Já por aqui passaram nos anos de 1960, 1962 e 1964 e no ano de 1971 continuavam a dar cartas, era o Duo Ouro Negro.
Raul Indipwo (1936-2006) e Milo (1941-1986) eram os constituintes deste duo formado em 1956 e oriundos de Angola, então nossa colónia, pelo que as suas origens musicais desde sempre denotaram a origem africana.
Em 1970 efectuaram uma digressão pelo Canadá e Estados Unidos e travaram contacto com uma juventude em luta contra o apartheid e pela emancipação dos povos. "O contacto com o «movimento dos direitos civis» nos EUA, com os processos de formação das nações independentes africanas, a curiosidade que encontraram pela cultura africana nos locais onde actuaram e uma crescente oposição internacional ao regime do Estado Novo acentuaram, com a maior naturalidade, questões socioculturais e políticas abordadas pela sua produção poética, presentes de forma bastante codificada desde o início da sua carreira." em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
É neste contexto que surge em 1971 o álbum "Blackground", "...um espectáculo cénico-musical baseado numa narrativa cosmogónica de R. Indipwo sobre o papel de África e das culturas africanas na formação das expressões culturais do mundo contemporâneo.", na mesma fonte.
"Blackground" contou com a colaboração do grupo Objectivo e de Fernando Girão, revelando "... fortes influências de estilos musicais afro-americanos (rythm'n'blues, soul, funk), com a secção rítmica de baixo, percussões e bateria a desempenhar um papel de destaque na manutenção de grooves e ritmos repetitivos.", ainda a mesma fonte.
Em 14 de Agosto, em Vilar de Mouros "Blackground" é apresentado pelo Duo Ouro Negro com a participação dos Objectivo.
Recorda-se o último tema deste trabalho, a conhecida "Yemanja".
Duo Ouro Negro - Yemanja
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