Ana Maria Teodósio estreou-se musicalmente no programa televisivo
"Zip-Zip" em 1969 onde é acompanhada por Carlos Alberto Moniz, em 1971 publica
um EP com três composições dela e uma de Ermelinda Duarte.
Manuel José Soares fez parte do Duo Orpheu constituído em 1968, a solo publica
um EP em 1973.
Carlos Alberto Moniz depois da aparição no "Zip-Zip" a acompanhar Ana Maria
Teodósio, estreia-se nas gravações com o EP "Açores" (1970) com quatro temas
tradicionais açorianos donde era originário. Edita ainda o Single "Daremos
Mãos" e o EP "Estátua Falsa" respectivamente em 1971 e 1972. Nestes ano,
paralelamente integra os EFE 5 onde grava o Single "Rosa, Roseira", com esta
canção participam no Festival da Canção da RTP de 1971 e novo Single no ano
seguinte com Baleizão.
Maria do Amparo também no programa "Zip-Zip", em 1969, surgiu pela primeira
vez, com Carlos Alberto Moniz, com quem se casa em 1973, dá inicio a um duo
que nesse mesmo ano publica vários discos de formato pequeno entre os quais o
EP "Na Rota Dum Sol Azul" com alguns temas do cancioneiro açoriano.
https://www.discogs.com/
Os quatro, em 1973, dão o nome de Improviso como grupo vocal para concorrerem
ao Festival da Canção da RTP daquele ano. A canção, "Cantiga", não passou do
6º lugar e pouco depois cada um seguiu separadamente os seus projectos a solo
(Carlos Moniz e Maria do Amparo em duo).
Praticamente desconhecidos são a proposta de hoje, deram pelo nome de
Experiência e "experimentaram" um LP no ano de 1973. Registo único de um
quinteto formado nos anos 70 e que contou com a ajuda preciosa de Fernando
Girão (Very Nice) na gravação do álbum intitulado "Passo a Passo". Sem sucesso
terminaram de seguida mas, em 2010, a pouco conhecida editora Golden Pavilion
Records em colaboração com a Acalanto Edições Multimédia efectuaram uma edição
limitada do álbum, referindo-se-lhe assim a editora:
"Completely unknown Portuguese LP from 1973 that sounds like a cross
between Peruvian psych such as Laghonia & Traffic Sound, and a UK lost
gem on Harvest or Deram, with 2 great vocalists, seering guitar and a real
groove."
https://goldenpavilion.org/
O álbum teve, conforme informação na contra-capa,
"Colaboração especial de Fernando Girão: composição, direcção musical,
arranjos, mistura, percussão, vozes, vos solista e guitarra acústica na
faixa «Eu Quero», efeitos."
Constituído por 10 canções, maioritariamente compostas por Fernando Girão, de
fusão de diversos estilos, são de agradável audição e fica-se sem perceber o
porquê de em seu tempo não ter tido, pelo menos a devida divulgação. Quem se
lembrava deste disco?
Termino com "Eu Quero" da autoria de Fernando Girão que também a interpreta.
Mais um conjunto com gravações únicas no ano de 1973 e que desconhecia
totalmente, Eram de Moçambique e lá gravaram durante a sua curta
existência (1972-1974), provavelmente nunca passaram na nossa rádio em
Portugal continental, talvez por isso nunca os tenha ouvido, deram pelo nome
de Adágio Vocal. De qualquer forma, julgo que devo contribuir, mesmo que de
uma forma tão pequena, para a preservação e conhecimento do que em anos já tão
longínquos se produzia por cá e além mar.
Graças ao sítio https://sites.google.com/site/adagiovocal72 é possível
ficar a conhecer estes Adágio Vocal. Diga-se que é raro ver um sítio sobre um
conjunto tão pouco conhecido que tivesse tanta informação, é portanto dele que
me socorro.
Assim fica-se a saber:
" O grupo Adagio Vocal constitui-se formalmente em Maio de 1972 e tem como
membros o Zé Carlos, o Jorge Larsen e o Carlos Alberto, amigos e estudantes
do Instituto Comercial de Lourenço Marques."
Começaram por interpretar para além de canções originais, temas de Georges Moustaki, Bee Gees e Donovan e em Junho de 1973 vêm o seu primeiro Single
editado. Continha as canções "Mamana Joana" e "Canto Para a Amizade", tendo
primeiro atingido grande popularidade, lê-se no sítio referido:
" O Tema Mamana Joana ganha rapidamente uma projeção popular
assinalável. O tema é tocado amiúde nas rádios."
e ainda
"O Sucesso da canção Mamana Joana projeta o grupo para um visível
mediatismo. Recebem notícias de que a canção é um grande sucesso na cidade
da Beira, onde o tema é repetidamente replicado na rádio."
Após a revolução de 25 de Abril de 1974 optam por vir estudar para Portugal e
concluir os estudos pondo fim ao conjunto.
Continuo a busca de temas da música portuguesa no ano de 1973. Depois de
algumas canções de cantores da nossa melhor música ligeira bem conhecidos e
alguns outros que provavelmente muito poucos terão conhecido, continuo agora
com um conjunto de grupos de características Pop-Rock, alguns com um peso
vocal significativo como é o caso de hoje, Os Novíssimos em segunda passagem.
Recordo, Os Novíssimos foram uma formação coral constituída no início dos anos
70, julgo que de origem transmontana (provavelmente de inspiração cristã?) e
que deixaram como testemunho da sua música três EP editados em 1972 e 1973.
Nos dois primeiros predominavam os temas populares, José Afonso incluído, já
no terceiro e último do ano de 1973 estávamos em presença de temas todos
originais.
As canções que compõem este EP são "Canta Poeta", "Regresso a Lira", "Filho
Perdido no Mar" e "Anda Ver o Barco". Segue "Filho Perdido no Mar".
Falecido recentemente, a 22 de Julho, Tó Maria Vinhas é a escolha para
hoje. Talvez não tão desconhecido como as últimas escolhas, Manuel Sobral Torres e Orlando Rosa-Limpo, provavelmente pelo sucesso nos anos 80 de
"Formiga, Formiguinha", começou as suas lides musicais no início dos anos 70
tendo em 1973 editado dois Singles únicos nessa década.
"Alexandre" e "Naquele Freixo", no primeiro Single, e "Taça Distante" e "Eu
Vi" no segundo, todas de sua autoria tiveram os arranjos e direcção de
orquestra entregues ao conhecido Shegundo Galarza.
https://www.discogs.com/
Tó Maria Vinhas tinha uma forma de cantar bastante própria mas que me fez
lembrar o Nuno Filipe ou será só a mim que tal aconteceu? Ora ouçam "Taça
Distante" a ver se não tenho razão.
Mais um nome muito pouco conhecido e que deixou o seu testemunho na passagem
do ano de 1973.
Orlando Rosa-Limpo teve uma passagem meteórica pela música, circunscrevendo-se
a um único EP publicado no ano em apreço composto por quatro canções todas com
letra e música do próprio.
"Viagem", "Vagabundo", "Sonho" e "Poema de Longe" são temas que integram este
EP que contou com a presença de Jorge Palma no piano, arranjos e direcção de
orquestra, numa altura em que este antes de iniciar uma inequívoca carreira a
solo se dedicou aos arranjos e orquestração de muitos outros artistas de que
Orlando Rosa-Olimpo é um exemplo.
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Na contra-capa um texto de Fernando Correia, locutor da E. N. (emissora
Nacional):
"A vida, no seu faz e desfaz contínuo; na sua sucessão de sonhos, quimeras,
anseio, dor, luta, guerra e paz, loucura e sensatez; na confusão de pessoas
que se atropelam e se interrogam sobre a razão de ser de noites, dias, sol,
lua e marés; no escárnio doente que põe em rostos saudáveis e nos sorrisos
puros de bocas insalubres... - a vida (dizia eu), tem momentos de sossego,
de compensação, de tentativa! Tem minutos de quietude, de ponderação, de
caminhar seguro! Tem... razão!
Por isso, um disco pode ser, salutarmente, vida! Na mistura do anseio, da
palavra, da música, do poema, do querer, da mensagem e da compreensão do
ponto a atingir.
Orlando Rosa ( o intérprete e autor) e o Jorge Palma (orquestrador) são
vida. Ainda que em meia dúzia de minutos, mas que você (como ouvinte) poderá
repetir em horas."
"Sonho" foi a única faixa que consegui obter e que se encontrava no Youtube
com uma qualidade sonora fraca. Num estilo Pop ficam os cerca de 2m30s de
"Sonho", espero que ouvidos em "quietude".
Depois da passagem de alguns consagrados da música ligeira no ano de
1973, vou agora para um conjunto de artistas que também naquele ano editaram
as suas gravações mas que das duas uma ou nunca os tinha ouvido ou se sim não
me lembrava de todo. São, de qualquer modo gravações que, penso eu, não
tiveram grande eco na rádio e que portanto não atingiram camadas mais vastas
da população.
Começo com Manuel Sobral Torres. Dele a informação é muito escassa, certo é
que editou um único disco EP, com quatro canções precisamente no ano de
1973. Dele diz João Carlos Callixto em "Canta, Amigo, Canta":
"À época da edição deste disco, Manuel Sobral Torres era estudante em
Coimbra e encontrava-se ligado à Cooperativa Livreira Cidadela de Coimbra,
organização que viria a ser invadida e destruída na sequência do 25 de Abril
de 1974. Apresentando poemas da autoria de António Manuel Couto Viana, este
trabalho é, pois, um dos raros exemplos anteriores à revolução de canção de
combate não alinhada com a esquerda política"
Ainda no blogue https://1969revolucaoressaca.blogspot.com/ foi possível
encontrar um texto que terá sido publicado no jornal Primeiro de Janeiro a 24
de Janeiro de 1973:
"Acaba do aparecer no mercado o primeiro disco de Manuel Sobral Torres. Um
"EP" com quatro títulos: "Comício", "Rimance da Rosa", "Cabo da Boa
Esperança" e "Trova Dor". Quatro poemas (arranjos do prof. Duarte Costa)
cantados por Sobral Torres e declamados por Miguel Seabra.
Integrado no movimento cultural gerado em torno da Cooperativa Livreira
Cidadela de Coimbra Manuel Sobral Torres é um desses "jovens novos" que,
unidos na gravidade e entusiasmo com que encaram as propostas que o mundo
lhes lança em desafio, sonham as linhas ideias de um outro navio em busca de
outras praias, em busca de outro mar"
https://www.discogs.com/
O EP é composto pelas seguintes canções: "Comício", "Rimance da Rosa", "Cabo
da Boa Esperança" e "Trova Dor". As letras são de António Manuel Couto
Viana e a música do próprio Manuel Sobral Torres.
Na contra-capa lê-se o seguinte texto assinado por Francisco Rodrigues:
"Viver é, primeiro que tudo, comprometer-se. Da Consciência que Manuel
Sobral Torres tem dees facto, as canções testemunham.
O estudante de Coimbra - ao longo dos tempos título para várias glórias -
desde sempre viveu um ambiente característico a cuja influência é difícil
escapar. De olhos abertos, ávida e corajosamente, a nova geração procura o
seu caminho (busca o teu futuro, diz-se aqui).
Integrado no movimento cultural gerado em torno da Cooperativa Livreira
Cidadela de Coimbra, Manuel Sobral Torres é um desses «jovens novos» que,
unidos na gravidade e entusiasmo com que encaram as propostas que o mundo
lhes lança em desafio,
sonham as linhas ideais de um outro navio / em busca de outras praias, em
busca de outro mar.
Infelizmente a passagem de Hugo Maia de Loureiro foi curta, resumindo-se aos
primeiros anos da década de 70, tendo deixados gravados três discos pequenos e
um LP.
Como tantos outros foi descoberto no programa televisivo "Zip-Zip" ainda no
ano de 1969. Depois disso participou nas edições de 1970 e 1971 do Festival da
Canção da RTP respectivamente com as canções "Canção de Madrugar" (2º lugar, a
mais bonita canção que me recordo deste certame) e "Crónica de um Dia" (4º
lugar). Em 1977 participa no popular concurso "A Visita da Cornélia" e depois
disso não mais soube deste cantor.
A sua produção discográfica terminou com o álbum "Gesta" de 1973
(informação não precisa pois em alguns sítios, nomeadamente na wikipédia é
referido como sendo de 1972) que continha algumas das canções já editadas em
Single e outras novas.
"Gesta" um álbum que não tinha a força de algumas das suas composições, como a
já citada "Canção de Madrugar", algumas canções valem mais pelas letras
divididas por Fernando Guerra, Maria da Graça Varela Cid e e Ary dos Santos.
É deste último, mais uma vez, a letra da canção de hoje "Fala de um Homem Só"
com música do próprio Hugo Maia de Loureiro.
Lembranças contraditórias quando se fala da Tonicha em parte devidos ao
seu reportório muito diversificado desde a canção ligeira e popular ao
folclore de mais baixa qualidade. Também a voz por vezes muito estridente não
ajudou a que dela tivesse uma opinião mais positiva. Já no que diz respeito aos
textos também aqui foram bastante diversificados mas onde não se pode deixar
de relevar a presença de Ary dos Santos em canções como "Menina" com a qual
ganhou o Festival da Canção em 1971.
Prova desta miscelânea de géneros está no LP de 1973, "Canções e Folclore",
como o nome indica uma compilação de temas de música ligeira e do nosso
folclore mais tradicional. Um disco desinteressante para meu gosto. Mas entre
o nada atrativo lado B todo ocupado por temas de folclore e no lado A canções
de vários autores como "Glória, Glória Aleluia" (José Cid) e outras onde
refiro as que tinham letra de Ary dos Santos: "Menina", "Mulher e Força" e
"Com um Cravo na Boca".
Esta última uma canção de 1973 e então também publicada em EP conjuntamente
com "A Rapariga e o Poeta", "Contraluz" e "Rosa, Rosae". "Com um Cravo na
Boca", uma bonita canção de Ary dos Santos e Jorge Palma a merecer uma melhor
interpretação.
Com presença regular no Festival da Canção da RTP Fernando Tordo, em
1973, era, mais que uma promessa, uma certeza no panorama da música ligeira
portuguesa que encetava então uma renovação face à decadente música praticada
pelos "velhos" intérpretes da década anterior. Renovação que se verificou não
só nas melodias e ritmos incorporando influências estrangeiras nomeadamente do
Pop-Rock (não tivesse Fernando Tordo passado por uma das melhores formações do
género, Os Sheiks), como nas letras abandonando a lamechice dos textos
interpretados por cantores que justa ou injustamente ficaram ligados ao regime
fascista então ainda vigente. No caso das letras não é alheia a longa
colaboração que Fernando Tordo teve com o poeta Ary dos Santos que lhe escreve
mais de cem poemas. Foram muitas as canções de grande sucesso que tiveram a
colaboração de Ary dos Santos, de "Desfolhada", vencedora do Festival em 1969
pela Simone de Oliveira, a "Meu Amor, Meu Amor" na voz da Amália Rodrigues.
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Em 1973 a colaboração Fenando Tordo, Ary dos Santos é intensa, vencem o
Festival da Canção com "Tourada", é editado o LP "Tocata" onde 7 das 11
composições têm letra de Ary dos Santos e ainda o Single "O Café" com duas
canções assinadas por esta parceria.
Segue "O Café" e a sua letra satírica como uma boa recordação de 1973
O ano de 1973 teve, na área da música ligeira portuguesa, no Festival da
Canção da RTP, como vinha sendo hábito, o seu ponto mais alto. Numa mescla do
novo e do velho se fez mais este certame que apurava a canção que iria
representar Portugal no Festival da Eurovisão.
A música ligeira mais tradicional era representada por artistas como Simone de Oliveira, Paco Bandeira e a Tonicha, as novas tendências, em representação
maioritária, tinha nomes como o Paulo de Carvalho, o Fernando Tordo (vencedor
com a canção "Tourada"), Duarte Mendes, os Improviso e os Mini-Pop. Alguns
deles vou recordar nestes meus Regresso ao Passado dedicados ao ano de 1973 em
Portugal. Ontem recordei o Paulo de Carvalho hoje é a vez de Duarte Mendes.
Assíduo nos Festivais da Canção da RTP, marcou presença contínua de
1970 a 1973, alcanço o 3º lugar, neste último ano, com a canção "Gente".
Seria publicada em EP onde constavam também "O Retrato e "Maria Vida Fria".
O original de "Maria Vida Fria" tinha sido publicado no ano anterior na voz de
Paulo de Carvalho, porque achei esta versão de Duarte Mendes particularmente
feliz, a que não é alheia a bonita voz que ele possuía, é a escolha de hoje.
Pena que a sua carreira discográfica se circunscreve-se ao período curto de
1970-1975, mesmo assim a ele hei-de voltar.
O boom da nova música popular portuguesa de 1969 a 1972 pareceu
esmorecer em 1973. Foram menos as novidades ocorridas neste ano, com algumas
ausências de relevo como José Mário Branco e Adriano Correia de Oliveira. Mário
Correia no seu livro "Música Popular Portuguesa" o diz:
"O ano de 1973 caracteriza-se por uma acentuada quebra de edições
discográficas (como se se adivinhasse o futuro e se estivesse à espera da
«madrugada de Abril») embora tenham surgido obras importantes de Luís Cília,
José Jorge Letria, Manuel Freire e, evidentemente, José Afonso."
Sim José Afonso, sem dúvida, "Venham Mais Cinco" o melhor trabalho em língua
portuguesa de 1973.
Verifica-se no entanto na área da música dita ligeira um conjunto de gravações
assinaláveis e é por elas que começo nesta minha passagem pelo que por cá se
fez no ano de 1973.
Começo com o Paulo de Carvalho que tanto quanto consegui apurar editou neste
ano quatro Singles. Canções em português como "Semente" que concorreu ao
Festival da Canção RTP até canções em inglês, continuava a tentativa de
internacionalização, como "Summer Love", "You Must Be Free, Bird" ou "I'll Be
There With You", confesso que algumas delas já não me lembrava de todo, terão
sido pouco promovidas?
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De qualquer forma hoje fica, com uma bela interpretação, a recordação de
"I'll Be There With You", canção composta por Kevin Hoidale (ex-Objectivo) e
José Calvário responsável pelos arranjos e direcção musical.
1973 foi ainda um ano muito bom para Gilbert O'Sullivan, o irlandês que me
tinha deliciado nos dois anos anteriores com canções como "Nothing
Rhymed", "No Matter How I Try", "Alone Again (Naturally)" e "Clair".
1973 foi o ano do terceiro LP de Gilbert O'Sullivan, "I'm a Writer, Not a
Fighter", e marca o declínio do cantor em termos de vendas, mesmo assim saíram
dele canções como "Get Down" (mais ritmada que as canções anteriores), "Ooh
Baby" (incorporando influências Funk) que andaram pelos Top das tabelas de
vendas.
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Na verdade, relativamente a 1973, a minha memória não me remetia para nenhuma
canção deste álbum mas sim para "Why, Oh Why, Oh Why". O ano não terminaria
sem antes ser publicado um novo Single precisamente com esta última canção e
que se aproximava mais das melodias das canções iniciais.
E é com esta "Why, Oh Why, Oh Why" que termino a passagem por "Canções que se ouviam no ano de 1973". Espero que tenham gostado desta memórias de um ano já
longínquo, pouco inovador que viveu sobretudo da inércia de sons que já vinham
dos anos anteriores.
Ocorreu-me que o "Rock no feminino" poderia ser um bom tema a explorar num
futuro próximo, isto quando me lembrei de incluir hoje nas canções que se
ouviam em 1973 a Suzi Quatro. De Janis Joplin a PJ Harvey muito haveria a
salientar nestas últimas 7 décadas de Rock. A pensar.
Neste contexto de canções que se ouviam no ano de 1973, uma houve que andou
pelos Top e que muito se ouviu era "Can the Can" de uma então ilustre
desconhecida de nome Suzi Quatro.
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Suzi Quatro é uma música norte-americana, actualmente com 70 anos, ainda no
activo, que teve o seu sucesso na década de 70, inseriu-se no movimento do
Glam-Rock oriundo do Reino Unido e que nos Estados Unidos não teve igual
popularidade. Mesmo assim alguns nomes sonantes podem ser associados aos
poucos anos que este estilo musical teve, como Alice Cooper, Lou Reed, New
York Dolls ou ainda os Sparks.
Um Rock simples, diria fácil, tipo usar e deitar fora, mas muito energético,
assim se fizeram os principais êxitos de Suzy Quatro, os quais se prolongaram
até ao final da década com "If You Can't Give Me Love".
De alguma forma já disponibilizei alguma informação e alguns temas dos
primeiros anos de Rod Stewart, primeiro a pretexto de Jeff Beck Group onde foi
vocalista nos anos 1967 a 1969, depois com a constituição dos Faces (a partir
dos Small Faces) em 1969 onde esteve até 1975. Entretanto começou uma bem
conseguida carreira a solo donde destaco deste período o grande disco que foi
"Every Picture Tells a Story" (1971).
Em 1973 Rod Stewart era já um cantor com créditos firmados com algumas canções
já bem conhecidas como "Reason to Believe", "Maggie May"
ou "You Wear It Well", esta do álbum a solo então mais recente "Never a
Dull Moment" (1972), mas é um álbum dos Faces que vai dar continuidade à obra
de Rod Stewart.
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"Ooh La La" seria a última publicação de estúdio dos Faces e a bem conseguida
"Cindy Incidentally" a canção publicada em Single e consequentemente mais
ouvida. Depois seria o fim com relevo, até aos dias de hoje, para o sucesso
individual de Rod Stewart e a de Ronnie Wood que ingressaria nos Rolling Stones em substituição de Mick Taylor. Resta ouvir "Cindy Incidentally" uma
bonita canção que o ano de 1973 nos deixou.
The Strawbs ou simplesmente Strawbs é um grupo inglês de Folk-Rock formado em
1964 ainda existente e que tem em Dave Cousins a figura central da sua música.
É mesmo o único que se mantém da formação inicial, por onde passaram diversos
músicos que contribuíram para a diversificação que se estendeu até ao Rock
Progressivo.
O propósito de hoje, a canção "Part Of The Union", é praticamente a excepção
de popularidade e sucesso da música dos Strawbs, convêm pois enquadrar melhor
este grupo no que diz respeito às minhas memórias.
O meu primeiro contacto com a música deste grupo foi com o álbum "From the
Witchwood" (1971 - 4º LP) que então adquiri e do qual gostava em particular na
habilidade que mostrava de misturar o Folk com sonoridades mais progressivas.
Na formação que gravou este LP constava nos teclados Rick Wakeman que de
seguia ingressou nos Yes sem dúvida mais adequados ao seu vanguardismo.
Seguiu-se, no mesmo registo, o ainda melhor "Grave New World" (1972), até que
chegamos a "Bursting at the Seams" do ano em apreço.
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"Bursting at the Seams" parece-me ser um disco menos progressivo que os
anteriores, mais acessível e aquele que levou os Strawbs a uma maior
audiência. Dele lembrava-me bem de canções como "Part Of The Union", "Lay
Down" e "Flying".
O maior sucesso dos Strawbs acabaria por ser uma canção Pop comercial e que
pouco tinha a ver com a sonoridade característica do grupo. Trata-se de "Part
Of The Union" canção que seria rapidamente apropriada pelos sindicatos
britânicos, ora ouçam.
Penso que depois dos Eagles fica bem ouvir The Doobie Brothers. Vendo bem
penso que têm muito em comum, os dois grupos nasceram na Califórnia,
formaram-se no início dos anos 70, tiveram nesta década o seu período mais
criativo e produtivo e mesmo em termos de sonoridades há algumas semelhanças
quando se aproximam de um Soft-Rock imaginativo, bem trabalhado, bem
produzido, por vezes próximos de um som, diria, comum, quase comercial mas
muito agradável e relaxante de se ouvir. Os primeiros mais próximos do Country
e do Folk, os segundos mais próximos do Pop e dos Blues. Os primeiros também
com mais êxito internacional.
The Doobie Brothers deram-se a conhecer em disco em 1971 com o homónimo
primeiro LP, mas provavelmente só deles tomei conhecimento no ano seguinte com
"Listen To The Music" do segundo álbum "Toulouse Street" que entretanto já
disponibilizei.
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Hoje avanço para o terceiro trabalho, "The Captain and Me", publicado em 1973,
ainda sem aquele que seria o futuro e característico vocalista Michael
McDonald. Um álbum muito aprazível e descontraído onde se evidenciavam faixas
como "Long Train Running", "China Grove" e "Without You".
"Long Train Running" num estilo que os aproximava mais dos Eagles referidos
inicialmente, é a proposta que segue para nosso consolo.
A década de 70 é a década dos Eagles. É nos anos 70 que se centra o sucesso
que esta banda californiana teve. Os Eagles foram, sem dúvida, uma das mais
bem sucedidas bandas de Rock da minha juventude. O apogeu ocorreu em 1976 com
o super êxito que foi o álbum "Hotel California", mas já antes tinham revelado
quatro LP bem promissores. Possuíam influências que remontavam aos Byrds e
Buffalo Springfield e era o segundo registo publicado em 1973, "Desperado",
aquele que pessoalmente mais admirava.
Tinham, portanto, um toque Folk e Country bem notório em "Desperado" sendo as
faixas que ficaram mais conhecidas respectivamente "Desperado" e "Tequila
Sunrise".
https://rateyourmusic.com/ - edição portuguesa
Depois de "Take It Easy", que sobressaía no primeiro LP, e que também se
encontra neste blogue, segue "Tequila Sunrise", menos de três minutos, simples
e irresistível, é só imaginar o cenário adequado. "Tequila Sunrise" uma boa
marca do que se ouvia no ano de 1973.
Steve Miller Band é uma banda da Costa Oeste dos Estados Unidos com início nos
anos 60 do século passado tendo como líder, como o nome indica, o guitarrista
Steve Miller, também cantor e compositor.
Com influências dos Blues ficou ligado ao chamado "Som de S. Francisco" que
marcou o início da sua carreira. Início de que já dei conta recordando a sua
passagem pelo Festival de Monterey de 1967 e o seu primeiro LP "Children Of
The Future" do ano seguinte.
Foi demorada a sua consagração a públicos mais vastos, tal só viria a
acontecer em meados dos anos 70, 7 anos após a formação e a publicação de 7
álbuns relativamente bem recebidos pela crítica especializada. Chegados
a 1973, novo álbum, "The Joker", e nele vinha o primeiro sucesso comercial,
tratava-se da canção que dava o título ao LP.
https://en.wikipedia.org/
"The Joker" correspondia a uma mudança de sonoridade, onde o Blues perdia
terreno ganhava o Pop, onde o improviso e a meditação partiam chegava a leveza
e a diversão. Bem vindos a "The Joker", a canção.
Em abono da verdade, pelo menos para meu gosto, à medida que a década de 70
avançou diminuiu a qualidade dos quatro ex-Beatles, numa prova que, neste
caso, a soma das partes era bem superior às partes em separado. A inércia
inicial ia diminuindo e as desilusões sucedendo-se, de Ringo Starr não se
podia esperar mais do que já tinha mostrado, George Harrison tinha-se esgotado
em "All Things Must Pass", Paul McCartney parecia perdido e não conseguia
mostrar que era o melhor dos quatro, John Lennon tinha dado tudo com "Imagine"
e não mais se igualou até à sua morte em 1980.
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"Mind Games" começava com o tema título e era o melhor que o disco tinha para
dar, a recordar ainda os bons anos 60, mas não consegue nas restantes canções
manter a chama inicial. Nada de imprescindível, portanto.
Ringo Starr era o menos dotado dos 4 Beatles, quer a nível de composição quer
em termos vocais, cumpria o seu papel a tocar a bateria. No entanto, também
ele após o fim do grupo em 1970 se abalançou em carreira solo, da qual já
recordei "Beaucoups of Blues" logo de 1970. Também "It Don't Come Easy" e
"Back Off Boogaloo" tiveram o seu sucesso nos anos seguintes.
Em 1973, publica "Ringo", era já o seu terceiro álbum a solo e as críticas
foram mais favoráveis que os seus antecessores, talvez a presença dos
ex-companheiros, em faixas distintas, tenha ajudado.
Se é verdade que The Rolling Stones resistiram melhor ao fim dos anos 60 que
The Beatles, a prova está que incrivelmente ainda perduram nos dias de hoje!,
também é verdade que com a avassaladora oferta de boa música que os primeiros
anos da década de 70 nos prendou, The Rolling Stones soavam, para mim, já
nestes anos, como um grupo ultrapassado e que os seus melhores dias já tinham
acabado. Em parte era verdade!
Pode ser polémico mas confesso "Goats Head Soup" (1973), o sucessor de "Exile
on Main St." do ano anterior, não me entusiasmou nada, muito menos agora,
excepção feita para "Angie" que hoje recordo.
https://www.discogs.com/ - edição portuguesa
Lembrei-me e fui consultar o livro "The Rolling Stones" de Philippe Bas -
Rabérin que afirma: "... «Goats heat soup» é, no seu conjunto, um álbum decepcionante. A música
popular jamaicana, o reggae, notável sobretudo pelo papel nela desempenhado
pelas secções rítmicas, não deixa qualquer marca; e os temas de
Jagger-Richard raramente passam de uma combinação de harmonias e sonoridades
anteriormente melhor trabalhadas."
Fico mais descansado, vozes mais avalisadas que eu manifestam-se no mesmo
sentido.
Um tanto melosa, mas mesmo assim o melhor que se conseguia encontrar num disco
menor dos The Rolling Stones, "Angie".
Em 1973 os Pink Floyd tinham já publicados 7 álbuns mas, na realidade, não eram ainda conhecidos do grande público. Nem, a generalidade, da música que produziam o permitiria. Tratava-se de uma música vanguardista, difícil de entender, de reproduzir por outros, muito menos de cantarolar por qualquer um. Ainda hoje, atrevo-me a dizer, dos muitos fãs que a banda deixou quem é que conhece bem a discografia anterior a 1973? Quem ouviu discos como "Atom Heart Mother", "More" ou "Ummagumma"?
1973 veio alterar radicalmente esta situação, "Dark Side Of The Moon" foi um êxito estrondoso e um marco decisivo na carreira do grupo. "Este disco, acolhido por todo o lado com um entusiasmo unânime, foi sobretudo ocasião para o grupo se impor definitivamente nos Estados Unidos.", lê-se no livro "Pink Floyd" de Jean-Marie Leduc.
E ainda: "Podemos afirmar que Dark Side of the Moon é uma das duas obras essenciais dos Pink Floyd. Depois de anos a hesitar e a marcar passo, o conjunto consegue inovar e reencontrar as suas qualidades criadoras." E mais à frente considerava a música deste álbum "... mais condensada, mais imediata, mais próxima do espírito e da forma Rock."
"O exemplo mais flagrante deste novo passo é incontestavelmente, «Money»..." tratando-se de um "... rock sólido, reforçado por uma secção rítmica bem em evidência e entrecortado por dois nervosos solos de saxofone e guitarra."
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"Money" era a faixa mais divulgada deste, então, controverso álbum que era possível ouvir na íntegra na nossa rádio. É a segunda passagem que por ele faço, outros motivos com certeza irão levar a novas passagens.
Ainda os sons de "Summer Breeze" (1972) andavam no ar e os Seals and Crofts avançavam com novo disco, LP e Single, com mais um sucesso de rádio,
"Diamond Girl".
Seals and Crofts foram um duo norte-americano que existiu nos anos 70 do
século passado (há quanto tempo não surge um duo na cena musical
internacional? Parece que a época dos duos acabou!). Centrados numa música
calma de fácil digestão percorreram as tabelas de Top naquela década em
particular nos anos de 1972 e 1973 com os 2 LP de maior sucesso "Summer
Breeze" e "Diamond Girl" donde saíram as respectivas canções título.
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Estamos pois em 1973 e as memórias vão para "Diamond Girl" que com as suas
belas harmonias prolongava o bem estar que "Summer Breeze" anteriormente
proporcionara. Infelizmente um projecto que se esgotou em poucos anos.
Como muito facilmente se pode constatar muitos dos nome que nos encantaram na
segunda metade dos anos 60 continuaram, e alguns bem, a dar-nos motivos de
satisfação na década seguinte em particular na sua primeira metade. Um deles,
sem margem para dúvidas, foi Paul Simon.
Terminada a inesquecível parceria com Art Garfunkel era legítimo pensar e ter
dúvidas sobre o que viria a seguir, conseguiriam em separado igualar em beleza
e emoção o que tinham juntos realizado?
A simbiose era perfeita e difícil de superar em particular nas harmonias que
em duo, com a voz ternurenta de Art Garfunkel, emprestavam às composições de
Paul Simon.
Art Garfunkel teve uma produção discográfica apagada e não teve o impacto de
Paul Simon.
Paul Simon continuou a mostrar as suas capacidades de compositor, notando-se
aqui e acolá a falta da voz de Art Garfunkel. De qualquer modo três álbuns
dignos de nota: "Paul Simon" (1972), "There Goes Rhymin' Simon" (1973) e
"Still Crazy After All These Years" (1975)
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Em 1973 do álbum "There Goes Rhymin' Simon" saíram várias canções que passavam
na nossa rádio e que naturalmente foram publicadas em Single como "Kodachrome"
e "Loves Me Like a Rock". A minha preferência ia para uma outra "American
Tune", só lhe faltava Art Garfunkel, numa toada mais Folk do que as
anteriormente referidas nitidamente mais Pop-Rock.
Segundo o livro "Os Grandes Criadores de Jazz" no capítulo dedicado ao Jazz
vocal e em particular à Soul Music considera que esta forma musical
"...conquistou nos anos 60 uma universalidade comparável à do jazz
instrumental"
destacando Ray Charles, Aretha Franklin e James Brown que terá levado
"...esta arte vocal... ao seu mais alto nível...". E destaca na Soul
Music duas escolas, a do Sul,
"... berço do blues e do jazz." referindo-se a Percy Sledge, Wilson Pickett, Otis Redding, Isaac Hayes e Nina Simone entre outros, e a escola dos
Grandes Lagos (Chicago, Cleveland, Detroit) onde menciona nomes como Smokey Robinson, Sam Cook, Stevie Wonder, Diana Ross, Al Green e Marvin Gaye. Escola
esta
"... que privilegia a ternura, a elegância, o registo agudo e uma certa
sofisticação...".
"Marvin Gaye (1938-1984), cujo carisma e sensualidade culminante em What's
Going On (1970) e Let's Get It On levarão o seu pai, pastor reaccionário, ao
filicídio", lê-se no mesmo livro.
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Já apresentei Marvin Gaye com a canção "I Heart It Through the Grapevine" de
1968 e a importância que ele teve no chamado som "Motown" a ele volto hoje com
a canção "Let's Get It On" decorria o ano de 1973.
Deixemo-nos envolver por este "Let's Get It On", mais uma grande canção que a
Soul Music nos deixou e que dificilmente se faria nos dias actuais.
Jim Croce foi um músico de Folk-Rock norte-americano que faleceu com apenas 30
anos de acidente de avião. Deixou-nos 5 álbuns de estúdio, 2 dos quais em
1973, um anterior à sua morte, "Life and Times", e outro posterior, "I Got A
Name".
O primeiro continha o sucesso "Bad, Bad Leroy Brown" que já recordei, o
segundo a canção título, talvez a sua canção mais conhecida, pelo menos era a
que eu me lembrava melhor e a que me vinha à memória por qualquer razão a
propósito do seu autor.
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"I Got A Name" é uma belíssima canção que deu nome ao álbum e que foi
publicada em Single no dia a seguir ao trágico acidente que resultaria na
morte de Jim Croce.
"Like the pine trees linin' the windin' road I've got a name, I've got a name Like the singin' bird and the croakin' toad I've got a name, I've got a name And I carry it with me like my daddy did
Depois do muito aclamado triplo álbum "All Things Must Pass" (1970), o
primeiro trabalho de George Harrison pós-The Beatles, este organizou o
Concerto para o Bangladesh realizado em Agosto de 1971 que teve a colaboração
entre outros de Ravi Shankar, Ringo Starr, Eric Clapton e Bob Dylan, dele
resultou a edição de mais um triplo disco onde constava o inédito
"Bangla Desh", disponível neste blogue, que deu o mote ao concerto, disco e
filme: o apoio à independência do Bangladesh declarada em 1971.
1973 é o ano de novo álbum, "Living In The Material World", dando seguimento às
suas preocupações espirituais que já vinham dos anos 60 e do retiro espiritual
que The Beatles tinham feito na Índia. Palavras de George Harrison ainda nos
anos 60:
"...But if you get a car and a telly and a house ...and even a lot of money
...your life's still empty because it's still on the gross level. What we
need isn't material, it´s spiritual. We need some other form of peace and
happiness."
E aí está, em 1973 funda The Material World Charitable Foundation de
forma a apoiar a diversidade de expressão artística e novas formas de vida
alternativa. "Living In The Material World " revela essas preocupações mas no
entanto não alcança o sucesso dos discos anteriores.
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A canção que mais se ouvia era "Give Me Love (Give Me Peace On Earth)", mas o
melhor encontrava-se em "Try Some, Buy Some" a minha preferida.
Era difícil que a qualidade, demonstrada em disco, conseguisse perdurar no
tempo ao ritmo a que os Chicago estavam a publicar os seus trabalhos,
recorde-se 4 duplos e 1 quadruplo LP de 1969 a 1971, em 1972 é publicado
"Chicago V" e em 1973 "Chicago VII", estes em formato simples. E estes 2
últimos davam já sinais, para mim, evidentes de algum esgotamento e de uma
estandardização do seu Jazz-Rock.
Uma fórmula bem conseguida nos primeiros trabalhos que manteve a sua inércia
de vendas nos Estados Unidos mas lograda na Europa, em particular no Reino
Unido, com "Chicago V" e "Chicago VII" a terem uma modesta prestação.
Deixámos de ter composições poderosas com "24 or 6 to 4" ou "Make Smile"
(ambas de 1970) para temas mais delicodoces e de agrado fácil como "Saturday
In The Park" (1972) e "Just You 'N' Me" (1973).
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Esta última foi precisamente a que ficou mais conhecida do álbum "Chicago
VII", numa altura em que o meu interesse pelos Chicago já tinha desaparecido. "Just You 'N' Me" mais uma canção que fez o ano de 1973.
Numa década plena de êxitos é natural que em 1973 The Carpenters também
estivessem entre aqueles que naquele ano se fizeram ouvir com as suas canções.
A música suave deste duo contrastava com as propostas mais ritmadas que a
música popular então produzia, mas nem por isso, ou talvez por isso, a par da
imagem polida que cultivaram tivesse a preferência que tinham em muitos
sectores do população talvez mais conservadora. Na realidade a melodiosa voz,
num registo muito "Easy Listening", de Karen Carpenter era bastante atractiva
e agradável de se ouvir.
Quem não os conhecer descubra os Singles, alguns como "Rainy Days and Mondays"
e "We've Only Just Begun" já aqui os recordei, dos primeiros anos da década de
70 e, se gostar do género, não ficará arrependido.
Para os menos novos com certeza será com alguma nostalgia e poderá ficar a pensar
que já não se fazem músicas como estas, que vivemos num mundo caótico, e agora
pandémico, onde as músicas perderam melodia e inteligibilidade.
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Em 1973, The Carpenters publicam o álbum "Now & Then" que infelizmente, no
lado B, se perde num medley que poderia ser muito mais bem conseguido se
eliminassem a voz irritante do apresentador, mas tinha "Sing" que muito se
ouviu. Ora "la-la-la-la...Just sing, sing a song".
Deep Purple, nunca estiveram no topo das minhas preferências mas que tiveram
algumas composições irresistíveis lá isso é verdade.
Deep Purple foi um grupo pioneiro no Hard-Rock a par dos Led Zeppelin, estes a
nutrirem a minha preferência, e Black Sabbath. Rapidamente evoluíram para
sonoridades mais pesadas que nunca me cativaram, excepção feita ao polémico e
discutível "Concerto for Group and Orchestra" de 1969. De qualquer modo a
popularidade do grupo foi aumentando nos primeiros anos da década de 70 e com
"Machine Head" (1972) obtinham o maior sucesso de sempre. "Smoke On The
Water", editado em Single em 1973, ajudou a esse sucesso, era uma canção com
um riff poderosíssimo e que empolgou a juventude do meu tempo.
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Mas, não bastasse, em finais de 1972 é editado o histórico duplo álbum aos
vivo "Made In Japan" e lá constava também "Smoke On The Water" numa versão de
mais de 7 minutos. Eram portanto as duas, a original e ao vivo, que no ano
1973 era possível ouvir ou na rádio ou num gira-discos de algum amigo (em
minha casa havia um bom gira-discos, mas não os discos aqui em causa).
Para os apreciadores do género, ou para aqueles, como eu, cujas memórias não
passam ao lado desta canção proponho a audição de "Smoke On The Water", hoje,
na versão ao vivo.