Depois de fazer uma revisão alongada do ano de 1971 da música popular anglo-americana vou continuar com o mesmo ano, mas agora com a música por cá produzida.
Os anos 60, uma década de grandes transformações na música popular portuguesa, tinham passado foram anos de passagem do tradicional fado de Coimbra ao movimento das baladas: "o movimento da «balada» ou «trova», para alguns; a fase do canto do «canto de protesto» ou «canto de intervenção» para outros", no dizer de Mário Correia em "Música Popular Portuguesa".
Um novo salto qualitativo se iria verificar no início dos anos 70 (1971 concretamente), ultrapassando as limitações verificadas com o período das baladas. Que, apesar das suas limitações, continuando a citar Mário Correia: "De modo algum se poderá pensar que entre os início da década de 60 e os da década de 70, a nova música portuguesa se caracterizou por uma «escravidão» ou «seguidismo maniqueísta» da estrutura musical da balada. Longe disso, e as obras que entretanto foram surgindo aí estão a provar exactamente o contrário: um período de intenso e variado labor criativo, com um progressivo enraizamento na cultura portuguesa. Um período de avidez, de controvérsia, de bom gosto, de perseguições e proibições, um período que preparou o terreno para os eventos de 1971 (o Outono de 1971),..."
Os acontecimentos do Outono de 1971 foram as edições de "Cantiga do Maio" de José Afonso, "Gente de Aqui e de Agora" de Adriano Correia de Oliveira, "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" de José Mário Branco e ainda o EP "Romance de um Dia na Estrada" de Sérgio Godinho.
A eles irei.
O ano de 1971 foi fértil em vários géneros na música portuguesa, no fado, na música ligeira, no Folk, no Rock e no final do ano a surpresa(?) dos discos acima referidos, um pouco por todos eles irei passar. Começo aleatoriamente com o Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo.
É verdade, em 1971, o Conjunto João Paulo ainda resistia, já não era o Conjunto Académico João Paulo, a ascensão e reconhecimento do vocalista Sérgio Borges impunha o seu nome na designação do grupo e o Académico tinha naturalmente caído.
Neste ano gravam mais um EP com 4 temas: "O EP Lavrador, inteiramente composto por canções originais, acabou por não ter a aceitação esperada e o grupo reestruturou-se em 1971.", lê-se na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
Os ventos não estavam de feição e no ano seguinte termina a produção discográfica do grupo.
Recorda-se "Lavrador".
Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo - Lavrador
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