Mais um artigo sobre Jazz da revista "Vida Mundial", mais um artigo de Jorge Lima Barreto. Estamos no ano de 1972, é o nº 1734 de 1 de Setembro e o artigo intitula-se "A Esquizoanálise no "jazz"". É mais uma abordagem polémica do seu autor, fazendo o contraponto da psicanálise dominante, repressiva e edipiana, com a esquizoanálise concreta, anti-repressiva, revolucionária.
"A esquizoanálise tem um único objetivo, que a máquina revolucionária, a máquina artística, a máquina analítica se tornem peças e engrenagens umas das outras” – Deleuze.
Diz Jorge Lima Barreto:
"E afinal o "jazz" não é (e tem sido) uma criação artística esquizofrénica? ...;
não é uma transmissão sonora concreta (opostamente à imaginária da música ocidental); ...;
não tem sido significante, material (e tenho apontado estes elementos constitutivos em artigos meus anteriores) ao invés de todas as ideologias metafísicas da música gastronómica?"
"Os grandes homens do "jazz", tidos como subprodutos humanos da máquina da castração, são, afinal, máquinas de desejo e, como tal, libertadoras."
"Ao dizer-se que Charles Mingus é esquizo, não se pretende enquadrá-lo no âmbito da doença mental, na alienação, quer-se significar que o contrabaixista faz parte de uma produção social da realidade, contra a exploração da qual luta (a mais-valia) e pela qual sofre os estigmas da atitude repressiva dos agentes perversos do capital."
Há quem defenda que a liberdade de improvisação que caracteriza o Jazz nasceu de situações de esquizofrenia. No Jazz encontram-se figuras que foram consideradas, para caracterizar situações de estados de consciência alterados, como Charlie Parker, de esquizofrenia experimental. Em relação a Charles Mingus são bem conhecidas as suas repentinas mudanças de humor que o levaram a ser conhecido como "The Angry Man of Jazz".
Charles Mingus - The Shoes of the Fisherman's Wife Are Some Jive Ass Slippers
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