies pelos EUA que Graham Nash se vai encontrar de novo com David Crosby e Stephen Stills. Numa festa em casa da Joni Mitchell (ou de Cass Elliot ou ainda na casa de John Sebastian de acordo com "Neil Young" de Johnny Rogan, as fontes divergem) os três começaram a cantar juntos e pouco depois Nash abandona The Hollies e nasce o trio Crosby, Stills & Nash.
Do sucesso do trio e depois quarteto com a entrada de Neil Young já aqui fiz eco, agora é tempo do primeiro registo a solo de Graham Nash, o referido "Songs For Beginners".




Gravado entre 1970 e 1971 foi o último dos quatro músicos a solo a ser editado.
Uma quantidade impressionante de músico colaboraram na feitura deste álbum, para além de Neil Young e David Crosby por ele passaram,  um conjunto de músicos habituais nos concertos do quarteto como Dallas Taylor e Johnny Barbata e ainda nomes bem conhecidos tais como Gerry Garcia, Dave Mason, Rita Coolidge e Phil Lesh.

"Songs For Beginners" foi muito bem recebido pela crítica e dele ficaram, para sempre, canções como "Chicago", "Military Madness", "I Used to Be a King" ou "Simple Man" que hoje fica para audição.




Graham Nash - Simple Man

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Crosby, Stills, Nash & Young - Chicago

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Após a edição de "Déjà Vu" (Março de 1970) e tendo Neil Young terminado a digressão com os Crazy Horse e gravado o novo LP "After The Goldrush", os Crosby, Stills, Nash & Young dão início a nova digressão que seria coroada com a edição em 1971 do duplo álbum ao vivo "4 Way Street".

E eu que à época não era muito dado a gravações ao vivo, preferia as de estúdio, logo fiquei grudado a este disco. Desde então que considero "4 Way Street" uma das melhores gravações ao vivo de sempre. Composto por 2 LP, o primeiro acústico, onde cada um dos 4 elementos do grupo apresenta algumas das canções do seu reportório da altura e um segundo eléctrico onde se destacavam os temas longos de Neil Young e Stephen Stills.

De certa forma o título evidenciava aquilo que os Crosby, Stills, Nash & Young eram, uma estrada de quatro vias. Todas as composições do disco são assinadas por um só deles, não havendo portanto qualquer colaboração na escrita do reportório conjunto. Cada um deles só por si manifestava uma qualidade superior a permitir sólidas carreiras a solo, os quatro juntos atingiam o clímax de que este LP é a prova. Cada um seguiu o seu caminho, só cruzando-se novamente em 1974.






O meu LP tem a referência SD 2-902, da editora Atlantic, prensagem na USA do ano de 1971. Já muito ouvido, a ele volto de tempos em tempos na recuperação de momentos únicos da minha adolescência. Esta foi mais uma oportunidade, na cabeça ficou-me "Chicago" uma composição de Graham Nash.




Crosby, Stills, Nash & Young - Chicago

domingo, 17 de dezembro de 2017

David Crosby - Laughing

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

O ano de 1971 continua a ser relevante para os então já bem conhecidos David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young.
É o ano de David Crosby com "If I Could Only Remember My Name", de Graham Nash com "Songs For Beginners" e do quarteto com "4 Way Street".

David Crosby fez parte da formação inicial de um dos principais grupos de Folk-Rock norte-americano The Byrds onde esteve de 1964 a finais de 1967, com eles gravando 6 seminais LP.
Em 1968 dá-se a formação dos Crosby, Stills & Nash, de seguida dos Crosby, Stills, Nash & Young já revistos em anteriores Regresso ao Passado.

Depois do sucesso de "Déjà Vu" cada um gravou o seu álbum a solo. David Crosby fê-lo em finais de 1970 tendo sido editado em início de 1971.
"If I Could Only Remember My Name" é um monumento da música popular que tem sido subestimado ao longo dos anos. É uma obra-prima irrepetível e um dos mais representativos da superioridade da música popular naquela época.

O meu exemplar tem a referência K 40320, edição do Reino Unido, provavelmente do ano de 1972.




A lista de participantes neste trabalho é impressionante, para além das presenças de Graham Nash e Neil Young, lá está Joni Mitchell e também músicos dos Jefferson Airplane, Grateful Dead e ainda dos Santana.
É o ponto mais alto da curta discografia a solo de David Crosby até hoje. Uma preciosidade é o tema escolhido, "Laughing", que fica para audição.




David Crosby - Laughing

sábado, 16 de dezembro de 2017

Stephen Stills - Love the One You're With

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Como ontem referi o ano de 1970 não terminaria sem a edição de álbuns a solo, primeiro de Neil Young e e logo de seguida de Stephen Sills.

Passagem regular no programa "Página Um", em particular o tema principal "Love the One You're With" que eu tanto admirava, prolongava o trabalho de Stephen Stills nos CSNY para sonoridades mais diversificadas, por vezes próximas do Gospel. Teve a colaboração de uma panóplia de músicos como Jimi Hendrix, Eric Clapton, Ringo Starr, Rita Coolidge, John Sebastian, Booker T. Jones, para citar os mais conhecidos, para além dos amigos David Crosby e Graham Nash.
Apesar do sucesso enorme que teve e de facilmente se encontrar "Stephen Sills" à venda nas discotecas do Porto que eu então frequentava, nunca cheguei, com pena minha, a adquiri-lo. Agora já é tarde, hoje ao ouvi-lo fica-se com a sensação de ser um disco que não aguentou tão bem o passar dos anos como, por exemplo, os de Neil Young ou dos CSNY.



Com Stephen Stills a tocar quase a totalidade dos instrumentos, com as irmãs Rita e Priscilla Coolidge, John Sebastian, David Crosby e Graham Nash nos coros e com muita saudade fica o tema "Love the One You're With". Bela recordação.




Stephen Stills - Love the One You're With

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Neil Young - After The Goldrush

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974


Não fosse suficiente um disco como "Déjà Vu" para ocupar, pelo menos, todo o ano de 1970, Stephen Stills e Neil Young, insaciáveis, não terminariam o ano sem gravarem os seus próprios LP.
O primeiro a ser editado foi o de Neil Young.

"Com mais um disco concluído e a digressão com os Crazy Horse chegada ao fim, Young foi novamente solicitado para fazer outra digressão com os C. S. & N. Déjà Vu alcançara o primeiro lugar das tabelas classificativas de álbuns, e os C. S. N. & Y. eram aclamados como o grupo mais importante da altura." 

"A década de setenta havia começado espectacularmente para Young. Desde o início do ano que Neil era a notícia do dia, parecendo ser omnipresente, aparecendo num mês com os Crazy Horse, e no mês seguinte com os C. S. N. & Y. O reconhecimento que Déjà Vu lhe valera, mais a segunda digressão dos C. S. N. & Y., assim como o lançamento do single Ohio, fizeram com que, subitamente, fosse visto como um autor importante da música rock. E, contudo, todas estas vitórias não foram nada, comparadas com o acolhimento que After The Goldrush recebeu em Agosto."

Estes extractos do livro "Neil Young" de Johnny Rogan evidenciam bem a actividade de Neil Young no ano de 1970. Finalmente reconhecido na cena Rock, em grande parte devido à sua participação no quarteto Crosby, Stills, Nash & Young, é, no entanto, com a edição de "After The Goldrush" que Neil vai ter aceitação e uma maior divulgação como autor, intérprete e guitarrista do melhor que o Rock produziu.
No dizer do próprio:
"Claro que os C. S. N. & Y. tornaram o meu nome conhecido. Mas, com toda a modéstia, After The Goldrush captou o espírito de Topanga Canyon. Transparece no álbum que eu me apercebi de ter atingido um certo objectivo."





"After The Goldrush" foi o primeiro disco que comprei do Neil Young, trata-se de uma edição portuguesa de 1972 com a referência REP 44088 e custou na altura 300$00, cerca de 1,5€.
"After The Goldrush" revelava um Neil Young idiossincrático e ficava para a história como um dos mais brilhantes discos da sua longa carreira. É o meu disco preferido.

Nele participam para além dos então elementos dos Crazy Horse, Stephen Stills e o então desconhecido Nils Lofgren, voz, piano e guitarra, no que julgo ser a sua participação num disco.

Recordamos o tema título "After The Goldrush".




Neil Young - After The Goldrush

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Crosby, Stills, Nash & Young - Teach Your Children

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Já vimos nos Regresso ao Passado anteriores as edições, no ano de 1969, de Neil Young por um lado e de Crosby, Stills & Nash por outro.  Vamos agora ao momento da junção destes quatro músicos de excepção.
Estamos ainda em 1969 quando é feita a edição quase simultânea de "Everybody Knows This Is Nowhere" de Neil Young e "Crosby, Stills & Nash" do trio com o mesmo nome. Em termos de sucesso esta última gravação teve muito maior divulgação e aceitação que o trabalho do introspectivo Neil Young.
No livro "Neil Young" de Johnny Rogan que temos vindo a seguir, lê-se:
"Com o advento do êxito de Crosby, Stills & Nash, os promotores começaram a lutar entre si para convencerem o trio a partir numa digressão nacional.", o que colocou ao grupo "... o problema de recriar o seu som de estúdio num espectáculo ao vivo."
«Foi a necessidade de maior instrumentação que levou Stills a contactar Neil Young:
... fui a casa de Neil e perguntei-lhe o que achava da ideia. Ele havia assistido a um dos nossos ensaios e tinha ficado entusiasmado com o nosso som vocal... visto isso e os factos, ele veio connosco e tornámo-nos os Crosby, Stills, Nash & Young, nome que indicava que continuávamos a ser músicos com carreiras individuais às quais poderíamos regressar sempre que nos apetecesse.»"

Data de 25 de Junho de 1969 o primeiro concerto do novo quarteto realizado no Fillmore East, em Nova Iorque. A segunda aparição vai-se realizar no mítico festival de Woodstock, é no 3º dia do festival já na madrugada de 18 de Agosto, entre as actuações dos então muito mais conhecidos Blood, Sweat and Tears e a Paul Butterfield Blues Band. Enquanto quarteto, não tinham ainda qualquer disco gravado.




Até ao final desse ano gravam o 1º LP que vai ser lançado em Março de 1970.
"Déjà Vu" "Foi, sem dúvida, um dos melhores trabalhos dos começos da década de 70, e representava o esforço real e consistente de quatro músicos funcionando em conjunto. As críticas da época elogiaram-no quase unanimemente, e muitas defenderam que se tratava de um dos melhores álbuns da história do rock."

Talvez o único pecado, ou virtude?, deste trabalho seja em algumas faixas não funcionar como grupo identificando-se facilmente a sua autoria. Por exemplo: "Teach Your Children" é claramente de Graham Nash. Na "steel guitar" temos a participação de Gerry Garcia dos Grateful Dead.




Crosby, Stills, Nash & Young - Teach Your Children

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Crosby, Stills & Nash - Lady Of The Island

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Enquanto Neil Young, após o fim dos Buffalo Springfield, partiu para carreira a solo, "...o seu velho rival, Stephen Stills, fazia igualmente grandes progressos na sua carreira pós-Springfield." lê-se em "Neil Young" de Johnny Rogan. Ora veja-se, "Nos primeiros seis meses foi muito solicitado. Tocou com Al Kooper e Mike Bloomfield, lançando o álbum Supersession em Agosto de 1968, que mais tarde vendeu um milhão de exemplares. ... Arranjou as partes de guitarra do álbum de Judy Collins, Who Knows Where The Time Goes, tocou guitarra no álbum de Tim Leary, You Can Be Anyone This Time Around, e conseguiu ainda tempo para tocar baixo no álbum estreia de Joni Mitchell."

"Foi no meio de toda esta actividade que Stills estreitou a relação de amizade que mantinha com o ex-Byrd, David Crosby:
«Nessa altura passei a andar bastante com David e, um dia, os Hollies vieram à cidade e nós estivemos um bocado com Willie (Graham Nash). Um dia, estávamos todos em casa de John Sebastian, às voltas com as duas canções que David  e eu fizéramos juntos, Helplessly Hoping e You Won't Have To Cry, e Willie pôs-se a cantar connosco. Bem, o Crosby e eu só olhámos um para o outro - foi um daqueles momentos, sabes?»". Nascia assim o trio Crosby, Stills & Nash.

Em Maio de 1969 era editado o primeiro LP que foi muito aclamado pela crítica. Contrariando as sonoridades dominantes de um Rock pesado com influência dos Blues, "Crosby, Stills & Nash" era a expressão maior do Folk-Rock do outro lado do Atlântico. As harmonias vocais eram surpreendentes e recordo-me bem de ficar completamente rendido quando ouvia na rádio alguma das faixas deste disco único.





Depois de "Guinevere" de David Crosby, com Joni Mitchell na cabeça, era a vez de Graham Nash também lhe dedicar uma canção, era a singela e bonita "Lady Of The Island".



Crosby, Stills & Nash - Lady Of The Island

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Neil Young - Down By The River

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

Gravados e editados quase simultâneamente, o ano de 1969 vê sairem mais 2 LP  com a presença dos nomes destes 4 músicos: "Everybody Knows This Is Knowhere" o 2º de Neil Young e "Crosby, Stills & Nash" o primeiro do trio homónimo.

"Everybody Knows This Is Knowhere" é a expressão maior do grande artista que é Neil Young.
Em "Neil Young", livro escrito por Johnny Rogan em 1981, nem a meio ia a carreira de Young, lia-se:
"Everybody Knows This Is Nowhere, lançado em Maio de 1969, deparou com recepções antagónicas por parte dos críticos. Anos após o seu lançamento, muitas pessoas continuam a acreditar que se trata do melhor trabalho de Young, o que é um tributo inequívoco à longevidade do disco."

Ainda hoje actuais estas palavras. "Everybody Knows This Is Knowhere" pese a qualidade superior da generalidade da obra de Neil Young, mantém-se, entre os 45 discos que dele possuo, no topo das minhas preferências. Trata-se de uma edição alemã (Distributed by WEA Musik GmbH - Made in Germany), provavelmente dos finais dos anos 70 referência 44 073, (RS 6349), France WE 341.






A evolução em relação ao disco anterior é notória, quer a nível da composição quer a nível da sonoridade criada, à qual não será estranha a presença do novo grupo a acompanhá-lo, os Crazy Horses. Entre o Country e o Rock mais pesado assim se faz este delicioso e grandioso trabalho, ainda hoje uma referência obrigatória nas listagens de álbuns de Rock imprescindíveis.

São deste registo as primeiras composições que me recordo de ouvir de Neil Young (com excepção de alguns belos temas anteriormente assinados nos Buffalo Springfield), nomeadamente os épicos "Down By The River" e "Cowgirl In The Sand" com os quais a música popular atingia novos níveis de qualidade e exigência.
"Down By The River" fechava o lado A do LP.




Neil Young - Down By The River

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Neil Young - I've Been Waiting for You

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash, Neil Young de 1969 a 1974

David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young foram (são) quatro músicos de excepção. 
Surgiram na cena musical na década de 60 e individualmente ou em diversas formações, entre si e noutros grupos, foram das figuras mais marcantes na música popular dos Estados Unidos nos anos 60 e 70. Em particular no período de 1969 a 1974 são determinantes na consolidação do Folk-Rock então emergente. Mantêm-se ainda os quatro em actividade.

Naquele período, contabilizei a edição de 16 álbuns sob o nome de pelo menos um deles e não considerei os 2 trabalhos do grupo Manassas liderados por Stephen Stills nem o álbum "Byrds" dos The Byrds de 1973 com o regressado David Crosby. Resumidamente:

David Crosby - 1 LP
Stephen Stills - 2 LP
Graham Nash - 2 LP
Neil Young - 7 LP
Crosby & Nash - 1 LP
Crosby, Stills & Nash - 1 LP
Crosby, Stills, Nash & Young - 2 LP

Por ordem de edição farei uma breve passagem por cada um destes álbuns.

Data de 1969 a publicação do primeiro álbum a solo de Neil Young, já naquele período o mais produtivo dos quatro.
Nasceu no Ontário, Canadá, em 1945 e muito cedo tomou o gosto pela música, primeiro o Rock'n'Roll de Elvis Presley, depois o Rock dos britânicos The Shadows.
"Por volta de Setembro de 1964 ele já fazia os arranjos para o reportório do grupo [The Squires] e começara também a compor." conforme o livro "Neil Young" de Johnny Rogan.
Nesse ano vai-se dar o encontro que iria alterar o futuro de Neil Young, The Squires actuam em Fort William, no Ontário, onde "... Young conheceu um cantor e guitarrista ambicioso chamado Stephen Stills."
O reencontro vai ocorrer em 1966 em Los Angeles e rapidamente nasce um dos mais interessantes grupos de Folk-Rock, os Buffalo Springfield.
Dois anos passados e três LP depois terminam os Buffalo Springfield e Neil Young começa carreira a solo.

"Durante parte de 1968, Neil actuou em vários espectáculos folk, acompanhado apenas duma guitarra acústica.", "Neil Young ficou concluído no fim do Outono, sendo lançado em Janeiro de 1969."




Descontente com a mistura uma nova versão remisturada é feita no final do ano, mesmo assim "Neil Young" não deixou de ser um dos discos menos queridos, inclusive pelo próprio. Contem, no entanto, algumas pérolas que convém recordar como "The Loner" e "Here We Are In The Years".
Ou ainda "I've Been Waiting for You" com "...um impressionante solo de guitarra da responsabilidade de Young...".




Neil Young - I've Been Waiting for You