Em tempos em que não tinham licença de cantigueiro porque não eram os bobos do rei, um conjunto de músicos destacou-se num país cinzento e atrasado. Em 1972 a juntar-se a músicos já com credenciais firmadas, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Manuel Freire e os recém chegados José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto, surge mais um nome, a merecer agora a devida recordação: Samuel.
De acordo com a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", “Em 1972 mudou-se para Setúbal com a família e desenvolveu amizade com J. Afonso, que teve sobre si uma grande influência e o incentivou a seguir uma carreira musical”.
Em consequência grava ainda em 1972 o seu tema mais bem conseguido de nome “Cantigueiro”, a ele volto.
Dizia Tito Lívio no nº 33 da revista “mundo da canção”:
“Uma das maiores qualidades, para além de um comprometimento com uma canção de constatação, deste disco está na instrumentação – em CANTIGUEIRO a harmónica criando uma atmosfera folk, de cerco, densa e cerrada na qual se irá introduzir, de uma forma muito bela, a viola. De notar, ainda aqui, a extraordinária pontuação do baixo, ajudando a marcação e divisão das palavras e sílabas. Como recurso inteligente, a dobragem da voz no refrão.”
Destaque ainda para a participação nesse grande disco “Fala do Homem Nascido”, também gravado em 1972, juntamente com Carlos Mendes, Duarte Mendes e Tonicha, com poesia de António Gedeão, e que já tive oportunidade de recordar.
“Cantigueiro” de Samuel, decorria o ano de 1972:
“…
Se tal soubesse
não cantaria
tudo o que já cantei
Só tem licença
de cantigueiro
quem for o bobo do rei”
Samuel - O Cantigueiro
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