quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Lou Reed – September Song

Os Meses do Ano em Canção


Volto a "September Song". Já a lembrei na  belíssima versão de Bryan Ferry, mas há mais que devem ser devidamente consideradas.

Lembro que esta canção foi composta por Kurt Veill (1900-1950) a pensar na sua esposa a cantora Lotte Lenya (1898-1981) tendo sido objecto de muitas interpretações. O original é cantada por Walter Huston em 1938 e a própria Lotte Lenya gravou-a em 1958. Também Bing Crosby e Frank Sinatra a cantaram e mais recentemente destaco as versões de Bryan Ferry (1999) que já recordei e a de hoje, uma versão improvável, ou talvez não, de Lou Reed.

 "Lost in the Stars: The Music of Kurt Weill" foi um álbum tributo a Kurt Veill editado em 1985 onde surge a versão de Lou Reed para "September Song".


https://www.discogs.com/


De início estranha-se, mas, aos poucos e poucos, esquecendo outras versões e focando-se no universo musical de Lou Reed, "September Song", ganha nova vida e a ela aderimos com facilidade.



Lou Reed – September Song

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Marianne Faithfull - Flaming September

   Os Meses do Ano em Canção


Não muito distante, no tempo, do Regresso ao Passado de ontem, recorde-se Fiona Apple com "Pale September" (1996), encontra-se Marianne Faithfull com "Flaming September" editado no ano anterior e incluído no álbum "A Secret Life".

A Marianne Faithfull de "As Tears Go By" (1965) já estava muito distante e a sua voz também já não tinha nada a ver, era frágil e melodiosa nos anos 60 e tornou-se áspera e grave logo nos anos 70, quer por problemas de saúde na garganta quer pelo consumo excessivo de drogas. O que é certo é que mesmo assim as suas melhores gravações datam do final dos anos 70 e década de 80 onde destaco os álbuns "Broken English" (1979) e "Strange Weather" (1987). Entre cinema, TV e a música, mais ou menos bem recebida, se tem desenvolvido a sua carreira, recentemente esteve hospitalizada com COVID-19 e já este ano foi editado o seu último trabalho, "She Walks in Beauty", em colaboração entre outros com Warren Ellis, Brian Eno, e Nick Cave, onde declama poesia de autores ingleses do século XIX.


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Para "A Secret Life" Marianne Faithfull teve a colaboração de Angelo Badalamenti cuja sonoridade etérea e algo misteriosa nem sempre resulta bem neste disco. A excepção vai para "Flaming September" onde a combinação entre os dois melhor resulta.



Marianne Faithfull - Flaming September

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Fiona Apple - Pale September

  Os Meses do Ano em Canção


Quando em 1996 Fiona Apple editou o seu 1º álbum, "Tidal", e apesar da recepção que teve, julgo que estaria longe de imaginar que em 2020 o seu mais recente trabalho, "Fetch the Bolt Cutters", estaria no topo de várias listas de melhores álbuns do ano e mais ainda que receberia uma chamada telefónica de Bob Dylan a convidá-la para participar no álbum "Rough and Rowdy Ways" que também sairia no mesmo ano.

Fiona Apple tem vindo a revelar-se uma agradável surpresa em áreas próximo do Jazz e no Pop experimental com potencial de desenvolvimento mas simultaneamente menos comerciais. É no seu disco de estreia,"Tidal", não tinha Fiona Apple ainda 20 anos, que encontro o tema de hoje "Pale September".


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Ao ouvir "Tidal", lembrei-me de uma outra grande artista, Laura Nyro (1947-1997), que há muito tempo não ouço. Recuperações a fazer... Para já é com "Pale September" que ficamos.

"Pale September, I wore the time like a dress that year

The autumn days swung soft around me, like cotton on my skin..."



Fiona Apple - Pale September

James Taylor – September Grass

 Os Meses do Ano em Canção


A discografia de James Taylor nos anos 70 deu-lhe um estatuto que perdurou através dos tempos até aos nossos dias. Tivesse ficado por aí e e a sua importância na música popular norte-americana permaneceria intacta. No entanto tal poderá ser injusto face à totalidade da sua obra discografia, que apesar de não ter tido o impacto que a daquela década teve, tem tido manifestos pontos de interesse, ouça-se, por exemplo "October Road" (2002), "Before This World" (2015) ou o mais recente "American Standard" (2020).

 Para este tema "Os Meses do Ano em Canção" recuei a "October Road", onde surge logo a abrir o álbum a canção "September Grass".


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Agora que o Sol começa a deitar-se mais cedo aproveitem este bem relaxante "September Grass", é James Taylor a fazer-nos lembrar outros tempos bem mais distantes.





James Taylor – September Grass

domingo, 26 de setembro de 2021

Van Morrison - September Night

Os Meses do Ano em Canção


Para estes últimos dias de Setembro volto ao tema "Os Meses do Ano em Canção" e não podia começar melhor, começo com Van Morrison e a sua "September Night".

Entre os sobreviventes da década de 60, Van Morrison terá sido um dos que melhor atravessou os anos 80. Foi com mestria que, naqueles anos dados a outras sonoridades onde militavam os Joy Division/New Order, Durutti Column, Young Marble Giants,The Specials, Joe Jackson, Dexys Midnight Runners, The Fall, U2, Echo and the Bunnymen, The Jam, Psychedelic Furs, Talking Heads, The Pretenders para citar os mais influentes, Van Morrison editou nada mais que 8 álbuns, alguns dos quais verdadeiramente imprescindíveis.



Edição em vinil portuguesa de 1983 com a ref:811 140-1


"Inarticulate Speech of the Heart", com influências diversas, que vão da música Celta ao Jazz, foi publicado em 1983 e é ainda hoje um prazer absoluto a sua audição, note-se o ambiente criado que convida à descontração e à meditação. Não tivesse 4 faixas somente instrumentais, o que julgo ser inédito na sua discografia, a ajudar na criação de uma atmosfera bem relaxante. Entre elas encontra-se "September Night" que agora proponho para uma destas últimas noite de Setembro.





Van Morrison - September Night

sábado, 25 de setembro de 2021

Jefferson Airplane - We Can Be Together

  a memória do elefante


Chego, hoje, ao fim das passagens que tenho vindo a fazer de recuperação do nº 2, editado em Maio de 1971, do jornal "a memória do elefante". Espero num futuro próximo continuar a divulgar alguns dos nºs que possuo deste jornal tão vanguardista que se publicou a partir do Porto de 1971 a 1974.

E o último artigo toma o nome "o movimento pop e a música da west coast" assinado pelo então jovem Octávio Augusto da Fonseca Silva que terá sido o melhor trabalho apresentado sobre o título em questão.

The Beatles e Bob Dylan como agitadores maiores de uma geração em "...rotura com esquemas estafados que já não permitiam criações ou inovações, indesejáveis por chocarem com o sistema estabelecido", o movimento Hippie de São Francisco e a adopção "... por um retorno às raízes. Voltam para uma forma de vida primitiva e natural", marcos decisivos na elaboração de novos sons produzidos pelos jovens músicos de então. Para o articulista "A música da West Coast é pois uma tentativa de renovar a linguagem do rock, por uma recusa das imagens reais e dos sentimentos convencionais que, por terem caído na rotina, perderam toda a sinceridade."







Do manancial de grupos surgidos na West Coast a partir de 1967 são escolhidos três grupo representativos desse movimento, The Doors, Jefferson Airplane e Big Brother and the Holding Company qualquer um deles já abordados nestes meus Regresso ao Passado.

De um tempo em que ainda se pensava que a música podia mudar o mundo, escolho os Jefferson Airplane no seu 5º trabalho de estúdio, "Volunteers", e ainda com a formação clássica (antes da saída de Marty Balin e Spencer Dryden) fica a faixa de abertura "We Can Be Together".





Jefferson Airplane - We Can Be Together

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

John Mayall - Crying

 a memória do elefante


Para hoje o 5º e último LP que vinha analisado na página "álbuns" do 2º número do jornal "a memória do elefante", estávamos no mês de Maio de 1971. Trata-se do álbum "USA Union" de John Mayall publicado no ano anterior. Mais um excelente trabalho que este jornal ajudava a conhecer, do qual já conhecia algumas faixas pela sua divulgação também na nossa rádio e de que eu tanto gostava pela originalidade com que se me apresentava.

Um disco que lamento não o ter adquirido a seu devido tempo, mas eu era muito novo, a oferta era grande e as possibilidades de compra resumiam-se às minhas poucas vindas ao Porto com o meu pai e era ele que pagava, evidentemente.

Um grande disco de John Mayall aqui numa formação pouco ortodoxa, sem bateria, mas com a presença, a grande novidade nesta formação, exemplar de Don "Sugar Cane" Harris no violino.




Para Rui Lima Jorge ""USA Union" é um «voltar atrás» que significa aqui progresso, porque é um retorno à pureza das fontes, esquecido um ritmo comercialista e sem imaginação."

"Crying" é um grande tema e é um dos que mais ouvi deste álbum. A ele regresso, espero que seja uma boa recordação para alguns ou uma excitante novidade para outros e que os levem a conhecer a obra ímpar deste músico inglês de Blues actualmente com 87 anos.





John Mayall - Crying

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Cat Stevens - Where Do The Children Play?

a memória do elefante


4º álbum da série de cinco que eram apresentados no jornal "a memória do elefante" no seu nº 2 de Maio de 1971, era "Tea For the Tillerman" e o seu autor Cat Stevens.

"Tea For the Tillerman" era o 4º LP de Cat Stevens e foi aquele que o catapultou, justamente, para uma década de grande sucesso. Um disco repleto de belas canções que tiveram, a maior parte delas, uma grande divulgação e se tornaram bem conhecidas. Diria que é um trabalho onde a qualidade e comercialidade se encontram, como aliás foi apanágio de uma parte bem interessante da produção dos anos 60 e 70.




E agora o texto que vinha publicado no jornal "a memória do elefante" em Maio de 1971, tempos em que muitas estrelas Pop tinham uma carreira efémera, cingidas a dois ou três êxitos, e que depois não mais se ouvia falar. Seria isso que levou José Sottomayor a manifestar-se surpreso quanto à longevidade da carreira de Cat Stevens iniciada somente em 1965 (note-se que ainda hoje permanece no activo) ao começar o artigo assim: "De uma perenidade deveras notável este Cat Stevens que, tendo surgido em 65-66 durante a viragem musical inglesa, ainda hoje é um dos nomes mais significativos dessa mesma música."

"Where Do The Children Play?" era o tema que abria este saudoso álbum. Vamos matar saudades...





Cat Stevens - Where Do The Children Play?

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Affinity - All Along the Watchtower

    a memória do elefante


Para hoje um disco e um grupo que a seu tempo não conheci. Affinity é nome e também a designação do álbum.

Na página do jornal "a memória do elefante" nº 2, que tenho vindo a recordar, onde constava a crítica a 5 álbuns recém chegados ao mercado nacional (suponho eu) encontrava-se esse grupo inglês que dava pelo nome de Affinity. "Affinity", o álbum, foi o único editado por este grupo de Jazz-Rock no tempo em que existiu, ou seja entre 1968 e 1972.

Como bem refere o articulista Luís de Melo, as afinidades deste grupo vão directas para Brian Auger, Julie Driscoll and The Trinity onde Lynton Naiff, nos teclados, cola a Brian Auger e Linda Hoyle, na voz, a Julie Driscoll e a música apresenta a maior aproximação ao Jazz-Rock daqueles tempos. A sonoridade era efectivamente marcada, quer num caso quer no outro, pelo órgão e a voz feminina.




Se Brian Auger, Julie Driscoll and The Trinity tinham a sua versão de "Season of the Witch" de Donovan com mais de 7 minutos, os Affinity não lhes ficava atrás e interpretavam "All Along the Watchtower" de Bob Dylan nos seus mais de 11 minutos, eram mesmo grandes as afinidades.





Affinity - All Along the Watchtower

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Fotheringay - The Pond and the Stream

   a memória do elefante


Se eu gostava de "Songs of Love and Hate" de Leonard Cohen, que dizer de "Fotheringay" do grupo homónimo formado pela Sandy Denny após a sua saída dos Fairport Convention? Simplesmente adorava-o!  Um disco a todos os títulos notável!

José Sottomayor assinava o texto que sobre este álbum vinha publicado, em Maio de 1971, no jornal "a memória do elefante", no seu 2º número e sobre considerava ser "... uma gravação pouco vendável, embora audível, e com o melhor agrado, por um número restrito de pessoas."




A dúvida de José Sottomayor "... se ao ouvir «FOTHERINGAY» se procura Sandy Denny, ou ainda, se ela mesma utiliza um cenário chamado «FOTHERINGAY»..." vai de encontro ao dilema da própria Sandy Denny: "any band she was in was always going to be perceived as her project, and she was torn between wanting to be (or feeling she could be) a solo artist and craving the anonymity of just being part of a group." pode-se ler na biografia de Sandy Denny,"I've Always Kept a Unicorn" de Mick Houghton publicada em 2015.

Seja como for "Fotheringay" é um grande álbum de um conjunto de músicos excelentes: Trevor Lucas, Jerry Donahue, Gerry Conway e Pat Donalson para além da própria Sandy Denny que compôs 5 das 9 composições do disco original. "The Pond and the Stream" era uma delas.





Fotheringay - The Pond and the Stream

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Leonard Cohen - Last Year's Man

  a memória do elefante


E aqui fica mais um anúncio que vinha publicado no nº 2 do jornal "a memória do elefante" com edição a Maio de 1971, desta vez trata-se de publicidade à Casa Ruvina, casa histórica de venda de instrumentos musicais, sita no Porto, a ocupar uma página com o nome "Casa Ruvina" repetida em diferentes tipos de letra e tamanho e terminado com uma simples frase: "Cobrindo todo o espectro das preferências musicais".




Adiante para a página onde eram analisados 5 álbuns então postos à venda (julgo eu). Dois dos quais adquiri nessa altura e ainda os possuo em excelente estado de conservação, o primeiro dos quais era "Songs of Love and Hate" de Leonard Cohen.




Em 1971 Leonard Cohen publicava o seu 3º LP e se bem que já conhecesse os dois primeiros álbuns via um amigo mais velho que os tinha, este era o primeiro que tinha a oportunidade dele ter conhecimento desde a sua edição, pelo que a ele fiquei sempre muito ligado. Era um disco mais elaborado onde as orquestrações de Paul Buckmaster vinham acentuar todo o dramatismo e lirismo que os discos anteriores já manifestavam.

Quem podia ficar indiferente a "Famous Blue Raincoat", "Joan of Arc", "Avalanche" ou a este "Last Year's Man" que para Fernando Semedo, autor do texto, era "... sem dúvida o melhor trecho dos disco - melodia subtilmente cinzelada, nostálgica, romântica."

Um disco intemporal da melhor música popular até hoje produzida, é "Songs of Love and Hate" e para hoje "Last Year's Man".





Leonard Cohen - Last Year's Man

domingo, 19 de setembro de 2021

Jethro Tull - Cheap Day Return

 a memória do elefante


As páginas centrais do nº2 do jornal "a memória do elefante" eram ocupadas com publicidade, um único anúncio à Levi's e onde podia encontrar, no Porto, a dita marca. Qual o jovem que naquele tempo não ansiava por ter um par de calças da marca Levi´s?




E para hoje um artigo intitulado simplesmente "Jethro Tull" sobre o trabalho então mais recente do grupo, o álbum "Aqualung", posto à venda, segundo o texto e referido repetidamente, a 20 de Abril de 1971.

O artigo começa por salientar o crescente domínio de Ian Anderson no grupo "...os Jethro Tull são Ian Anderson e Ian Anderson é os Jethro Tull.", facto que, acrescento eu, se tornaria cada vez mais evidente até aos dias de hoje.




"Aqualung" era o 4º álbum do grupo e foi aquele que trouxe aos Jethro Tull maior notoriedade internacional. Composto por duas partes "Aqualung" que "trata do elemento humano e do espírito" e "My God" "sobre Deus e a religião", o álbum seria um dos mais bem conseguidos e uma verdadeira imagem de marca da sonoridade inovadora, entre o Folk e o Rock Progressivo, do grupo.

E assim se faz o meu 5º regresso a este álbum, desta vez com a 3ª faixa, "Cheap Day Return", somente com 1m21s, o suficiente, espero eu, para, se por ventura alguém não conhecer ainda este disco, o procurar rapidamente e se deliciar com este obra maior do Rock dos anos 70.





Jethro Tull - Cheap Day Return

sábado, 18 de setembro de 2021

Melanie - Leftover Wine

a memória do elefante


Melanie, Melanie Safka, só me trás boas recordações, pena é que sejam relativas a um período bem curto da sua longa carreira.

Melanie, actualmente com 74 anos é referida na wikipédia como tendo iniciado carreira em 1967 e que se prolonga ainda pelos dias de hoje. Na realidade as canções que melhor conheço dela confinam-se aos poucos anos de 1969, 1970 e 1971, período  em que gravou um conjunto de canções inesquecíveis e se manifestou como um cantora extraordinária, possuidora de uma voz verdadeiramente invulgar à qual se ficava facilmente rendido.

É sobre ela o artigo de José Sottomayor que constava no º 2 do jornal "a memória do elefante" (Maio de 1971) sob o título "a música da alma" onde são referidos os dois álbuns editados em 1970, "Candles in the Rain" e "Leftover Wine", este último gravado ao vivo (excepto a última faixa).




"a música da alma" é ilustrada no texto com parte da letra de "Leftover Wine", canção que surgia nos dois álbuns citados, e que eu complemento com a sua audição.

"...I'm gonna spend my whole life making the time rhyme
And then I'm gonna run to the people
And I'll sing them a song of mine
You know I'm gonna do anything
Just to take up time..."



Melanie - Leftover Wine

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Pierre Henry - Varitions pour une porte et un soupir

  a memória do elefante

Continuo a folhear o nº 2 do jornal "a memória do elefante" para reproduzir no Regresso ao Passado de hoje dois artigos.

O primeiro intitulado "Rádio, Rádio... 3" assinado por Nuno Martins (será o José Nuno Martins?)  onde dá a sua visão da rádio face ao estado dela naquela época. A polémica permanente entre o Emissor e o Receptor, o primeiro como "estímulo"  e o segundo como "resposta" ou o inverso como se passava em programas então bem populares como "Quando o telefone toca". O que se diria numa análise equivalente aos tempos de hoje?





O segundo intitulado "introdução à música concreta" e assinado por Pedro Proença e onde aborda, conforme título, a música chamada Concreta. Deixo-vos com o texto numa área onde não me sinto minimamente à vontade a tecer considerações, somente constatações. Referem-se dois caminhos possíveis, o analítico e o sintético, o primeiro corresponde à música Concreta, onde se parte de sons já construídos, e o segundo à música Electrónica, onde se fabricam os sons.




Na música Concreta fala-se de nomes como Schoenberg, Schaffer, Xenanis, Stockausen e Pierre Henry, sobre os quais terei aqui ouvido falar pela primeira vez. De Pierre Henry (1927-2017), encontrei as "Varitions pour une porte et un soupir", que são referidas e explanadas no texto.



Pierre Henry - Varitions pour une porte et un soupir

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Martial Solal - Accalmie

 a memória do elefante


Sem comentários, começo com um anúncio publicado no nº 2 do jornal de crítica musical "a memória do elefante" de Maio do ano de 1971, para quem não souber "Confiança" era o nome do único espaço comercial que existia no Porto que se poderia equiparar a um pequeno Centro Comercial actual.




Seguia-se uma página dedicada ao Jazz assinada pelo Jorge Lima Barreto sob o título "Tetagrama dos pianistas de Jazz". Como o título indica o artigo, que tinha continuidade no nº seguinte, identificava um conjunto de pianistas de forma muito sumária dividindo-os em quatro categorias: Os Insulares, os Free-Jazz, os Evolucionistas e a Nova Geração. Neste nº identificava alguns: Bill Evans, Steve Khun, Martial Solal, Paul Bley e Thelonious Monk no grupo dos Insulares, LaMont Johnson, George Duke e Joe Zawinul nos Evolucionistas.




Oportunidade para ir divulgando mais alguns nomes do Jazz, neste caso Martial Solal.

Nascido na Argélia em 1927, e ainda vivo, Martial Solal é considerado um pianista rigoroso e virtuoso sendo para Jorge Lima Barreto "um dos maiores técnicos do «jazz»". Nos ano 50, já em Paris toca com músicos como Sidney Bechet, Stan Getz e Don Byas, escreve peças de Jazz e Clássica e ainda música para filmes ("À Bout de Souffle" de  Jean-Luc Godard), toca frequentemente em trio, com bateria e contrabaixo ou dois contra-baixos como é caso no tema "Accalmie" do álbum "Sans Tambour Ni Trompette" de 1970.





Martial Solal - Accalmie

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Bob Dylan - Blowin' in the Wind

a memória do elefante


" A música popular e a juventude anglo-americana" é o artigo que se segue nesta passagem que estou a fazer pelo nº 2 do jornal "a memória do elefante" publicado no mês de Maio do ano de 1971, já lá vão mais de 50 anos. Um texto que para os mais velhos, mais de 60 diria, não traz nada de significativamente novo mas que poderá ter o seu interesse para jovens desconhecedores da realidade social e musical dos anos 60 do século passado e que procuram informação de tempos tão importantes e dos quais ainda hoje sobrevivem muitas das suas influências.

É verdade, naqueles anos a "instituição família", que impunha códigos de conduta "espirituais e intelectuais rígidos", era dominante e a juventude dela se procurou emancipar. O choque geracional foi tremendo entre o "tradicional autoritarismo" e a busca de novos valores que teve na música uma das principais manifestações.

O artigo destaca em Inglaterra The Beatles e a importância que tiveram não só musicalmente mas também socialmente, a "revolução no vestuário", a "libertação sexual" a criação de "uma maneira própria de viver", nos Estados Unidos a referência maior vai para Bob Dylan, "o chefe espiritual do movimento «pop» inicial". E nada ficou como dantes quer na importância que a música popular passou a ter, quer em termos sociais, nomeadamente nos usos e costumes dos jovens e não só.





Em 1971 a música de Bob Dylan já estava longe daquela que o tinham tornado mundialmente conhecido, era "New Morning" e "If Not For You" que se ouvia, mas o que tinha marcado a geração de 60 eram canções como "The Times They Are a-Changin'" e "Blowin' in the Wind". Esta última, de 1963, agora se recorda.



Bob Dylan - Blowin' in the Wind

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Adriano Correia de Oliveira - Lágrima de Preta

   a memória do elefante


1969 foi um ano particularmente importante para a música popular portuguesa, abundavam os cantores de baladas, os chamados baladeiros, cuja simplicidade musical ilustrava textos ditos de "intervenção", tendo como objectivo principal a passagem de uma "mensagem". Para o efeito teve especial importância o programa televisivo "Zip-Zip" ao qual já dei a seu tempo a devida atenção.

A fraqueza musical e muitas vezes das próprias letras era muitas vezes bem notória e já nesse tempo se tinha essa percepção, não fora, por exemplo, a paródia feita por Raul Solnado (ver em https://www.youtube.com/watch?v=xegPr--521M) no próprio "Zip-Zip" ao movimento baladeiro.

O jornal "a memória do elefante" no seu nº 2 de Maio de 1971 assim o recorda: "... os baladistas pegam na viola aprendem três tons e cantam." Mas ia mais longe ao considerar que tal movimento baladeiro promovia "... todo o reaccionarismo fardado de transgressor e todo o revolucionarismo primário, inócuo, fruste, afinal reaccionário, com o sistematicamente e já insignificante «canto para comunicar...», bem radical esta visão ao ponto de serem "... já aceites e tolerados, sem qualquer ofensa ao status quo, que acabavam por prolongar."





Este artigo intitulado "projecto de monumento a Rui Pato" era do ano de 1971, mas anterior à edição dos discos de José Afonso, José Mário Branco e Sérgio Godinho, saídos no final do ano, esses sim revolucionários do nosso panorama musical.

Entretanto, diz o mesmo artigo, seriam "afinal os pioneiros do movimento, os seus cultores e arautos mais inteligentes e inquietos (e inquietantes), a aperceber-se do beco sem saída a que conduzia uma música amusical, o poema divorciado da música, «poema com suporte musical» em vez do «complexo música-poema»", referia-se a José Afonso e Adriano Correia de Oliveira. O objectivo do artigo era sublinhar a importância que Rui Pato  teve na colaboração em discos daqueles dois proeminentes músicos. Relembro a participação em álbuns como "Baladas e Canções" (1964), "Cantares do Andarilho" (1968) e "Contos Velhos, Rumos Novos" (1969) de José Afonso (falhou o álbum "Traz Outro Amigo Também" (1970) tendo sido impedido de se deslocar pela PIDE a Londres onde foi gravado) e em "O Canto e as Armas" (1969) e "Cantaremos" (1970) de Adriano Correia de Oliveira.

"Ele é a primeira inteligência musical posta ao serviço da balada" é dito e acrescentado "Com os arranjos e a execução de Rui Pato em Cantaremos, a balada sai do seu grau zero."

Deste álbum recordo "Lágrima de Preta", poema de António Gedeão, música de José Niza, arranjos e acompanhamento de Rui Pato, a voz de Adriano Correia de Oliveira ou como "servir as palavras servindo a música".





Adriano Correia de Oliveira -  Lágrima de Preta

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

The Rolling Stones - Back Street Girl

  a memória do elefante


É de Maio de 1971 o primeiro jornal "a memória do elefante" que adquiri, era o nº 2 e trazia na capa uma foto a preto e branco de Mick Jagger.

"a memória do elefante" (1971-1974) era um jornal contra a corrente, revolucionário na análise e na crítica, rompendo com todos os cânones existentes, quem dera que hoje existisse um equivalente para os tempos actuais. Crítica mordaz e ferindo o unanimismo corrente na escrita em geral e na crítica musical em particular. E no desenho do jornal, até a publicidade era altamente inovadora e apelativa, também a ela não se ficava indiferente, era impossível passar despercebida e dela irei dando nota à medida que nos próximos dias for folheando este nº 2.








Para começar temos The Rolling Stones. Um autocarro a afundar-se e um diálogo entre um polícia, um intelectual, um playboy e um músico.

Um polícia preocupado com a filha de 17 anos que, "vai ouvi-las quando chegar a casa", gosta dos The Rolling Stones de "Honky-Tonk Woman" que "recria o mundo proibido do bordel".

Um intelectual, para quem  "Os Stones representam a liberdade física, o desejo burguês realizado na sua plenitude."

Um playboy que dá vivas aos The Rolling Stones "Que furor, que realização - a isso chamo eu mudar o mundo. E a maneira como eles iam vestidos? Fantástico."

E um músico que considera que "A força esmagadora dos recursos psicadélicos prepara os Rolling Stones para um novo rumo: a música de vanguarda".

Ou tão só uma banda de Rock que rivalizou nos anos 60 com The Beatles e que se eternizou para além do que era então pensável para um grupo de Rock'n'Roll. 





The Rolling Stones - Back Street Girl

sábado, 11 de setembro de 2021

Leonard Cohen - You Know Who I Am

 a memória do elefante

A revista do Expresso de 3 de Setembro de 2021 trazia na capa uma imagem com as figuras de José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco e tinha como título "A Revolução da Música Portuguesa Foi Há Cinquenta Anos" e claro fez-me recuar a esse ano extraordinário que foi 1971. E lembrei-me que, cingindo-me exclusivamente ao panorama nacional, a revolução operada naquele ano por aqueles três cantautores também se tinha feito sentir na imprensa escrita de crítica musical.

Ela já tinha começado em finais de 1969 com o aparecimento da revista "mundo da canção", mas 1971 viu surgir dois novos jornais totalmente dedicados ao fenómeno musical em geral e da música popular em particular, eram eles "DISCO MÚSICA & MODA", publicação quinzenal iniciada em Fevereiro daquele ano, e que tenho vindo regularmente a recuperar (neste momento já se encontram neste meu blogue os primeiros 7 números) e o jornal "a memória do elefante" ao qual já fiz algumas referência mas que agora me proponho fazer com maior assiduidade.

Em 1971 tinha 14 anos e lembro-me bem do impacto que estes jornais tiveram nas minhas preferências musicais. No que diz respeito a "a memória do elefante" lembro-me da estranheza dos textos, alguns dos quais não entendia (mesmo agora, terei ainda algumas dificuldades...), mas também das propostas que divulgava, do Jazz à música erudita, abrindo assim horizontes que não ficavam confinados ao Pop-Rock mais comercial dominante da rádio.

Era na "Casa Reis", em Ovar, que comprava "a memória do elefante" e ou lá não chegaram todos os nºs ou eram tão poucos que esgotavam rapidamente, o que é certo é que não tenho, infelizmente, todos os 14 nºs que foram editados entre 1971 e 1974. 

Em Fevereiro de 1971 é publicado um nº experimental e o nº 1 surge em Abril do mesmo ano com o custo de 3$00 e considerava-se um jornal de "Música popular, jazz, clássica e rádio". Não possuindo estes dois nºs eis as respectivas capas que fui encontrar no sítio https://ephemerajpp.com/ (Ephemera - Biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira).



https://ephemerajpp.com/


Prosseguindo as minhas buscas encontrei o blogue de Mário Gonçalves, "O Livro de Areia" - https://olivrodaareia.blogspot.com/, onde consta um texto por ele escrito, para o nº 1 de "a memória do elefante", sobre Leonard Cohen e onde pelos visto não se revê no tipo de linguagem utilizado aos 20 anos. De qualquer forma aqui fica e que serve de pretexto para voltar a Leonard Cohen.


https://olivrodaareia.blogspot.com/


Quando o texto foi publicado, Leonard Cohen ainda só tinha dois LP editados, ou melhor o terceiro ainda cá não tinha chegado e numa coisa Mário Gonçalves tinha razão: "escutar Leonard Cohen é um constante deleite, um constante descobrir de uma obra que, fundamentada em apenas dois álbuns, promete vir a ser das mais importantes da música do nosso tempo."

Aqui fica mais uma bela canção de Leonard Cohen, "You Know Who I Am", pertencia a "Songs From a Room" de 1969.



Leonard Cohen - You Know Who I Am

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Sandy Denny - At the End of the Day

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

Última passagem pelas escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1974 de acordo com o texto "O Ovo e o Novo - (Uma) Discografia duma Década de Rock: 1970-1980". E para o fim deixei a "minha" Sandy Denny com o seu álbum "Like an Old Fashioned Waltz".

"Like an Old Fashioned Waltz" era o terceiro de quatro álbuns a solo que editou entre 1971 e 1977 e talvez o mais controverso entre os seus admiradores. Por um lado uma Sandy Denny mais versátil à procura de um reconhecimento de um público mais alargado, que nunca conseguiu, levando-a a realizar um disco com arranjos mais arrojados e a incluir dois temas standards de Jazz fruto de memórias de infância, os mais tradicionalistas e conhecedores das suas potencialidades prefeririam um disco mais intimista e despojado.

Para agradar a todos existe uma edição em duplo CD, Deluxe Edition coma ref: 370 028-8 de 2012, onde se podem encontrar todas as faixas do álbum original (excepto "Carnival") em versões sem os arranjos orquestrais


Edição Carthage com a ref: CGLP 4425, em vinil, de 1986


De qualquer forma  é um disco admirável e relativamente pouco conhecido, como aliás a generalidade da sua obra, "At the End of the Day" é mais uma preciosidade a descobrir. No dizer da própria Sandy Denny: "Anyone who has ever been away from home for a log time, and has felt a little homesick, will understand the sentiment behind this song. I wrote it on the plane journey home, after an extensive tour of the United States."





Sandy Denny - At the End of the Day

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Joni Mitchell - Free Man In Paris

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Joni Mitchell continua, em 1974, a desenvolver uma carreira que seria a todos os títulos invejável. Álbum após álbum surpreendia-nos, primeiro com um Folk mais "simples" e uma voz invulgar, depois uma progressiva diversificação instrumental (viola, piano, dulcimer... orquestra) tornaram-na uma das mais respeitadas cantoras norte-americanos. Naqueles anos, e do outro lado do Atlântico estava no topo das minhas preferências a par de Leonard Cohen e Neil Young (por coincidência, os três canadienses).

Joni Mitchell talvez de todos a que melhor atravessou toda a década de 70.

Miguel Esteves Cardoso escrevia: "Joni Mitchell ilustra com perfeição inquietante o fenómeno raro duma evolução criativa que inova sem ruptura, que experimenta sem inconsciência e que abre novois caminhos sem ser à custa do encerramento de outros."

Quanto a "Court and Spark", o sexto álbum de originais, assim continua: "Qualquer ligação com os seus três primeiros álbuns é praticamente impossível de descobrir, em termos de arranjos ou de pureza acústica." e mais à frente: ""Court and Spark" representa uma ousadia recompensada. A partir daqui Joni Mitchell irá abandonando gradualmente os confins do Rock e as fórmulas Pop, satisfeita com os resultados, mas insatisfeita com a relatividade da meta".



Edição em vinil, alemã, com as ref:
AS 53 002, (7E-1001), K 53 002


"Court and Spark" está entre os álbuns de maior sucesso de Joni Mitchell, era nele que apareciam faixas como "Help Me" e "Free Man In Paris". Ora ouçam esta última, uma pequena delicia tão gostosa de se ouvir.



Joni Mitchell - Free Man In Paris

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Richard and Linda Thompson - I Want to See the Bright Lights Tonight

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso

E para o fim três trabalhos que se encontram entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1974 e que são os meus preferidos. Começo com Richard and Linda Thompson e o álbum "I Want to See the Bright Lights Tonight".

Depois da saída dos Fairport Convention no início de 1971, Richard Thompson teve alguns anos discretos mas bem activos tendo participado em alguns álbuns importantes de outros artistas como Sandy Denny, Ian Matthews (os dois ex-Fairport Convention), John Martyn e os irmãos Waterson e ainda gravado o primeiro falhado e hoje bem recuperado 1º LP a solo "Henry the Human Fly" (1972).

Em 1969 tinha conhecido Linda Peters com quem viria a casar em 1972. Ligação que, enquanto durou, resultou musicalmente em seis álbuns antológicos do melhor Folk-Rock britânico. 

O primeiro álbum, "I Want to See the Bright Lights Tonight", assinado Richard and Linda Thompson data de 1974 leva Miguel Esteves Cardoso a considerá-lo "O álbum do ano" com a atribuição de cinco estrelas. Diz ainda que se está na presença de "... retrato amargo e revoltado da sociedade tecnológica que leva o idioma folk inglês ao ponto de ruptura, pondo em causa as suas premissas de inocência e de naturalismo com uma força só anteriormente vista em Sandy Denny. A superfície da música é tosca, as harmonias vocais honestamente discordantes e todas as letras subvertem os temas e as fórmulas tão queridas a uma tradição adormecida. "I Want to See The Bright Lights Tonight" esgota a ideologia romântica do princípio da década, enterrando-a com um brado, chorando-a com um canto."



Edição USA, 1983, com a ref: CGLP 4407


Sem margem para dúvidas, um grande disco donde saíram canções tão representativas como a faixa título, "The Calvary Cross", "Withered and Died", "Down Where the Drunkards Roll" ou ainda "The Great Valerio".

Agora, deliciem-se com "I Want to See the Bright Lights Tonight": 

Meet me at the station don't be late
I need to spend some money and it just won't wait
Take me to the dance and hold me tight
I want to see the bright lights tonight





Richard and Linda Thompson - I Want to See the Bright Lights Tonight

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Bob Dylan - Forever Young

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Bob Dylan é um caso à parte em toda a história da música popular. Quase 60 anos de gravações e cerca de 40 álbuns de estúdio editados e Bob Dylan continua a ser uma referência para sucessivas gerações encontrando nele uma fonte de inspiração certa. É também certo que nem toda a sua discografia é, digamos, indispensável, mas também é verdade que não se consegue, desde os anos 60, atravessar uma década sem a ele nos referirmos, a de 70 não é excepção.

Para Miguel Esteves Cardoso "Bob Dylan entrou mal na década, com o terrível "Self-portrait" (70), o medíocre "New Morning" (70) e uma banda sonora muito insonsa em "Pat Garrett" (73)." Considerava mesmo que "Chegaria ao fim da década sem um único grande álbum, embora "Blood on the Tracks", "Desire" e "Slow Train Coming", tenham momentos de grande inspiração."

Em 1974 publica "Planet Waves" e, atribuindo-lhe três estrelas, a ele se refere assim: ""Planet Waves", embora contenha duas ou três cancões decentes, não satisfaz. ("Forever Young" será a única com a estrutura das suas composições de 60)."


https://www.discogs.com/


"Fovere Young" é na realidade uma grande canção na senda do melhor que Bob Dylan criou, existindo em "Planet Waves" duas versões, uma a fechar o lado A e outra a abrir o lado B. Manifestamente é a primeira que ficou nos nossos ouvidos.

Bob Dylan, ainda hoje, "Forever Young"





Bob Dylan - Forever Young

domingo, 5 de setembro de 2021

Leo Kottke - Pamela Brown

   1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Segunda passagem por Leo Kottke, o mesmo motivo: as escolhas de Miguel Esteves Cardoso, neste caso do ano de 1974 e o álbum "Ice Water" ao qual concede três estrelas.

Leo Kottke dotado tocador de guitarra acústica nunca conheceu o estrelato, a sua música assenta numa amálgama de estilos da música tradicional norte-americana bem retratada, apresentando uma discografia bem regular nas décadas de 70,80 e 90.


https://www.discogs.com/


A música de "Ice Water" tem o seu quê de melancólica e reflexiva, sendo muito bem tocada e bem cuidada nos seus arranjos. Não sendo o seu melhor trabalho é de agradável audição, como, por exemplo, esta "Pamela Brown" com o seu toque Country tão encantador. Um bom momento de relaxamento, ora ouça-se.



Leo Kottke - Pamela Brown

sábado, 4 de setembro de 2021

Gram Parsons - Love Hurts

  1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Os primórdios do Country-rock encontram-se nos anos 60 em formações como The Byrds, Buffalo Springfield e The Flying Burrito Brothers. Gram Parsons (1946-1973) que passou precisamente pelos The Byrds (1968) e The Flying Burrito Brothers (1969–1970) foi um dos seus impulsionadores e uma das principais referências daquele gênero musical. Posteriormente desenvolve carreira a solo que teve na  jovem Emmylou Harris parceira quer em concertos quer nos dois álbuns que entretanto realizou.

"Grievous Angel", o segundo LP, foi gravado em 1973 e editado postumamente já em 1974. Miguel Esteves Cardoso referia-se-lhe assim: "Gram Parsons deixa um deslumbrante testemunho do seu talento para casar a sua alegria tranquila com uma singela tristeza sentimental em "Grievous Angel"." e atribui-lhe cinco estrelas destacando-se assim num ano menos abundante em discos de alta qualidade.


Edição em CD de 1990 c/ a ref: 7599-26108-2 com os dois LP
"GP" e "Grievous Angel"


"Love Hurts" é uma canção gravada pela primeira vez pelos The Everly Brothers em 1960 e que teve várias versões de significativo êxito como a dos Nazareth em 1974, mas, para mim, sem a riqueza da que consta no álbum "Grievous Angel" em dueto com a Emmylou Harris.



Gram Parsons - Love Hurts

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Ry Cooder - Tamp' Em Up Solid

 1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Pese Ry Cooder não ser um nome dos mais sonantes da música popular, não sendo os seus discos objecto de grande divulgação, não impediu que Miguel Esteves Cardoso o considera-se, em 1980, como um dos "sobreviventes" da década de 70 colocando-o de acordo com a regularidade e qualidade apresentada numa "Segunda constelação" ao lado de nomes como Neil Young, Lou Reed e Van Morrison (a "Primeira constelação" estava reservada a Joni Mitchell, Leonard Cohen, David Bowie e Bob Marley).

Ry Cooder, mais conhecido pela música do filme "Paris, Texas" (1985) e colaboração no projecto "Buena Vista Social Club" (1997), em 1974 editava o seu 4º álbum de nome "Paradise and Lunch" e encontra-se entre as escolha de Miguel Esteves Cardoso atribuindo-lhe generosamente quatro estrelas. Sobre ele diria: "Ry Cooder dá-nos um álbum equilibrado, simples e profundamente enraízado."



Edição alemã com as refs: 244 260; 2179-2




"Released in May of 1974, Paradise And Lunch showcases the diverse range of musical styles that distinguish Ry Cooder as one of the most versatile and eclectic artists in pop history. Vintage R&B selections mix with traditional blues, gospel and ministrel-era gems on an album that is both an homage to, and an innovative reworking of, American roots music", consta nas notas da edição em CD que possuo.

Fica-se logo cativado com a faixa de abertura, um tradicional de nome "Tamp' Em Up Solid" bem representativa do género Americana do qual Ry Cooder é um dos seus melhores intérpretes.




Ry Cooder - Tamp' Em Up Solid

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Neil Young - See the Sky About to Rain

1974 Algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso


Para Miguel Esteves Cardoso aqueles que melhor atravessaram a década de 70 estavam divididos entre "instável/experimental" e "estável/tradicional", entre os primeiros encontravam-se, por exemplo, David Bowie e Joni Mitchell, nos segundos, por exemplo, Leonard Cohen e Neil Young.

Mas, como Miguel Esteves Cardoso sublinha, a diferença é sobretudo de "enfase e exibição" pois "ambos mudam" embora considere que "os primeiros exibem dramaticamente as suas decisões, enquanto os segundos ou as escondem ou não as exibem". Uns e outros, afinal aqueles que melhor passaram pelos anos 70, e não só digo eu, estão, pela sua criatividade e inovação, entre os melhores representantes da música Rock. E como qualquer outra arte sujeita à "persistência através dos tempos" não sendo pois justo "considerar o Rock como uma arte popular menor, inteiramente governada pelos caprichos da moda", para concluir que "As verdadeiras canções, as de Marley, de Cohen, de Mitchell, as de Dylan e de Neil Young, estarão connosco durante muito tempo, como a música "folk" do século 24."


1ª edição em CD de 2003 com a ref: 9362-48497-2


Neil Young, com o álbum "On The Beach" encontrava-se entre as escolhas de Miguel Esteves Cardoso para o ano de 1974 tendo atribuído quatro estrelas. Actualmente, diria pouco para um dos melhores trabalhos que Neil Young realizou até hoje.

"On The Beach" continua a exploração de sonoridades nas fronteiras do Folk-Rock com matizes bluesy poucos comuns na sua discografia, veja-se a designação de alguns temas, "Vampire Blues", "Revolution Blues" e "Ambulance Blues". Ainda na senda dos álbuns "Harvest" e "After the Gold Rush" estava este magnífico "See the Sky About to Rain".



Neil Young - See the Sky About to Rain