1971, o ano de todas as mudanças na Música Popular Portuguesa.
Para a ouvir era necessário sintonizar a Rádio Renascença (!!) e ouvir às 19h30m o programa "Página Um" de José Manuel Nunes. E a 26 de Novembro (eu ouvi!), foi há 44 anos, o programa realizou-se em directo do cinema Roma, motivo: a passagem integral do álbum de estreia de José Mário Branco, "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" e ainda o EP de Sérgio Godinho "Romance de um dia na estrada".
Não, eles não estavam presentes, estavam exilados em França, assim, a assistência e os ouvintes da rádio o que testemunharam foi mesmo a audição dos discos e ainda entrevistas com os autores realizadas pelo Adelino Gomes.
A partir daqui tudo foi diferente na música portuguesa, José Duarte, a vaticiná-lo, escrevia na capa do LP de José Mário Branco:
«... Assim, esta obra combate uma tradição onde a palavra é o som mais inteligível. Assim se encerra a fase confusa da nova música portuguesa. Assim se inaugura uma época nova onde também cantar bem e compôr melhor serão condições a exigir à canção útil; da afirmação da palavra à desafinação das cordas, à percussão das peles e teclas, à imaginação nos arranjos, à criação melódica, à vocalização justa: aqui o circo foi desmantelado com todas as ferramentas do som»
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", um disco absolutamente ímpar na história da melhor Música Popular Portuguesa. Agora recordação da canção "Casa comigo Marta", com letra do Sérgio Godinho.
José Mário Branco - Casa Comigo Marta
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