O ano de 1972 não terminaria sem vermos editado, no mês de Dezembro, o 2º LP de José Mário Branco de título “Margem de Certa Maneira”.
Edição de 1996 em CD, pela editora EMI, referência 7243 8 35656 2 7
“Margem de Certa Maneira” vinha confirmar todas as potencialidades já expressas em “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” do ano anterior, e os dois juntos (gravados no Château d'Hérouville, perto de Paris, onde no mesmo ano, Pink Floyd, Elton John e Cat Stevens gravaram os seus álbuns) viriam a constituir uma referência obrigatória da melhor produção nacional da década de 70, pré-25 de Abril.
Estava consumada uma nova concepção da canção popular, rompendo definitivamente com o nacional-cançonetismo ainda dominante e também com o simplismo dos chamados baladeiros. Com uma produção assente nas novas técnicas de gravação multipista, as músicas destacar-se-iam por cuidadosos e inventivos arranjos aliados a instrumentações muito diversificadas. As letras e a capacidade interpretativa de José Mário Branco dariam o toque final a uma obra que só em 1982 voltaria a retomar todo o seu fulgor com o duplo álbum “Ser Solidário”.
Dizia, em 1984, Mário Correia, nessa obra fundamental que é “Música Popular Portuguesa – um ponto de partida”, acerca de “Margem de Certa Maneira”: “Uma obra que ficou, sem dúvida, a marcar a música portuguesa com uma vigência de processos criativos ainda hoje perfeitamente válida e actuante”, fosse a frase de hoje e manter-se-ia actual.
De “Margem de Certa Maneira” segue o tema título, porque “A voz do vento é memória/ de acreditar na vitória/ de rebentar a barragem”.
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