"O grupo americano mais popular até 1968. O seu comportamento em palco contribuiu em muito para isso: antigos estudantes, como a maior parte dos membros dos grupos psicadélicos, os Doors, mais que qualquer outros, tinham-se inspirado no teatro, ..., particularmente no opúsculo teórico de Antonin Artaud, O Teatro da Crueldade.
...
Os Doors levaram em conta os concelhos sobre encenação, vestuário, relação actor/espectador, luz (vermelha para uma atmosfera tensa/trágica), linguagem cénica («Não se trata de suprimir a fala articulada mas sim de dar às palavras, pouco mais ou menos, a importância que têm no sonho.»). O que veio a dar, na boca de Jim Morrison, inspirado por Freud: «Pai? Sim, meu filho? Quero matar-te. Mãe, quero-te Aaaaaahrr.» Ou ainda: «Queremos o mundo, e queremo-lo agora.»" do livro POPMUSIC-ROCK.
De notar que Ray Manzarek e Jim Morrison fundadores do grupo The Doors eram alunos na "UCLA School of Theater, Film and Television".
The Doors diferenciou-se de todas as outras bandas da West Coast e foi a mais evoluída.
"...se, na nossa ignorância e com o erro de perspectiva que dão 8000 km de distância, tivéssemos tendência a assimilar os Doors à mesma fonte que a dos Jefferson Airplane e pensássemos que eles vinham também de S. Francisco, era evidente que esta violência angustiada não condizia com o apelo ao amor e ao «flower power».
Com os Doors aparecia já o inverso do décor, a «bad trip» da realidade que mascarava o nosso sonho ingénuo, o fim das ilusões, o fim...
The end.", escrevia Hervé Muller em "JIM MORRISON para lá dos DOORS".
e mais adiante:
"Era preciso ser já marginal, pelo menos numa certa medida, para apreciar verdadeiramente o rock dos Jefferson Airplane ou dos Grateful Dead. Em compensação, a música dos Doors não pedia nenhum condicionamento prévio, pelo contrário, agia como detonador e neste aspecto, era mais efectivamente subversiva."
Em 1966 actuavam no "Whiskey-a-Go-Go", ainda sem nenhum disco gravado, tinham já muitas composições originais, entre as quais se encontrava "The End", uma canção que foi evoluindo noite após noite com sucessivas improvisações de Jim Morrison (vocalista e líder do grupo).
"... um sábado à noite, muito tarde, de madrugada, quando a sala do «Whiskey» estava cheia a rebentar e o público particularmente receptivo, Jim Morrison, em lugar de encadear normalmente, improvisou o monólogo que iria fazer de «The End» a canção mais discutida da história do rock:
The killer awoke before Dawn,
He put his boots on,
He took a face from the ancient gallery,
And he walked on down the hall.
He went to the room where his sister lived.
And then he paid a visit to his brother,
And he come to a door,
And he looked inside,
«Father?»
«Yes, son?»
«I want to kill you.»
«Mother! I want to...»
E explodiu então num grito demencial... Chegado a este ponto, o público estava como que hipnotizado. O grupo terminou o trecho e foi o silêncio absoluto. Ninguém aplaudiu nem disse uma palavra." ainda de "JIM MORRISON para lá dos DOORS".
Resultado, foram despedidos do "Whiskey-a-Go-Go" e passados alguns dias estavam a gravar o 1º e excelente álbum "The Doors" que seria editado no início de 1967.
Desse 1º álbum ficamos com o grande êxito que foi "Light My Fire".
The Doors - Light My Fire
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