sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

José Afonso - A Morte Saiu À Rua

A revista "Vida Mundial" e a música popular

Um total de 6 páginas era o espaço ocupado por longa entrevista que a revista "Vida Mundial" fez a José Afonso e que foi publicada no nº 1749 de 15 de Dezembro de 1972.

Começava assim o artigo sob o título  "Só Quero Ter O Meu Tamanho Real":
"Por um lado aceito que eu, para as pessoas, represento determinadas coisas. Portanto, para essas pessoas, sou uma realidade que não recuso. Por outro lado, em termos de apreciação, creio que nem aquilo que eu nem aquilo que as cantigas são se pode enquadrar numa bitola tão exigente como aquela que as pessoas me atribuem, nem eu, como cidadão, sou aquilo que me atribuem. Os mitos têm duas realidades. O mito é, normalmente, uma pessoa. E é aquilo que esta presenta na imagem popular. Portanto, há duas realidades. Eu, como pessoa, tenho determinado tamanho; eu, para os outros, tenho outro tamanho, que não é o meu tamanho real; e, para os outros, ainda sou aquele indivíduo cujo mito que é preciso destruir."




Esta entrevista decorreu após a polémica participação de José Afonso no VII Festival Internacional da Canção Popular, no Rio de Janeiro, um festival de canções a eliminar e onde José Afonso, que abriu o festival, não foi bem recebido com a sua "A Morte Sai à Rua". O mesmo aconteceu a Paulo de Carvalho com "Maria, Vida Fria", assim com a George Moustaki, Astor Piazzzola, Richard Harris, todos desclassificados (a vitória foi, já agora, para David Clayton-Thomas, em interregno dos Blood, Sweat and Tears, com "Nobody Calls Me Prophet") .









Céptico em relação à música portuguesa, "A música portuguesa, possivelmente, até não existe", existe sim a música comercial "de duvidoso gosto" e a música tradicional está praticamente inacessível, "está compilada por Jacometti" e nas "zonas mais subdesenvolvidas".
Na sua modéstia não destacava a importância da sua própria contribuição na defesa e desenvolvimento da melhor música popular portuguesa.
Mais um excelente contributo dava com "Eu Vou Ser Como A Toupeira", acabado de gravar entre 6 e 13 de Novembro, e nele estava "A Morte Saiu À Rua". Um momento inesquecível de José Afonso.




José Afonso - A Morte Saiu À Rua

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