Teresa Silva Carvalho, fadista na sua essência, teve no LP "Ó rama, ó que linda rama" de 1977 , com produção de Vitorino, o seu trabalho mais interessante e o mais reconhecido. No entanto, a sua actividade musical começou muitos anos antes, na realidade nos anos 50, sendo as suas primeiras gravações , ao que julgo saber, do final dos anos 60. Em 1970 é-lhe mesmo atribuído o Prémio de Imprensa relativo à Revelação de 1969.
https://www.discogs.com |
Em 1971 lança o EP "Adágio", com as seguintes faixas: "Adágio", "Canção Grata", "Balada para um Súbdito" e "Barca Bela", a primeira com letra de Ary dos Santos com a conhecida música "Adagio" de Albinoni. O próprio Ary dos Santos assinava o texto da contra-capa:
"Teresa Silva Carvalho não é apenas um caso do Fado. É também um caso da Poesia. De facto, foi ela uma das primeiras intérpretes portuguesas que, depois de Amália, deitou corajosamente mãos à difícil mas aliciante tarefa de cantar os nossos poetas, tirando-lhes os poemas dos livros aonde quantas vezes esquecidos, repousavam para gozo exclusivo de raros intelectuais e literatos, e emprestando-lhes música, alma e voz.
Desta obra notável - até agora levada a cabo com extremo bom-gosto e descrição parece-me ser este disco o ponto mais alto. E não estranharia que ele viesse trazer a Teresa Silva Carvalho - intérprete e autora musical - a gratidão dos muitos que, amando a poesia, a querem cantada, presente e actuante. Nesse número me incluo desde já e aqui lhe agradeço a força de um talento tão sensível quanto inteligente, a delicadeza de uma expressão tão musical quanto poética.".
Nesta passagem pela música portuguesa no ano de 1971, escolho precisamente "Adágio", na voz de Teresa Silva Carvalho, com arranjos e direcção de Thilo Krasmann.
Teresa Silva Carvalho – Adágio
Sem comentários:
Enviar um comentário