sábado, 30 de abril de 2016

Them - Don't Look Back

O British Blues


As passagens que efectuámos de Alexis Koner's Blues Incorporated, John Mayall and the Bluesbreakers, Fletwood Mac e Cream são algumas das mais representativas amostras do chamado British Blues.
O British Blues teve as suas origens, no início da década de 60, no Blues acústico de Davy Graham, Bert Jansch e John Renbourn, estes dois últimos formando em 1968 os excelentes Pentangle, na 2ª metade da década teve particular ênfase nomeadamente com os grupos já indicados mas também entre outros com os JethroTull e os Led Zeppelin que posteriormente iriam evoluir para outros estilos musicais. Enquanto fenómeno musical vai conhecer o declínio durante a década de 70.

Durante toda a década de 60 é possível encontrar muitos músicos e conjuntos na Grã-Bretanha que de alguma forma e durante algum período marcaram a sua música pelo Blues. Vamos recuperar alguns deles.

Começamos com os Them. Formados em Belfast em 1964, os Them tiveram como figura principal até 1966 o multifacetado Van Morrison, figura maior da música irlandeses e da música Rock em geral desde então.




Em 1965 é editado o primeiro LP do grupo chamado "The Angry Young Them" onde constava "Don't Look Back" um Blues de John Lee Hooker editado no ano anterior. Em 1998 John Lee Hooker grava novamente, no álbum com o mesmo nome, "Don't Look Back" em dueto precisamente com Van Morrison. Agora é a vez dos Them em 1965.



Them - Don't Look Back

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Cream - Spoonful

O British Blues

"Clapton is God", o famoso graffiti, de 1967, demonstra a importância que Eric Clapton tinha na altura na cena musical londrina. Não tinha ainda qualquer álbum a solo, pelo que o reconhecimento da relevância que Eric Clapton então já demonstrava só podia vir das participações nos grupo por onde passou e das respectivas gravações.




Primeiro nos Yardbirds, de 1963 a 1965, depois com John Mayall & the Bluesbreakers, entre 1965 e 1966, depois nos Cream, de 1966 a 1968 e finalmente nos Blind Faith em 1968, 1969, iniciando em 1970 uma longa carreira a solo que ainda hoje se mantém.

Em "O Mundo da Música Pop", Eric Clapton é citado a propósito da sua colaboração com John Mayall:
"Os meus interesses musicais vão mais além do que era obrigado a tocar no conjunto de Mayall. Gosto de tocar uma composição nova todas as noites, no estilo do que fazia com Mayall, mas durante o resto do show gostaria de executar coisas mais livres. Com Mayall não podíamos sair dos limites traçados. Tocava continuamente um «riff» com modificações e duas vezes um «solo» com doze compassos. Este tipo de música nunca poderia oferecer uma oportunidade de fazer algo diferente."

Com a formação do grupo Cream, o Blues de Eric Clapton evoluiu na experimentação da fusão com sonoridades Pop-Rock e levou o grupo a níveis invulgares de popularidade, ficaram como o primeiro Super-grupo da história do Rock.

Do primeiro LP de 1966 "Fresh Cream" ficamos com "Spoonful" um Blues de 1960 de Willie Dixon.



Cream - Spoonful

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Fleetwood Mac - I Believe My Time Ain't Long

O British Blues

Continuamos com o British Blues e com um dos conjuntos mais interessantes daí provenientes, os Fleetwood Mac.

"Os conjuntos britânicos de blues procedem todos da escola de John Mayall.", afirma-se em "O Mundo da Música Pop". E mais adiante continua:
"Peter Green segue o estilo de Mayall, e torna-se muito mais popular que este. «Aos 11 anos - afirma Green - comprei uma guitarra por duas libras e dez xelins. Toquei inicialmente com os Shadows». Quando tinha 14 anos ouviu discos de 78 rotações de Muddy Waters, tendo em seguida sido influenciado por B. B. King e finalmente pelos Beatles. A seguir, formou o conjunto Fleetwood Mac com John McVie (baixo), Mick Feetwood (bateria) e os três violas Green, Jeremy Spencer e Danny Kirwen. Em 1970, abandonou o conjunto."
(Julgo que Peter Green nunca tocou com The Shadows, mas sim tocou a sua música, pois tinha ele particular admiração por Hank Marvin)

Antes de formar os Fleetwood Mac, Peter Green passou entre 1966 e 1967 pelos Bluesbreakers de John Mayall onde coexistiu com Eric Clapton pouco antes deste abandonar o grupo. No álbum "Hard Road" de John Mayall & the Heartbreakers, assina 2 faixas,"The Same Way" e "The Supernatural", esta última já aqui recordada.




Em 1967, Peter Green forma os Fleetwood Mac e ainda antes da edição do primeiro álbum em 1968, é editado o primeiro Single onde o tema em destaque se recorda hoje, "I Believe My Time Ain't Long".
"I Believe My Time Ain't Long" é no original "I Believe I'll Dust My Broom" um Blues de 1936 de Robert Johnson, várias versões e 31 anos depois eis a interpretação dos Fleetwood Mac.



Fleetwood Mac - I Believe My Time Ain't Long

quarta-feira, 27 de abril de 2016

John Mayall & the Bluesbreakers - I Can't Quit You Baby

O British Blues

Lê-se em "O Mundo da Música Pop" que Bob Dawbarn, do jornal "Melody Maker", começou , a 5 de Outubro de 1968, a série de artigos "The British Blues style" da seguinte maneira:
"Duas de cada cinco cartas que a revista «Melody Maker» recebe referem-se a blues.
Centenas de cartas foram enviadas por ocasião da última Convenção de Blues celebrada em Londres, no decurso da qual foram discutidas e escutadas as mais diversas formas de blues.
Inclusivamente, foi fundada uma «Federação Nacional de Blues».
A popularidade de John Mayall, Peter Green, Fleetwood Mac e de outros músicos e conjuntos, converteu-se num mito.
O nosso último pop-poll, Eric Clapton, foi eleito o melhor músico do Mundo."

Tudo nomes importantes que ficaram ligados ao British Blues da década de 60 e aos quais voltamos sempre com o maior prazer.
Mais um Regresso ao Passado dedicado a John Mayall. John Mayall, actualmente com 82 anos, é um dos expoentes maiores do British Blues desde os inícios da década de 60. Desde 1963 que John Mayall e os seus Bluesbreakers constituem uma referência do melhor Blues-Rock que então se  praticava. John Mayall & the Bluesbreakes, com várias interrupções, por vezes somente John Mayall, e múltiplas formações, por lá passaram, para citar somente os mais conhecidos, Eric Clapton, Peter Green e Mick Taylor.




"Crusade", de 1967, era o 4º álbum, Eric Clapton e Peter Green já tinham partido. Conjuntamente com John Mayall, na voz, órgão, piano, harmonica e guitarra, estavam Chris Mercer e Rip Kant nos saxofones, Keef Hartley na bateria, Mick Taylor (então com 18 anos) na guitarra e e John McVie no baixo.

"Crusade" resistiu ao passar dos tempos e hoje ainda se ouve com todo o agrado, o melhor Blues praticado por músicos brancos encontrava-se nos Bluesbreakers e "Crusade" é disso um bom exemplo.
"I Can't Quit You Baby" é um standard do Blues escrito por Willie Dixon, em 1956, e que os Led Zeppelin também iriam recuperar no primeiro álbum em 1969. Agora é a vez de John Mayall & the Bluesbreakers, estávamos no ano de 1967.



John Mayall & the Bluesbreakers - I Can't Quit You Baby

terça-feira, 26 de abril de 2016

Alexis Korner's Blues Incorporated - Big Road Blues

O British Blues

Na exemplificação da complexidade que a música Pop-Rock atingiu na segunda metade da década de 60 utilizámos como amostras alguns temas dos The Beatles, Pink Floyd, Frank Zappa e The United States of America, muitos mais haveria a referir como por exemplo The Beach Boys, Captain Beefheart, The Doors ou voltando-nos para o Reino Unido, The Nice, Soft Machine, The Who, Yes, King Crimson, etc., etc..

De momento, seguindo a leitura de "O Mundo da Música Pop", interessa-nos aquilo que ficou conhecido na Grã-Bretanha como o "British Bues". Pode-se ler no referido livro:
"Aos anos do beat seguiram-se os anos do blues e a Grã-Bretanha viveu uma vaga de conjuntos musicais e de clubes. O ciclo repete-se: a música terá de permanecer no estado underground até que as empresas comerciais se fixem nelas. Mas aqui, é possível encontrar a mesma fonte do skiffle e da beat dos anos cinquenta, aquilo que possibilitou o rock'n'roll: o blues. O regresso ao blues é feito sob a forma de renovação. O esquema tradicional do blues recebe uma contribuição do «estilo britânico» que lhe vai alterar a estrutura."

Entre os nomes mais importantes, deste novo movimento, está, desde o início da década, um nome incontornável, Alexis Korner, apontado mesmo como "Father of British Blues".




É a Alexis Korner, ou melhor à sua Alexis Korner's Blues Incorporared que voltamos.
É longa a lista de nomes que passaram pelas formações de Alexis Korner e que se tornaram famosos:
Charlie Watts, Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Jimmy Page, John Mayall, Jack Bruce e Ginger Baker foram alguns, e claro sofreram a sua influência.
Enquanto todos eles vieram a ter sucesso reconhecido, Alexis Korner não alcança êxito comercial, nem o devido reconhecimento. Pode-se ler no sítio allmusic.com:
"Korner soldiered on, but the explosion of British rock in 1963, and the wave of blues-based rock bands that followed, including the Rolling Stones, the Animals, and the Yardbirds undercut any chance he had for commercial success."

Sem êxito comercial o álbum de 1966 "Sky High" é um disco extraordinariamente espontâneo com temas de Blues e Rhythm'n'Blues com arranjos, por vezes, próximos do Jazz. Para além de Alexis Korner, na guitarra e voz, de referir a presença de Danny Thompson e Terry Cox, no baixo e bateria, respectivamente, futuros elementos do quarteto de Folk-Jazz Pentangle entre 1968 e 1973.

Ao álbum "Sky High", de 1966, vamos buscar o tema para hoje, "Big Road Blues", o som dos Blues vindo da Grã-Bretanha.



Alexis Korner's Blues Incorporated - Big Road Blues

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Frank Zappa - Sink Trap

Continuamos, mais uma vez, com Frank Zappa e o seu experimentalismo.

"Frank Zappa, o mais conhecido seguidor de Edgar Varèse no momemto actual, fez suas experiências nos mais vanguardistas músicos electrónicos e elabora a sua música dentro da técnica da collage electrónica. Portanto, podem descobrir-se citações de obras de Prokofiev, Stravinsky, Lester Lannin, Gunter Schuller, John Coltrane, Arthur Honeger, Henry Manciny, etc. Tudo isso está reunido no disco de Zappa com o título de Lumpy Gravy.", afirmava-se em "O Mundo da Música Pop".

Depois de 2 discos gravados com The Mothers of Invention, "Lumpy Gravy" é o primeiro LP a solo de Frank Zappa e foi editado no ano de 1967. No disco, gravado para a Capitol, Frank Zappa, por razões contratuais com a MGM, não toca qualquer instrumento, somente conduz a orquestra, para o efeito designada Abnuceals Emuukha Electric Symphony Orchestra; "Lumpy Gravy"seria no ano seguinte revisto e reeditado pela Verve Records (MGM).


Lumpy Gravy - 1967 - Capitol

Lumpy Gravy - 1968 - Verve

Para "Lumpy Gravy" são referidas influências de Stravinsky, John Cage e Varèse, sendo a segunda edição aquela que apresenta, em nosso entender, complexidade acrescida. "Lumpy Gravy" parte 1 e 2, de aproximadamente 16 minutos cada, subdivididas num total de 21 fragmentos "colados" de canções Pop, manipulação de sons, conversas de pessoas perto das cordas do piano (the piano people), extractos de música de orquestra, assim se faz a versão de 1968 deste álbum inicial de Frank Zappa.

Em "O Mundo da Música Pop" podia-se ler: "As influências da música «séria» são convenientemente mescladas com coros infantis, reclamos de vendedores do mercado e cruas orgias de rock, tudo isso distorcido com efeitos electrónicos até à exaustão, à quase ininteligibilidade."
Como amostra de "Lumpy Gravy" de 1967, a escolha recai sobre "Sink Trap"


Frank Zappa - Sink Trap

domingo, 24 de abril de 2016

The United States of America - Hard Coming Love

A multiplicidade de instrumentos e complexidade técnica acrescida na produção das gravações dos grupos Pop-Rock em meados dos anos 60 veio dificultar a sua reprodução ao vivo. Se uns deixaram de actuar ao vivo outros persistiram nas suas actuações.
Diz no livro "O Mundo da Música Pop":
"Os Beatles deixaram de actuar em público, dado que as suas canções eram tão complicadas que já não era possível executá-las ao vivo. Mas o facto de que nem sempre há-de haver uma separação entre a actuação pública  a gravação nos estúdios, demonstra-o as actuações de conjuntos como Mothers of Invention, Pink Floyd ou United States of America."

The Mothers of Invention e os Pink Floyd já são nossos conhecidos, é agora oportunidade para recuperar este estranho e obscuro grupo que deu pelo nome de The United States of America.
Com origem em Los Angeles, e de curta duração (1967-1968), praticavam um Rock com muita electrónica e eram profundamente experimentais, se  acrescentarmos algum psicadelismo, então em voga, estaremos perto do som praticado por este quase desconhecido grupo.

The United States of America terão sido mesmo o primeiro conjunto a utilizar o "Moog", sintetizador de música electrónica inventado por Robert Moog, que viria posteriormente a ser popularizado por diversos grupos com destaque, em particular para os Emerson, Lake and Palmer.

O conjunto fundado por Joe Bird, e que tinha na voz suave de Dorothy Moskowitz a cantora principal, gravaram um único álbum editado em 1968.




O som dos The United States of America é assim descrito em "O Mundo da Música Pop":
"Ouves um movimento do instrumento de sopro, que toca contra Kalliope, contra outros instrumentos de sopro e todos a diferentes velocidades. A letra parece o produto de uma mistura de vários discos. A voz de Dorothy, é todavia, delicada, emerge de tudo isso. A fita do cantor é passada através do modulador para que seja misturada com um tom pré-existente, ou seja, o filtro da banda dá-lhe um tom mais rico, narrativo, que se mantém presente no meio do acompanhamento musical. O efeito corresponde exactamente ao texto; a voz surge de repente incorpórea, fluindo do vazio."

"Hard Coming Love" fica como exemplo da música praticada pelos The United States of America.




The United States of America - Hard Coming Love

sábado, 23 de abril de 2016

The Beatles - I Am the Walrus

A crescente complexidade na gravação dos conjuntos Pop-Rock em meados dos anos 60 foi notória por volta de 1967 quando alguns grupos começaram a ser mais exigentes com a produção das suas composições evoluindo para arranjos que ultrapassavam o habitual quarteto de bateria, guitarra solo, rítmica e baixo. A tecnologia disponível veio dar um significativo contributo.
Dos The Beatles e The Beach Boys a grupos como The Mothers of Invention e Pink Floyd, são inúmeros os exemplos que se podiam arranjar para ilustrar essa nova realidade.

O livro "O Mundo da Música Pop", que vimos seguindo, refere:
"O tempo empregue na produção dos últimos discos pop, multiplicou-se. Assim, por exemplo, o conjunto Beach Boys teve que trabalhar durante 90 horas para conseguir gravar a canção Good Vibrations. Afirma-se ainda, que os Beatles gastaram quase novecentas horas para gravar o álbum Magical Mystery Tour. Só para uma parte do LP After Bathing at Baxter's dos Jefferson Airplane, a voz de Marty Balin teve de ser gravada cinquenta vezes. Antigamente, bastava uma ou duas sessões no máximo, para a produção de um disco."


Por parte dos The Beatles essa crescente complexidade musical foi bem patente a partir de 1965, tendo em "Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band" uma das suas expressões maiores. O produtor George Martin (1926-2016), considerado o 5º Beatle, teve um papel preponderante no enriquecimento musical de uma boa parte da discografia dos The Beatles.





Depois de "Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band", The Beatles realizaram o filme "Magical Mystery Tour", donde saíram 6 novas canções. Em Inglaterra material insuficiente para um novo álbum deu origem a um duplo EP enquanto que nos Estados Unidos é editado em álbum onde são adicionadas algumas canções editadas em Single no ano de 1967.

O papel da produção continua a ser manifesto, tendo George Martin em, por exemplo, "I Am the Walrus" acrescentado um coro de 16 elementos e arranjos orquestrais com violinos, violoncelos e clarinete.
É com "I Am the Walrus" que completamos este Regresso ao Passado.



The Beatles - I Am the Walrus

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pink Floyd - Set the Controls for the Heart of the Sun

"Enquanto Frank Zappa trabalha dentro de um sistema de selecção artificial, unindo os diversos fragmentos, a música do conjunto londrino Pink Floyd desenvolve-se de forma mais orgânica. Este conjunto produz os seus efeitos sonoros directamente e não no estúdio, para os quais utilizam instrumentos técnicos especiais" lê-se em "O  Mundo da Música Pop", a propósito da crescente complexidade nas gravações de alguns conjuntos Rock, tendo então o jornal Melody Maker questionado se "Estão a matar a música Pop?".

Na realidade os primeiros álbuns dos Pink Floyd manifestam uma saudável criatividade que nos levava de canções de uma simplicidade extrema a composições de uma complexidade até então desconhecida no meio Pop-Rock.

"Nós tocamos a música que nos agrada e aquilo que tocamos é inédito. Creio que nos podíamos chamar a orquestra da nova direcção. Se tivéssemos que nos caracterizar a nós próprios, diríamos que os Pink Floyd são a luz e o som. Ambos os meios se completam mutuamente e nós utilizamo-los não só como espectáculo", citação de Roger Waters na mesma fonte.
E ainda a propósito do segundo álbum:
"O seu segundo LP A saucerful of secret, é qualificado pela revista «Sound» como «mágica expedição misteriosa ao reino dos sons inauditos».





A gravação do 2º LP do grupo vai coincidir com a saída de Syd Barrett e a entrada de David Gilmour, sendo portanto o único disco dos Pink Floyd onde se pode ouvir os cinco músicos.
"Set the Controls for the Heart of the Sun", composto por Roger Waters, é mesmo o único tema dos Pink Floyd onde aparecem os cinco músicos, a saber: Roger Waters - voz, baixo e gongo; Richard Wright - teclados; Nick Mason - bateria; Syd Barrett - guitarra; David Gilmour - guitarra.

"Set the Controls for the Heart of the Sun", uma bela amostra da música electrónica experimental que os Pink Floyd então tão bem exploravam.



Pink Floyd - Set the Controls for the Heart of the Sun

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Frank Zappa - Peaches en Regalia

Mais um Regresso ao Passado dedicado a Frank Zappa.

De retorno também ao livro "O Mundo da Música Pop" cujo capítulo "Arrebatar o poder aos velhos: Frank Zappa" começa assim:
"O conjunto mais popular da música pop chama-se Mother of Invention. O seu fundador e director, fonte de ideias e em parte, seu empresário, alcançou o seu êxito na Europa através de uma foto publicada na «International Times»: nela se via Frank Zappa numa retrete."

À parte considerar os Mother of Invention o conjunto mais popular, o que não me parece de todo que alguma vez o tenha sido, o que me chamou mais a atenção foi a referência à foto de Frank Zappa numa retrete, o que me fez recuar aos meus tempos de estudante de Coimbra (1973-1978). Na realidade lembrava-me bem dessa foto em forma de poster que estava colocado no então pouco mais que tasco, e hoje afamado, Zé Manel dos Ossos. É ao blog "aventar" que vou buscar o referido poster, alguém que, como eu, passou noutros tempos no tal Zé Manel dos Ossos.




Nesse tempo o disco de Frank Zappa que então mais apreciava era "Hot Rats", o segundo álbum a solo, editado em 1969.
"Hot Rats" é um álbum de fusão próximo do Jazz e conta com a colaboração, entre outro, de músicos como Captain Beefheart, Ian Underwood e os violinistas Sugarcane Harris e Jean-Luc Ponty. Recordamos o instrumental "Peaches en Regalia", a faixa de abertura, que tão boas memórias nos traz.



Frank Zappa - Peaches en Regalia

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Conjunto Zoo - Nobody Knows You When You're Down and Out

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

O Conjunto Zoo existiu nos últimos anos da década de 60 e deixou-nos como registo sonoro a edição de um único EP que é o motivo de hoje para este Regresso ao Passado.
O Conjunto Zoo, do qual fez parte o conhecido baterista Guilherme Inês que mais tarde passou pelos Chinchilas e pelos populares Salada de Fruta, fugiam, em termos de sonoridade, ao mais comum Pop-Rock da época.

Assim, o referido EP, é marcado por versões de 4 interessantes temas que são:

- "Lovey Dovey Kind of Love" de Breton Wood (1968) - Soul
- "I Was Made to Love Her" de Stevie Wonder (1967) - Soul
- "Baby, Come Back dos The Equals" (1966) – Rock
- "Nobody Knows You When You're Down and Out" de Jimmi Cox (1923) – Blues

A revista de cinema "Celulóide" nº 134, de Fevereiro de 1969,  assinala a edição deste disco de forma muito sumária:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5405
MARCA: Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa
TEMAS E INTÉRPRETES: É um novo conjunto moderno que interpreta «Lovy Dovey Kind of Lovy», «I Was Made to Love Her», «Baby, Come Back» e «Nobody Knows You When You're Down and Out».






Porque gostamos particularmente de "Nobody Knows You When You're Down and Out", que já recordámos nas versões de Bessie Smith e Carlos Mendes, ficamos com mais uma versão, desta vez dos simpáticos Conjunto Zoo.



Conjunto Zoo - Nobody Knows You When You're Down and Out

terça-feira, 19 de abril de 2016

Os Espaciais - O Circo

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Os anos de 1966 e 1967 foram particularmente activos, quer em espectáculos que em gravação de discos, por parte do conjunto portuense Os Espaciais.
Neste período foram gravados 3 EP, dos quais já aqui demos conta, falta o último EP editado em 1968.
Neste último 4º EP retomam a designação de Conjunto Académico com um único e bem conseguido tema em português de nome "Circo".





É mais um disco do Pop-Rock nacional a merecer a referência da revista de cinema "Celulóide" nº 134 de Fevereiro de 1969. Era o seguinte texto então publicado na rubrica, já não DISCOS nem DISCOTECA, mas agora Discos Ligeiros:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5394
MARCA: Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa
TEMAS E INTÉRPRETES: É o quarto disco deste Conjunto Académico e inclui o «Circo», «When I'm Sixty Four», «Take Me Back, Back, Back» e um arranjo original de um canto gregoriano «Dies Irae».




Ficamos então com o muito interessante "Circo" que, diria, faz lembrar a Filarmónica Fraude que nesse mesmo ano se formaria.



Os Espaciais - O Circo

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os Tártaros - Magic Moment

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

De volta a Os Tártaros, agora ao 4º e último EP gravado no ano de 1967.



Os Tártaros, originários do Porto, foram dos mais interessantes conjuntos Pop-Rock a assimilar as diversas influências musicais, que nos anos 60, então nos chegavam.
À semelhança de Os Titãs, também do Porto, e do Conjunto Mistério de Lisboa, para citar somente os mais interessantes, começaram por dedicar-se a versões de músicas populares actualizadas aos novos ritmos (Oh! Rosa Arredonda a Saia) mas rapidamente enveredam por temas originais. É o que acontece no 4º EP que hoje recordamos.

Na rubrica DISCOTECA da revista de cinema "Celulóide", nº 117 de Setembro de 1967 lá se encontrava este EP de Os Tártaros com o seguinte texto:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5356 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS INTERPRETADOS: «Magic Moment», «Não quero ir à tua festa», «Since I've Lost my Mind» e «Não quero nada» 
O QUE PENSO: Conjunto moderno. Gostámos do seu primeiro disco, o EPF  5242. Rapsódia prossegue no seu lançamento."




Duas canções em português e duas em inglês constituem este 4º EP, talvez o menos interessante do conjunto. Na dificuldade da escolha ficamos pela primeira canção "Magic Moment". O disco não conheceu o sucesso e pouco depois Os Tártaros terminavam, sem que antes, na mudança de músicos, tivesse por lá passado o André Sarbib.



Os Tártaros - Magic Moment

domingo, 17 de abril de 2016

Os Espaciais - I'm a Man

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Já aqui demos a conhecer (ou a recordar) o conjunto Os Espaciais, é tempo de voltar, novamente,  a este simpático conjunto portuense dos anos 60

De acordo com a “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”:
“O grupo interpretava um repertório de música popular internacional e êxitos de pop-rock da década de 60, numa altura em que a actividade dos conjuntos se desenvolvia principalmente em festas populares e de estudantes. O grupo participou no I Festival de Yé-Yé (Lisboa, Teatro Monumental, Abr. 1966), obtendo o segundo lugar.”

Para a história ficam 4 EP gravados entre 1966 e 1968. Vamos directos para o 3º EP de 1967 composto por 4 temas originais, dois cantados em português e dois em inglês.




O EP merecia referência no nº 112, de Abril de 1967, da revista de cinema “Celulóide” que assim o considera:
"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5344 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Óptima.
TEMAS INTERPRETADOS: «Espero», «You Run Away», «I'm a Man» e «Só eu Sei».
O QUE PENSO: Um quinteto com possibilidades de novos êxitos em próximos voos espaciais."





É nos temas em inglês que estão melhor, em particular em “I’m a Man”, e que facilmente se confundiria com qualquer tema pop de qualquer um dos muitos conjunto estrangeiro que por cá então se ouvia.


Os Espaciais - I'm a Man

sábado, 16 de abril de 2016

Conjunto Académico Ruy Manuel - Vieste Dançar

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Continuando com a rubrica  DISCOTECA (nova designação, anteriormente era DISCOS) que a revista de cinema "Celulóide" incluiu durante alguns anos da década de 60 com o destaque de alguns discos editados em Portugal pela editora Rapsódia do Porto, principalmente de folclore mas também de Pop-Rock.

No nº 111 de Março de 1967 coube a vez ao único EP lançado pelo Conjunto Académico Ruy Manuel já aqui anteriormente abordado. Era o seguinte o texto:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5328 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS INTERPRETADOS: «Fuga», «Hello», «Vieste dançar» e «Mas nada virá», todos de Manuel Barros.
INTÉRPRETES: Manuel Barros (viola-solo), Carlos Cunha (viola-baixo), António Teixeira (piano-órgão) e Agostinho Henriques (bateria)
O QUE PENSO: Um disco bastante prometedor de mais um conjunto de quatro jovens estudantes, que interpretam composições originais."





Este EP é, reconheçamos, desinspirado e pouco interessante e portanto não prometedor conforme o pretendido, cópia fraca das sonoridades Pop importadas. Para ouvir, depois de já termos recuperado o instrumental "Fugas", mais um Shake, desta vez "Vieste Dançar".



Conjunto Académico Ruy Manuel - Vieste Dançar

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Os Cinco Bambinos - El Choclo

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Na revista de cinema “Celulóide” nº 104 de Agosto de 1966 a referência ao EP de Os Cinco Bambinos aparecia juntamente com os EP de Júlio Marinho e seu Conjunto Musical e o Grupo Folclórico de S. Paio o que nos ajuda a ter uma ideia da produção musical que nessa época por cá se fazia.

Deste conjunto formado na região do Porto, que nos deixou um único EP gravado, pouco se sabe. Segundo Luís Pinheiro de Almeida, em "Biografia do Ié-Ié", constituíram-se em 1960, tocaram em restaurantes e hotéis e chegaram a participar por três vezes na televisão. Terminaram na sequência do serviço militar obrigatório.

A avaliação que  a revista de cinema na rubrica DISCOS efectuou, ao EP então editado era a seguinte:
"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5310
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS INTERPRETADOS: Ritmos Modernos.
O QUE PENSO: Rapsódia tem prestado aos conjuntos jovens relevantes serviços e tem ajudado a revelar a música moderna, hoje «Os Cinco Bambinos», ontem Bártolo Valença, Os Tártaros, Blusões Negros, Os Espaciais, Os Álamos. A juventude é estimulada com este disco e com os mais que temos apreciado."




Em relação a este EP já recuperámos a versão de “I Call Your Name”, tema menos conhecido da discografia dos The Beatles, e, recordo, não deixou grande saudade dada a menor qualidade da interpretação.
Não sendo, efectivamente, um disco muito estimulante, mesmo assim escolhemos mais um tema.
“El choclo” é um tango bem popular do início do século XX que Os Cinco Bambinos incluem no EP.

Nos anos 60 não havia baile que se prezasse que não tivesse os seus tangos para agradar aos menos novos, sendo os mesmos travestidos com a sonoridade da época, ou seja, com as roupagens dos The Shadows sempre presentes. Esta versão de Os Cinco Bambinos é disso testemunho e digno de qualquer bailarico no mais recôndito lugarejo. Ora ouçam e dêem o vosso pé de dança.



Os Cinco Bambinos - El Choclo

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Os Espaciais - Contradição

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

O mesmo nº da revista de cinema "Celulóide", que fazia referência ao disco primeiro EP do conjunto Álamos, trazia também a crítica a um EP do conjunto Os Espaciais que teve a colaboração de Berta Monteiro.
Dizia assim o nº 101 de Maio de 1966:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5299 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS INTERPRETADOS: Arranjos modernos do show «Contradição», da canção «Ele e Ela» do Canelhas, do surf «Não, não, não, não» e do samba «Meu ex-amor».
VOCALISTA: Berta Monteiro canta num estilo que se integra no conjunto.
O QUE PENSO: Este 2º disco de «Os Espaciais» confirma as nossas esperanças do comentário ao 1º disco, no nº 100."




Ao que consegui apurar este EP foi reeditado em 1969 com nova capa e com a troca da canção "Ele e Ela" por "Silêncio" do 1º EP. No conjunto destacava-se Toni Moura, mais tarde do grupo Psico e já nos anos 70 ao grupo de Rock progressivo Tantra.




Quanto a Berta Monteira, de acordo com o Blog Ié-Ié, na contra-capa do EP constava:
"No mundo do disco, surge uma vedeta da canção nacional, Berta Monteiro, magistralmente acompanhada pelo jovem Conjunto Académico Os Espaciais, considerado muito justamente pela crítica como um dos melhores da especialidade - Berta Monteiro canta para os seus inúmeros admiradores quatro bonitos trechos destinados a obterem assinalado êxito. Mais uma revelação fonográfica de Discos Rapsódia, Lda."

Para audição ficamos com a primeira faixa do disco, "Contradição".



Os Espaciais - Contradição

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Álamos - Taste of Honey

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

O Conjunto Universitário "Os Álamos", ou mais tarde somente Álamos, foi um conjunto de Pop-Rock formado em Coimbra em 1963.

É de 1966 o primeiro EP constituído por quatro temas, um Locomotion, um Moderato, um Slow e um Shake conforme informação da contra-capa.
Este disco não passou despercebido à rubrica DISCOS da revista de cinema "Celulóide" que no seu nº 101 de Maio de 1966 assim o descrevia:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5305 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS INTERPRETADOS: «Baby It´s You», «Taste Of Honey», «The Night Before» e «Comboio» em arranjos especiais.
O QUE PENSO: O Conjunto Universitário «Os Álamos» tem já certa popularidade nos meios da música ligeira. Constituídos por cinco estudantes de Coimbra, este seu primeiro disco que apreciamos possui qualidades artísticas evidentes."




Para além do tema em português “O Comboio”, composto pelo José Cid, o EP tinha mais 3 faixas todas em inglês, a saber: “Baby It´s You”, “Taste Of Honey” e “The Night Before”. Os três temas eram gravações dos The Beatles, mostrando assim a progressiva importância destes na cena musical portuguesa, em detrimento da anterior esmagadora presença dos The Shadows. As duas primeiras canções são do 1º álbum de 1963 “Please Please me” e a terceira do álbum “Help” de 1965.




A escolha para hoje vai para “Taste of Honey” que por sinal não é um original de Lennon/McCartney. “Taste of Honey” é no original um tema instrumental escrito em 1960 para a peça da Broadway com o mesmo nome, sendo a versão mais popular a de Herb Alpert & the Tijuana Brass.
A nossa, a dos Álamos, é a versão vocal que tem origem em Lenny Welch de 1961 e posteriormente retomada pelos The Beatles, ora aí vai.



Álamos - Taste of Honey

terça-feira, 12 de abril de 2016

Os Tártaros - Pistoleiro

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Os Tártaros formados em Fevereiro de 1964 na cidade do Porto figuravam entre os conjuntos Pop-Rock mais populares da década de 60.
Em Julho de 1965 em entrevista à revista Plateia afirmavam:
"O aperfeiçoamento e a valorização da música portuguesa no nosso ritmo e género, eis o que presentemente procuramos realizar, ora com composições nossas, ora com adaptações."
Também em 1965 editam o terceiro EP composto por quatro composições originais.

Face à popularidade do conjunto não é pois de estranhar que este disco fosse referido, apesar de maioritariamente dedicada a conjuntos folclóricos, na rubrica DISCOS que a revista "Celulóide" passou a incluir em meados dos anos 60.



Temos então mais uma oportunidade de voltarmos a Os Tártaros, era o terceiro EP do conjunto e em Março de 1966, no nº 99, a revista de cinema “Celulóide” referia-se-lhe assim:

REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / E PF 5282 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
CARÁCTER DA INTERPRETAÇÃO: em ié-ié, moderna, atrevida, mas bem ritmada.
QUALIDADE DO REGISTO: Perfeito.
O QUE PENSO: É o terceiro disco Rapsódia deste conjunto cujo êxito junto das camadas da juventude é já indiscutível.”




Dois Shakes, um Madison e um Surf constituem este disco, segue "Pistoleiro", era um dos dois Shakes.



Os Tártaros - Pistoleiro

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os Blusões Negros - Tango dos Barbudos

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

Aproveitemos então as apreciações aos discos editados que a revista de cinema "Celulóide" passou a incluir na segunda metade dos anos 60, para lembrar mais alguns conjuntos e canções da música Pop-Rock feita em Portugal.

No nº 98 de Fevereiro de 1966 entre os discos de folclore aparecia o EP de Os Blusões Negros que já anteriormente recuperámos e a apreciação era a seguinte:

"REFERÊNCIA: 45 R. P. M. / EPF 5290 Rapsódia
QUALIDADE TÉCNICA: Boa
TEMAS INTERPRETADOS: Arranjos em ritmo Ié-Ié  de Jorge Melo de «Tequilla», «Coimbra Menina e Moça», «Toada Beirã» e «Tango dos Barbudos».
O QUE PENSO: Os «Blusões Negros» são 4 jovens que constituíram um agrupamento de guitarras há 4 anos, sendo este o seu primeiro disco. Merecem o carinho do público. Revivem em ritmos modernos êxitos como «Tequilla»."






Do Shake "Tequilla" já demos conta, vamos agora para um Tango, o "Tango dos Barbudos".

O tango era uma dança muito popular em qualquer baile daquela época e os conjuntos começaram a incluir versões dos tangos mais populares em versões Pop aprazíveis aos ouvidos quer dos mais novos quer dos mais velhos.

O tango que recordamos foi extremamente popular e preenche com certeza a memória de todos os que viveram aquela época.

No blog “Anomalias” alguém a propósito do “Tango dos Barbudos” recorda os bailes na aldeia, assim:
“Era um ritual muito interessante: com o indicador apontavam para ela, depois para ele (o próprio) e depois giravam o indicador como se estivesse a rodopiar. A menina ou fazia que não com a cabeça, ou levantava-se e ia ter com o par, ensaiando já alguns passos de dança. A mãe vigiava quantas vezes a filha dançava com o mesmo, se era de boas famílias ou não e se andaria com boas intenções... E advertia a filha: cuidado com os avanços, olhó respeito, filha, olhó respeito.”

Quanto à versão de Os Blusões Negros,  dá para nos transportarmos umas boas décadas atrás e, com ou sem respeito, aproveitar e dar um passo de dança. Ora vamos lá.



Os Blusões Negros - Tango dos Barbudos

domingo, 10 de abril de 2016

Os Morgans - Uma Casa Portuguesa

A música Pop-Rock portuguesa na revista de cinema "Celulóide" nos anos 60

"Celulóide" foi uma revista de cinema que se publicou entre Dezembro de 1957 (preço 4$00) e Março de 1986 (preço 100$00).
No período que vai de Janeiro de 1966 a Junho de 1971 manteve com regularidade uma rubrica destinada à divulgação de discos por cá editados. Os fonogramas que mereciam realce iam da música folclórica à música clássica, passando pela música ligeira e popular e é interessante ver qual era o panorama das edições que então eram destacadas.

Eis uma lista, não exaustiva:
Rancho Típico de Pombal
Isolina Granja
Grupo Folclórico S. Martinho da Gandara
Fernando Ribeiro e Fontes Rocha
Grupo Folclórico de Dem
Os 3 de Portugal
Isabel de Oliveira
Trio Guadiana
Jorge Tuna
Rancho Típico de Paleão/Soure
Júlio Marinho e seu Conjunto Regional
Grupo Folclórico de S. Paio
Grupo Folclórico da Ribeira – Ovar
Grupo Folclórico de Afife
Maria Lisboa
Rancho Folclórico da Trofa
Rancho Folclórico de Castelo e Paiva
Grupo Folclórico de Ponte da Barca
Grupo Folclórico da Correlha
Grupo das Lavradeiras de Oleiros
António Bompastor
Maria Albertina e seu Conjunto
Conjunto Regional Costa Verde
Maria José
Banda de Revelhe
Grupo Folclórico da Corredoura
Conjunto Típico «Os Picassos da Maia»
Conjunto Hilário Santos
Os Cinco de Portugal
Rancho da Esturdia dos Camponeses de Godinhaços
Conjunto Típico «Luz e Vida»
Valdemar Vigário
Rancho Folclórico «As Lavadeiras de Sabugo»
Conchinha de Mascarenhas
Conjunto Típico Soldados da Paz
Banda da Sociedade Filarmónica «Lida Madalense»

Em Novembro de 1967, primeiras referências à música Clássica:
Serge Prokofiev
Nicolo Paganini
Dimitri Chostakovitch

Alguns números depois:
J. S. Bach
Tchaikovsky
Em Novembro de 1969 referência ao LP «Z» de Mikis Theodorakis, banda sonora do filme com o mesmo nome de Costa Gavras. Em Dezembro do mesmo ano destaque para 3 LP “Le Chant du Monde”: “Chants du Monde”, “Canciones para mi America” e “Atahualpa Yupanqui”.

A música pop também vai aparecer, embora de uma forma tímida e por pouco tempo:
Os Morgans
Blusões Negros
Os Tártaros
Os Álamos
Os Espaciais
Os Cinco Bambinos
Conjunto Académico Ruy Manuel




No Nº 97 de Janeiro de 1966 é referido o 2º EP do grupo Pop Os Morgans que aqui já tiveram passagem com a faixa "Canção do Mar". A crítica era a seguinte:

“QUALIDADE TÉCNICA: Boa.
TEMAS  INTERPRETADOS:
Arranjos modernos das composições «Uma casa portuguesa» de Artur Fonseca, «Vou andar por aí» de Newton Chaves, «Lisboa antiga-Coimbra» de Raul Ferrão e «Canção do mar» de F. Trindade.
CARÁCTER DA INTERPRETAÇÃO: Viva, jovem em rock ou slow.
QUALIDADE DO REGISTO: Feliz e equilibrado.
O QUE PENSO: Em conclusão: - um disco de um conjunto bastante prometedor."





Oportunidade para ouvir "Uma Casa Portuguesa", a canção popularizada pela Amália Rodrigues, em ritmo Pop.



Os Morgans - Uma Casa Portuguesa

sábado, 9 de abril de 2016

The Mamas and The Papas - Dancing in the Street

Monterey International Pop Festival 1967


John Phillips tinha sido o principal mentor do Festival, era a ele que competia encerrá-lo.
Coube assim a The Mamas and The Papas a última actuação no Festival de Monterey de 1967, foi na noite de 18 Junho.
John Philips (1935-2001), a esposa Michelle Phillips (1944-), Denny Doherty (1940-2007) e finalmente Cass Elliot (1941-1974) constituíram este quarteto predominantemente vocal The Mamas and the Papas e a meio da década de 60, com a mistura suave que fizeram do Folk, do Rock e da Pop, encantaram toda uma juventude com canções eternas como "California Dreamin'", "Monday, Monday" ou "Dedicated To The One I Love".
Tiveram em Monterey uma das suas melhores actuações e, em particular, Cass Elliot manifestava uma enorme alegria e boa disposição.




Terminam com o contagiante "Dancing in the Street", um original na interpretação de Martha and The Vandellas de 1964, mais tarde sucesso na versão de Mick Jagger com David Bowie.

"“We’re gonna have this Festival every year,” said Mama Cass, “so you can stay if you want.” The roar of renewed applause almost convinced me that the crowd would patiently wait through the summer, fall, and winter, never stirring until next June." escreveu o já anteriormente referido escritor e músico Michael Lydon.
Terminava assim o primeiro Festival Internacional Pop de Monterey de 1967 sob o lema "Music, Love and Flowers".



The Mamas and The Papas - Dancing in the Street

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Scott McKenzie - San Francisco

Monterey International Pop Festival 1967


Os três dias do Festival de Monterey decorreram sob o lema "Music, Love and Flowers" e ficou como um marco na história da música popular do século XX. John Phillips, o principal organizador do Festival e membro dos The Mamas and The Papas disse (em montereyinternationalpopfestival.com):
"I think it changed a lot of things. I think it changed a lot of people's attitudes toward music. It gave the world na opportunity to heard just what was here on this planet. Like Cass once told me, she said 'Monterey wil have the legend'".

Scott Mckenzie (1939-2012) era amigo de John Phillips e foi ele que lhe sugeriu, enquanto organizava o Festival, que escreve-se uma canção para a sua promoção. Assim nasceu "San Francisco (Be Sure to Wear Some Flowers in Your Hair)", editada em Maio de 1967. O êxito é o que se sabe, ficou uma das canções mais populares daquela época, tornando-se um símbolo da contracultura dos anos 60.




É, a 18 de Junho no Festival de Monterey, durante a actuação dos The Mamas and The Papas que Scott McKenzie se junta ao grupo para interpretar "San Francisco (Be Sure to Wear Some Flowers in Your Hair)". O Festival estava quase  a chegar ao fim.



Scott McKenzie - San Francisco

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Jimi Hendrix - Wild Thing

Monterey International Pop Festival 1967


A seguir à actuação dos Grateful Dead, cabe a Brian Jones (1942-1969), fundador e líder dos The Rolling Stones, a apresentação do músico seguinte, nada mais, nada menos, que Jimi Hendrix.

Jimi Hendrix (1942-1970), natural de Seattle, muito cedo começou a tocar guitarra e durante vários anos integrou várias formações de Rhythm'n'Blues. Foi em 1966, quando se mudou para Londres e formou o trio The Jimi Hendrix Experience, que alcançou a fama com temas como "Hey Joe", "Purple Haze" e "The Wind Cries Mary" e ainda com o LP "Are You Experienced" editado no mês anterior ao Festival de Monterey.

Depois da actuação dos Grateful Dead, "Could anybody come on after the Dead? Could anyone or anything top them? Yes, one man: Jimi Hendrix, introduced by Brian Jones as “the most exciting guitar player I’ve ever heard.” referia o crítico e músico norte-americano, Michael Lydon.



Foi de calças vermelhas, um colete preto e amarelo sobre uma camisa amarela de folhos que Jimi Hendrix se exibiu naquela noite de 18 de Junho de 1967 marcando o seu reconhecimento nos Estados Unidos.
Já distante do Blues mais tradicional e com um Rock mais pesado que a generalidade do praticado pelos grupos psicadélicos da época, Jimi Hendrix ou melhor The Jimi Hendrix Experience vão empolgar a assistência em Monterey.

A exibição terminou com Jimi Hendrix a sacrificar (leia-se incendiar) a guitarra, donde uma série de fotografias são hoje das mais iconográficas da história do Rock, e a atirar os restos para o público.
Aconteceu durante "Wild Thing", um original dos americanos The Wild Ones de 1965, e sucesso em 1966 na versão dos ingleses The Troggs.



Jimi Hendrix - Wild Thing

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Grateful Dead - Viola Lee Blues

Monterey International Pop Festival 1967

Na lista impressionante daqueles que passaram pelo primeiro Festival de Monterey, nos dias 16, 17 e 18 de Junho de 1967, não podia deixar de constar um dos grupos mais significativos do som de S. Francisco, os, agora, lendários Grateful Dead.
Somente com um álbum editado aquando da passagem por Monterey é a formação original, que poucas alterações sofreu ao longo dos tempos, que esteve presente: Jerry Garcia, guitarra e voz; Bob Weir,  guitarra e voz; Ron "Pigpen" McKernan, teclados, harmónica e voz; Phil Lesh, baixo e voz; Bill Kreutzmann, bateria.

Michael Lydon, escritor e músico, escreveu:
"... The Grateful Dead and they were beautiful. They did at top volume what Shankar had done softly. They played pure music, some of the best music of the concert. I have never heard anything in music which could be said to be qualitatively better than the performance of the Dead, Sunday night."




Da excelente actuação dos Grateful Dead recuperamos o tema longo "Viola Lee Blues", que encerrava o primeiro LP do grupo. O virtuosismo dos Grateful Dead ao vivo no Festival de Monterey.



Grateful Dead - Viola Lee Blues

terça-feira, 5 de abril de 2016

The Who - My Generation

Monterey International Pop Festival 1967


The Who, bastante populares em Inglaterra, nunca tinham estado nos Estados Unidos onde não eram tão bem conhecidos, a não ser, talvez, pela fama da irreverência e poder destrutivo que tinham em palco. É na última noite do Festival de Monterey, dia 18 de Junho de 1967, que The Who tiveram a sua grande apresentação ao público norte-americano

Apresentados por Eric Burdon, depois da suavidade dos Buffalo Springfield, os The Who tiveram uma actuação que, segundo Country Joe McDonald (montereyinternationalpopfestival.com)
"It was kind of a combination of wrestling and music".
Roger Daltrey  adornado com um xaile de flores cor-de-rosa rodopiava o microfone por cima da cabeça e cantava de uma forma potente, Keith Moon, como sempre, frenético na bateria, Pete Towshend exuberante na guitarra e o sempre sereno John Entwistle preparavam-se para conquistar a América.

Com 2 álbuns já editados, "My Generation" e "A Quick One", ainda longe do sucesso que tiveram a partir de 1969 com "Tommy", The Who tocaram algumas dos temas até então mais conhecidos: "Substitute", "Summertime Blues", "Pictures of Lily", "A Quick One", "While He's Away", "Happy Jack" e " My Generation".




No fim John Entwistle anuncia "My Generation" dizendo "This is where it all ends" , Towshend destrói a guitarra e Moon a bateria no meio de bombas de fumo.





Toda a revolta de uma juventude numa das canções mais significativas dos The Who, voltamos a "My Generation".



The Who - My Generation