terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Charlie Haden - Song for Ché

   a memória do elefante


"O Festival de Cascais foi o maior acontecimento artístico do ano em Portugal - a afirmação não é gratuita: em artes plásticas, música erudita, música de vanguarda ou cinema e teatro, jamais se realizou um certame com tal projecção", afirmava Jorge Lima Barreto no artigo "grandes figuras de jazz em portugal" no jornal "a memória do elefante" nº 6 no final de 1971.

Referia-se ao 1º Festival de Jazz de Cascais realizado no mês de Novembro daquele ano e que trouxe a Portugal um boa parte dos melhores músicos de Jazz de então, ora veja-se:

- Giants of Jazz (com Dizzy Gilliespie, Thelonious Monk, Art Blackey, Sonny Stitt, Kay Winding, Al McKinbbon)
- Ornette Coleman Quartet (com Charlie Haden, Dewey Redman, Ed Blackwell)
- Miles Davis Septet (com Keith Jarrett, Gary Bartz, Michael Henderson, Ndugu Leon Chancler, Don Alias, James Mtume)
- Phill Woods and The European Rhytm Machine (com Daniel Humair, Gordon Beck, Ron Mathewson)
- Dexter Gordon ( com o grupo português Marcos Resende, Jean Sarbib, Jorge Veloso)
- The Bridge (grupo português formado por Kevin Hoidale, Jean Sarbib, Adrien Ransy, João Ramos Jorge (o nosso conhecido Rão Kyao))






Hoje dedico este Regresso ao Passado a Charlie Haden, aquele que protagonizou o momento mediático do Festival ao dedicar a canção "Song for Ché" (Che Guevara) aos movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique o que levou o recinto de Cascais onde se realizava o Festival a ser invadido pela polícia. No final do concerto Charlie Haden seria preso pela PIDE e expulso de seguida do nosso país.

De 1969, do álbum "Liberation Music Orchestra" eis o polémico "Song for Ché". "Song for Ché" seria em 1990 gravado no álbum colaboração, "Dialogues", de Charlie Haden com Carlos Paredes.




Charlie Haden - Song for Ché

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Janis Joplin - Summertime

  a memória do elefante

A prova de que "a memória do elefante" era um jornal diferente, diria mesmo totalmente diferente mesmo para os dias de hoje, encontram-se naturalmente nos seus textos, mas também na publicidade que inseria, para hoje dois exemplos: primeiro, a publicidade da Casa Ruvina,




e agora a escrita.




O texto é de Jorge Lima Barreto sobre a Janis Joplin que tinha falecido no ano anterior (1970) e claro sai fora de todas as convenções a que estamos habituados na escrita sobre a música Pop-Rock em geral. Ele próprio o afirma:

"Qualquer artigo meu de Pop music publicado neste jornal não é de informação directa: datas, discos, manifestações epidérmicas de cada músico em vista podem encontrar-se em qualquer vulgar revista em circulação.
Importa interpretar, ensinar a ouvir, educar, relacionar os factos com a realidade.
A «memória do elefante» abre as portas à qualidade e não à quantidade."

Primeira sugestão: leiam o artigo, segunda sugestão ouçam Janis Joplin. Podem começar por "Summertime", aqui na interpretação ao vivo no Festival de Woodstock em Agosto de 1969.



Janis Joplin - Summertime

sábado, 28 de janeiro de 2023

David Crosby - Song with No Words (Tree with No Leaves)

 a memória do elefante


Cá estou eu com o nº 6 do jornal "a memória do elefante", o último nº publicado no ano de 1971.

Para hoje uma página com informação diversa: Uma lista de álbuns a serem editados até ao final do ano, John Lennon e a sua Plastic Ono Band à espera de Eric Clapton (o que tinha acontecido em 1969 e não voltou a acontecer), John Densmore (The Doors) a afirmar que após a morte de Jim Morrison "Nós três entendemo-nos tão bem que achamos que seria uma pena não continuar" e ainda publicaram dois álbuns desnecessários ("Other Voices" (1971) e "Full Circle"(1972)). Ian Anderson afirma "...que eu me transformo completamente quando estou no palco", David Crosby e Graham Nash iniciam "tournée" europeia e David Clayton-Thomas, vocalista dos Blood, Sweat and Tears considera "... que os Chicago não se podem comparar com os BST..." e não têm "...a mesma profundidade musical que nós, os Blood Sweat & Tears".




David Crosby faleceu recentemente e foi uma grande perda para a música popular. Não só pelo que fez nos seminais The Byrds, em duo com Graham Nash, de cuja "tournée" pela Europa este nº de "a memória do elefante" dá notícia, em trio nos Crosby, Stills and Nash ou ainda em quarteto, esse monumento musical que foram os Crosby, Stills, Nash and Young, mas também pelo seu trabalho a solo. E a solo, apesar da pouca produção discográfica que nos deixou,  cinco dos seus oito álbuns foram gravados nos últimos dez anos de vida, há um álbum que se evidencia de tudo o resto. Nada mais, nada menos que "If I Could Only Remember My Name" desse excelente ano que foi 1971.

"If I Could Only Remember My Name" é um extraordinário trabalho, do melhor na história da música popular e do Folk-Rock em particular. Para ouvir religiosamente proponho "Song with No Words (Tree with No Leaves)", mais uma pérola deste álbum ao qual volto sempre com renovado prazer.



David Crosby - Song with No Words (Tree with No Leaves)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Ornette Coleman - Moon Inhabitants

a memória do elefante


O último jornal "a memória do elefante" alvo das minhas recordações foi o nº 3 que datava de Julho de 1971. Infelizmente não possuo os nº 4 e 5 pelo que salto para o nº 6 com a data de Novembro/Dezembro de 1971. Grande ano na divulgação da música popular, depois do surgimento da revista "mundo da canção" em finais de 1969, eis que em 1971 surgem não um mas dois jornais dedicados à música, primeiro o "DISCO MÚSICA & MODA" no mês de Fevereiro e logo em Maio "a memória do elefante", aquele para um público mais vasto, este, de características "underground", para um público mais restrito, lembre-se ainda que tinha origem no Porto e não era fácil encontrá-lo. A escrita de "a memória do elefante" era também menos acessível e, por vezes, obrigava a redobrados esforços para entender os textos.

Neste nº 6 a capa era ocupada por uma fotografia estilizada de Ornette Coleman o que só por si já dizia muito dos propósitos deste jornal.




Algumas páginas do jornal são ocupadas sob o título "Música Ligeira: Julgamento Aberto", onde na continuação de texto em nº anterior com o mesmo título, se polemiza com um dos leitores. Para mim, que na altura tinha 15 anos, bem que devo ter tido alguma dificuldade em entender o texto na totalidade. Ei-lo.







Entre uma capa com uma figura do Jazz e um longo texto sobre Música Ligeira, opto pelo Jazz para a sugestão de audição de hoje. Ornette Coleman (1930-2015), figura proeminente das experiências mais de vanguarda do Jazz, ficará para sempre ligado ao chamado Free Jazz do qual foi um dos principais criadores. 

É de 1970 o álbum compilação "The Art of the Improvisers" com temas gravados de 1959 a 1961, entre eles consta "Moon Inhabitants" (1960) com uma formação de luxo, ei-la: Ornette Colleman (Saxofone), Don Cherry (Trompete), Charlie Haden (Baixo) e Ed Blackwell (bateria).



Ornette Coleman - Moon Inhabitants

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Julie London - June in January

 Os Meses do Ano em Canção

Termino esta curta passagem por "Os Meses do Ano em Canção" inevitavelmente com Julie London.

Pois é, enquanto houver neste tema meses do ano por recordar a Julie London estará sempre presente. Porquê? Porque em 1956 foi editado o álbum "Calendar Girl", o tal que contem uma canção por mês ( e ainda uma extra, "Thirteenth Month").

Julie London (1926-2000) foi uma conhecida actriz de cinema e também cantora que teve o auge de popularidade nas décadas de 50 e 60 do século passado. Em termos discográficos deixou mais de trinta álbuns que se caracterizaram por standards de Jazz e Pop onde se evidenciava a sua forma de cantar calma e sensual.




A faixa e abertura é a canção para hoje e corresponde ao primeiro mês do ano, é "June in January". "June in January" é uma canção de 1934 com interpretação de Bing Crosby, nas esta versão de Julie London é bem gostosa...


It's June in January because I'm in love
It always is spring in my heart with you in my arms
The snow is just white blossoms that fall from above
And here is the reason, my dear: Your magical charms
...



Julie London - June in January

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Gilbert O’Sullivan - January Git

Os Meses do Ano em Canção


Ouvi Gilbert O’Sullivan durante 2, 3 anos, no início dos anos 70, e foi o suficiente para não mais o esquecer. Não só pela sua peculiar voz, mas também pela qualidade das composições que então eram divulgadas e o deram a conhecer internacionalmente. Algumas delas já tive ocasião para as recordar, como por exemplo as inesquecíveis "Nothing Rhymed" e  "Alone Again (Naturally)". No entanto, estranhamente foi um músico que apesar de continuar a gravar deixou de ter a respectiva divulgação e praticamente caiu no esquecimento, pelo menos internacionalmente que não nas ilhas britânicas.

A ele, hoje, volto e nem de propósito ao 1º LP, "Himself", decorria o ano de 1971. Isto porque é nele que surge, logo a seguir a abertura, a canção com o mês de Janeiro no título, "January Git".


https://www.discogs.com/


Num estilo muito swing a convidar à dança, aproveitemos para fazê-lo. Quanto ao título parece não ter sentido algum e nem aparece na letra da música.

I still believe in Sunday as being a day of rest
And maybe it's because I'm an Irishman
That I like Dublin best
Still whose who are you to tell me I'm alright Fred
...




Gilbert O’Sullivan - January Git

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Bert Jansch – January Man

  Os Meses do Ano em Canção


"January Man" é uma canção do ano de 1970 escrita e interpretada a cappela por Dave Goulder, cantor inglês de tradição Folk. Rapidamente conheceu outras interpretações e novas roupagens o que se tem prolongado até aos nossos dias. Dessas, relevo algumas de que gosto particularmente, por ordem cronológica: Martin Carthy (1971, álbum "Landfall"), Bert Jansch (1973. álbum "Moonshine"), Rachel Unthank & The Winterset (2005, álbum "Cruel Sister"), Steeleye Span (2019, álbum "Est'd 1969").

A escolha recai sobre Bert Jansch.

Bert Jansch (1943-2011) foi uma das figuras mais importantes na recuperação da música tradicional britânica que ocorreu nos anos 60/70 do século passado. Quer a solo (primeiras gravações datam de 1965), em parceria com John Renbourn (ouça-se "Bert and John" - 1966) e nos seminais Pentangle (em particular na formação inicial de 1968 a 1972), 


Edição em CD, com a ref: EARTHCD005, de 2015


O primeiro álbum a solo de Bert Jansch após a dissolução dos Pentangle em 1972 foi o álbum "Moonshine" publicado no ano seguinte e conforme se pode ver pela etiqueta da imagem da capa do CD contou com a colaboração de excelentes músicos do Folk-Rock britânico. Um álbum menos considerado na discografia de Bert Jansch mas, com certeza, bem adiantado no tempo.

É nele que se encontra a versão de "January Man" que é a proposta para hoje. Apreciem a sua voz profunda, a maneira única de tocar guitarra que o tornaram um dos músicos mais apreciados por muitos outros músicos daquela época.



Bert Jansch – January Man

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Billy Bragg - January Song

 Os Meses do Ano em Canção


Se existe algo que seja Folk-Punk é muito provavelmente de Billy Bragg. Surgido no final dos anos 70, no auge do movimento Punk, deste reteve a energia que emprega na generalidade das suas canções, muitas das quais de carácter político-social. Deu-se a conhecer em termos discográficos no ano de 1983.

Engajado politicamente com o Partido Trabalhista britânico, participa activamente em protesto e em defesa dos menos favorecidos, o que se repercute nas canções que escreve. Herdeiro da tradição Folk de Woody Guthrie e Bob Dylan as suas canções caracterizam-se por letras simples e melodias igualmente simples e bem expressivas, quem se lembra de "New England"?.





A canção que hoje se recorda é relativamente recente (2013), pertence ao álbum "Tooth and Nail", chama-se "January Song" e é a única referência ao mês de Janeiro, não aparecendo na letra.


I'm so tightly wound in tension
Feel just like a guitar string
Waiting to reveal emotions
Touch me and you'll hear me sing
...




Billy Bragg - January Song

domingo, 22 de janeiro de 2023

The Unthanks - The Month of January

Os Meses do Ano em Canção


Não era o que estava previsto mas não resisti. Volto à canção "The Month of January", que ontem publiquei na versão de Dolores Keane & John Faulkner, mas agora na versão mais recente que conheço, é na interpretação das The Unthanks de 2022.

Depois de ainda há poucos dias aqui ter destacado o álbum "Sorrows Away" das inglesas The Unthanks como a minha preferência maior do ano transacto eis que a ele volto, e claro, com todo o gosto.





Na realidade esta versão de "The Month of January" incorpora uma outra, eis o que diz Adrian McNally (teclista e produtor deste disco) nas notas que acompanham a edição que possuo (CD, edição limitada em formato "art book" quadrado de 21cm): "There are two sources going on here - The Month Of January, and the tune from a song called Uncle Rat, which is the tune heard between the verses."

Mais uma belo arranjo de um tema tradicional deste muito bom álbum e que muito tenho ouvido. Para quem gostar do género é a não perder.



The Unthanks - The Month of January

sábado, 21 de janeiro de 2023

Dolores Keane & John Faulkner - Month of January

 Os Meses do Ano em Canção


Retomo o tema "Os Meses do ano em Canção", agora para o mês de Janeiro que aqui ainda não tinha passado.

Na rápida pesquisa que fiz não foram muitas as canções que encontrei, haverá muitas mais com certeza, mas, curiosidade, quase todas na área do música Folk baseada em temas tradicionais. A primeira que escolhi foi "Month of January" uma canção tradicional irlandesa que tem tido as mais variadas versões ao longo dos anos, pelo menos dos anos 60 para cá. Altan, June Tabor, Dolores Keane e The Unthanks são algumas delas a merecerem a devida atenção.


Edição USA em CD, 1991 (?), com a ref: GLCD 3004

Destas a primeira que surgiu foi a da irlandesa Dolores Keane, a qual já aqui recordei noutra ocasião, no seu segundo trabalho, "Broken Hearted I'll Wander", com o então companheiro John Faulkner. Este álbum data de 1979, na sua primeira edição, e é um dos de maior peso tradicional que ela gravou.

"Month of January", brilhante interpretação de Dolores Keane, uma das melhores vozes oriundas da Irlanda.



Dolores Keane & John Faulkner  - Month of January

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Carlos Alberto Moniz - Chamateia

   Algumas memórias de 2022


Seria de todo injusto terminar estas recordações do ano de 2022 sem referir, relativamente à música nacional, o álbum de Carlos Alberto Moniz.

Da geração de 60 já poucos se mantêm em actividade e aqueles que ainda estão, estou a lembrar-me por exemplo do Sérgio Godinho, Fausto e Jorge Palma, não tiveram trabalhos novos no ano que terminou. Foi pois com alguma admiração que tomei conhecimento de novo trabalho de Carlos Alberto Moniz, tanto mais que que já vai com 74 anos e gravou logo um triplo CD.




Se bem que nunca tenha ido a correr comprar os discos de Carlos Alberto Moniz, tenho que reconhecer o seu papel na história da música popular nos últimos 50 anos de que este novo álbum faz resenha. O álbum é, como disse, triplo e tem por nome "Por Esse Mar Abaixo" e contêm 51 canções tantas quanto os anos de carreira.

Para o efeito contou com a colaboração de mais de 80 músicos entre os quais estão Sérgio Godinho e Jorge Palma, Pedro Abrunhosa e Luís Represas, e também o improvável Quim Barreiros. "Chamateia" é uma das canções, aqui com a colaboração de António Zambujo.





Carlos Alberto Moniz - Chamateia

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Amélia Muge - Se a Vida é Pintura

  Algumas memórias de 2022

E para terminar estas memórias recentes, vejamos alguns dos trabalhos na música portuguesa do ano findo.

A primeira constatação é que verifico haver muitas novas gravações por cá feitas e das quais não tomei conhecimento. Mais uma vez, problema meu ou má divulgação, eis a questão.

De qualquer forma aqui estão 10 trabalhos aos quais prestei atenção, são:


- Miramar - Miramar II
- Mário Barreiros - Dois Quartetos Sobre o Mar
- Linda Martini - ERRÔR
- Miguel Araújo - Chá Lá Lá
- Amélia Muge - Amélias
- Márcia - Picos e Vales
- Maria Reis - Benefício da Dúvida
- Ana Moura - Casa Guilhermina
- Carlos Alberto Moniz - Por Esse Mar Abaixo
- A Garota Não - 2 de Abril

Começo por destacar Amélia Muge, uma das mais importantes cantoras da nossa música popular e que não teve até hoje o devido reconhecimento. Divulguemos Amélia Muge! Já dela aqui falei quando referi o seu inicial projecto musical, o duo Irmãs Muge, formado em Moçambique e do qual sobrou somente um EP gravado em 1971.

Passou a viver em Portugal a partir de 1984 e o seu primeiro trabalho a solo só surgiu em 1991 com o excelente "Múgica". De então para cá são vários os trabalhos editados com uma regularidade que ronda os quatro anos e que vêm enriquecer, e abrir caminhos, à nossa música popular.




É o caso do último "Amélias", um álbum sobretudo à cappela, por vezes a lembrar-me os saudosos Banda do Casaco e também José Mário Branco.

Começa assim com "Se a Vida é Pintura".





Amélia Muge - Se a Vida é Pintura

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Weyes Blood - It's Not Just Me, It's Everybody

 Algumas memórias de 2022


Como é que eu não a descobri mais cedo? Por vezes é assim, algo de importante nos escapa, e Weyes Blood, de verdadeiro nome Natalie Merling, foi uma delas. Mas espero ainda ir a tempo, pelo menos pelas amostras existentes creio que sim, Weyes Blood terá futuro na música popular norte-americana e eu espero cá estar para o testemunhar.

"And in the Darkness, Hearts Aglow", o álbum de 2022, foi o que me levou à sua descoberta, para logo constatar que já em 2019 ela recolhia críticas bem positivas com o então álbum "Titanic Rising".


https://www.discogs.com/


Com uma sensibilidade musical imensa é um enorme prazer a audição da sua música, mas também as versões de canções antigas que ela não se inibe de interpretar, por exemplo: "Woodstock" (Joni Mitchell, The Air That I Breath (The Hollies), The White Shade Of Pale (Procol Harum), God Only Knows (The Beach Boys).

"It's Not Just Me, It's Everybody" a melhor canção original de 2022 e Weyes Blood uma das mais talentosas artistas da nova geração.



Weyes Blood - It's Not Just Me, It's Everybody

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

The Unthanks - Sorrows Away

Algumas memórias de 2022

Desde 2016 que tenho escolhido um álbum que reuniu as minhas preferências nesse ano, quase sempre artistas emergentes a afirmarem-se e (ou) a consagrarem-se na melhor produção musical destes tempos.

2016 - PJ Harvey - "The Hope Six Demolition Project"
2017 - Laura Marling - "Semper Femina"
2018 - Lucy Dacus -  "Historian"
2019 - Angel Olsen - "All Mirrors"
2020 - Adrianne Lenker -  "Songs and Instrumentals"
2021 - Katherine Priddy - "The Eternal Rocks Beneath"

Este ano não é excepção e acrescento a esta lista o álbum que provavelmente mais ouvi em 2022. A escolha recai sobre The Unthanks e o seu mais recente trabalho "Sorrows Away".


Edição do Reino Unido, da editora Rabble Rouser, com a
ref:RRM024B, CD book, edição limitada



The Unthanks são o que de melhor existe na área do Folk contemporâneo britânico. Há quase duas décadas que se vêm impondo como a melhor expressão musical com raízes na música tradicional, verdadeiras herdeiras dos Fairport Convention, Pentangle, Richard and Linda Thompson e Shirley Collins que durante tantos anos não tiveram verdadeiros sucessores (excepção feita para June Tabor).

No entanto deste 2015, desde "Mount the Air", que The Unthanks não me surpreendiam. Trabalhos temáticos como "The Songs and Poems of Molly Drake" (2017) ou "Lines" (2019), 3 álbuns com as designações "Part One: Lillian Bilocca", Part Two: World War One" e "Part Three: Emily Brontë", não conseguiram cativar-me. Parecia haver uma crescente homogeneização sonora provocada por Adrian McNally, produtor e posteriormente elemento integrante do grupo, que lhes retirava alguma vivacidade.

Eis que, passados 7 anos, "Sorrows Away" retoma a atmosfera de "Mount the Air" e nos cativa progressivamente em sucessivas audições.

Canções como "Sandgate Dandling", "The Old News", "Royal Blackbird", "Water of Tyne" e o tema título "Sorrows Away", a tornarem-se rapidamente standards no reportório deste grupo a merecer melhor divulgação.





The Unthanks - Sorrows Away

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Angel Olsen - Through The Fires

   Algumas memórias de 2022


Entre os discos que mais ouvi no ano de 2022 consta o álbum escolhido para este Regresso ao Passado, trata-se de "Big Time" da norte-americana Angel Olsen. Está entre aqueles álbuns que quanto mais se ouve mais se gosta. Sem dúvida um trabalho a destacar no ano findo.

Angel Olsen tem 35 anos. é uma cantora deste século. Norte-americana de nascimento, mais uma grande cantora Folk que vemos surgir na cena internacional. É uma cantora que tenho vindo a seguir há já alguns anos, já aqui tive oportunidade dela falar quando a destaquei com o álbum "All Mirrors" de 2019, e cuja qualidade é agora confirmada com o seu sexto álbum "Big Time", uma das melhores recordações que o ano de 2022 nos deixou.


Edição europeia em CD com a ref:JAG424



Com "Big Time" Angel Olsen confirma-se como uma nova referência para os novos caminhos que a música popular tem vindo a traçar neste século. Afirma-se como uma aposta segura entre os melhores compositores desta geração, acrescente-se a voz excelente e os arranjos sóbrios e envolventes e perceber-se-á porque é um disco que leva o seu tempo a ficar-se rendido. 

Rock alternativo, Folk independente com alguns laivos de Country assim se faz "Big Time".

A título de exemplo eis "Through The Fires".





Angel Olsen - Through The Fires

domingo, 15 de janeiro de 2023

Bill Callahan - Coyotes

  Algumas memórias de 2022


Num ano que não me pareceu particularmente interessante, estava à espera que a paragem devida ao COVID 19 desse azo a uma maior quantidade/qualidade/criatividade de publicações ou talvez isso ocorra em 2023, eis um conjunto de disco que de alguma forma foram objecto de alguma atenção pela minha parte.

Alguns com passagem rápida outros mais longa ao ponto de os adquirir. Uma boa parte deles de figuras já conhecidas do panorama musical actual e já com um histórico bem significativo. Ei-los, sem nenhuma ordem em especial:

Beach House - Once Twice Melody
Cat Power - Covers
Big Thief - Dragon New Warm Mountain I Believe In You
Meskerem Mees - Julius
ElvisCostello - The Boy Named If
Calexico - El Mirador
Rosalía - Motomami
The Weather Station - How Is It That I Should Look at the Stars
ArcadeFire - We
The Smile - A Light for Attracting Attention
Angel Olsen - Big Time
Mary Halvorson -Amaryllis 
Björk - Fossora
Naima Bock - Giant Palm
Bill Callahan - YTI⅃AƎЯ
Brian Eno - ForeverAndEverNoMore
Weyes Blood - And in the Darkness, Hearts Aglow
The Unthanks - Sorrows Away

Porque mereceram e merecem uma atenção especial, eis algumas das minhas preferências. Para hoje Bill Callahan e o álbum "YTI⅃AƎЯ".


Edição europeia em CD com a ref: DC859CD





Bill Callahan não é um novato nem um desconhecido que agora se revela, bem pelo contrário conta já com uma carreira bem consolidada inicialmente conhecido como Smog, e em nome próprio a partir de 2007, cujas primeiras gravações datam da década de 90.

Produzindo um música nas fronteiras do Folk-Rock, Folk aqui, um pouco de Blues ali, alguns elementos de Jazz acolá e uma voz bem profunda, a lembrar por vezes Bonnie 'Prince' Billie e um acompanhamento bem competente pleno de intuição e devidamente contido, arrisco-me a afirmar que Bill Calahan produziu aos 56 anos o seu melhor trabalho. "YTI⅃AƎЯ" é para ouvir, ouvir, ouvir... por muitos e bons anos.

(Ao vivo teremos a oportunidade de ver Bill Callahan a 15 de Abril, no Theatro Circo, em Braga. A não perder)



Bill Callahan - Coyotes

sábado, 14 de janeiro de 2023

Tindersticks - Stars at Noon

 Algumas memórias de 2022


Na actualidade os Tindersticks são uma das minhas bandas preferidas. Vou vê-los sempre que posso nas frequentes passagens que fazem pelo nosso país e no ano de 2022 não foi excepção. No Tour comemorativo dos 30 anos dos Tindersticks oportunidade para os voltar a ver (foi a 9ª vez) em mais uma passagem pelo Coliseu do Porto desta vez com orquestra o que faz aproximar a música ao vivo com as edições discográficas.

Quanto a estas tivemos em Março a publicação de "Past Imperfect - The Best of Tindersticks '92 - '21", um triplo CD, o primeiro é duplo faz uma revisão dos 30 anos de carreira incluindo dois inéditos: "Willow" interpretada por Stuart Staples (existia a versão interpretada pelo actor Robert Pattison para o filme "High Life" (2018) da realizadora Claire Denis) e "Both Sides Of The Blade" também de um filme de Caire Denis, "Avec Amour et Acharnament" (2021).



Edição europeia com as ref: Lucky Dog 30 /Lucky Dog 07


O CD extra foi gravado ao vivo em Glasgow a 5 de Outubro de 2008. Para quem não conhecer bem a música dos Tindersticks é um excelente ponto de entrada para este universo musical.



CD extra - gravação ao vivo em Glasgow

Ainda de 2022 uma nova publicação dos Tindersticks, a banda sonora do filme "Stars at Noon", novamente da realizadora Claire Denis.


https://www.discogs.com/


Infelizmente, até ao momento, só com edição digital, "Stars at Noon", o tema principal é mais uma preciosidade deste grupo britânico, absolutamente maravilhosa esta ternurenta canção. Do melhor que o ano transacto nos deixou.



Tindersticks - Stars at Noon

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Chicago - Born for This Moment

 Algumas memórias de 2022


A evolução negativa é algo comum em boa parte dos artistas da música Pop-Rock. Uma boa parte desaparece rapidamente, alguns persistem em continuar, é o caso do grupo de hoje que teve o seu auge, e a minha maior admiração no final da década de 60 primeiros anos dos anos 70, são os Chicago.

Os Chicago entusiasmaram-me e de que maneira nos primeiro 4 álbuns editados de 1969 a 1971 e logo com 3 duplos LP e 1 quádruplo ao vivo!! De então para cá têm sido bastante regulares em publicações tendo em 2022 saído  o 38º, precisamente "Chicago XXXVIII: Born for This Moment". Mantêm a numeração em romano de maior parte dos discos assim como o logotipo bem característico, o mesmo não se pode dizer em termos qualitativos.


https://www.discogs.com/


Os Chicago foram um dos grupos mais significativos no chamado Jazz-Rock com uma relevante e inspirada secção de metais formada por Lee Loughnane, James Pankow e Walter Parazaider, mantendo-se, na formação actual, os dois primeiro e ainda Robert Lamm (teclados).

Actualmente são uma sombra daquilo que foram noutros tempos, infelizmente "Chicago XXXVIII: Born for This Moment" é um álbum Pop desenxabido com o qual se perde pouco tempo. Confesso que não o ouvi até ao fim.



Chicago - Born for This Moment

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Jethro Tull - Mrs. Tibbets

Algumas memórias de 2022


Estas primeiras memórias foram para aristas a solo que os grupos sobreviventes dos anos 60 ainda são mais raros. Pelo menos dois dos grupos que eu então admirava gravaram em 2022.

Começo pelos Jethro Tull que em 2022 publicam "The Zealot Gene", o 22º álbum de estúdio após um interregno de 9 anos. E confesso que as expectativas não eram grandes, há muito que estes Jethro Tull já não são os Jethro Tull que me surpreenderam na minha adolescência. Das várias formações dos anos 60 e 70 só Ian Anderson se mantém no grupo sendo seu líder incontestado, julgo mesmo que os Jethro Tull já deviam ter acabado, ficando na memória os bons velhos tempos, e Ian Anderson actuar e gravar em nome próprio.


https://www.discogs.com/


Nota-se que é um álbum esforçado na busca da melhor sonoridade que nos liga aos Jethro Tull, mas fica-se por uma pálida imagem daquilo que os Jethro Tull já representaram. Falta energia e a capacidade vocal de Ian Anderson é notoriamente menor, resumidamente: ouve-se uma vez sempre na expectativa de encontrar algo que nos cative o que não chega a acontecer.

Começa assim este novo trabalho de... Ian Anderson.





Jethro Tull - Mrs. Tibbets

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Roger Waters - Comfortably Numb 2022

Algumas memórias de 2022


É notória a menor capacidade da geração de 60 de se manter à tona em 2022. Para muitos o seu tempo já passou, é da vida. Alguns ainda resultam bem ao vivo com efeitos e arranjos que disfarçam o avançar da idade, o que já é bem bom. Roger Waters não é excepção.

Roger Waters abandonou os Pink Floyd em 1983 e depois do promissor "The Pros and Cons of Hitch Hiking" (1984) foi parca a sua produção discográfica em termos de originais de estúdio, somente mais três a ficarem aquém do  desejado. Mais uns tantos álbuns ao vivo rememorando os tempos dos Pink Floyd e pouco mais ou seja é curto de quem tanto se esperava.


https://www.discogs.com/


Quanto a 2022 dá início a um novo Tour, "This Is Not a Drill", com polémicas declarações sobre a guerra da Ucrânia, e um EP com seis faixas. Não, não se trata de seis novas canções mas sim de recriações de temas antigos (cinco do tempo dos Pink Floyd e só uma posterior, a solo), são "The Lockdown Sessions" que infelizmente não deram para a produção de novo material.

De qualquer modo boas recordações destacando-se a nova versão de "Comfortably Numb" e que serve de abertura no novo Tour. Ei-la.



Roger Waters - Comfortably Numb 2022

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Justin Hayward - Living For Love

   Algumas memórias de 2022


The Moody Blues terminaram oficialmente em 2018. Ray Thomas, flautista, faleceu nesse ano e em 2021 foi a vez do baterista Graeme Edge. Da formação clássica do grupo sobrevivem Mike Pinder que abandonou o grupo em 1978, John Lodge e Justin Hayward que prosseguiram carreiras a solo.

Se é verdade que The Moody Blues não fizeram nada de verdadeiramente significativo depois de 1972, também é verdade que a solo nenhum dos elementos deixou até à data obra relevante, exceptue-se "Blue Jays" (1975) trabalho conjunto de John Lodge e Justin Hayward.

Justin Hayward, a voz e autor da célebre "Nights In White Satin", tinha uma lindíssima voz e maravilhou-nos nos bons tempos dos The Moody Blues, e é com essas memórias que sempre que há novidades discográficas faço a comparação.




Justin Hayward vai já nos seus 76 anos e mantêm ainda uma voz agradável de se ouvir, o mesmo não se podendo afirmar em termos de composição. Foi pelo menos esta a opinião com que fiquei ao ouvir "Living For Love" a nova canção publicada em 2022 e só disponível em formato digital.

Ouvi "Living For Love" e despertou-me saudades de outros tempos, de outras músicas...



Justin Hayward - Living For Love

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

John Cale - Night Crawling

  Algumas memórias de 2022


John Cale é um dos músicos mais subestimados da história do Rock. Por muito que se tenha recuperado o legado dos The Velvet Underground e reconhecido a sua importância na influência que tiveram no desenvolvimento da música Rock nos distantes anos 60, o papel de John Cale parece ter sido um tanto secundarizado pelo menos face à divulgação que Lou Reed, também por mérito deste, teve.

A música de John Cale foi sempre mais vanguardista e menos acessível a públicos mais alargados, talvez seja essa a razão e, por isso, com uma produção discográfica menos difundida e com maiores dificuldades nas tabelas de vendas que a de Lou Reed.

Há já alguns anos que não havia notícias discográficas de John Cale e mesmo a última "M:FANS" (2016) era uma revisão de "Music for a New Society" esse trabalho extraordinário do longínquo 1982. Por isso é sempre com enorme curiosidade que recebo notícias de novas gravações de John Cale tanto mais que já vai na provecta idade de 80 anos!


https://www.discogs.com/


2022 não teve um álbum novo, esse de nome "Mercy" está anunciado para o início deste, mas foram publicados 2 Singles com temas a serem incluídos no dito álbum, são eles "Night Crawling" e ""Story of Blood".

Dois temas demasiado electrónicos que não vão de encontro às minhas preferências. menos ainda a deprimente "Story of Blood" que nem a presença da grande revelação que é Weyes Blood minimiza.

De qualquer forma a revelar uma vitalidade na permanente busca de novos caminhos para a música como poucos o fazem.

Para ouvir "Night Crawling", uma canção escrita a pensar nas noites passadas com David Bowie nos anos 70.



John Cale - Night Crawling

domingo, 8 de janeiro de 2023

Sandy Denny - In Memory (The Tender Years)

  Algumas memórias de 2022


Ontem recordei a edição em vinil de "Gold Dust (The Final Concert)", o último concerto em vida da Sandy Denny efectuado em 1977. Hoje continuo com a Sandy Denny pois o ano de 2022 trouxe em vinil não só as últimas canções por ela interpretadas como também as primeiras gravações que ela realizou em casa nos anos de 1966, 1967 e 1968.

Estas gravações já eram conhecidas na caixa de 19 CD, que hoje em dia custa uma fortuna, de 2010 onde a obra de Sandy Denny está devidamente esmiuçada, mas agora o prazer de as ouvir, pela primeira vez, em duplo álbum formato de vinil.


Edição em duplo vinil com a ref: EARTH LP048


Com uma qualidade sonora assinalável, o que me surpreendeu, lá estão duas gravações caseiras de "Who Knows Where The Time Goes", uma de 1967 e outra de 1968, temas de Jackson C. Frank, Bert Jansch, Bob Dylan, Anne Briggs, Fred Neil, alguns temas tradicionais e ainda alguns originais, uns que ela regravaria mais tarde como "Carnival" e "Boxful Of Treasures" outros que foi pena não o ter feito como por exemplo "In Memory (The Tender Years)" tinha ela 19 anos em 1966.

"In Memory (The Tender Years)" provavelmente a primeira canção que Sandy Denny escreveu.  



Sandy Denny - In Memory (The Tender Years)

sábado, 7 de janeiro de 2023

Sandy Denny - No More Sad Refrains

 Algumas memórias de 2022


Sandy Denny! O que haverá ainda por editar? Nada, praticamente nada... O sua obra está devidamente esmiuçada e dificilmente poderá surgir ainda algo digno de nota a ser editado. A caixa de 19 CD publicada em 2010 contem o que de mais importante ela nos deixou. E lá está também "Gold Dust (The Final Concert)" gravado em Londres no Royalty Theatre a 27 de Novembro de 1977, poucos meses antes de morrer.

Disco que tinha sido dado a conhecer em 1998 ou seja 20 anos depois o seu prematuro desaparecimento. Nessa altura problemas técnico com as bobines originais levaram a que partes da guitarra de Rob Hendry fossem regravadas por Jerry Donahue assim como acrescentados coros por parte de Simon Nicol e Chris Leslie.

Em 2022 Sandy Denny faria 75 anos se fosse viva e eis que surge "Gold Dust - Live At The Royalty" edição em vinil que procura ser uma edição mais fiel ao original onde inclusive se mantiveram as palavras de introdução de Sandy Denny e os aplausos do público. 


Edição 2022 em vinil com a ref:UMC 4503112



Um prazer ver uma nova edição, neste caso melhor ainda pois é em vinil, daquela que foi a artista mais importante da minha vida. "No More Sad Refrains" pertencia ao último álbum, "Rendez-Vous", editado em vida por Sandy Denny em 1977 e  é o tema que termina este novo LP e que agora vos deixo para audição.





Sandy Denny - No More Sad Refrains

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Bruce Springsteen - The Sun Ain't Gonna Shine Anymore

Algumas memórias de 2022


Bruce Springsteen já vai nos 73 anos e apesar das suas primeiras gravações só datarem da década de 70, o seu início musical vem dos anos 60 pelo que aqui o incluo neste grupo de artistas vindos desta década e em actividade no ano de 2022.

Depois de dois álbuns que particularmente me agradaram e que manifestaram um Bruce Springsteen com uma vitalidade notável, refiro-me a "Western Stars" (2019) e "Letter to You" (2020), 2022 vê publicado o álbum "Only the Strong Survive" que, parece-me, uns furos abaixo dos anteriores.

"Only the Strong Survive" não é um álbum de originais mas sim versões de canções predominantemente de Rhythm'n'Blues, Funk e Soul aqui e ali, o que só por si já é factor de alguma desconfiança. Tenho este defeito, embora tenha neste blogue um tema dedicado a "Grandes Versões", regra geral prefiro originais a versões pelo que fico sempre com um pé a trás quando se trata de um álbum todo ele de versões.

Claro que é agradável de se ouvir, tanto mais que está centrado em temas dos anos 60, mas fica-me a sensação de saber a pouco e que este não é bem o território de Bruce Springsteen.


https://www.discogs.com/

Segue-se "The Sun Ain't Gonna Shine Anymore" é uma dessa canções. Quando a ouvi fui logo recordá-la na voz dos The Walker Brothers (1966) o que sugiro que o façam e cada um tire as suas conclusões. Para mim não é fácil "libertar-me" dos The Walker Brothers...



Bruce Springsteen - The Sun Ain't Gonna Shine Anymore

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

John Mayall - The Sun Is Shining Down

  Algumas memórias de 2022


Pois é, John Mayall tem já 89 anos e aí está ele a marcar presença em 2022. Nem mais, formou o primeiro grupo no ano em que nasci ou seja em 1956 e desde então para cá, com particular destaque para os anos 60 e 70, tornou-se num dos maiores intérpretes de Blues do lado de cá do oceano Atlântico sendo figura de proa do chamado British-Blues. Eric Clapton, The Rolling Stones, Led Zeppelin, por exemplo fariam parte desta cena que se revelou na predominância da guitarra eléctrica na sonoridade do Blues.




Em 2022 é editado "The Sun Is Shining Down" que revela um John Mayall com uma vitalidade invejável para a idade que tem. 10 temas onde John Mayall toma conta da voz, harmónica e teclados e onde partilha este gosto pelos Blues com alguns artistas convidados, Scarlet Rivera, Buddy Miller, Melvin Taylor entre outros.

"The Sun Is Shining Down" está nomeado para os Grammy Awards na categoria Best Traditional Blues Album.

O álbum termina com o tema título, "The Sun Is Shining Down", onde se destaca também  Carolyn Wonderland na guitarra eléctrica. 



John Mayall - The Sun Is Shining Down