quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Bread - If

Canções que se ouviam no ano de 1971

Praticantes de um Soft-Rock agradável de se ouvir o grupo norte-americano Bread constituídos em 1968 conheceram por várias vezes os Top com canções que encantavam qualquer adolescente (e não só).
No ano de 1970 estiveram nas tabelas de vendas com canções bem bonitas como "Make It With You" e "It Don't Matter To Me", mas aquela que melhor retive foi "If" decorria já o ano de 1971.


https://www.rollingstone.com

Contrariamente a muitas canções de êxito fácil e que passado tantos anos já nada nos dizem, estes Bread com o seu estilo Easy Listening, e em particular "If", a proposta para hoje, revelam ainda uma frescura que faz inveja a boa parte das músicas que hoje passam pelos Top.  Realce para as harmonias vocais tão características da época.

" Bread virtually invented soft rock in the early Seventies, and the group’s biggest hits — “Make It With You,” “If,” “Baby I’m-a Want You” and “Everything I Own” — remain staples on lite-rock radio. For all the mellowness of Bread’s music, however, the band dissolved acrimoniously, and the bad feelings last to this day." lê-se em www.rollingstone.com.




Bread - If

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Aretha Franklin - Bridge Over Troubled Water

Canções que se ouviam no ano de 1971


Quem consultar a etiqueta "1971" encontrará algumas canções que se podiam enquadrar aqui em "Canções que se ouviam no ano de 1971", outras não, pois o facto de serem daquele ano não significa logicamente que se encontrassem entre as que se "ouviam" ou seja pouco ou nada passaram na nossa rádio, estou-me a lembrar por exemplo de uns Comus, de uma Shirley Collins (que não passaram pelos Top) em contraponto com, por exemplo, um Harry Nilson por demais ouvido.
Assim esta etiqueta "Canções que se ouviam no ano de 1971" vale o que vale, mas com ela procuro lembrar canções que efectivamente passaram com alguma regularidade na rádio, quanto mais não seja quando foram editadas e tiveram o seu curto êxito. Encontra-se aqui um pouco de tudo desde o muito bom ao sofrível. Algumas ainda hoje agradáveis de se ouvir outras nem por isso. Cada um fará o seu juízo.
A escolha segue com Aretha Franklin.

Aretha Franklin (1942-2018), recentemente falecida, foi uma cantora negra de Soul mas também de Rhythm'n'Blues e Gospel. Uma das maiores da música negra norte-americana.
Aretha Franklin também não foi alheia à música Pop e foram várias as suas interpretação a conhecer o sucesso, entre elas estava "Bridge Over Troubled Water", um original de 1970 de Simon and Garfunkel.


https://www.montreuxjazz.com


Grande versão esta em estilo Gospel, valeu-lhe o Grammy de melhor Melhor Cantora Feminina de Rhythm'n'Blues no ano de 1972.




Aretha Franklin - Bridge Over Troubled Water

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Andy Williams - Love Story

Canções que se ouviam no ano de 1971

Mais algumas recordações subordinadas a algumas "canções que se ouviam no ano de ...", neste caso 1971. Ou seja memórias de canções que se ouviam na nossa rádio e que as vou recuperar sem grandes critérios de qualidade, não que muitas delas não a tivessem mas também há aquelas que foram sucessos circunstanciais, que se consumiram e desapareceram a toda a velocidade.


No ano de 1970 o filme "Love Story" tinha sido um sucesso de bilheteira. Este drama passional tinha uma banda sonora assinada por Francis Lai que foi destingida na atribuição dos Óscares com a melhor banda sonora original.
Ao sucesso do tema principal "Theme from Love Story", na versão orquestral , seguiu-se, no início do ano de 1971, a versão cantada por Andy Williams "(Where Do I Begin) Love Story"


https://www.discogs.com


Andy Williams (1927-2012) foi um cantor norte-americano, popularizado nos anos 50 e 60 do século passado, com uma longa discografia, fundamentalmente de Easy Listening, de grande sucesso concretizada em diversos discos de Ouro e Platina. Entre eles estava a canção de hoje que muito se ouvia no ido ano de 1971:"(Where Do I Begin) Love Story".

Outras versões de "Love Story" se seguiram nomeadamente a de Tony Bennett e a de Shirley Bassey. A que recordo é a de Andy Williams.




Andy Williams - Love Story

domingo, 28 de outubro de 2018

Max Roach - Lonesome Lover

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

A penúltima página do número um do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que viu a luz do dia a 1 de Fevereiro de 1971, era dedicada ao Jazz. Foi uma das poucas fontes onde com os meus 14 anos comecei a ter contacto com aquele género musical. Em termos de audição pouco mais do que o histórico programa de rádio "Cinco Minutos de Jazz" era possível ouvir.

Naquela página as notícias iam para o falecimento dos saxofonistas Ernie Caceres (1911-1971) e Albert Ayler (1936-1970), os melhores no panorama jazzístico de acordo com os leitores da prestigiada revista norte-americana "Downbeat", uma pequena notícia para a formação do Clube Universitário de Jazz de Lisboa e ainda um artigo sobre o baterista Max Roach.





Quanto a Max Roach (1924-2007) o artigo dava-nos um pequeno resumo da carreira do baterista até então revelando a sua colaboração com o trompetista Clifford Brown e a importância do encontro com a cantora Abbey Lincoln.

"Abbey Lincoln catalizou, segundo o próprio Max, o resultado imediato das suas reacções humanas, sociais e políticas, perante a sociedade que ambos suportam.", pode-se ler no referido artigo.


Do meu CD  "It's Time" referência IMP 11852, edição de 1996, gravação original de 1962, vou buscar "Lonesome Lover" com Abbey Lincoln na voz.




Max Roach - Lonesome Lover

sábado, 27 de outubro de 2018

Janis Joplin - Cry Baby

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971


Janis Joplin tinha falecido a 4 de Outubro de 1970. O jornal "DISCO MÚSICA & MODA" logo no seu primeiro número publicado a 1 de Fevereiro de 1971 recordava-a em artigo assinado por T. L. (presumo que Tito Lívio).

Afirma-se nesse artigo:
"Por toda a parte o nome de Janis Joplin venceu a barreira que separa a realidade e a lenda, os comuns mortais e ídolos, a verdade e o mito. No entanto, entre nós, a sua música só agora começa a ser conhecida... Seu grito de revolta só agora começamos a ouvi-lo."





É verdade Janis Joplin não era das figuras do mundo musical das, por cá, mais conhecidas. Efectivamente foi a divulgação do álbum póstumo "Pearl" que a tornou, em Portugal, numa cantora conhecida por uma audiência mais alargada. O álbum passava com regularidade em diversos programas da nossa rádio, e eram várias as canções que se ouviam, entre elas estava a surpreendente "Cry Baby".




Janis Joplin - Cry Baby

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

The Beach Boys - Add Some Music To Your Day

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971



Mais um pequeno artigo inserido no número um do jornal "DISCO MÚSICA & DISCO" saído no início de Fevereiro de 1971, dava pelo título "BRIAN WILSON: ensurdecido pela potência da aparelhagem sonora".





A crescente potência das aparelhagens dos grupos de Rock foi um facto na história da música popular. Em particular no final da década de 60 e por toda a de 70 tal acontecimento teve particular relevo nos grupos de Rock mais pesado, mas um pouco por todos os géneros potência e volume de som mais elevados foram um facto.
Associado a isso e provavelmente também aos problemas de saúde que então se começaram a manifestar, eis a razão para a notícia do suposto ensurdecimento de Brian Wilson. Felizmente tal não se concretizou e ainda me deu a oportunidade de o ver ao vivo em 2016 no "Primavera Sound" e ainda anda na estrada em recordação das grandes músicas que compôs.

Ao tempo da notícia o trabalho mais recente dos The Beach Boys era o álbum "Sunflower" (1970) e era o mais interessante trabalho do grupo desde o histórico "Pet Sounds" de 1966, dele recorda-se "Add Some Music To Your Day".




The Beach Boys - Add Some Music To Your Day

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

José Afonso - Canto Moço

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

A página 13 do primeiro número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" continha, para além da publicidade, 3 pequenos artigos, um sobre o José Afonso, outro sobre Valério Silva e ainda um outro sobre os problemas de audição de Brian Wilson.

O texto sobre Valério Silva realça a colaboração com o José Cid  de que resultou "... o pior José Cid que conhecemos.", quanto à canção "Balada para a minha mãe" "é algo semelhante ao pior nacional-cançonetismo." Estamos conversados é o José Cid da fase “de tudo um pouco”, como já anteriormente notei.

Vamos então aos outros dois artigo, hoje o referente ao José Afonso.




Ainda em 1970 é editado o quarto LP (e não o terceiro conforme texto) de José Afonso. É o primeiro do qual me lembro da sua edição e era o objecto de crítica do pequeno texto acima reproduzido. Crítica pouco favorável como se pode ler:
- "inferior" aos dois anteriores trabalhos.
- "...estagnamento, contrário à evolução que os dois primeiros álbuns pareciam prenunciar."
- "...retrocesso na instrumentação..."
Embora reconheça que José Afonso é "um dos nossos melhores intérpretes...", para no fim ficar a dúvida "estagnação ou repouso transitório", "O próximo LP o dirá." conclui o artigo.

O próximo seria a obra-prima "Cantigas do Maio", dúvidas tiradas para quem as tivesse. Quanto a "Traz Outro Amigo Também" parece-me que se enquadra na trajectória musical que vinha a construir. Com este álbum ganhou o prémio da Casa da Imprensa pela qualidade global deste álbum onde se destacava "Canto Moço".



José Afonso - Canto Moço

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Judas Jump - Beer Drinking Woman

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971


Judas Jump foi um grupo de Rock muito pouco conhecido. Não fora uma notícia no 1º número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Fevereiro de 1971 e as possibilidades actuais da internet de descobrir as suas músicas e nunca semelhante grupo teria sido por mim conhecido.







Não tendo pois qualquer memória destes Judas Jump, socorro-me deste pequeno texto e ainda da informação disponível na net. A notícia limita-se a anunciar o fim do grupo devido ao "...mau entendimento entre os seus elementos." e que ainda pelo facto de a música por eles praticada corresponder a um mercado que "...começa a desaparecer e não valeria a pena continuar."

Quanto à música propriamente dita sei hoje que correspondia a uma sonoridade próxima do Rock Progressivo através de doses generosas de mellotrons, flautas e saxofones.
Existiram no curto período de 1969 a 1971 tendo-nos deixado, para além de 3 Singles, um único álbum de originais designado "Scorch". É donde retiro "Beer Drinking Woman" que me era completamente desconhecida.




Judas Jump - Beer Drinking Woman

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Elton John - Come Down in Town

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971


Um pequeno texto que já tive a oportunidade de recordar a propósito da longevidade musical de Neil Young e que vinha publicado no 1º número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que tenho vindo a seguir:

“Começou a esboçar-se em 1970, um novo movimento dentro da música pop, com vista à descoberta de um super-homem. Os principais candidatos são Van Morrison e Neil Young, no Novo Continente, Cat Stevens e Elton John na capital da música europeia.
Inegável é, no entanto, o facto de, dentre estes homens, se realçar, não só pela força que as suas composições imprimem aos poemas de Bernie Taupin, como também pelas suas magníficas interpretações, um jovem britânico de vinte e três anos chamado Reginald Kenneth Dwight e que todos conhecem como ELTON JOHN.”






Sem dúvida que à data da publicação deste texto, os nomes indicados eram as grandes promessas da música Pop-Rock. Dos nomes indicados Elton John era aquele que parecia ser a preferência do autor daquelas linhas, e se é verdadeiro que foi o que até hoje granjeou maior popularidade, também é verdade que foi o que mais depressa se afastou de níveis qualitativos que os primeiros álbuns apresentaram. Nomeadamente os dois publicados em 1970, "Elton John" e "Tumbleweed Connection".

É a este último que vou buscar "Come Down in Town", uma canção que prolongava o ambiente melancólico do álbum anterior e onde os arranjos de Paul Buckmaster mais uma vez se evidenciavam.




Elton John - Come Down in Town

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Crosby, Stills, Nash & Young - Our House

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

O destaque maior do 1º número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" saído a um de Fevereiro de 1971 ia para os Crosby, Stills, Nash & Young. Fotografia na capa e artigo extenso a ocupar as páginas centrais que continuava ainda por mais meia página. O artigo é encimado com uma foto de cada elemento do grupo, no entanto verifica-se aqui um erro grave, a fotografia que supostamente corresponde a Neil Young, não é dele.





Não consegui identificar de quem é (talvez Graham Nash novamente?), se alguém souber agradeço a sua identificação. Tem o artigo o título: "A Lenda dos Crosby, Stills, Nash & Young - O Melhor Agrupamento Vocal do Mundo Pop" e divide-se em 3 partes intituladas "O Desconcertante Stephen Stills", "Nash: Um Músico Que Vale Milhões" e "Young: O Gosto do Isolamento", ou seja falta uma parte para David Crosby, estranho mais este lapso.





Em caixa pode-se ler:
"Reunir quatro talentos ao nível de David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young não é, como à primeira vista pode aparecer, um trabalho fácil. De facto, sendo o potencial artístico destes músicos tão invulgar, a dispersão parece ser inevitável. A demonstrar esta afirmação estão gravados, para quem os quiser ouvir, os álbuns «After the Gold Rush», de Neil Young; o «Untitled», de Stephen Stills; e estão a sair da prensa os álbuns «solitários» de David Crosby e de Graham Nash. Estes discos, como é evidente, foram gravados após o excelente «Déjà Vu»."

Boa altura para, quem estiver interessado, em rever o tema "David Crosby. Stephen Stills. Graham Nash. Neil Young de 1969 a 1974" e ficar com uma ideia da qualidade destes 4 músicos juntos e a solo.

Volto a "Déja Vu" para propor a audição de "Our House", uma canção de Graham Nash.




Crosby, Stills, Nash & Young - Our House

domingo, 21 de outubro de 2018

Pink Floyd - Summer 68

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Em 1971 os Pink Floyd eram por cá uma banda ainda relativamente desconhecida. Tinham, no entanto, já 5 LP editados e encontravam-se na melhor fase que o grupo teve até ao seu fim em 1995.
"Pink Floyd e o Rock" é o título do artigo que vinha publicado no primeiro número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de Fevereiro de 1971 e provavelmente o primeiro que li sobre o conjunto. O álbum mais recente era o agora polémico "Atom Heart Mother" e foi o primeiro dos Pink Floyd que adquiri.
O tema título ocupava todo o lado A e era uma composição orquestral o que para um conjunto Rock era à época pouco usual. Tratava-se de uma mini-sinfonia que cativou uma audiência mais velha, ma que também valeu críticas negativas ao acusarem-los de que "...tornaram-se insípidos e retrocedem. Alguns acusam o grupo de cultivar um dinamismo de boas famílias.", em "Pink Floyd" de Jean-Marie Leduc.

"Poucos conjuntos ingleses de «rock» têm sido alvo de tantas críticas como os Pink Floyd. Têm-se feito inúmeras dissertações, que vão ao excesso de os comparar a Beethoven. Afirma-se que a s sua música representa «a expressão sonora das ambições loucas, grotescas e agonizantes do homem...»", assim começava o dito artigo que se prolongava por duas páginas e do qual se sugere a leitura.





Deste álbum recupero "Summer 68", uma das poucas composições escrita e interpretada por Richard Wright (1943-2008).




Pink Floyd - Summer 68

sábado, 20 de outubro de 2018

Emerson, Lake & Palmer - Eruption-Stone of Years

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Mais uma página do nº 1 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicado a 1 de Fevereiro de 1971. Página dedicada a um Rock pesado e elaborado.
Um pequeno texto anunciava "Novo LP e «Tournée» em preparação" para os então já famosos Emerson, Lake and Palmer. Tinha sido efectivamente grande o sucesso do 1º LP deste super-trio do Rock, em particular com o tema "Lucky Man" (o mais acessível), ocorrido em 1970. Era pois grande a expectativa para o seu sucessor.




Na pequena notícia ficamos a saber ainda que ganharam o prémio "A maior esperança do ano" (1970) do jornal "Melody Maker" e que "Um dos números mais espectaculares do «show» dos Emerson, Lake and Palmer, «Pictures at an Exhibition», será gravado para este álbum"
Na realidade o 2º LP de nome "Tarkus" não conteve "Pictures at an Exhibition", este teve direito a título do 3º LP, editado também em 1971, e tratou-se de uma gravação ao vivo onde interpretaram com arranjos Rock a peça com o mesmo nome do compositor russo Modest Mussorgsky.

Se não gravaram, em meu entender, mais nenhum álbum com a qualidade do 1º, também é verdade que à época muito apreciava "Tarkus". A composição "Tarkus" ocupava todo o lado A do disco, para ouvir segue o início "Eruption-Stone of Years".




Emerson, Lake & Palmer - Eruption-Stone of Years

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Intróito - Palavras Abertas

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

De facto o VIII Grande Prémio TV da Canção realizado em Fevereiro de 1971 tinha motivos de sobra para uma grande expectativa na sua realização. A qualidade dos seus intérpretes seria a principal razão. Motivo para prolongar esta passagem pelo artigo a ele dedicado pelo nº 1 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" na semana anterior à sua realização. Escolho os Intróito de quem já dei anteriormente devida nota.
Começa assim o texto referente aos Intróito constante nesse artigo:
"Ana, Isabel e Pedro, os quatro elementos do grupo «Intróito», reuniram-se há quatro anos no Orfeão Académico de Lisboa. Surgem, como revelação, no programa «Zip-Zip». O ano passado, no VII Festival da Canção, interpretam a «Verdes Trigais», que se classifica em terceiro lugar. A sua actividade artística intensifica-se, a partir daí, levando-os a Madrid onde efectuam, com êxito, diversos recitais para universitários."

Nesta 8ª edição do Festival da Canção interpretaram "Palavras Abertas" que em termos classificativos ficaram pelo 5º lugar entre 9 concorrentes.


Jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 1


Porque ainda há bons motivos, que ficaram agora de fora, um dia ainda hei-de voltar a esta edição do Festival da Canção. Para já "Palavras Abertas" são os Intróito.




Intróito - Palavras Abertas

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Paulo de Carvalho - Flor sem Tempo

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Passaram pelos Sheiks, abandonaram o Pop-Rock e avançaram com carreiras a solo próximo da música ligeira. Foram Fernando Tordo, ontem mais uma vez recordado, e Paulo de Carvalho ao qual volto hoje mais uma vez.
Depois da experiência pró psicadélica primeiro com a Banda 4, depois com os Fluído, é em 1970 que Paulo de Carvalho inicia verdadeiramente a carreira a solo ao participar com "Corre Nina" no VII Grande Prémio TV da Canção. A ele volta no ano seguinte agora com a canção "Flor sem Tempo" da autoria de José Calvário.
Uma fase excelente da sua longa carreira musical. Depois de "Corre Nina" e das "Canções de Manolo Dias" tínhamos "Flor sem Tempo" na qual ele depositava fortes esperanças.





No artigo já anteriormente citado publicado no primeiro número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de 1 de Fevereiro de 1971 em antevisão ao VIII Grande Prémio TV da Canção e em resposta à pergunta "-Pensa ir a Dublin?", afirma:
"- Repito que temos música para ganhar. Sinto-me confiante e... aguardo! De resto, aconteceu um facto notável: embora nos desconhecêsssemos totalmente, os autores da canção fizeram-na à minha medida. Não podia ter sido melhor..."

Acabou por ficar em 2º lugar atrás da Tonicha e à frente do Fernando Tordo.




Paulo de Carvalho - Flor sem Tempo

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Fernando Tordo - Cavalo à Solta

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Dava pelo título "A Grande Máquina" o artigo, que destacava o  realização próxima do VIII Grande Prémio TV da Canção, publicado no nº 1 de 1 de Fevereiro de 1971 do novo jornal de divulgação musical designado "DISCO MÚSICA & MODA".

"A grande máquina já está em movimento. Cada dia que passa mais acelera..."

"A grande máquina já está em movimento. Roda em direcção a Dublin. Milhões de telespectadores irão fixar um rosto, uma voz, uma canção..."

"A grande máquina é impessoal e inumana..."

Depois de algumas considerações sobre "a grande máquina", eram apresentados os nove concorrentes a concurso com respectivas fotos...





As fotos de Fernando Tordo, Tonicha e Paulo de Carvalho apareciam sob a legenda "...três sérios candidatos à vitória". A vitória sorriu a Tonicha com a sua "Menina", no entanto a grande canção do Festival, que ainda hoje se recorda bem, pertencia ao Fernando Tordo e era "Cavalo à Solta". O pequeno texto a ele dedicado começava assim:
"Pela terceira vez consecutiva, Fernando Tordo, um dos nomes mais em evidência na nossa música ligeira, surgirá no Festival da Canção. A sua estreia foi precisamente em 1969, no palco do S. Luis, onde obteve um quinto lugar. No ano passado, no Monumental, cantou «Escrevo às Cidades», composição que assinou em parceria com Jaime Queimado e Victor Oliveira Jorge, classificando-se no último lugar. Este ano será o último intérprete a cantar no Tivoli: «Cavalo à Solta», com música de sua autoria e poema de Ary dos Santos."
Fernando Tordo ficou em 3º lugar atrás do Paulo de Carvalho e da Tonicha.




Fernando Tordo - Cavalo à Solta

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Daphne - Verde Pino

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Neste primeiro nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" teve grande destaque o Grande Prémio TV da Canção que ocorreu a 11 de Fevereiro do ano de 1971. No total mais de quatro páginas lhe eram dedicadas, mais de duas com anúncios e mais duas com a apresentação dos concorrentes.

Na página 4 era o anúncio da editora Zip que estava representada por 5 canções:
"Menina" interpretada por Tonicha, "Palavras Abertas" pelo quarteto Intróito, "Rosa Roseira" pelos EFE5, "Crónica de um Dia" por Hugo Maia de Loureiro e "Anda Ver o Sol" pela Lenita (Gentil).



Na página 6 aparece o anúncio referente à canção "Verde Pino" interpretada pela Daphne.




Na página 14 aparece o anúncio da canção interpretada pelo Paulo de Carvalho era a "Flor sem Tempo". O anúncio era do programa de rádio "PBX" do Rádio Clube Português e quem responde-se ao anúncio habilitava-se a uma viagem a Madrid.




Faltam duas canções, eram 9 no total, e essas duas eram interpretadas por Fernando Tordo com "Cavalo à Solta" e Duarte Mendes com "Adolescente". O anúncio da Philips ocupava toda a última página do jornal.



A esta distância, num festival tão criticado, é de realçar a qualidade dos participantes naquele que era já o 8º concurso realizado pela RTP e que escolheria a canção representante para o Festival da Eurovisão naquele ano em Dublin.

Oportunidade para lembrar algumas das canções.
Começo pela Daphne e a canção "Verde Pino".
Pese a participação no quarteto Música Novarum, com passagem em 1969 pelo programa da TV "Zip-Zip" e a edição no mesmo ano do EP que já tive ocasião de recordar, Daphne era pouco mais que uma ilustre desconhecida.
A canção "Verde Pino" era da autoria do seu marido Nuno Rodrigues. Em resposta à pergunta "se considerava «Verde Pinho» uma canção de festival..." respondeu Daphne:
"É uma canção pastoril, muito ao estilo do reportório da «Música Novarum». É completamente diferente do que, até aqui, tem sido apresentado...". Acaba num modesto 7º lugar.


Procurarei no futuro continuar a recordar esta voz ímpar da música Folk portuguesa de influência britânica, Daphne a nossa Jacqui McShee?




Daphne - Verde Pino

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Mick Jagger - Memo from Turner

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

A página 3 do primeiro nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicado em 1 de Fevereiro de 1971 era ocupada por dois artigos: um assinado pelo Tito Lívio de crítica ao programa de rádio "Vector" na Rádio Clube Português e do qual confesso não me recordo muito bem, julgo que foi o antecessor de "Vértice" e depois do "Dois Pontos" (alguém se lembra ou tem mais informação sobre aquele programa?), e o segundo intitulado "Mick Jagger (líder dos Rolling Stones) Contra a Política das Editoras".

A entrevista a Mick Jagger corresponde a um intervalo nas gravações dos Rolling Stones, o ano de 1970 não viu nenhum disco novo e nesse ano Mick Jagger editou um Single a solo de nome "Memo from Turner" do qual já dei conhecimento.




Nesta entrevista dá conhecimento do fim da colaboração com a editora Decca e anuncia a criação de uma editora própria supostamente de nome Year, na realidade tomou o nome de Rolling Stones Records. Quanto a "Memo from Turner" afirma:
"Para dizer a verdade, não tenciono tornar-me solo singer. Se me tivessem dado a escolher, eu não teria gravado o disco sozinho. Não me parece comercialmente bom. Na realidade este disco foi gravado apenas, para fazer parte do filme «Performance». Para falar sinceramente, não tenciono colaborar com a Decca no seu lançamento."

Efectivamente um disco que à época me passou relativamente ao lado, não tenho memórias a ele ligado. Volto, outra vez, a "Memo from Turner" para nova audição.




Mick Jagger - Memo from Turner

domingo, 14 de outubro de 2018

George Harrison - My Sweet Lord

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971


Não termino esta passagem pelas tabelas de vendas de discos publicada no número um do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" sem passar pelas vendas de Singles nos Estados Unidos e Grã-Bretanha.




As canções que compunham as tabelas de vendas naqueles países eram normalmente possíveis de ouvir na nossa rádio, em particular, em programas como o "Página um" que eu ouvia diariamente e funcionavam como uma espécie de barómetro do que viriam a constituir as tabelas nacionais passado algum tempo.
No caso presente, a canção que realço é o êxito de George Harrison com a canção "My Sweet Lord", respectivamente nº 1 e nº 2 na Grã-Bretanha e Estados Unidos e que passado 15 dias tinha entrada directa para nº 1 em Portugal.


Caixa com 3 LP, edição de 1970 com a referência STCH 639


"My Sweet Lord" pertencia ao triplo álbum "All Things Must Pass", o primeiro trabalho que George Harrison editou após o fim dos The Beatles. Adquiri-o, ou melhor o meu pai ofereceu-mo, no Verão desse ano, era a minha prenda, tinha acabado de fazer 14 anos e passado para o então 5º ano (actual 9º) do liceu.




George Harrison - My Sweet Lord

sábado, 13 de outubro de 2018

José Afonso - Os Eunucos (No Reino da Etiópia)

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Continuando com a tabela de vendas de discos publicada no primeiro número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de 1 de Fevereiro de 1971. Hoje com a tabela dos LP mais vendidos em Portugal, ou melhor dizendo nas discotecas de Porto e Lisboa.
Constatações:
- Numa altura em que escasseavam as gravações nacionais de longa duração (LP- Long Playing), encontravam-se entre os 10 primeiros lugares 3 LP portugueses e eram nada mais nada menos que "Traz Outro Amigo Também" do José Afonso logo no primeiro lugar e ainda "Canções da Cidade Nova" do Padre Fanhais e "Cantaremos" do Adriano Correia de Oliveira, respectivamente 7º e 8º lugar. Ou seja a nova música popular portuguesa a evidenciar-se e a mostrar que era vendável mesmo em registos de longa duração.
- Os 10 LP mais vendidos correspondem a uma qualidade que é de evidenciar. Quer dizer não encontrávamos nesta listagem nenhum disco daqueles a que habitualmente se chama de comercial ou de gosto fácil. Tal leva à velha questão: se naquela altura quem tinha poder aquisitivo correspondia a uma elite mais esclarecida e de gosto mais apurado. É claro que mesmo assim lá se encontravam os Creedence Clearwater Revival com o seu Rock de  rápida adesão, mas a generalidade correspondia a padrões de qualidade e de inovação dignos de realçar, veja-se a lista na imagem.




"Traz Outro Amigo Também"  é um disco fora de série que nos trazia um José Afonso em crescendo e com uma assinalável pureza na voz e na composição. Um disco histórico a abrir portas a novos caminhos que ele e outros iriam percorrer até Abril de 1974.
Era o seguinte o texto assinado por Bernardo Santareno na contracapa do disco:
"A arte de José Afonso é um jorro de água clara, puríssima, portuguesa sem mácula. Realmente é a “pureza” a nota maior desta arte: Pureza de voz, pureza no poema, pureza na música. Neste disco, um dos mais ricos quanto a valores poéticos, é ela que domina: Trova antiga purificada, folclore limpo de excrescências, balada de combate em que a justiça vai de bandeira. E o ouvinte fica tonificado, «limpo», cheio de graça, com mais vigor para a luta. No chiqueiro velho e saudosista, insignificativo e feio da música ligeira do nosso país, José Afonso surgiu como um renovador: De riso claro e leal, com punho duro de diamante, terno e gentil sem amaneiramentos. Limpou crostas, desatou amarras, descobriu ramos verdes e ocultos, abriu janelas na parede bolorenta do fatalismo lusíada. E como esta arte pura e viril habitava já, nebulosamente, nos anseios da Juventude que tanto pechisbeque musical mórbido e paupérrimo a traz nauseada, José Afonso conseguiu rapidamente uma enorme audiência. Ele é hoje o mais autêntico trovador do povo português, nesta hora que todos vivemos. Ninguém melhor que ele transmite os seus desesperos e raivas, as suas aspirações de amor, de paz, de justiça, de verdade. Por isto, todos o amam. E o amor do povo, dos jovens, de todos aqueles que ainda não estão definitivamente contaminados, esclerosados, é, tenho a certeza a recompensa e a glória de José Afonso. Nem tudo está podre no reino da Dinamarca."




José Afonso - Os Eunucos (No Reino da Etiópia)

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Aguaviva - Poetas Andaluces

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

Continuo na página 2 do 1º número do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" onde constavam as tabelas dos discos mais vendidos. Continuo também no TOP 20 de Singles e EP nacional onde se pode constatar o ecletismo da mesma.
Claro que uma tabela de Singles terá sempre uma componente comercial elevada, privilegiando muitas vezes os êxitos fáceis do momento, era o caso de "San Bernardino" dos Christie (capitalizando do sucesso anterior "Yellow River"), de "Me and My Life" dos Trelemoes, mas mais ainda "Maggie" dos Mungo Jerry (à boleia do sucesso de "In the Summertime"), mas também lá encontramos "Try" da Janis Joplin, "25 or 6 to 4" dos Chicago e "Voodoo Chile" de Jimi Hendrix. De notar o 7º lugar para "Poetas Andaluces" (na tabela incorrectamente "Cantares Andaluzes") dos espanhóis Aguaviva. E quanto aos portugueses?
Nos 20 primeiros só duas presenças, por sinal interpretadas em inglês, Paulo de Carvalho com "Walk On The Grass" que em tempos já recordei e o Quarteto 1111 com "Back To The Country" que também já tive oportunidade de recuperar.




Sons novos chegavam da vizinha Espanha. Os Aguaviva foram uma revolução na música popular espanhola e a eles hei-de voltar. Para já para ouvir vai a incontornável "Poetas Andaluces", a partir de um poema de Rafael Alberti.




Aguaviva - Poetas Andaluces

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Bee Gees - Lonely Days

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971

A página 2 do jornal "DISCO MÙSICA & MODA" era ocupada, para além de pequenas notícias, com as tabelas de vendas de discos.
O Top 20 nacional de Singles e EP,  o Top 10 nacional de álbuns, ambos com base nas vendas das maiores discotecas do Porto e Lisboa, o Top 10 de Singles dos Estados Unidos conforme a Billboard e o Top 5 também de Singles da Grã Bretanha graças à Record Retailer. Oportunidade assim para verificarmos o que de mais vendável se fazia na época e de recordar algumas das canções.





Começo pelo Top de Singles nacional. O lugar cimeiro era ocupado pelos Bee Gees, os desavindos irmãos Gibb tinham feito as pazes e voltado às gravações e ao sucesso. Pertencente ao LP "2 Years On" a canção "Lonely Days" era a mais conhecida e foi a que chegou por cá ao 1º lugar, lembro-me bem da sua publicação.

"Lonely Days" tinha uma estrutura musical que a diferenciava dos êxitos anteriores, notava-se algum experimentalismo que fez eu apreciá-la naquela altura. Agora uma simples recordação.




Bee Gees - Lonely Days

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

John Lennon - Love

DISCO MÚSICA & MODA, nº 1 de Fevereiro de 1971


Ao enorme desenvolvimento ocorrido nas décadas de 60 e 70 da música popular nas suas diversas formas, do Pop ao Jazz, tinha de corresponder logicamente um aumento na sua divulgação. Um pouco por todo o lado tal ocorreu e por cá não foi excepção pese as limitações de vivermos sob um regime fascista até 1974.
Progressivamente foi-nos dado ouvir na rádio programas de inquestionável valor que se dedicavam a passar o que de melhor a música popular anglo-saxónica, mas a portuguesa também, se fazia. Não só The Beatles e Rolling Stones se ouvia, também se ouvia desde os psicadélicos Grateful Dead, da costa oeste dos Estados Unidos, aos Fairport Convention renovadores do Folk inglês. O portugueses Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho, José Mário Branco lá se conseguia ir ouvindo. Recordo-me de programas como: "Página um", "23ª Hora", "Espaço 3P", "Em Órbita", "Vector" em contraponto com outros programas por demais ultrapassados mas muito populares como "Quando o Telefone Toca" ou o "Clube das Donas de Casa".

Também no panorama escrito a situação se alterou radicalmente. Desde a quase nula existência de imprensa escrita musical ao surgimento de várias publicações, mais ou menos efémeras é verdade, fundamentalmente na década de 70. No início era a imprensa escrita especializada estrangeira como o "Melody Maker", o "New Musical Express"  ou a "Rock & Folk", depois começámos a ter a nacional, primeiro  o "mundo da canção", depois o "DISCO MÚSICA & MODA", a "memória do elefante", o "musicalíssimo" etc, etc.

A revista "mundo da canção", iniciada em Dezembro de 1969, tenho eu vindo a recordar regularmente os seus conteúdos, começo hoje os referentes ao jornal "DISCO MÚSICA & MODA" cujo início se verificou em Fevereiro de 1971. Era a seguinte a capa do nº 1:






Conforme se pode ver, o destaque maior ia para uma fotografia dos Crosby, Stills, Nash & Young, objecto de desenvolvimento no interior, havia também uma foto de Elton John, realço ainda uma entrevista de Mick Jagger, e a preparação do VIII Grande Prémio TV da Canção. Sob o título "Não acredito nos Beatles" um texto relativo a entrevista de John Lennon concedida à "Rolling Stone" tinha ainda lugar na 1ª página.

 "Sim, não acredito nos Beatles. O sonho acabou. Temos que acordar e encarar uma coisa que se chama realidade", dizia ele. Nessa altura ouvia-se "Love" do álbum "John Lennon/Plastic Ono Band" o primeiro após o fim dos The Beatles. E o sonho continuava...




John Lennon - Love

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Teresa Paula Brito com Nuno Filipe - Meu Aceso Lume - Meu Amor

Maria Teresa Horta, escritora, poetisa e jornalista destacou-se nos anos 60, para além da escrita, no movimento feminista português.

Teresa Paula Brito a voz esquecida e ignorada, então e agora. “Seis E. P. gravados e uma intervenção no álbum «Contos Velhos, Rumos Novos» com José Afonso. Este o «curriculum vitae» discófilo de uma das escassas, senão raras boas vozes femininas em Portugal.” Assim começava o artigo “ A redescoberta de uma voz” na revista “mundo da canção” de Agosto de 1970.

Nuno Filipe, na procura, desde 1967, de novos rumos para a música portuguesa, com colaboração permanente de Maria Teresa Horta.

Estamos no ano de 1971.

Um EP. Três canções e três nomes importantes a reter. Teresa Paula Brito a voz, Nuno Filipe a música e Maria Teresa Horta a poesia. O EP dava pelo nome de “Minha Senhora de Mim” do livro homónimo de poemas de Maria Teresa Horta.




“Quando a renovação da música portuguesa é ainda motivo para discussões estéreis, enquanto o devia ser mas era de certezas e de cada vez maior número de tentativas, ao mesmo tempo que alguns nomes nos vão dando mais desilusões (José Cid, Carlos Portugal), Teresa Paula Brito, sem grandes alardes, vai cimentando a sua posição muito especial na música popular portuguesa. Aliando a uma justeza formal uma intransigência na qualidade da música que canta, Teresa tem sabido rodear-se de bons apoios para as composições que grava. Desta vez traz-nos quatro poemas de Maria Teresa Horta (dois deles reunidos numa só composição), musicados por Nuno Filipe.”, início da crítica ao EP “Minha Senhora de Mim” no nº 12 de Julho de 1971 do jornal “DISCO MÚSICA & MODA”.

De “Minha Senhora de Mim” escolhi “Meu Aceso Lume - Meu Amor”, dois poemas de Maria Teresa Horta, numa única composição a ocupar o lado B do EP, interpretada por Teresa Paula Brito com música de Nuno Filipe.
O melhor da música ligeira que então se fazia e que, logicamente, pouca divulgação teve, é altura de a recuperar.




Teresa Paula Brito com Nuno Filipe - Meu Aceso Lume - Meu Amor

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Música Popular Portuguesa - Um Ponto de Partida - Mário Correia


Edição "Centelha" - "MC/mundo da canção", o livro "Música Popular - Um ponto de Partida" de Mário Correia é uma obra fundamental para quem queira conhecer alguma da história da nossa Música Popular nas décadas de 60, 70 e início de 80 (até 1983).

"Alinharam-se ao longo destas páginas toda uma série de informações básicas em torno de ideias mestras unanimemente aceites (o que de modo algum se deve entender como verdades eternas e imutáveis), de modo a permitir aos leitores uma correcta abordagem de todo o fenómeno, sem se pretender, com tal sistematização, criar compartimentos estanques entre as diferentes fases da música popular (que, em determinadas alturas, coexistiram e coexistem, como aliás sucede em qualquer expressão cultural dinâmica e actuante)." escreve o autor no prefácio da edição de Abril de 1984.





"informações básicas" de que me socorro neste blog quando a dúvida se instala e a memória não ajuda a esclarecer. Trata-se pois de um trabalho imprescindível para qualquer amante da nossa riquíssima música popular. Daí que bem gostaria que este trabalho tivesse continuidade  e que um dia fosse surpreendido por uma edição mais alargada no tempo e eventualmente mais aprofundada nas diversas temáticas que um trabalho desta natureza necessariamente aborda.

Quem sabe, fico a aguardar!

José Mário Branco - Margem de Certa Maneira

O ano de 1972 não terminaria sem vermos editado, no mês de Dezembro, o 2º LP de José Mário Branco de título “Margem de Certa Maneira”.


Edição de 1996 em CD, pela editora EMI, referência 7243 8 35656 2 7

“Margem de Certa Maneira” vinha confirmar todas as potencialidades já expressas em “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” do ano anterior, e os dois juntos (gravados no Château d'Hérouville, perto de Paris, onde no mesmo ano, Pink Floyd, Elton John e Cat Stevens gravaram os seus álbuns) viriam a constituir uma referência obrigatória da melhor produção nacional da década de 70, pré-25 de Abril. Estava consumada uma nova concepção da canção popular, rompendo definitivamente com o nacional-cançonetismo ainda dominante e também com o simplismo dos chamados baladeiros. Com uma produção assente nas novas técnicas de gravação multipista, as músicas destacar-se-iam por cuidadosos e inventivos arranjos aliados a instrumentações muito diversificadas. As letras e a capacidade interpretativa de José Mário Branco dariam o toque final a uma obra que só em 1982 voltaria a retomar todo o seu fulgor com o duplo álbum “Ser Solidário”.

Dizia, em 1984, Mário Correia, nessa obra fundamental que é “Música Popular Portuguesa – um ponto de partida”, acerca de “Margem de Certa Maneira”:
“Uma obra que ficou, sem dúvida, a marcar a música portuguesa com uma vigência de processos criativos ainda hoje perfeitamente válida e actuante”, fosse a frase de hoje e manter-se-ia actual.
De “Margem de Certa Maneira” segue o tema título, porque “A voz do vento é memória/ de acreditar na vitória/ de rebentar a barragem”.




José Mário Branco - Margem de Certa Maneira

domingo, 7 de outubro de 2018

Rodrigo Leão - Vida Tão Estranha

Os 178 anos do Montepio foram ontem pretexto para o concerto do Rodrigo Leão a que ontem assisti.
Expectativas elevadas face ao percurso que Rodrigo Leão tem construído desde que se lançou a solo em 1983 após abandonar os Madredeus. Não saíram goradas as expectativas, soube somente a pouco, de um concerto onde ele comemora os 25 anos de carreira. Acrescente-se o álbum de compilação "O Aniversário" e também "Os Portugueses" que foram a base do espectáculo.

Os temas cantados foram assegurados por excelentes vozes: Camané, Ângela Silva, Ana Vieira e Selma Uamusse.
Eis algumas fotos do espectáculo.






Recupero "Vida Tão Estranha" na voz de Ana Vieira, como ontem no Coliseu.




Rodrigo Leão - Vida Tão Estranha

José Afonso - No Comboio Descendente

O ano de 1972 é mais um excelente ano para a música popular portuguesa.
José Afonso, Sérgio Godinho (só editado em 1973) e José Mário Branco estão de regresso com novos álbuns. José Jorge Letria estreia-se com um muito bom álbum. São os destaques maiores do ano de 1972.
Recupero, agora, mais uma vez, José Afonso.
Depois do magnífico “Cantigas de Maio”, José Afonso surpreende-nos com “Eu Vou Ser Como a Toupeira”. Depois do muito produzido e quase inultrapassável “Cantigas de Maio”, José Afonso regressa à (aparente) simplicidade.
O título do artigo de 1 de Dezembro de 1972, do nº 5, do recém aparecido jornal “musicalíssimo”, relativo ao novo disco de José Afonso era: “simples mas quase genial”, e destacava "Ti Alves" e "Por Trás Daquela Janela” como "verdadeiras obras-primas de simplicidade e bom gosto."
Terminava o artigo, assim:
“Sendo, portanto, visível em “Eu vou ser como a toupeira” a preocupação de enriquecer cada um dos temas sem o complicar ao nível da encenação sonora, torna-se também evidente que José Afonso trocou o “modernismo” elaborado pela simplicidade actuante.”


Edição Orfeu, Referência STAT 012, de 1972




“Sete Fadas Me Fadaram”, “O Avô Cavernoso”, “Ó Ti Alves”, “É para Urga” e mesmo “Eu Vou Ser Como a Toupeira” são temas que ficaram relativamente pouco conhecidos e, talvez por isso, o sempre agradável retorno a este disco. E também, provavelmente pelas mesmas razões, quando penso qual será o melhor álbum de José Afonso é “Eu Vou Ser Como a Toupeira” que me ocorre em primeiro lugar. “Por Trás Daquela Janela” e “Fui à Beira do Mar” foram as mais conhecidas, a escolha para hoje fica em “No Comboio Descendente” com letra de Fernando Pessoa e música do José Afonso, simplesmente um encanto, aí vai.




José Afonso - No Comboio Descendente

sábado, 6 de outubro de 2018

Samuel - O Cantigueiro

Em tempos em que não tinham licença de cantigueiro porque não eram os bobos do rei, um conjunto de músicos destacou-se num país cinzento e atrasado. Em 1972 a juntar-se a músicos já com credenciais firmadas, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Manuel Freire e os recém chegados José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto, surge mais um nome, a merecer agora a devida recordação: Samuel.

De acordo com a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", “Em 1972 mudou-se para Setúbal com a família e desenvolveu amizade com J. Afonso, que teve sobre si uma grande influência e o incentivou a seguir uma carreira musical”. Em consequência grava ainda em 1972 o seu tema mais bem conseguido de nome “Cantigueiro”, a ele volto.
Dizia Tito Lívio no nº 33 da revista “mundo da canção”:
“Uma das maiores qualidades, para além de um comprometimento com uma canção de constatação, deste disco está na instrumentação – em CANTIGUEIRO a harmónica criando uma atmosfera folk, de cerco, densa e cerrada na qual se irá introduzir, de uma forma muito bela, a viola. De notar, ainda aqui, a extraordinária pontuação do baixo, ajudando a marcação e divisão das palavras e sílabas. Como recurso inteligente, a dobragem da voz no refrão.” 






Destaque ainda para a participação nesse grande disco “Fala do Homem Nascido”, também gravado em 1972, juntamente com Carlos Mendes, Duarte Mendes e Tonicha, com poesia de António Gedeão, e que já tive oportunidade de recordar.

“Cantigueiro” de Samuel, decorria o ano de 1972:
“… Se tal soubesse
não cantaria
tudo o que já cantei 
Só tem licença
de cantigueiro
quem for o bobo do rei”




Samuel - O Cantigueiro