Boa parte dos artigos de Jazz publicados pela revista "Vida Mundial" e que aqui recuperámos eram assinados por Jorge Lima Barreto.
Jorge Lima Barreto (1949-2011), licenciado em História da Arte e dois doutoramentos com as teses "Música & Mass Media" e "Estética da comunicação e música pós moderna", foi para além de professor, musicólogo, músico, crítico e escritor. Recordamos, nos primeiros anos da década de 70, os seus polémicos artigos não só na revista "Vida Mundial" como no jornal "Expresso", no "mundo da canção" e em "A Memória do Elefante".
Também nos deixou um conjunto de livros dedicados ao Jazz. Lembro dois:
1 - "jazz-off" publicado pela Livraria Paisagem, Editora, no Porto em 1973. Na contra-capa pode-se ler:
"A cultura dominante impôs mundos separados, levou as artes à exaustão e continua explorando esse limite. O jazz pode garantir a sua semiosis (processo de criação) uma rotura com este estado de coisas porque é proveniente duma cultura diferente e dominada. Conjunto de signos estético-culturais (uma arte) o jazz é síntese de várias semânticas musicais, é um folclore planetário. A crítica cabe fazer emergir esses aspectos transformadores, liberta então da ideologia capitalista. Esta crítica de jazz não é apenas uma crítica ao jazz é também uma crítica à crítica do jazz (entendida esta como divulgação paranóica de mercadoria e espectáculo). A verdadeira crítica de jazz começa numa permanente auto-crítica e culmina na revolução da qual o jazz é uma realidade implícita." - J. L. B.
2 - "Grande Música Negra" publicado por edições RÉS limitada, no Porto em 1975.
Começava Jorge Lima Barreto com "ANUNCIAÇÃO":
"Esta pequena antologia representa uma selecção de textos/retratos por mim editados antes de 1974 em revistas elitárias (como Vida Mundial), populares (como Mundo da Canção) ou «underground» (como Memória do Elefante e & Etc), sujeitos a revisões e actualizações mínimas.
Publicações essas que se perdiam na dispersão caótica que caracteriza toda a literatura de revistas e que podem assim ser unitariamente recuperadas pelos amadores de jazz em Portugal.
Como tal cada ensaio, crónica ou história é independente e sem qualquer relação.
Um acaso: uma crítica. Um achado: uma biografia. Uma sedução: um disco. Uma aventura: um tópico literário. Uma galeria de retratos. Textos, todos eles, marginais: cortados pela censura pidesca; ocultados pelos divulgadores fascistas e/ou burgueses; perdidos na imensidão da escrita de combate.
Reveladores, na totalidade, duma música de escravos; grandes figuras do jazz são os seus heróis."
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