Para Miguel Esteves Cardoso "Raw Power" foi
"...um álbum pesado e não muito agradável..." mas mesmo assim
atribuiu-lhe três estrelas. Talvez pela importância que The Stooges tiveram
como percursores do Punk-Rock que avizinhava, talvez pela performance de Iggy Pop que então emergia estando "Raw Power" creditado a Iggy and The
Stooges.
É também neste álbum que nasce a colaboração de Iggy Pop com David Bowie tendo
este então efectuado a mistura da edição de 1973.
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Um som cru (como o título sugere), natural, sem qualquer tempero, que seria
inspirador de uma geração que contra as megalomanias de alguns grupos de Rock
criaram o Punk como resposta.
A faixa de abertura era "Search And Destroy", recuperada por Sid Vicious
(vocalista de um dos grupos Punk mais conhecidos, os Sex Pistols) no
álbum "Sid Sings" em 1979, bem ilustrativa da sonoridade de Iggy Pop e os seus
The Stooges.
Como é sabido, no mundo Rock, poucos tiveram a capacidade de produzir uma
longa discografia em que a inovação constante é adotada como fórmula de
sucesso, maior parte fixa-se num estilo que foi de agrado público e daí não
sai. Miguel Esteves Cardoso dizia que há aqueles que
"...produzem uma novidade, saturam-se, passam para outra, rejeitam-na e
começam a trabalhar num outro projecto completamente novo."David Bowie era um deles. E Miguel Esteves Cardoso continuava
referindo-se a David Bowie"... é o exemplo supremo desta habilidade de mudar de casaca, como um
camaleão transforma sua cor, mas ao contrário - o camaleão toma a cor
daquilo que o rodeia, mas Bowie toma a cor inversa, aquela mais berrante,
mais capaz de dar nas vistas."
Foi assim a vida inteira mas particularmente na década de 70 onde se encontram
alguns dos seus melhores trabalhos. Depois do incontornável "The Rise and Fall
of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" (1972), Bowie nem descansou nem
se acomodou, publica em 1973 mais dois álbuns, respectivamente "Aladdin Sane"
e "Pin Ups". Quanto ao primeiro diz MEC:
"Bowie muda radicalmente de imagem e de estilo e a sua associação com Iggy
Pop em "Raw Power", um álbum pesado e não muito agradável, revela-se em
faixas como "Jean Genie" e "Panic in Detroit". Quanto ao segundo:
""Pin Ups" é interessantíssimo, contendo versões inspiradas de canções dos
anos 60, e mais uma prova da versatilidade quase ilimitada de Bowie, para
além duma valorização necessária de composições escritas pelos Pretty
Things, os Who, os Yardbirds, os Mojo e os Mersey Beats...". Aos dois deu-lhes três estrelas.
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Pois bem, para hoje vou ao álbum "Pin Ups" sacar uma canção dos Easybeats de
1966 de nome "Friday on My Mind" uma canção Pop que teimosamente parece
estar destinada para grandes versões. Em tempos recuperei-a na versão de
Richard Thompson de 2006, agora é a vez de David Bowie no longínquo ano de
1973.
Em 1973 os britânicos Mott The Hoople, o grupo de Ian Hunter, conheciam a sua melhor fase, depois de
anos sem conseguirem serem reconhecidos e depois do
êxito de "All The Young Dudes".
O agora facilmente reconhecido Glam-Rock, tão popular naquela altura, é o som
de marca deste grupo que teve em David Bowie a maior influência, por vezes
parece mesmo David Bowie que estamos a ouvir.
Miguel Esteves Cardoso que ao anterior LP tinha dado quatro estrelas, no álbum
"Mott" (1973) dá somente três estrelas o que parece correcto. Mas ainda é um
bom testemunho do Glam-Rock. O declínio deste género musical coincidiu com o
fim dos Mott The Hoople que no ano seguinte editaram o seu último álbum.
De "Mott" fica como amostra para audição "All the Way from Memphis" com a
particularidade de ter no saxofone Andy Mackay dos Roxy Music.
No chamado Mainstream Miguel Esteves Cardoso inclui um conjunto de álbuns bem
significativos de 1973 mas nenhum deles a valer cinco estrelas como "Dark Side
Of The Moon" dos Pink Floyd e "Selling England By The Pound" dos Genesis que
exploravam outras sonoridades.
1973 vê a chegada de Bruce Springsteen ao mundo do Rock com a edição do
primeiro LP "Greetings From Asbury Park, N.J".
Rock directo e bom sem mais adjectivos, revelou-se a tempo ainda de ser uma
das figuras mais importantes do universo Rock da década de 70, ouça-se "Born
To Run" (1975).
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O primeiro LP neste conjunto de escolhas é exactamente este "Greetings From Asbury Park, N.J."
que fica com três estrelas referindo-se-lhe assim:
"Apesar de toda a publicidade que acompanhou o aparecimento de Springsteen,
aclamando-o como o "novo Dylan", a verdade é que ele consegue fazer esquecer
o "marketing" com um punhado de boas canções, aliando um talento romântico
de redacção com uma paixão raramente vista pelo bom Rock and Roll. O
primeiro álbum é notável pela composição - o resto viria mais tarde."
Para recordarmos o primeiro trabalho de Bruce Springsteen a primeira canção
"Blinded By The Light".
Ainda agrupado no Rock de Fusão (sinfónico) conjuntamente com os Pink Floyd,
Genesis e Mike Oldfield surge o grupo alemão Faust com o álbum "The Faust
Tapes" ao qual Miguel Esteves Cardoso dá três estrelas.
Os Faust fizeram parte do chamado Krautrock que já aqui motivou o tema "O Início do Krautrock", na altura fiquei-me pelos anos de 1968, 1969 e 1970 pelo
que não apanhei os Faust constituídos no ano de 1971. Os ingredientes que
caracterizaram aquele género musical formado na Alemanha estavam todos bem
presentes nestes Faust, electrónica, música ambiente e experimental eram
dominantes nos registos fonográficos deste grupo. Em 1973 iam, com "The Faust
Tapes", no seu 3º LP que continha a faixa única "Untitled" composta por
colagem de fragmentos de temas interligados. Para Miguel Esteves Cardoso em
contraponto a Mike Oldfield (ver Regresso ao Passado de ontem) dizia:
"Faust, por sua vez, é menos sistemático e cauteloso, construindo uma
espécie de espontaneidade intimista de relativo interesse."
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Longe das minhas preferências, quer o Krautrock genericamente quer estes Faust
em particular, é mais uma mostra da diversidade da música popular na primeira
metade dos anos 70. "Flashback Caruso" é um dos trechos que compõem esta peça
única de cerca de 43 minutos por vezes a lembrar-me o som de Canterbury (Soft Machine e afins), mas mesmo assim sem conseguir cativar-me.
Se os primeiros anos da década de 70 viveram em parte da inércia da década de
60 que teimava em influenciar boa parte da música popular mais ouvida, também
é verdade que algumas sonoridades como o Rock Progressivo foram naqueles anos
originais e criativos quanto baste para se acreditar que a boa música popular
tinha vindo para ficar.
A grande novidade de 1973 foi o primeiro álbum de Mike Oldfield intitulado
"Tubular Bells".
"Tubular Bells" é um trabalho de grande folego de um jovem com 19 anos no qual
tocou quase todos os instrumentos, composto por um único tema dividido em duas
partes devido às limitações de capacidade que a gravação em vinil na altura
impunha. Lembro-me da passagem na rádio, provavelmente no programa "Página Um", de "Tubular Bells" (pelo menos a parte final da primeira parte) e era
apresentado como o primeiro disco de um jovem músico gravado por uma nova
etiqueta, nada mais que a Virgin Records do mais tarde bem conhecido Richard
Branson.
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Incrível alguém com 19 anos produzir um trabalho desta qualidade e
envergadura, ainda mais se pensarmos que as suas primeiras colaborações
discográficas já vinham desde 1968 onde se destacam a participação nos álbuns
"Shooting at the Moon" (1970) e "Whatevershebringswesing" (1971) de Kevin Ayers.
Miguel Esteves Cardoso, que atribui quatro estrelas a "Tubular Bells", dizia:
"Mike Oldfield é a sensação do ano com um álbum flagrantemente original que
explora desinibidamente uma vasta série de instrumentos musicais,
regozijando cada um, tratando-os como personalidades ou pontos de vista.
Utiliza uma peça musical simples e deixa que as diferentes orquestrações a
interpretem a reinterpretem a seu belprazer"
A panóplia de instrumentos que ele toca é a seguinte conforme informação da
capa do disco: Grand Piano, Glokenspiel, Farfisa Organ, Bass Guitar,
Electric Guitar, Speed Guitar, "Taped Motor Drive amplifier organ chord",
Mandolin-like guitar, Fuzz Guitars, Assorted Percussion, Acoustic Guitar,
Flageolet, Honky Tonk (piano with detuned strings), Lowrey Organ, Tubular
Bells, Concert Tympani, Guitars sounding like Bagpipes, "Piltdown Man",
Hammond Organ e Spanish Guitar.
Um disco histórico, mais um a marcar o ano de 1973.
Segue a parte mais conhecida de "Tubular Bells".
Mike Oldfield - Tubular Bells
(PS: Num tempo em que os concertos de música popular eram por cá mal tratados, assisti a um concerto de Mike Oldfield, a 26 de Setembro de 1980, no Pavilhão Infante Sagres. Só mesmo a qualidade de Mike Oldfield conseguiria superar tão más condições que o pavilhão oferecia.)
"1973 é o ano em que duas bandas produzem as suas últimas grandes obras da
década", afirmava Miguel Esteves Cardoso. A primeira foi o objecto de anteontem, Pink Floyd com o seu "Dark Side Of The Moon", a segunda nada mais que os Genesis com
o álbum "Selling England By The Pound". Segundo Miguel Esteves Cardoso
"... os Genesis lançam o seu melhor trabalho - enlevado, consciente duma
realidade social que reflecte e/ou deturpa inspiradoramente (como em "Cinema
Show") e recheado de passagens instrumentais altivamente belas, esbanjando
trechos melódicos como se tivesse um armário cheio (Firth of Forth"). Atribui-lhe, naturalmente cinco estrelas.
Edição portuguesa de 1973 com a ref: 631305
Tenho de dizer que andava de tal maneira absorvido a ouvir "Foxtrot" (1972) e
depois "Nursery Crime" (1971) que não dei a devida atenção a este "Selling
England By The Pound", talvez por a faixa que mais passou na rádio ter sido "I
Know What I Like" que se aproximava de um Pop mais comercial me tenha
influenciado negativamente, opinião que alterei radicalmente quando anos mais
tarde adquiri o LP.
Hoje rivaliza ao lado de "Foxtrot" e é sem margem para dúvidas um dos melhores
discos que o Rock Progressivo conheceu. O nome do álbum é tirado da letra do
tema que abre este disco, "Dancing with the Moonlit Knight", e é a proposta de
hoje.
Aos poucos e poucos vou dando conta de alguns grupos pelos quais nutria
particular simpatia nos longínquos anos 60 e 70.
Os Traffic são um deles. Constituídos por um grupo de músicos especialmente
dotados foram um dos mais interessantes grupos do Rock Progresivo mas
que não ficaram confinados a este género a qualidade e versatilidade dos seus
membro levava-os a abordar outros estilos como o Folk-Rock ou o Jazz-Rock. Com
algumas variações na sua formação sendo o núcleo mais significativo o de Steve Winwood, Jim Capaldi, Chris Wood e Dave Mason.
Edição Island, em CD, com a ref:CIDD 2
Em 1973, já sem Dave Mason, caminhavam a passos largos para o seu fim o que
aconteceria no ano seguinte após a edição de um último álbum de estúdio
" When the Eagle Flies", é publicado um álbum, "On The Road", resultado
de gravações efectuadas ao vivo na Alemanha.
Em formato duplo mas com apenas seis composições tal a duração de cada uma,
"Glad/Freedom Rider" ultrapassa os vinte minutos.
"On The Road" fazia parte das escolhas de Miguel Esteves Cardoso tendo a
classificação de três estrelas, bom.
Seleciono a composição "Tragic Magic" um instrumental do saxofonista Chris
Wood e uma das mais curtas do álbum com apenas oito minutos e meio.
Se há ano em que um disco se tenha realçado e o tenha marcado esse ano foi sem
dúvida o de 1973 e esse disco foi o álbum "Dark Side Of The Moon" dos Pink Floyd. Não houve
quem lhe ficasse indiferente, uns aderiram de imediato, outros
rejeitaram-no (parte de quem conhecia bem a obra anterior) e
ainda outros, como eu, ficaram algures no meio, aderiram mas levantaram
reservas (hoje retiro as reservas). Era um disco que se tinha de ouvir na
totalidade (e isso era possível na nossa rádio), era altamente cativante nos
arranjos e experiência musical mas não era tão atrevido como alguns dos
trabalhos anteriores. Terão com este álbum granjeado novos admiradores que
foram fidelizando em trabalhos posteriores.
Edição portuguesa de 1973, ref: SHVL 804
Talvez a apreciação de Miguel Esteves Cardoso feita em 1982, já
suficientemente distanciado, seja daquelas em que me revejo mais, dizia ele:
"Todas as ambições do Rock sinfónico encontram uma definição palpável em
"Moon" - melodias insinuantes que varrem as composições, multiplicadas,
repetidas e elevadas ao ponto de construírem uma atmosfera cósmica de espaço
e de libertação. Embora o pessimismo dos textos, e um grau notável de
auto-crítica, sobrecarreguem a música, o efeito final é de espiritualidade
desenvolta. Todos os defeitos e todas as qualidades dos Floyd encontram-se
neste álbum - por um lado, um ênfase excessivo sobre a produção que conferia
uma prioridade nunca vista ao estúdio (e a consequente perda de
espontaneidade e de pureza emotiva) e,, pelo outro, uma capacidade épica que
conseguia tocar sem se degradar em sentimentalismo. Talvez o supremo
artificio de toda a história do Rock. "Moon" fazia pressentir que os Floyd,
notórios forretas no que diz respeito à oferta de melodias originais, se
tinham esgotado." Atribuiu-lhe cinco estrelas.
Se bem que a recomendação seja a audição completa do álbum, aqui fica "Time"
uma composição bem identitária do som dos Pink Floyd a partir de 1973.
Se bem que já com discografia nos anos 60, é somente em 1970 que Jimmy Cliff
tem uma notoriedade internacional maior com o sucesso do Single "Wild World", versão
Reggae do original que Cat Stevens tinha editado meses antes. Mas por cá,
lembro-me, foi a versão de Jimmy Cliff que foi primeiramente divulgada.
Jimmy Cliff seria, a par de Bob Marley, um dos divulgadores do Reggae de maior
sucesso e a década de 70 foi o auge para este género e seus principais
autores. Melodias Pop com ritmos jamaicanos era o segredo do Reggae que
naqueles anos conquistou um vasto auditório
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"Unlimited" de 1973 passou relativamente despercebido o que não impediu Miguel
Esteves Cardoso de o incluir nas suas escolhas deste ano atribuindo-lhe três
estrelas, ou seja, recorde-se, bom mas nem sempre.
Começa bem este disco, começa com "Under The Sun, Moon And Stars", uma boa
amostra do melhor Reggae então praticado
Bob Marley era uma das preferências de Miguel Esteves Cardoso do período de
1970 a 1980 que ele tão bem retratou no texto "O Ovo e o Novo (Uma)
Discografia duma Década de Rock: 1970-1980" que tem vindo a servir de suporte
para este tema. Nele Bob Marley é mesmo colocado no topo a par de nomes como
Joni Mitchell, Leonard Cohen e David Bowie.
The Wailers e Bob Marley and The Wailers, foi com estas duas designações que
aparecem os álbuns dessa figura lendária do Reggae prematuramente falecido em
1981.
Em 1973 encontrava-se na rampa de subida para o estrelato que se iria manter
atá à sua morte. A música Reggae atinge níveis elevados de popularidade
em parte devido à qualidade excepcional de composição que Bob Marley
demonstrava.
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"Burnin'" era o sexto álbum, neste caso assinado como The Wailers, o último
ainda com Peter Tosh e Bunny Wailer, e continha dois temas que muito se
ouviram nos anos70 "Get Up, Stand Up" e "I Shot the Sheriff", este último
grande êxito no ano seguinte na versão de Eric Clapton.
No grupo dos "Outros" Miguel Esteves Cardoso referia um disco que na altura me
passou despercebido, era "Whatever's For Us" e era o primeiro registo da
cantora britânica Joan Armatrading ao qual atribuiu três estrelas. Mais um
disco do final de 1972 e aqui considerado nas escolhas de 1973.
Este primeiro LP foi gravado no Château d'Hérouville (onde
gravaram José Mário Branco e Sérgio Godinho) e tinha alguns nomes conhecidos
como Davey Johnstone, então guitarrista de Elton John e Gerry
Conway, ex-Fotheringay e na altura baterista de Cat Stevens. Joan Armatrading
revela uma voz fora do comum e inegável bom gosto nas canções que compunha.
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Apreciem "Alice", onde Joan Armatrading manifestava já todas as suas
potencialidades, ao ouvir fez-me lembrar Elton John, terá sido só a mim?
Joan Armatrading ganhou maior notoriedade em 1976 com a canção "Down To
Zero" mas ficou sempre a sensação que nunca teve o reconhecimento devido.
De volta ao ano de 1973 para retomar o tema "1970-1980 Algumas escolhas de
Miguel Esteves Cardoso", 11 anos bem revistos pelo conhecido Miguel Esteves
Cardoso num texto intitulado "O Ovo e o Novo (Uma) Discografia duma Década de
Rock: 1970-1980" e que constituía o posfácio do livro "POPMUSIC-ROCK" de
Philippe Daufouy e Jean-Pierre Sarton na sua 2ª edição. 1973 em claro
decréscimo quantitativo/qualitativo face aos anos anteriores.
Como já sabemos, para quem tem seguido este tema, a lógica de classificação
dos álbuns era, resumidamente a seguinte: três estrelas - Bom, quatro estrelas
- Muito Bom e cinco estrelas - Excelente e neste ano os discos estavam
agrupados em Soft, Mainstream, Fusão (sinfónico) e Outros.
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Começo por estes Outros onde constavam alguns discos da música negra de então, por exemplo Stevie Wonder e o seu "Talking Book" que merecia quatro estrelas.
Como aconteceu com algumas escolhas de Miguel Esteves Cardoso há aqui um
desfasamento temporal, na realidade "Talking Book" foi editado em 1972 já no
final do ano, é natural que por cá ele tivesse surgido e sido ouvido mais tarde.
Constante em vários anos nas escolhas de Miguel Esteves Cardoso, não deixava,
no entanto, de considerar Stevie Wonder de "qualidade inconstante" no período
em causa, enquadrando-o a par de Leonard Cohen, Bob Marley, Neil Young, Ry
Cooder e Van Morrison no chamado grupo "Estável/Tradicional" em contraponto
com o de "Instável/Experimental" onde cabiam nomes como Joni Mitchell, David Bowie, Lou Reed e outros.
Faziam parte de "Talking Book" canções como "You Are The Sunshine Of My
Life" e "Superstition", que em tempos já recordei, segue "Maybe Your Baby" a
atestar a qualidade deste trabalho.
Chego assim ao fim destas recordações para memória futura do ano de 2020 e
termino com o melhor, e o melhor é
Sérgio Godinho.
São cada vez menos os cantores portugueses da geração de 60 que se mantêm no
activo, alguns deles já não estão entre nós casos de
José Mário Branco
e ainda este mês de
Carlos do Carmo, é assim que recebo com a maior satisfação notícias de novos discos de
alguém que me traz a melhores recordações da minha juventude e ainda por cima
com a qualidade como o último registo de
Sérgio Godinho.
No meio da pandemia
Sérgio Godinho
escreve "Novo Normal" uma canção bem ao seu estilo com uma letra inteligente e
bem escrita, sem conceder ao facilitismo, como é seu hábito, outros deviam
apender com esta canção,
Van Morrison
é um deles (com as piores canções de 2020 para a revista Variety Magazine).
Edição Universal em CD com a ref: 3539584
O melhor chegaria no final do ano de 2020 com a edição em CD do concerto
efectuado com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e os habituais Assessores em
2018 no Teatro São Luiz em Lisboa. Pela primeira vez ele é acompanhado por um
orquestra, e de que maneira, dando nova vida a um conjunto de canções
verdadeiramente intemporais. É para mim o melhor disco português de 2020. E
fiquei com o seguinte pensamento "Que tal um disco com canções novas com o
suporte de orquestra?, e a resposta "boa ideia".
O disco começa com "Noite e Dia" do então mais recente álbum "Nação Valente"
(2018) e começa bem, ora ouçam.
Últimas recordações de 2020 para a música popular portuguesa, aquela que terei
menos ouvido no ano que passou. Defeito meu?, falta de divulgação?, menos
produção devido à pandemia?, eventualmente um pouco de tudo.
Foram muito poucos os discos que de alguma forma me tenham chamado a atenção,
mesmo assim eis alguns que marcaram este ano tão atípico.
- Três Tristes Tigres - Mínima Luz - Clã - Véspera - Capicua
- Madrepérola - B Fachada - Rapazes e Raposas
- Samuel Úria - Canções do Pós-Guerra
Duas bandas já históricas, por coincidência com início em 1992, marcaram
presença em 2020, Três Tristes Tigres e Clã, as duas com duas vozes
femininas do melhor Pop-Rock nacional, Ana Deus e Manuela Azevedo
respectivamente.
A rapper portuguesa Capicua regressa com "Madrepérola". Um género que
não aprecio mas que ela torna agradável.
B Fachada e Samuel Úria representantes do novo Pop nacional das duas últimas
décadas, os dois oriundos do movimento do início século com origem na
editora discográfica independente FlorCaveira, continuam a profícua produção
musical. Em 2020 cumprem mas não impressionam.
Com letra de Sérgio Godinho e música de Hélder Gonçalves "Tudo no Amor" da
banda portuense Clã representa o que de melhor se fez na música por cá
editada em 2020. Pertence ao álbum "Véspera", o melhor que encontro no meio
de tanta mediocridade que por aí anda.
As edições de Shirley Collins com 85 anos e Bob Dylan com 79 são as minhas
preferências do ano de 2020.
Bob Dylan é, como nos anos 60, um caso à parte na música popular. A virtude
não está com o facto de com 79 anos de idade continuar no activo, há muitos
que o fazem, é a qualidade única que ele ainda continua a demonstrar passados
quase 60 anos das suas primeiras gravações. É dos poucos da geração de 60,
quem mais?, que continua a colocar os seus discos no Top Ten de boa parte das
listas elaboradas com os melhores do ano. Não é todos os dias que nasce um
talento como Bob Dylan,
"Rough and Rowdy Ways" aí está para atestar o que disse. Depois de 8 anos sem
gravações originais, em "Shadows in the Night" (2015), "Fallen Angels" (2016)
e "Triplicate" (2017) revisitou clássicos, em 2020 voltou em grande aos
originais num disco muito, muito bom. Para mim o melhor do ano.
A dar continuidade às minhas preferências dos anos anteriores que foram:
Edição em duplo CD de 2020 pela Columbia com a ref: 19439780982
Não é difícil colocar "Rough and Rowdy Ways" entre os melhores que Bob Dylan
gravou nos anos 60 e 70 tornando-se rapidamente um dos seus clássicos. O
álbum é composto por 9 canções no primeiro CD e um segundo CD com "Murder
Most Foul", a canção mais longa que Bob Dylan escreveu, mais de 16 minutos,
uma fotografia do declínio da América pós assassinato de John Kennedy. Uma
das minhas preferidas é "I've Made Up My Mind To Give Myself To You" uma
bela balada de amor para se ouvir de seguida.
I'm sitting on my terrace, lost in the stars Listening to the sounds of
the sad guitars Been thinking it all over and I've thought it all
through
I've made up my mind to give myself to you...
Bob Dylan - I've Made Up My Mind To Give Myself To You
Se em 1970 me dissessem que passados 50 anos os meu discos preferidos desse
ano iriam ser de artistas que eram então já com carreiras firmadas
dificilmente iria acreditar, mas o que é certo é que esta suposição é bem
verdadeira. Dois discos houve em 2020 que ficaram no topo das minhas escolhas.
A primeira das quais vai para uma senhora com a provecta idade de 85 anos, é
ela Shirley Collins, o disco chama-se "Heart's Ease" e foi genericamente bem
recebido pela crítica.
Em 1970 ela já tinha 35 anos e eu ainda não a conhecia mas começava a apreciar
o Folk-Rock britânico com Sandy Denny à cabeça. Não foi pois difícil de gostar
de Shirley Collins quando mais tarde tomei conhecimento com a sua música,
desde o seminal "Folk Roots, New Routes" (1964) com Davy Graham até à
sua maior aproximação ao Rock em "No Roses" (1971) com The Albion Country Band. Em 2016 regressou às gravações, com o magnífico Lodestar", após um
retiro de 38 anos devido a um distúrbio vocal nunca bem entendido.
Edição em CD de 2020 da editora Domino com a ref: WIGCD454
Deste novo álbum escolhi a canção "Barbara Allen", uma balada escocesa do
século XVII e que Shirley Collins já tinha gravado por duas vezes (em "Sweet
England" (1959) e "The Power of the True Love Knot" (1968)). Desta vez,
segundo ela própria, terá decidido gravá-la depois de ter revisto o filme
"Scrooge" (1951), segundo o livro "A Christmas Carol" de Charles Dickens, onde
a canção pode ser ouvida, da maneira que ela aprendeu na escola, no final do
filme na cena em que o arrependido Scrooge visita o sobrinho.
Se ontem referi "Hard Luck Stories 1972-1982" de Richard and Linda Thompson
como uma das grandes compilações de 2020, para hoje outra caixa que não lhe
fica atrás "Archives - Volume I The Early Years (1963-1967)" da Joni Mitchell.
Se no primeiro estavam incluídos os 6 álbuns originais do duo o que tanto pode
ser considerado uma vantagem como desvantagem, no segundo a lógica é bem
diferente: o período que é coberto de 1963 a 1967 é anterior ao seu primeiro
LP de estúdio "Song to a Seagull" publicado em 1968 ou seja nada nesta caixa
estava previamente editado em discos originais.
A caixa, bem melhor concebida que a de Richard e Linda Thompson, é constituída
por 5 CD e um livreto de 40 páginas com fotos e uma entrevista a Joni Mitchell.
A caixa contém gravações ao vivo, demos caseiros entre as quais 29 composições
nunca antes realizadas. Atendendo às condições de gravação, a qualidade sonora
surpreendeu-me e é bastante boa, mesmo assim algumas faixas não escondem a
forma como foram gravadas e seriam, menos para os fãs, dispensáveis.
As primeiras gravações são de 1963 tinha Joni Mitchell 20 anos e
encontravam-se numa fita etiquetada "Joan Anderson audition tapes",
correspondiam a gravações efectuadas por um disc-jockey de uma estação de
rádio em Saskatoon, Canada, e o nome era ainda o de nascimento. A primeira
canção que é dado ouvir é a bem conhecida "House Of The Rising Sun" e que
sugiro para audição.
Sugestão: ouvir Joni Mitchell e estes seus arquivos no silêncio da noite.
Não se limitou ao EP "Bloody Noses" (ver Regresso ao Passado de ontem) as
novidades vindas de Richard Thompson em 2020. A primeira surgiu logo em Março
com a edição em duplo CD de um concerto de 1986, "Live at Rock City,
Nottingham, November 86". Originalmente gravado para transmissão radiofónica
foi no ano passado publicado em CD e ainda bem pois a qualidade do som supera
as expectativas. Richard Thompson a demonstrar as suas capacidades a tocar
guitarra, complexidade e fantasia são atributos do meu guitarrista preferido,
acompanhado por um conjunto de músicos de luxo num concerto centrado nos
álbuns "Hand Of Kindness" (1983), "Across A Crowded Room" (1985) e "Daring
Adventures" (1986) ou seja os três primeiros álbuns após a separação de Linda Thompson.
O melhor ainda estava para vir, em Setembro é publicada a caixa "Hard Luck
Stories 1972-1982", 8 CD e um livro de 72 páginas, correspondente ao período
com a sua então companheira Linda Thompson. A edição contempla um total de 113
faixas, onde estão incluídos os 6 álbuns originais por eles gravados, das
quais 30 são foram editadas previamente. Os 8 CD são os seguintes:
- 1 - Sometimes It Happens (1972-1973)
Após saída dos Fairport Convention, algumas gravações do colectivo The Bunch ,
alguns demos, passagem pelo primeiro álbum a solo de Richard Thompson "Henry
The Human Fly", ao que parece o disco menos vendido de sempre da Warner Bros Records, e duas
faixas ao vivo completam este primeiro CD.
- 2 - I Want To See The Bright Lights Tonight
Primeiro álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1974, acrescido de 5
faixas, 4 ainda não editadas e uma versão ao vivo de "The Great Valério".
- 3 - Hokey Pokey
Segundo álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1974, acrescido de duas
faixas, versão ao vivo de "Hokey Pokey" e versão alternativa para "A Heart
Needs a Home".
- 4 - Pour Down Like Silver
Terceiro álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1975, acrescido de 6
faixas, 3 previamente não editadas e 3 ao vivo em Oxford Polytechnic em
Novembro de 1975.
- 5 - The Madness of Love (Live 1975 & 1977)
11 faixas ao vivo previamente não editadas
- 6 - First Light
Quarto álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1978, acrescido de 6
faixas, trata-se de demos 5 dos quais previamente não editados.
- 7 - Sunnyvista
Quinto álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1979, acrescido de 7
faixas, 1 lado B do Single "Civilisation", 3 demos previamente não editados e
3 versões com arranjos de Gerry Rafferty.
- 8 - Shoot Out The Lights
Sexto e último álbum de Richard and Linda Thompson editado em 1982, acrescido de 6
faixas, 1 lado B do Single "Don't Renege On Our Love", 3 novas versões e 2 ao
vivo.
Quem tiver a discografia original é questionável a necessidade desta caixa,
quem não tiver e for de alguma forma admirador de Richard and Linda Thompson
então esta colecção é indispensável, com um senão a edição limitada que teve e
os problemas associados. Resumindo, encomendei "Hard Luck Stories 1972-1982"
antes da data da sua saída, quando foi editada começaram a ser publicadas
queixas da má qualidade dos CD, alguns CD inaudíveis e a dificuldade ou
impossibilidade de ripar para PC. Logo receei pelo pior até ter chegado o meu
exemplar que "felizmente" só apresentava problemas na última faixa do CD 5.
Como tantos outros reclamei para a Universal, em resposta reconheceram o
problema que tiveram com o empacotamento dos CD e pediam para enviar
confirmação da compra que substituiriam os CD com problemas e ainda enviariam
código para download de todo o conteúdo da caixa. Até hoje não enviaram nada
mas sorte a minha que lembrei-me de limpar com um pano o CD com problemas e ao
fim de várias tentativas consegui que o problema desaparecesse.
Portanto cuidado para quem quiser adquirir esta caixa, não só o preço
disparou face à escassez da edição como há a probabilidade de existirem
problemas com os CD. Entretanto, na net, há notícias de quem, em seu devido
tempo, tenha recebido os CD de substituição bem como o código para download.
Com o meu problema resolvido considero "Hard Luck Stories 1972-1982" uma das
melhores compilações que o ano de 2020 conheceu, de outra grande compilação
darei amanhã conhecimento.
Proponho para audição um demo de uma canção não publicada em nenhum álbum de
originais trata-se "The World Is A Wonderful Place" (ficará ainda melhor sem esta maldita pandemia) gravada em 1972.
Richard and Linda Thompson - The World Is A Wonderful Place
Estava previsto para 15 de Agosto de 2020 voltar a ver Richard Thompson em
dose dupla, primeiro a solo e depois com a sua banda de origem os Fairport Convention onde iriam comemorar os 50 anos da realização de "Full House"
tocando-o na íntegra. A pandemia deitou tudo por terra, ficando a esperança
para 2021, pelo menos já está feito o agendamento com validade dos mesmos
bilhete, do mesmo programa. A ver vamos, mas estou descrente.
2020 soube a pouco, mas valeram os mini-concertos caseiros em streaming que
efectuou a partir de Montclair, New Jersey, eis aqueles a que assisti:
- 29 de Março:
Interpretou a seguintes canções
I Misunderstood If I Could Live My Life Again Now Be Thankful Walking
the Long Miles Home As Soon as You Hear the Bell O Cinderella Down
Where the Drunkards Roll Keep Your Distance c The Rattle Within (com
Zara Phillips) She Never Could Resist a Winding Road (com Zara
Phillips) Jet Plane in a Rocking Chair (com Zara Phillips) I Want to
See the Bright Lights Tonight (com Zara Phillips)
Pela primeira vez cantou "As Soon as You Hear the Bell".
- 19 de Abril:
Interpretou as seguintes canções
Bathsheba Smiles
Angel From Montgomery
Walking on a Wire
Beeswing
Sloth
Turning of the Tide
Persuasion
The Storm Won't Come (com Zara Phillips)
Dry My Tears and Move On (com Zara Phillips)
Wall of Death (com Zara Phillips)
My Enemy (com Zara Phillips)
When the Saints Rise Out of Their Graves (com Zara Phillips)
Infelizmente a qualidade do som deste concerto foi fraca.
- 10 de Maio:
Interpretou as seguintes canções
Gethsemane
Withered and Died
If I Could Live My Life Again
The Rattle Within (com Zara Phillips)
Survivor (com Zara Phillips)
The Storm Won't Come (com Zara Phillips)
Wall of Death (com Zara Phillips)
When the Saints Rise Out of Their Graves (com Zara Phillips)
Apesar de ter sido gravado em casa tratou-se do seu contributo face às
dificuldades sentidas pelo Royal Albert Hall durante a pandemia. Ouvi pela
primeira vez "If I Could Live My Life Again" e " Survivor".
- 25 de Maio
The Sun Never Shines on the Poor
Sloth
Stony Ground
Keep Your Distance (com Zara Phillips)
She Never Could Resist a Winding Road (com Zara Phillips)
I Want to See the Bright Lights Tonight (com Zara Phillips)
Participação no Folk On Foot Front Room Festival 2.
- 31 de Maio:
Interpretou as seguintes canções
Sam Jones
The Poor Ditching Boy
Sunset Song
Doctor of Physick
Devonside
The End of the Rainbow
Old Thames Side
Hand of Kindness (com Zara Phillips)
Guns Are the Tongues (com Zara Phillips)
Razor Dance (com Zara Phillips)
Poppy-Red (com Zara Phillips)
She Twists the Knife Again (com Zara Phillips)
- 5 de Julho:
Interpretou as seguintes canções
As Soon as You Hear the Bell
She's A Hard Girl To Know
If I Could Live My Life Again
The Fortress (com Zara Phillips)
Survivor (com Zara Phillips)
What's Up With You? (com Zara Phillips)
Lucky in Life, Unlucky in Love (com Zara Phillips)
When the Saints Rise Out of Their Graves (com Zara Phillips)
Richard Thompson toca bandolim em "Lucky in Life, Unlucky in Love"
Serviu este concerto caseiro para promover a edição do EP "Bloody Noses" com
edição exclusivamente digital composto pelas primeiras 6 canções que
interpretou. Tocou ainda mais dois temas "Lucky in Life, Unlucky in Love" somente disponível na caixa de 2006
"RT - The life and music of Richard Thompson" tocada ao vivo no Folk City em
Nova Iorque em 1982 e "When the Saints Rise Out of Their Graves" que ele explicou estar prevista
ser incluída em próximo álbum com a sua banda. Boa ideia seria retomar
os 6 temas deste EP e desenvolvê-los num próximo disco com suporte físico,
mesmo assim, tendo em consideração a gravação lo-fi, mostram que Richard Thompson está em excelente forma e foi do melhor que ouvi neste
ano.
- 19 de Julho
Integrado no Folk by the Oak’s Family Nest Fest não tirei as canções que
tocou, lembro-me de "Genesis Hall".
2020 um ano com forte presença de Richard Thompson nos meus dias. Amanhã
continuo.
Para hoje de "Bloody Noses", "As Soon as You Hear the Bell", uma das melhores
canções do ano findo, para aquisição em http://bandcamp.com.
Quando em 2017 vi Judy Dyble ao vivo, e tive a oportunidade que ela me
assinasse alguns discos querendo ela saber ao certo como se escrevia o meu
nome, estava longe de imaginar que neste fatídico ano de 2020 ela nos iria
deixar em sequência de doença oncológica.
Nesse dia actuou por duas vezes, primeiro a solo com o acompanhamento da Band
of Perfect Strangers e depois integrada nos Fairport Convention onde lembraram
o início do grupo em 1967. Não faltou mesmo estar a tricotar em palco à
semelhança do que fazia nos remotos dias dos anos 60 então em protesto pela
sua pouca utilização.
No ano anterior (2016) tinha actuado em Cambridge na St. Barnabas Church
resultando daí a gravação de "Weavings of a Silver Magic" uma pequena
maravilha editada em CD em 2020 (ainda antes de falecer). Altamente
recomendado.
Edição do Reino Unido em CD com a ref: CZ00022
O último projecto de Judy Dyble, Dyble Longdon, resulta de uma colaboração
com David Longdon do grupo de Rock progressivo Big Big Train,
"Between A Breath And A Breath", foi publicado em Setembro de 2020 e rapidamente
colocou-se entre as minhas preferências do ano findo. Letra de Judy Dyble e
música de David Longdon, um disco que me transporta para o Folk Progressivo do
final dos anos 60, a lembrar os pré King Crimson de Giles, Giles and
Fripp onde Judy Dyble marcou presença.
Edição do Reino Unido em CD com a ref: EERCD0026
Como o anterior, altamente recomendável. Para abrir o apetite fica o tema
título "Between A Breath And A Breath".
Há semelhança do ano passado justificação para incluir este consagrado Rocker
entre as escolhas de 2020.
Bruce Springsteen volta com mais um álbum que mereceu mais uma vez a
apreciação positiva de maior parte da critica. Bruce Springsteen virou um
consagrado do Rock puro de quem não se espera um mau disco. É evidente que não
tem o encanto da novidade dos anos 70, mas o comercialismo de "Glory Days" e
"Born in U.S.A." também não, e revela-se agora um mais que maduro autor de
canções bem marcantes da cultura norte-americana.
https://en.wikipedia.org/
Depois de "Western Stars" (2019), agora com a sua fabulosa E-Street
Band, Bruce Springsteen trouxe-nos ""Letter To You" (2020) com algumas canções
a recordaremo melhor que eu retinha deste cantor. Um disco cheio de
energia que não denota uma pessoa já com 71 anos, para ficar cativado não é
preciso muito ficamos rendidos logo na faixa inicial "One Minute You're Here".
Um álbum a ir directo para os melhores de Bruce Springsteen.