quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Adriano Correia de Oliveira - O Senhor Morgado

Faz hoje 32 anos que faleceu Adriano Correia de Oliveira.

Adriano foi, a par de José Afonso e Luís Cília, um dos mais proeminentes cantores de intervenção anteriores ao 25 Abril. As primeiras gravações datam do início dos anos 60, tendo ficado particularmente conhecido o tema “Trova do vento que passa” (Há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não) de 1963 que se tornou um verdadeiro hino de resistência ao fascismo. Outras canções do mesmo período foram bastante populares: “Capa Negra, Rosa Negra”, “Lira” e “Menina dos olhos tristes” numa forte influência do fado de Coimbra. “Menina dos olhos tristes” é uma bela balada de denúncia da guerra colonial: “O soldadinho não volta / do outro lado do mar /…/ O soldadinho já volta / está mesmo quase a chegar / Vem numa caixa de pinho / do outro lado do mar”.




Adriano era dotado de um timbre de voz ímpar e virá no final da década de 60 a ter um papel decisivo na renovação da nossa música popular. Os anos de 1969, 1970 e 1971 vêem surgir 3 discos fundamentais, respectivamente, “O Canto e as Armas”, “Cantaremos” e “Gente de Aqui e de Agora”. A evolução musical é notória e culmina no excelente “Gente de Aqui e de Agora” com apurados arranjos orquestrais. É, em meu entender, o melhor registo de Adriano e um marco no surgimento da nova Música Popular Portuguesa. José Niza, compositor e director musical responsável pelo disco, afirma, segundo Mário Correia no livro “Música Popular Portuguesa”, na capa interior do disco:
"O Adriano tem atrás de si uma tradição importante pelo que deixou e pelos novos caminhos que aponta e possibilita. Em síntese, penso que a ponte que vi construir-s e ao longo destes dez últimos anos atingiu a margem do outro lado…”

De “Gente de Aqui e de Agora” são inesquecíveis canções como, “Emigração”, “E alegre se fez triste”, “O senhor morgado”, “A vila de Alvito”, “Roseira Brava” e ainda “História do quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro”.

À memória de Adriano Correia de Oliveira recordamos “O Senhor Morgado”.



Adriano Correia de Oliveira - O Senhor Morgado

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