Faz hoje 32 anos que faleceu Adriano Correia de Oliveira.
Adriano foi, a par de José Afonso e Luís Cília, um dos mais proeminentes
cantores de intervenção anteriores ao 25 Abril. As primeiras gravações datam do
início dos anos 60, tendo ficado particularmente conhecido o tema “Trova do
vento que passa” (Há sempre alguém que
resiste / há sempre alguém que diz não) de 1963 que se tornou um verdadeiro
hino de resistência ao fascismo. Outras canções do mesmo período foram bastante
populares: “Capa Negra, Rosa Negra”, “Lira” e “Menina dos olhos
tristes” numa forte influência do
fado de Coimbra. “Menina dos olhos tristes” é uma bela balada de denúncia da
guerra colonial: “O soldadinho não volta
/ do outro lado do mar /…/ O soldadinho já volta / está mesmo quase a chegar /
Vem numa caixa de pinho / do outro lado do mar”.
Adriano era dotado de um
timbre de voz ímpar e virá no final da década de 60 a ter um papel decisivo na
renovação da nossa música popular. Os anos de 1969, 1970 e 1971 vêem
surgir 3 discos fundamentais, respectivamente, “O Canto e as Armas”,
“Cantaremos” e “Gente de Aqui e de Agora”. A evolução musical é notória e
culmina no excelente “Gente de Aqui e de Agora” com apurados arranjos
orquestrais. É, em meu entender, o melhor registo de Adriano e um marco no
surgimento da nova Música Popular Portuguesa. José Niza, compositor e director
musical responsável pelo disco, afirma, segundo Mário Correia no livro “Música Popular Portuguesa”, na capa interior do disco:
"O Adriano tem atrás de si uma
tradição importante pelo que deixou e pelos novos caminhos que aponta e
possibilita. Em síntese, penso que a ponte que vi construir-s e ao longo destes
dez últimos anos atingiu a margem do outro lado…”
De “Gente de Aqui e de Agora” são inesquecíveis canções como,
“Emigração”, “E alegre se fez triste”, “O senhor morgado”, “A vila de Alvito”,
“Roseira Brava” e ainda “História do quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro”.
À memória de Adriano Correia de Oliveira recordamos “O Senhor Morgado”.
Adriano Correia de Oliveira - O Senhor Morgado
Sem comentários:
Enviar um comentário