Em 1972 discutia-se o Euro-Rock.
Em artigo intitulado precisamente “Euro-Rock” saído no nº 5 do jornal “musicalíssimo” de Dezembro de 1972 dizia-se:
“Exceptuando os Stones e The Who, os artistas (…) britânicos dão-se a fazer música forte, suave, melodiosa, estridente, com o único objectivo de que ela resulte bem. Resulta mal, dado que passa a ser, quando consumida como acontece em doses fabris, uma manifestação de acordo com as situações vigentes aqui, ali e, sobretudo lá - onde eles vivem e convivem (?). O que, até revisão das estruturas em que nos baseamos, está errado.
A “nova escola” inglesa não só assume esta posição como se testemunha, consciente ou inconscientemente, não importa, contra os princípios que regiam os passos a dar pelo rock quando do seu aparecimento. Os que “a” integram são músicos, apenas isso, e mais não querem ser.
O mesmo acontece com alguns grupos franceses e alemães que, apesar de terem uma consciência de grupo mais coadunável com a dos colegas norte-americanos, passaram a basear-se nos princípios postulados (?) pelos seus congéneres ilhéus. Tal facto origina a formação de um movimento musical a nível continental a que podemos chamar… Euro-Rock.”
Neste movimento destacavam-se em França os Magma e os Gong, enquanto na Alemanha a referência ia para os Amon Düül II, Can e Faust. Das ilhas britânicas podíamos escolher os Nice, os Pink Floyd e os Soft Machine.
Fiquemos com estes últimos: os Soft Machine. Formados, em 1966, no movimento underground britânico, destacam-se, na sua prolífera discografia, os 4 primeiros álbuns gravados entre 1968 e 1971 ainda com a presença do inventivo baterista e vocalista Robert Wyatt. De então para cá conheceram inúmeras formações por onde passaram mais de duas dezenas de excelentes músicos fixando-se numa sonoridade de fusão rock-jazz.
Em 1971, Robert Wyatt forma os Matching Mole - trocadilho do nome em francês (Machine Moelleux) do seu anterior grupo os Soft Machine - de que resultariam dois únicos álbuns gravados em 1972 seguindo-se o término do grupo.
O ano de 1973 seria fatídico para Robert Wyatt: uma queda de uma janela de um terceiro andar deixa-o paraplégico, terminando assim as suas aventuras como baterista. O retorno à música far-se-ia no ano de 1974 com o aclamado álbum a solo “Rock Bottom” com o excepcional tema “Sea Song”, imperdível.
https://cuneiformrecords.bandcamp.com/ |
Construtor de uma inusitada discografia, Robert Wyatt é hoje admirado e venerado por uma legião de músicos e fiéis seguidores. A sua última obra, com Gilad Atzmon e Ros Stephen, “For the Ghosts Within” de 2010 assim o confirma.
Mas, voltemos ao euro-rock dos anos 70 para finalizar com os Matching Mole e o tema “Instant Pussy” gravado ao vivo algures na Europa em 1972 (o destaque vai directo para Robert Wyatt – voz e percussão).Matching Mole - Instant Pussy
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