Infelizmente a produção discográfica de António Macedo (1946-1999) foi curta, resumindo-se a meia-dúzia de discos de curta duração, quase todos na década de 70. É verdade que a sua voz não era deslumbrante, o álcool e o tabaco teriam o seu contributo, e no contexto da época um tanto estranha, mas o importante era o todo das composições por ele compostas. Eu gostava, em particular das que então eram mais conhecidas, "Erguer A Voz E Cantar" e "Casamento da Menina Manuela".
"canta verdades de maneira simples", dizia em título um artigo de 1972 na revista "R&T" (Radio e Televisão) que começava assim:
"«É mesmo assim» - dizem as pessoas, quando ouvem as canções do António Macedo. A simplicidade das letras é a sua característica principal. Letras que entram pelo ouvido e são apreendidas duma forma imediata. No entanto, simplicidade não se confunde com facilidade. António Macedo não faz concessões no respeitante ao conteúdo. E a mim parece-me que quem insiste sobre o «conteúdo» luta, na realidade, por uma determinada cultura, por uma determinada cultura, por uma determinada concepção do Mundo contra outras culturas e outras concepções do Mundo.
É que «conteúdo» e «forma», além de um significado «estético», possuem também um significado «histórico».
As canções de António Macedo têm esse significado histórico porque traduzem o momento presente de um determinado tipo de sociedade. O «Casamento da Menina Manuela» exemplifica esta afirmação. De facto, tropeçamos todos os dias com meninas Manuelas, e o retrato de António Macedo registado no poema é de tal forma evidente que as pessoas depressa identificam a tal menina Manuela."
Em 1973 temos nova Single de António Macedo com os canções "Só Te Peço Que Não Pares" e "Canção" (esta última com letra de Eugénio de Andrade).
Não teve, que me lembre, o impacto do disco anterior, mas nem por isso menos
interessante, prova-o "Só Te Peço Que Não Pares".
António Macedo – Só Te Peço Que Não Pares
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