quarta-feira, 31 de maio de 2017

Pop Five Music Incorporated - You'll See


Mais algumas canções do Pop-Rock nacional dos anos 60, arrumadas na memória de alguns, mas praticamente esquecidas e desconhecidas da grande maioria. Algumas de qualidade mais que duvidosa, mas que importa aqui recordar como mostra dos novos sons que por cá começavam a proliferar.

Era do Porto, fez parte da formação inicial dos Pop Five Music Incorporated. Ainda muito novo mudou-se para Lisboa e integrou o Quarteto 1111. Paralelamente esteve também na origem dos Green Windows e em 1972 participa no Festival da Canção da RTP. Nesse mesmo ano efectua as primeiras gravações a solo, um EP e um Single. A participação no Festival fez-se com a canção “Se Quiseres Ouvir Canta” que fica pelo modesto 5º lugar.
Era o TóZé Brito, lembram-se? Com bastante êxito nos populares Green Windows e, posteriormente, nos ainda mais Gemini (os ABBA nacionais) não conseguiria a solo manter uma carreira sólida que a bonita interpretação de “Se Quiseres Ouvir Canta” poderia augurar. Acabou por ter uma carreira de maior destaque como compositor e produtor discográfico do que como intérprete.



Segue a sua primeira composição, tinha ele 17 anos, e foi editada no primeiro EP ("Those Were the Days") dos Pop Five Music Incorporated, estávamos no ano de 1968 e chamava-se “You’ll See”, eram outros os sons.




Pop Five Music Incorporated - You'll See

terça-feira, 30 de maio de 2017

Conjunto de Oliveira Muge - Sospesa ad' un filo

Hoje em dia a sigla VADECA significa a empresa de serviços de limpeza. Para mim, sempre que a vejo, não consigo deixar de a associar à discoteca VADECA (de Valentim de Carvalho) que existiu muitos anos na Rua Santo António, no Porto. Passei lá muitas horas.

Desta vez a lembrança da discoteca VADECA ocorreu ao folhear o Boletim da Junta de Freguesia de Ovar de Julho de 2012 dedicado ao Conjunto de Oliveira Muge onde era reproduzido um anúncio da VADECA ao que parece de 1968 e onde se destacava “… os MAIORES ÊXITOS de 1968 de artistas da sua exclusiva distribuição.“ E entre eles lá estava “A Mãe” do Conjunto de Oliveira Muge editado entretanto quer em EP quer em Single.



A escolha de hoje vai para um tema do 3º EP do conjunto gravado em 1967.




O primeiro tema desse EP era uma versão de “I Had Too Much To Dream Last Night” dos americanos Electric Prunes que já anteriormente recordámos. Aqui interpretada em italiano tomando a designação de "Sospesa ad' un filo" (Rock psicadélico americano, em versão italiana, por um conjunto Pop de Ovar, a viver em Moçambique, e gravado na África do Sul!!).




Conjunto de Oliveira Muge - Sospesa ad' un filo

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Dexter Gordon - Manhã de Carnaval

Textos sobre música na revista "Vértice"





Com o título "Sobre os festivais de Jazz..." publica a revista "Vértice" nº 285 de Junho de 1967 um artigo, assinado por A. J. Moura Marques, onde se releva as características de um Festival de Jazz e onde se fazem "Algumas considerações críticas sobre o 1º Festival Internacional de Jazz" ocorrido, em Coimbra, no Teatro Avenida a 3 de Maio, organização da Comissão Cultural da Queima das Fitas, com a colaboração do Clube de Jazz do Orfeon e patrocínio da embaixada dos EUA e da TAP.

Actuaram no Festival: Dexter Gordon, Jean Pierre Gebler, Dixieland Combo e o Quinteto do Clube de Jazz do Orfeon.





O destaque ia para Dexter Gordon (1923-1990), uma figura proeminente do melhor Jazz de então. Do artigo:
"O prato forte do Festival foi, no entanto, Dexter Gordon. E isto por várias razões. Primeiro pelo seu valor musical que, desde logo, foi aceite pacatamente e sem discussão. Segundo, pelo conhecimento das suas relações mais ou menos prolongadas com grandes nomes da história do Jazz, tais como Charlie Parker, Lionel Hampton e Louis Armstrong. Finalmente, por pertencer à raça que apadrinha com direito, toda a história e evolução musical do Jazz ao contrário dos que o antecederam, simples padrinhos por procuração."

Face à raridade de manifestações deste tipo termina o artigo:
"Deste modo, todos os que tiveram a sorte de o poderem ouvir, ficaram a conhecer toda a riqueza melódica e harmónica do Jazz contemporâneo que, não fora a existência de discos, raramente poderia ser ouvido por nós, portugueses."

É do ano de 1965 o álbum "Gettin' Around" onde vamos buscar a faixa de abertura "Manhã de Carnaval" uma versão muito "cool" da canção brasileira do final dos anos 50, a mostrar a popularidade que a Bossa Nova granjeava fora do Brasil.



Dexter Gordon - Manhã de Carnaval

domingo, 28 de maio de 2017

Fernando Lopes Graça - Gabriela, Cravo e Canela

Textos sobre música na revista "Vértice"





É com a figura de Fernando Lopes Graça, que por diversas vezes já aqui identificado nos seus escritos para a revista "Vértice", que recuperamos mais um nº da revista, o nº 300 de Setembro de 1968. O texto não é de Fernando Lopes Graça, é assinado por António Marques da Silva, mas é sobre ele. Em concreto, sobre o seu último disco gravado com a Orquestra Sinfónica do Porto com as seguintes composições:
- Gabriela, Cravo E Canela
- Poema De Dezembro
- Cinco Estelas Funerárias (Para Companheiros Mortos):
Andante Non Troppo
Poco Pesante
Lento
Molto Lento
Andante Sostenuto
- Três Danças Portuguesas:
Fandango
Dança Dos Pauliteiros
Malhão










Depois de considerar que "A figura de Fernando Lopes-Graça é, no panorama actual da nossa música, verdadeiramente apaixonante, pois concorrem nele a ânsia de uma cultura viva, o conhecimento profundo da gente e da terra portuguesas." o artigo passa à análise do disco referido, julgando-o como "... a mais bela realidade da música portuguesa no decurso do ano."

Quanto ao tema "Gabriela, Cravo e Canela", agora escolhido para audição, a apreciação é a seguinte: "Já uma nota puramente sensorial é-nos dada na GABRIELA, CRAVO E CANELA numa total embriaguez dos sentidos, com laivos de histrionismo que até agora a nossa convivência com a obra do autor ainda nos não tinha proporcionado."

Espaço ainda para a discografia completa de Fernando Lopes Graça até àquela data.




Fernando Lopes Graça - Gabriela, Cravo e Canela

sábado, 27 de maio de 2017

Big Bill Broonzy - Hollerin' the Blues

Textos sobre música na revista "Vértice"


“Citação do Sr. Berry, no Parlamento da Virgínia, em 1832: «Tanto quanto estava nas nossas possibilidades, fechámos todos os caminhos pelos quais a luz pudesse entrar nos seus (dos escravos) espíritos. Se pudéssemos extinguir a capacidade de ver a luz, o nosso trabalho seria completo; estariam então ao nível das bases do campo, e nós ficaríamos em segurança! Não tenho a certeza de que não o faríamos se pudéssemos encontrar o processo, e isto em nome da necessidade.»”

É ainda do singular artigo intitulado “Sobre a pré-história do Jazz” assinado por A. J. Moura Marques na revista "Vértice" Nº 274-275 de Julho-Agosto de 1966 que se trata.



“A um estado alienatório, produzido à escala social e de classe, mercê de factores económicos, políticos e raciais, há que contrapor-se uma reacção; desde o grito de revolta declaradamente revolucionário à pura e queda aceitação desses condicionalismos vão mil gradientes possíveis mas só um natural e objectivamente consequente: aquele que se fundamenta na realidade, no complexo político vigente, nas condições mentais a que, neste caso o Negro americano, se encontrava sujeito e, por fim, nas reais possibilidades psicológicas que usufruía e de que dependem, «in extremis», quaisquer movimentos de evasão.”

E assim continuava a sua explanação sobre o “ambiente social” e respectivo “potencial expressivo”, “Deste modo, nesta situação condicionada pela escravatura, pela aculturalidade consequente, o Negro americano estava condenado, irremediavelmente, ao trabalho forçado e, como aconteceu, a criar música. Torna-se inegável que as suas primeiras criações musicais tinham em vista duas finalidades principais: em primeiro lugar, fazer esquecer a agressividade do trabalho forçado; por outro lado, servir de meio de comunicação entre escravos, durante as horas de labor e sempre que se tornava necessário a expedição duma mensagem de maneira incompreensível para o patrão.”

Quanto à maneira de entoar da música negra: “… todo o processo vocal negro, desde o continente africano até aos blues …, manifesta acentuadamente o seu carácter sincopado, através do uso de modulações estranhas, complicadas contorções melódicas, quebras de voz e, sobrenadando tudo isto, um «blue feeling» indefinível que caracteriza desde sempre a sonoridade específica do Negro americano.” 
“Os «cries» e «hollers», que podemos traduzir por chamamentos entoados, são a primeira e mais simples criação musical negro-americana onde tais processos podem ser já completamente detectados. Um dos exemplos mais típicos de tal forma de entoar encontra-se na canção «Hollerin’ the blues» de Big Bill Broonzy, presente numa gravação em disco aquando da sua morte.”


Big Bill Broonzy (1893-1958) cantor negro de blues gravou mais de 200 canções e foi uma das figuras marcantes no desenvolvimento do Folk/Blues do século XX. Ficamos com uma versão longa e excelente de “Hollerin’ the Blues” gravado em 1957 por Big Bill Broonzy.




Big Bill Broonzy - Hollerin' the Blues

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Coleman Hawkins - Body and Soul

Textos sobre música na revista "Vértice"




“Na Lei de 1740 do Estado da Carolina do Sul: «No caso de qualquer pessoa perversamente cortar a língua, arrancar um olho, castrar, ou cruelmente escaldar, queimar, ou arrancar um membro a um escravo, ou infligir-lhe qualquer outra punição cruel que não seja açoitar ou bater com um chicote, correia, vergasta, bastão, ou pôr a ferros, ou deter ou prender tal escravo, cada uma dessas pessoas será multada por cada uma das ofensas na quantia de cem libras em dinheiro.»” Assim começa o artigo de título «Sobre a pré-história do Jazz» publicado na revista "Vértice" Nº 274-275 de Julho-Agosto de 1966.








Neste interessante artigo, o autor A. J. Moura Marques, depois de identificar o contexto social da escravatura nos Estados Unidos, conclui que “O Negro americano sentiu necessidade de se exprimir musicalmente na medida em que lhe era necessária essa expressão dum modo vital, para sobreviver e se insuflar de novos ânimos.”

Continua com uma análise sucinta da evolução da música negra-americana, síntese da música popular africana, essencialmente rítmica e fruto de improviso, e da música europeia melódica e harmoniosa, referindo: “Para terminar a caracterização da tradição musical africana, convém referir que a sua escala musical é pentatonal, escala essa onde não existem nem a terceira nem a sétima notas da escala europeia. Desta forma, ao atingir os Estados Unidos, o Negro, posto em contacto com melodias onde essas duas notas, para ele estranhas, apareciam, passou a entoá-las ora no modo menor ora no modo maior ou ainda em gradientes mais subtis.” e concluindo, “…o Negro americano caracterizou uma típica maneira de atacar a terça e sétima notas da escala musical que, por esta forma, passaram a constituir o primeiro produto da reacção travada entre a música popular africana e a tradição musical europeia. Tais notas, denominadas «blue notes» fazem ainda hoje parte do que se poderia chamar «escala musical de Jazz»” dando como exemplo “…a vitalidade que emana dos «blues», é aquilo que torna o «Body And Soul» de Coleman Hawkins diferente da interpretação de um saxofonista tenor de qualquer orquestra comercial”.


E agora, nada melhor que terminar com Coleman Hawkins (1904-1969), o “pai” do saxofone, o saxofonista mais célebre na década de 30. É de regresso aos Estados Unidos, em 1939, depois de ter passado cerca de 5 anos na Europa, que grava a sua interpretação de “Body and Soul”, tornando-a um standard do Jazz.
Disse Coleman: “Nunca hei-de saber porque é que essa gravação se tornou, por assim dizer, um «clássico». Limitei-me a tocar como toco qualquer coisa.” em "Os Grandes Criadores de Jazz" de Gérard Arnaud/Jacques Chesnel.

Tão longe da maior parte das versões de “Body and Soul” que conhecemos, segue em anexo a versão de Coleman Hawkins de 1939, com certeza, com “a vitalidade que emana dos blues”.




Coleman Hawkins - Body and Soul

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ornette Coleman - Sadness

Textos sobre música na revista "Vértice"






Já este artigo sobre Ornette Coleman tinha aqui sido recordado aquando do seu falecimento em 2015, a ele voltamos, agora com a sua reprodução na integra.

Intitula-se "Tentativa de um diálogo impossível com Ornette Coleman" e é publicado no nº 267 da revista "Vértice" de Dezembro de 1965. Trata-se de uma entrevista desconcertante a Ornette Coleman efectuada aquando da sua passagem pelo Jamboree Jazz Club, em Barcelona, em Outubro de 1965.






É a um CD bootleg com 4 faixas gravadas na "Salle de la Mutualité" de Paris em 4 de Novembro de 1965 que sacamos o tema "Sadness", Ornette Coleman em trio com David Izenzon (contrabaixo) e Charles Moffet (bateria).




Ornette Coleman - Sadness

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Fernando Lopes Graça - Só as tuas mãos trazem os frutos

Textos sobre música na revista "Vértice"



Na secção "Música", do nº duplo 196-197 de Janeiro-Fevereiro de 1960, da revista "Vértice" um artigo assinado por Manuel Dias da Fonseca, intitulado "AS MÃOS E OS FRUTOS de Eugénio de Andrade e Fernando Lopes Graça".







Depois de, na primeira parte do texto, apreciar a obra de Fernando Lopes Graça onde considera, "Fernando Lopes Graça, no panorama da nossa música contemporânea, levanta uma questão da maior importância. Na sua obra, pelo menos a partir de certa altura, está implícita uma ambição: criar uma música portuguesa. Penso que, em nenhum dos nossos compositores, esse propósito é tão manifesto, tão voluntarioso, tão sistemático.", a segunda parte é dedicada ao trabalho acabado de compor e tornado público a 20 de Dezembro de 1959 de nome "As Mãos e os Frutos". Trabalho musical feito a partir da poesia de Eugénio de Andrade e que levou alguns anos a concluir.

Manuel dias da Fonseca refere-se-lhe assim: "Com efeito, estamos perante uma das obras-primas da música portuguesa. Tudo aqui é belo e puro, a música nasce como a claridade, aquela claridade que está esmagada na nossa alma."

É então em 1959 que Fernando Lopes Graça terminou o ciclo de canções a partir dos poemas do livro homónimo de Eugénio de Andrade, sendo no ano seguinte transposto para disco numa edição da etiqueta Orfeu.
Numa edição de 2009 a canção "Só As Tuas Mãos Trazem Os Frutos...", ao piano Nuno Vieira de Almeida, na voz João Rodrigues.




Fernando Lopes Graça - Só as tuas mãos trazem os frutos

terça-feira, 23 de maio de 2017

Fernando Lopes Graça - Oh, que janela tão alta

Textos sobre música na revista "Vértice"




Vamos para mais um artigo de Fernando Lopes Graça. Estamos no ano de 1958 e foi publicado no nº duplo 174-175 de Março-Abril da revista "Vértice", intitulava-se "Recordando uma experiência artístico-pedagógica popular" e lembra "com vivo sentimento essas belas jornadas de fraternização em que me coube o gostoso papel de ensaiar e dirigir o simpático coro de improvisados cantores de ambos os sexos".








Oportunidade também para recordar mais uma canção popular portuguesa que Fernando Lopes Graça gravou em 1958, "Oh, que janela tão alta". Aqui numa interpretação mais recente do "Coro Misto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro"



Fernando Lopes Graça - Oh, que janela tão alta

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Chuck Berry - School days

Textos sobre música na revista "Vértice"

Talvez a primeira abordagem ao Rock'n'Roll pela revista "Vértice" esteja no artigo de hoje, saiu no nº 165 de Junho de 1957 e intitulava-se "Rock'n'Roll e Estética" e aparecia no espaço "revista da imprensa".




Tratava-se de um texto que "Com este título, publicou Mário Barata, no suplemento Artes Plásticas, do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, em 17 de Fevereiro, um curioso embora discutível artigo, que seguidamente transcrevemos, com a devida vénia:"

Insurgindo-se contra "O acto do Juiz de Menores proibindo o Rock'n Roll"  coloca-se "ao lado dessa manifestação de exuberância atlética, verdadeira aula de educação física, que erradamente foi considerada imprópria para menores."
E avança: "Se há exemplo de dança decente, ele está no Rock’n Roll. Os pares ficam separados e quando se toca na dama é para enviá-la a maior distância. Nada de sexo, nessa dança leccionada por professores de educação física. Comparem-na com o agarramento dos blues, sambas e boleros, tão do agrado dos ambientes à meia luz. E voltem a liberar, nos salões, essa dança da moda, entre os jovens de 15 anos e os adultos da mesma idade..., dança cujo nome brasileiro deveria ser — propomos — «suadouro»."




E terminava: "Que o ilustríssimo e meritíssimo senhor juiz de Menores proíba as guerras e a miséria, pois o Rock'n'Roll poderá ser dançado até nas escolas maternais. Nele, não reside o perigo." 


Depois da leitura completa que recomendamos, a sugestão de audição vai para, o bem apropriado, "School Days" de Chuck Berry (1926-2017) decorria, precisamente, o ano de 1957.



Chuck Berry - School days

domingo, 21 de maio de 2017

Handel - Highlights from Messiah

Textos sobre música na revista "Vértice"

Mais um nº da revista "Vértice", desta vez o nº duplo 143-144 de Agosto-Setembro de 1955. Mais um artigo de Fernando Lopes Graça.




Com o título "Breves impressões da vida musical londrina", o artigo corresponde a uma "Palestra realizada, em Abril do corrente ano, ao microfone da Secção Portuguesa da B. B. C. e reproduzida no Vértice por amável deferência da direcção da mesma".






Fernando Lopes Graça relata o "contacto de 15 dias com a vida musical londrina" onde entre outras obras ouviu "Messias" de Handel (1685-1759) no Royal Albert Hall, o que me fez recordar ter assistido em Dezembro de 1980 no mesmo local precisamente a mesma obra, a referida "Messiah" do compositor alemão Georg Friedrich Händel.
Na mesma altura adquiri o LP "Highlights from Messiah" com interpretação pela The Royal Liverpool Philharmonic Orchestra conduzida por Sir Malcolm Sargent (1895-1967).

É o primeiro tema "Recit: Comfort Ye/Air: Ev'ry Valley/Chorus:And the Glory of the Lord" que podemos agora ouvir.




Handel - Highlights from Messiah

sábado, 20 de maio de 2017

José Mário Branco - As Canseiras Desta Vida

Textos sobre música na revista "Vértice"




Mais um extenso artigo de Fernando Lopes Graça publicado na revista "Vértice". Estamos em Fevereiro de 1955 no nº 137 da revista "Vértice", onde encontramos este longo e muito interessante artigo de Fernando Lopes Graça com o título "A música portuguesa nas suas relações com a cultura nacional".




Afirmava Fernando Lopes Graça:
“Uma das fatalidades da música portuguesa foi nunca ter ela encontrado, nos três ou quatro momentos históricos em que a nossa cultura estremeceu na clara ou obscura consciência da sua missão nacional, a personalidade ou as personalidades que, no seu domínio próprio, encarnassem os ideais ou tendências da hora.”

No “nosso” Renascimento “não encontrou músicos criadores à sua altura”. “Vem o Romantismo”  e em Portugal “manda a verdade reconhecer que o movimento não teve consequências musicais de maior.”

Ainda no séc. XIX, Se o Romantismo nos não descobriu, nos não afirmou musicalmente, seria lícito esperá-lo do movimento intelectual conhecido por «Geração de 70», com o seu ideal de cultura que, de certo modo, àquele se opunha?”. Concluía, referindo-se ao compositor português Augusto Machado em contraponto às obras deixadas pelos escritores da «geração de 70», “Poderão as óperas de Machado aspirar ao mesmo privilégio junto dos portugueses que escutam música? Decerto que não, visto que são praticamente desconhecidas.”






E “Entrados no nosso século, depara-se-nos o importante, se bem que efémero e, sob o ponto de vista ideológico, algo confuso movimento da Renascença Portuguesa. Se, com todas as diferenças que os separam, a ele podemos referir vultos da envergadura de Raul Brandão, Teixeira de Pascoaes, Raul Proença, Mário Beirão, António Sérgio ou Jaime Cortezão, cuja obra é indubitàvelmente de notável projecção na nossa cultura contemporânea, o certo é que, no campo da música, não topamos figura alguma que com a sua arte tenha dado corpo aos ideais ou doutrinas dos escritores de A Águia.”

Terminando: “Do que temos vindo a expor conclui-se que, sem pôr em causa o valor absoluto ou relativo das figuras representativas da nossa história musical, esta parece nunca ter atingido uma significação nacional paralela aos grandes momentos da nossa cultura.”





Face a tal panorama de descrédito em relação à música feita em Portugal ao longo dos tempos, acabei a pensar no José MárioBranco, na sua música, no pós Abril de 74 e nas palavras de Fernando Lopes Graça ao acusar a nossa música de não alcançar um significado nacional paralelo aos grandes momentos da nossa cultura…

Não sei o que é que Fernando Lopes Graça (uma das influências de JMB) pensaria do José Mário Branco, mas para mim é, inequivocamente, um marco singular na música popular portuguesa do último meio século e acredito que a sua música será ouvida e estudada por muitas gerações futuras quando a este período da nossa história se dedicarem, estou certo.

Agora, para ouvir, “As Canseiras Desta Vida”, José Mário Branco em 1978.




José Mário Branco - As Canseiras Desta Vida

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Mozart - Abertura (Don Giovanni)

Textos sobre música na revista "Vértice"





Neste nº 102, de Fevereiro de 1952, da revista "Vértice" mais um artigo de Fernando Lopes Graça, neste caso sobre Mozart, o titulo é "Mozart, Fragmento de uma Biografia".

O artigo, em memória a Bento de Jesus Caraça, que conforme diz Fernando Lopes Graça em nota "Destinava-se esta biografia à Biblioteca Cosmos, onde chegou a ser anunciada. Com a morte, porém, de Bento Caraça, o admirável orientador da Biblioteca, e a consequente suspensão desta, ficou o trabalho incompleto e sem probabilidades (ou nenhuma vontade da parte do autor) de ser terminado. Aqui fica o que dele se chegou a lançar ao papel como recordação de uma amizade e de uma colaboração de que a passagem dos anos não consegue desvanecer a saudade."

O trabalho seria então uma biografia de um dos mais admirados compositores clássicos, Wolfgang Amadeus Mozart, "...um dos mais extraordinários génios de que reza a história das artes." segundo o texto de Fernando Lopes Graça.
Eis, então o início da biografia que terá ficado incompleta.








Mozart (1756-1791), de vida curta, deixou uma longa obra amplamente aclamada, sinfonias, óperas e concertos encontram-se entre as suas obras mais conhecidas.

Escolhi para audição a abertura da ópera "Don Giovanni". Trata-se de uma caixa de 3 LP editada em 1984 pela EMI/His Master's Voice, com a Orquestra e Coro Philharmonia dirigida por Carlo Maria Giulini, custou 2320$00 ou seja aproximadamente 11,6€.




Mozart - Abertura (Don Giovanni)

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Alfredo Keil - Serrana

Textos sobre música na revista "Vértice"





O nº 88 da revista "Vértice" editada em Dezembro de 1950 é em parte dedicada ao centenário de Alfredo Keil.
Alfredo Keil (1850-1907) foi para além de compositor, pintor e poeta, disso dão-nos contar os diversos artigos que este nº da "Vértice" lhe dedicou.
"Alfredo Keil, Músico", artigo assinado por Fernando Lopes Graça que temos vindo a seguir, é a escolha que se segue.





Alfredo Keil é o autor do Hino Nacional "A Portuguesa" cujo original é reproduzido neste mesmo nº da revista "Vértice".



Conhecido por ser o autor do nosso hino nacional Alfredo Keil escreveu também óperas ("Irene", "Dona Branca", "Serrana") e conforme o texto "Além de pequenas peças par piano, no estilo da «música de salão» muito em voga no seu tempo, de numerosas melodias e outros trechos ocasionais, deixou três suites de orquestra, o poema sinfónico Uma caçada na corte e as cantatas Patrie, As orientais e Primavera, obras de maior vulto, mas praticamente desconhecidas..."

É com um extracto da ópera "Serrana", disponível no YouTube, que completamos este Regresso ao Passado.



Alfredo Keil - Serrana