quarta-feira, 30 de setembro de 2020

The Moody Blues - I'm Just A Singer (In a Rock and Roll Band)

 Canções que se ouviam no ano de 1973


Em 1973 The Moody Blues aproximavam-se do fim ou melhor da interrupção de actividade que se verificaria entre 1974 e 1977. Melhor seria que não tivessem regressado, ou pelo menos que tivessem ficado pelos concertos sem gravações, pois não mais igualaram o período de 1967 a 1972. O grupo evidenciava algum cansaço e a criatividade de composição já não era o mesmo, de qualquer modo os 7 álbuns gravados neste período são claramente recomendáveis, sendo o último "Seventh Sojourn" (1972) o menos interessante, não tinha a magia dos discos anteriores. Menos conceptual, mais conjunto de canções sem interligação, algumas menos inspiradas e os arranjos das canções mais convencionais do que aqueles a que nos tinham habituado, mesmo assim pontos altos para "New Horizons", "For My Lady" e "When You're a Free Man" esta última a despedida de Mike Pinder do grupo.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Em 1973 é publicado o Single com "I'm Just A Singer (In a Rock and Roll Band)", a última canção do álbum e por sinal a que eu menos apreciava. Era a que mais se afastava do som clássico dos The Moody Blues e os aproximava de um qualquer grupo de Rock, talvez fosse essa a intenção..., infelizmente. Passou a ser uma canção frequentemente utilizada ao vivo e que animava facilmente o público.



The Moody Blues - I'm Just A Singer (In a Rock and Roll Band)

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Stevie Wonder - You Are The Sunshine Of My Life

Canções que se ouviam no ano de 1973


Ou na revista "mundo da canção" ou no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ou nestas "canções que se ouviam" em determinado ano, não há forma de escapar a Stevie Wonder e ainda bem, pois, a sua qualidade era inegável e as suas canções bem representativas da sua capacidade de escrita e interpretação nos mais diversos estilos. Os anos 70 são, sem dúvida, o seus anos dourados. Em 1973, com somente 23 anos, estava a sua já longa carreira alicerçada em 15 álbuns e encontrava-se na sua fase mais criativa. Lembro-me bem da edição de álbuns como "Talking Book" (1972) e "Innervisions" (1973), dos elogios da crítica especializada e da sua divulgação na nossa rádio.


https://www.discogs.com/


De "Talking Book" o que mais se ouvia era "Superstition" e "You Are The Sunshine Of My Life" que em Portugal tiveram edição no mesmo Single, com "Superstition" no lado A e "You Are The Sunshine Of My Life" no lado B embora a capa indiciasse o contrário. Nos EUA tiveram edições separadas com esta última a ser editada somente em 1973. Regozijemo-nos com "You Are The Sunshine Of My Life"!



Stevie Wonder - You Are The Sunshine Of My Life

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Roberta Flack - Killing Me Softly

 Canções que se ouviam no ano de 1973


Foi já com mais de 30 anos de idade que Roberta Flack se profissionalizou no mundo da música no final dos anos 60. Começou por gravar um álbum de nome "First Take" (1969) que só seria notado em 1972 com a descoberta da canção "The First Time Ever I Saw Your Face" que fazia parte da banda sonora do filme "Destinos nas Trevas" de Clint Eastwood do ano anterior.

Antes de chegar a 1973 gravou ainda mais três álbuns onde constavam versões de algumas canções bem conhecidas como "Just Like a Woman" (Bob Dylan), "Bridge Over Troubled Water" (Simon and Garfunkel), "Will You Still Love Me Tomorrow" e "You've Got a Friend" (Carole King), "To Love Somebody" (Bee Gees), "You've Lost That Lovin' Feelin'" (The Righteous Brothers). Até chegarmos a "Killing Me Softly", o álbum e a canção também editada em Single.


https://www.discogs.com/ - edição portuguesa


Antes da audição de "Killing Me Softly", uma referência à polémica origem desta canção. A canção composta por Charles Fox e Norman Gimbel teve uma primeira versão, sem sucesso, na voz bem bonita, diga-se, de Lori Lieberman em 1972. A polémica encontra-se no contributo que a própria Lori Lieberman terá dado na escrita da letra segundo ela inspirada num concerto que assistiu de Don McLean e que Norman Gimbel procurou contrariar.

Polémicas à parte, "Killing Me Softly" uma grande canção aqui na voz de Roberta Flack.



Roberta Flack - Killing Me Softly

domingo, 27 de setembro de 2020

Paul McCartney - My Love

Canções que se ouviam no ano de 1973


As minhas expectativas em relação a Paul McCartney após o términos dos The Beatles em 1970 eram muito grandes. Expectativas que foram esmorecendo com o avançar dos anos. A solo ou com os Wings nunca mais chegava o grande disco que tanto ansiava e fui progressivamente deixando de seguir com pormenor os álbuns que iam sendo publicados. Aqui e acolá aparecia uma canção interessante mas não um álbum de grande fôlego apesar de continuar bastante produtivo.

Começou a década de 70 em nome próprio mas rapidamente forma os Wings com os quais grava até ao final da década. Em 1973 vai para o 4º LP pós-Beatles, o 2º com os Wings, designado "Red Rose Speedway" e era mais um disco a não passar da mediania, nem a capa se salvou. Dele se destacou e foi editada em Single a canção "My Love" com alguns resquícios do Paul McCartney dos anos 60 a manter a chama viva e a esperança que algo de melhor viesse a ser produzido.


www. discogs.com - edição portuguesa

"My Love" foi mesma única canção de "Red Rose Speedway" que me recordo de ouvir em 1973. Altura de a ouvir mais uma vez.



Paul McCartney - My Love

sábado, 26 de setembro de 2020

Steely Dan - Reelin' In The Years

  Canções que se ouviam no ano de 1973


O manancial de música popular das últimas 6 décadas é impressionante. Estados Unidos da América e Reino Unido lideram a produção que teve inicialmente na juventude o seu principal destino. Proliferaram e proliferam um sem número de nomes que por muito ambicioso e disponibilidade eu tivesse era impossível abranger de uma forma razoável. Mesmo que afunilasse o critério de qualidade, mesmo assim seria uma tarefa faraónica impossível de levar a bom porto.

De qualquer forma aqui vou dando o meu pequeníssimo contributo na recordação de temas musicais que de alguma maneira passaram pela minha vida, algumas de qualidade inegável outras nem por isso, algumas esquecidas de todo, outras (re)descobertas recentes, outras estão no limbo mal as começo a ouvir lembro-me logo da música por vezes sem necessidade de qualquer pesquisa adicional para a contextualizar. "Reelin' In The Years" dos Steely Dan encontra-se nesta última situação ficando-me só a dúvida do ano a que pertencia mas rapidamente resolvida pois tinha sido no ano em que fiz as malas para ir estudar para Coimbra.


www.discogs.com


Os Steely Dan são um grupo norte-americano dos anos 70 cuja música se caracterizava por uma mistura bem feita de Pop-Rock, umas pitadas jazzísticas e, por vezes, um toque latino que tornava os seus discos agradáveis de se ouvirem. Lembro-me que a primeira confusão que tive, rapidamente desfeita pois o estilo musical era bem distinto, foi o nome pois confundia com os Steeleye Span doutras paragens e doutras músicas.

O primeiro LP surgiu em 1972 de nome "Can't Buy a Thrill" que continha temas irresistíveis como "Do It Again", "Dirty Work" e a canção de hoje "Reelin' In The Years" publicada em Single em 1973. 



Steely Dan - Reelin' In The Years

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Elton John - Crocodile Rock

 Canções que se ouviam no ano de 1973


Como já devem ter dado conta os meus Regresso ao Passado têm privilegiado, até hoje, sobretudo o final do anos 60 e início dos anos 70 onde se encontram uma boa parte das minhas recordações que aqui tenho partilhado. Não que esteja preso a esses anos pois, sempre que me apetecer, seja qual for o motivo, qualquer ano é bem vindo, a prova está nos anos que se encontram referenciados sob a designação "Anos e Décadas" que vão de 1929 a 2019. 

Os mais atentos ou curiosos poderão ter dado conta que tenho feito uma (lenta) evolução no tempo, primeiro centrada na segunda metade dos anos 60 depois em 1970, 1971 e depois 1972. Está na altura de dar mais um pequeno passo e centrar-me no ano de 1973 do qual ainda tenho relativamente poucas passagens. Para isso utilizo o tema "Canções que se ouviam no ano de 1973" e que as fui buscar à memória mas também às listas de Top daquele ano  e que correspondem a canções que se ouviam sobretudo na rádio. Assim sendo é natural que surjam canções que foram editadas anteriormente, sobretudo 1972 e que de alguma forma se tornaram mais populares em 1973.

Para começar este novo tema volto a Elton John.

Quem leu os meus Regresso ao Passado dedicados a Elton John ficou com a ideia que o meu interesse por Elton John se limitou ao curto período de 1970 e 1971, onde efectivamente, continuo a afirmar, se encontra o melhor deste autor. Por mais alguns anos continuei a ouvir os discos novos que ele prolificamente ia editando, mas progressivamente me fui afastando. O conceituado "Honky Chateau" (1972) não me encheu as medidas o mesmo acontecendo em 1973 com "Don't Shoot Me I'm Only the Piano Player" e "Goodbye Yellow Brick Road".


www.discogs.com - edição portuguesa


Para hoje fico-me em "Don't Shoot Me I'm Only the Piano Player" fenómeno de popularidade com "Daniel" e "Crocodile Rock" precisamente as faixas que eu menos gostava deste disco que ainda me atraía em canções como "Blues for Baby and Me" e "Have Mercy on the Criminal", quedando-se o restante pela mediania.

Independentemente dos gostos aqui fica "Crocodile Rock", primeiramente editada em 1972, mas que muito se ouviu em 1973.



Elton John - Crocodile Rock

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Jethro Tull - Wond'ring Aloud

                 DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Termino este nº 5 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" como comecei ou seja com os Jethro Tull. A contra-capa era ocupada por inteiro com os Jethro Tull, uma foto de Ian Anderson e a afirmação dele "A única coisa que temos em comum é a nossa música" a fazer o título do artigo. Nele Ian Anderson reconhecia a importância da edição de Singles "...onde nada pode falhar: tudo tem de ser planeado com exactidão absoluta, de tal modo que se possa dizer tudo o que se pretende em 3 minutos apenas...", o que é curioso quando os seus trabalhos de maior sucesso viriam a ser álbuns conceptuais como "Aqualung", "Thick as a Brick" e "Passion Play".

Mais uma vez parece haver um desfasamento temporal entre o artigo original e a sua publicação em Abril de 1971 no nosso jornal "DISCO MÚSICA & MODA", senão vejamos: as únicas composições referidas são "Sweet Dream" e "Living In The Past" ambas publicadas em Single em 1969. Em termos de álbuns há somente uma referência a "Stand Up" (1969) pelo que arrisco que nem "Benefit" (1970) teria sido gravado. Para mais é dito que "...Martin Barre, o viola, que substituiu Mick Abrahms há quase um ano..."  ou seja, se, é sabido, Martin Barre ingressou nos Jethro Tull em Dezembro de 1968 muito provavelmente este texto foi escrito ainda em 1969 o que confirma a suspeita.




De qualquer modo o que interessa é que os mais interessados têm aqui um texto antigo que para muitos será desconhecido e eu tenho um pretexto para voltar aos Jethro Tull, aos Jethro Tull de 1971 que com "Aqualung" ganhavam novas audiências.

Os elogios não faltaram, por exemplo, a revista "DISC & MUSIC ECHO" escrevia a 20 de Março de 1971 "Good Heavens, now Ian Anderson wants us to think" e "Jethro Tull's new album Aqualung must be their best yet. It reaches new standards in every department".

De um disco controverso na abordagem da temática religiosa na segunda parte, escolho "Wondr'ing Aloud" uma pequena canção de amor da primeira parte. No dizer de Ian Anderson"'WANDERING ALOUD' is a bit of personal nonsense, it's a love song. It's difficult to write love songs if you write songs a lot; love is a separate, personal thing. But this is the most satisfying thing I've made a record of. It's well played and sung quite well. It's a pretty song."



Jethro Tull - Wond'ring Aloud

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Luis Romão - Cavalgando meu País

                DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


"Música Nova", "Música Velha" eis a luta que no início dos anos 70 se travava em Portugal e que o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" faz eco no seu nº 5 em Abril de 1971 com um artigo sob o título de "Outra «Alvorada» para a «Música Nova»".

«Alvorada» era uma etiqueta musical pertença da editora Rádio Triunfo que à data deste artigo operava mudança na sua alinha editorial para isso contratou Carlos Portugal com o intuito de renovar a sua política de gravação apostando em jovens de talento que então surgiam em contraponto com artistas mais velhos ligados à música ligeira mais conservadora.

"Que se prensem discos de boa música, de bons intérpretes e de bons compositores é um dos maiores desejos de quem se deseja libertar, pelo esquecimento, das negras brumas musicais do passado." lia-se neste artigo, onde se referiam as gravações já efectuadas com Luís Romão e o duo Elas.




O primeiro Single de Luís Romão, com produção de Carlos Portugal e Direcção musical de Pedro Osório, seria editado em 1971 encontrando-se o seguinte texto na contra-capa:

"Eis o primeiro disco de Luís Romão.
Eis, concretizado, o esforço e o trabalho de quatro meses; mas, também, eis, em Single, o entusiasmo duma equipa crente, deste o primeiro instante, nas excepcionais possibilidades deste novo artista. Eis, finalmente, nas simples espiras dum disco, mais uma vez demonstrada a linha que sempre norteou esta editora: possibilitar a revelação de novos valores.
Cabe, agora, ao público e à crítica apreciar e julgar a voz e o poder interpretativo de Luís Romão.
Por nós ficamos com a certeza de termos divulgado um jovem que irá enriquecer com a sua voz e a sua música o panorama artístico português.
Luís Romão nasceu em Évora, em 1948.
Estudou em Coimbra onde colaborou em vários Conjuntos de estudantes; aí conheceu Carlos Portugal e juntos actuaram em várias festas estudantis. Veio, mais tarde, para Lisboa prosseguir os estudos.
Pertenceu desde a sua fundação, ao Conjunto Fluído como guitarra solo.
Em traços muito largos esta é a "história" de Luís Romão.

No caminho do êxito os primeiros passos começam agora..."

"Cavalgando meu País" é a canção título deste Single que infelizmente não se encontrava entre o mais inovador e consistente da «Música Nova" que então se anunciava.



Luis Romão - Cavalgando meu País

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Miles Davis - So What

               DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


"Os Elementos Constitutivos do Jazz" é o título de um conjunto de artigos que o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicou nas suas páginas. Os dois primeiros foram dedicados ao "ritmo" e ao "swing", e já se encontram neste blogue, neste terceiro o tema é "tratamento da matéria sonora" e constava no nº 5 daquele jornal.

Trata-se de um aspecto facilmente reconhecido, pois segundo o artigo "A uma primeira (e breve) audição, qualquer indivíduo, por mais afastado que se encontre das lides musicais, pode verificar que a sonoridade do trompete de Louis Amstrong (ou de Miles Davis) é completamente diversa da sonoridade exigida nas escolas onde se ensina a música «erudita» europeia; e ainda que a de Louis é, por sua vez, bastante diferente da de Miles."





As razões desta forma original de "tratamento da matéria sonora" e desenvolvida de seguida em três pontos; muito melhor do que eu tentar falar deles sugere-se a sua leitura.

A única referência a músicos de Jazz é aquela que acima transcrevi, escolho Miles Davis pela "... sua maneira muito especial de encarar o tratamento da matéria sonora".

Ontem John Coltrane hoje Miles Davis, coincidência ou não, duas figuras incontestadas do melhor Jazz produzido que foram das primeira que aprendi a gostar.

Recuo a 1959, para aquele que muitos consideram o melhor disco de Jazz de sempre, "Kind of Blue". Em "So What", a faixa escolhida, o sexteto de gravação foi o seguinte:

Miles Davis - Trompete
Julian "Cannonball" Adderley – Saxofone Alto
Paul Chambers - Baixo
James Cobb - Bateria
John Coltrane - Saxofone Tenor
Bill Evans - Piano



Miles Davis - So What

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

John Coltrane - Acknowledgement

              DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971

John Coltrane foi um dos primeiros músicos de Jazz que aprendi a apreciar, não sei como, nem onde, nem quando mas muito provavelmente nos primeiros anos da década de 70, provavelmente ouvindo-o no "Cinco minutos de Jazz" e nalgum disco de algum amigo quando estudante na Universidade de Coimbra e também, isso de certeza, através da leitura de artigos sobre ele. Um deles foi este pequeno texto, que serve de pretexto para o Regresso ao Passado de hoje, e que vinha publicado no nº 5 do jornal quinzenal, cuja leitura devorava de fio a pavio, "DISCO MÚSICA & MODA" sob o título "John Coltrane saxofonista dominante dos anos 60". Estávamos no ano de 1971 e a divulgação da música Jazz era muito escassa no nosso país, era um género musical amaldiçoado pelo regime político vigente e as oportunidades de a ouvir diminutas, felizmente o panorama começou a mudar precisamente em 1971 com a realização em Novembro  do 1º Festival Internacional de Jazz de Cascais.




John Coltrane (1926-1967) encontra-se entre os maiores músicos da história do Jazz e tinha o dom de extrair "... do saxofone soprano uma poderosa força encantatória" de acordo com o artigo em causa.

Faleceu em 1967 com somente 40 anos vítima de cancro, valha a quantidade enorme de gravações que nos deixou que permitem ainda a edição de novos álbuns tantos anos passados da sua morte. 

Um dos primeiros trabalhos que me lembro de ter ouvido foi o álbum "A Love Supreme", de 1964, com o famoso quarteto de que faziam parte McCoy Tyner, piano, Jimmy Garrison, baixo e Elvin Jones na bateria, aqui John Coltrane toca saxofone-tenor.

Composto de quatro partes fica a primeira "Acknowledgement".





John Coltrane - Acknowledgement

domingo, 20 de setembro de 2020

King Crimson - Cirkus

             DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Na mesma página do artigo sobre The Four Seasons que ontem recuperei, o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publica um artigo sobre os King Crimson intitulado "King Crimson: A sua música é «Liberdade Organizada»" e que é o motivo do Regresso ao Passado de hoje.

Algo de estranho tem este artigo que não era assinado, quase de certeza com origem na colaboração que o jornal tinha com o "New Musical Express" ou o "Melody Maker", começava assim: "No curto espaço de seis meses os King Crimson arrebataram a Inglaterra. Formando o conjunto em Janeiro de 1970, fizeram a sua apresentação em Abril e, com o LP «In the Court of the Crimson King», classificaram-se destacadamente nas tabelas de vendas."

Ora bem, é sabido que os King Crimson se formaram em finais de 1968 e que o primeiro concerto foi em Junho de 1969 no concerto gratuito dos The Rolling Stones no Hyde Park, por sua vez o LP "In The Court Of The Crimson King" foi publicado ainda em 1969, pelo que está completamente errada a apresentação que aqui é feita do grupo. Por outro lado, ao longo de todo o texto, entrevista a Robert Fripp incluída, só é referido o 1º LP, ora tendo este artigo sido publicado em Abril de 1971 quando os King Crimson já tinham editados 3 álbuns, tal só será possível se estivermos na presença de um artigo antigo provavelmente anterior a Março de 1970, pois Robert Fripp referindo-se ao próximo álbum diz "... que esperamos gravar no mês de Março." É sabido que o 2º LP, "In The Wake Of Poseidon", foi concluído em Abril de 1970  pelo que está em sintonia com a afirmação de Robert Fripp.




Discrepâncias à parte, note-se a vontade de Robert Fripp de não ceder à tentação do comercialismo face ao bem recebido "In The Court Of The Crimson King", dizia ele: "Se, o que estamos a fazer é apreciado por um grande número de pessoas, isso não significa que o nosso nível vá descer. Se nada houver em contrário, continuaremos em ritmo ascendente."

A afirmação de Robert Fripp como líder incontestado do projecto King Crimson foi imediata e as alterações na constituição do grupo logo se fizeram sentir, Ian McDonald e Michael Giles foram os primeiros a sair (McDonald & Giles em 1971), logo em 1969  e depois em 1970 com a saída de Greg Lake (para fazer parte do trio de Rock Progressivo Emerson, Lake and Palmer). Foram pois formações quase ocasionais que gravaram o 2º e 3º LP.

Em "Lizard" podemos encontrar músicos como Mell Collins, Keith Tippett, Jon Anderson dos Yes e Tony Levon e foi, em meu entender, um pouco inferior aos dois primeiros, é um disco sombrio com vocalizações estranhas de Gordon Haskell e um fraseado muito jazzístico.

Começava com este bizarro "Cirkus"





King Crimson - Cirkus

sábado, 19 de setembro de 2020

The Four Seasons - Big Girls Don't Cry

            DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Em 1971 grupos como The Four Seasons estavam completamente fora de moda e por isso não me chamou especial atenção.

O grupo constituiu-se em 1960 tendo como figura central Frankie Valli, mantendo-se ainda hoje com 86 anos como o único elemento da formação original (verifico em https://frankievallifourseasons.com/ que continua com concertos marcados já para 2021 quer nos Estados Unidos quer no Reino Unido), a sua relevância levou a que muitas vezes, desde os anos 70, aparecessem como Frankie Valli and the Four Seasons.



Provavelmente foi o primeiro texto que li sobre The Four Seasons aquele que vinha publicado no nº 5 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicado em Abril de 1971, intitulado "Os Seasons reaparecem" a propósito do regresso do grupo a Inglaterra após um interregno de 7 anos e no qual se queixavam das suas canções mais recentes não serem suficientemente promovidas no Reino Unido.

Com razão ou sem ela, parece-me contudo que o espaço para o género musical que mantinham, um Pop vocal com grandes harmonias, não se enquadraria de todo nas sonoridades mais ritmadas e pesadas que então prevaleciam.

Do primeiro LP "Sherry & 11 Others" de 1962 recorda-se "Big Girls Don't Cry".



The Four Seasons - Big Girls Don't Cry

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Ten Years After - I'm Coming On

           DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Tinha eu 13, 14 anos e gostava dos Ten Years After. Sim, apreciava aquela mistura electrizante de Rock e Blues e não resistia aos solos de Alvin Lee, então conhecido pela sua rapidez na execução da guitarra. Fiquei rendido com "Ssssh", o 3º LP, corria o ano de 1970 e ainda neste ano a "Cricklewood Green" onde constava a tal "Love Like a Man", uma das canções de maior êxito do grupo.

O jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 5 de Abril de 1971 trazia um artigo, a ocupar uma página, sobre os Ten Years After onde passava em resumo o passado do grupo, desde que se encontraram "... numa estação de autocarros segundo diz a lenda" até ao álbum "Watt", o 5º e então mais recente da discografia do grupo, onde "A força do grupo parece estar um tudo nada enfraquecida."




Efectivamente, "Watt", entalado entre os bem sucedidos "Cricklewood Green" e "A Space In Time", denotava alguma falta de inspiração e passou-me despercebido. O meu interesse pelos Ten Years After diminuiu drasticamente e a meio da década terminavam para regressarem já nos anos 80 com a mesma formação.

Cinco décadas passadas recupero "I'm Coming On" a faixa de abertura de "Watt".



Ten Years After - I'm Coming On

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Elton John - Seasons

          DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Quando este nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" foi publicado em 1971 Elton John encontrava-se no auge da sua produção discográfica. Já tinham sido editados os dois álbuns que eu mais gosto da sua longa discografia, respectivamente "Elton John" e "Tumbleweed Connection", a banda sonora de "Friends" tinha acabado de ser editada, assim como o excelente, ao vivo, "17-11-70" e o ano não terminaria sem ouvir-mos "Madman Across the Water", já agora foi o ano em que Elton John actuou em Portugal no Festival de Vilar de Mouros.

Pouco conhecido era Bernie Taupin que ainda hoje se mantém como letrista das canções de Elton John, era pois oportuno o artigo que vinha publicado no nº 5 de "DISCO MÚSICA & MODA" bem intitulado "Bernie Taupin - a outra metade de Elton John". Quis o acaso que ambos respondessem, em 1967, ao mesmo anúncio da Liberty Records no jornal "Melody Maker" e que daí resultasse uma longa parceria que durante alguns anos me encantou e que foi tão marcante na minha juventude.




Para hoje escolhi o tema "Seasons" que pertencia à banda sonora do filme "Friends", história de amor de dois adolescentes. O álbum contava com a ajuda preciosa de Paul Buckmaster nos arranjos de orquestra. "Seasons", no cruzamento das prestações de Elton John, Paul Buckmaster e do insubstituível Bernie Taupin.

For our world, the circle turns again
Throughout the year we've seen the seasons change
It's meant a lot to me to start anew
Oh the winter's cold but
I'm so warm with you
Out there there's not a sound to be heard
And the seasons seem to sleep upon their words
As the waters freeze… 

Que beleza!

 



Elton John - Seasons

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

The Rolling Stones - Jumpin' Jack Flash

         DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Hoje as páginas centrais, 8 e 9, e ainda parte da 10, do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" nº 5, tudo com um único artigo sobre um concerto dos Rolling Stones, intitulava-se "Londres, Roundhouse a outra face do mundo que não temos", um subtítulo dizia "Rolling Stones num dia para esquecer" o que nos dá logo o tom da apreciação que vai ser feita. Concerto realizado a 14 de Março de 1971.




Texto longo que se perde nos preliminares, quanto ao concerto propriamente dito parece que só Mick Jagger e Keith Richard foram de agrado do crítico já que segundo Jorge Beckmann "No palco, só Jagger parece existir." assistindo-se a "... uma imobilidade quase total de Bill Wyman, Mick Taylor e de Charlie Watts." Este último, "...desprovido de imaginação..." quanto aos outros dois "... pode dizer.se que se limitaram a cumprir a sua obrigação."

Excesso de exigência ou simplesmente a correcta observação de um grupo que com o passar dos anos foi ganhando unanimismo junto da crítica especializada.

Este concerto fez parte do "UK Tour 1971" constituído somente por 10 datas, sendo a primeira turné que fizeram no Reino Unido desde 1966, excepção para o concerto gratuito no Hyde Park  em 1969 dois dias após a morte de Brian Jones, um dos fundadores dos Rolling Stones.

O tema inicial foi "Jumpin' Jack Flash" usual na abertura dos concertos, o mesmo tinha acontecido meses antes em Nova Iorque, no Madison Square Garden, e que fez parte do álbum ao vivo "Get Yer Ya-Ya's Out!" de 1970.



The Rolling Stones - Jumpin' Jack Flash

terça-feira, 15 de setembro de 2020

José Afonso - Canto Moço

        DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


As páginas 6 e 7 do nº 5 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" são ocupadas por um artigo assinado por Rui Paulo da Cruz relativo ao Festival da Casa da Imprensa de 1971 realizado no Coliseu a 23 de Março, anunciado como "Festival Música Nova" e que se serviu de entrega dos prémios da música ligeira pela Casa da Imprensa. De acordo com o artigo apurei que os seguintes artistas passaram por aquele espectáculo:

- José Cid com Vitor Mamede e Pedro Osório
- Nuno Filipe
- EFE 5
- Fernando Tordo
- José Jorge Letria
- Carlos Paredes
- Quarteto1111
- Sindicato
- Vitor Santos com Thilo Krasmann, Pedro Osório e Vitor Mamede
- Teresa Paula Brito
- Paulo de Carvalho
- José Manuel Osório
- José Afonso






Eclético quanto baste apresentava algumas das melhores propostas da música ligeira e do Pop-Rock nacional. Motivos mais que suficientes para um grande espectáculo, mas, de acordo com o articulista, "... espectáculo terminado e balanços conscientemente feitos, qualquer espírito mais frio e atento terá compreendido este festival como um zero absoluto para a música nova."

Uma das razões terá sido a qualidade sonora com "...as vozes dos intérpretes... totalmente ofuscadas pela violência das aparelhagens de amplificação." Ai a qualidade do som! era sempre uma barreira tão difícil de ultrapassar.

Destacou-se José Jorge Letria "... o autor e intérprete que apareceu a trilhar um caminho mais certo.", e o unanimismo em torno de José Afonso, "Mal ouviu citar o seu nome, a plateia levantou-se. Em pé. aplaudiu a chegada do novo ídolo.".

Tanto quanto consegui apurar foram premiados neste evento o Thilo Krassmann pelo seu contributo  na valorização da música ligeira portuguesa, os cantores Teresa Paula Brito e Paulo de Carvalho, o instrumentista Vítor Santos, José Afonso pelo álbum "Traz Outro Amigo Também" e o Prémio Especial foi para Rui Mingas "...pela divulgação do folclore da sua terra."

Provavelmente José Afonso estaria proibido de cantar pois "À notícia de que José Afonso não cantaria, o público reagiu numa negativa vigorosa e fez exigência ruidosa de que qualquer coisa soltasse a garganta do «mestre». «Canto Moço» foi o que José Afonso cantou para a assembleia vibrante e por uma das raras vezes unânime."



José Afonso - Canto Moço

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Gilberto Gil - Can't Find My Way Home

       DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Assinado por Nuno Vasco, "Brasil de Hoje" consta na página 5 do nº 5 de "DISCO MÚSICA & MODA", jornal quinzenal de divulgação musical e não só virado para a juventude então ávida de novidades da música popular, não só a por cá praticada como sobretudo da anglo-saxónica. Neste caso em concreto é da música brasileira que se trata, país que se encontrava desde 1964 sob ditadura militar que se iria prolongar até 1985 e que obrigou alguns dos seus melhores autores ao exílio.

Entre as pequenas notícias que este texto continha, a primeira era sobre "Gilberto Gil cotado em Londres como músico de respeito". Esteve em exílio de 1969 a 1971, tendo-se então, conjuntamente com Caetano Veloso, dado a conhecer ao mundo, teve a "sorte" de participar no Festival da Ilha de Wight em 1970 e de no ano seguinte gravar um LP, o quarto. Dizia o artigo, referindo-se a concerto dado no British Council em Londres: "Cotado no meio profissional inglês como um músico de respeito, Gilberto Gil apresentou em Londres as músicas do seu primeiro LP inglês, a sair em breve, naquela capital e, depois, no Brasil."



Deste álbum escolho "Can't Find My Way Home", uma canção de Steve Winwood do álbum único dos Blind Faith de 1969. Excelente esta interpretação de Gilberto Gil a deixar muitas saudades.



Gilberto Gil - Can't Find My Way Home

domingo, 13 de setembro de 2020

Soft Machine - Kings And Queens

      DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971

Continuando a folhear este nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" deparo-me na página 5 e parte da 6 com artigo dedicado a Robert Wyatt, nome à época pouco conhecido isoladamente, e que em tempos já a ele me tinha referido. O artigo dava pelo nome "Lamento grande parte do que fiz - confessa Robert Wyatt", recorde-se: Robert Wyatt foi um eminente baterista, fundador do grupo Soft Machine, aqueles que, para meu gosto, melhor fizeram a fusão do Rock com o Jazz, depois de 1970 iniciou brilhante carreira a solo, acentuada após o acidente de 1973 que o deixou paraplégico.

O título do artigo dá uma importância a uma frase dele que na realidade não tem (o artigo original de 2 de Janeiro do jornal britânico "Melody Maker" era sem dúvida mais apropriado, sendo "Inside the mind of a Machine"). pelo contrário, logo no início do artigo fica-se a saber que "O ano de 1970 foi fecundo para Robert Wyatt" e que "... ascendeu a um lugar de baterista de excepção na música britânica dos nossos dias".



No ano de 1970 para além das gravações do 4º álbum, "Fourth", dos Soft Machine, esteve nos projectos Keith Tippett Centipede e Symbiosis e ainda colaborou com o seu ex-colega de grupo Kevin Ayers

Para ilustração deste Regresso ao Passado recorro ao álbum dos Soft Machine que continuavam na senda da melhor aproximação que o Rock fazia ao Jazz, no outro lado do Atlântico passava-se o inverso com as aproximações que o Jazz fazia ao Rock tendo Miles Davis à cabeça com "Bitches Brew".

Robert Wyatt, na bateria, está soberbo atribuindo grande coesão à complexa sonoridade do grupo.



Soft Machine - Kings And Queens

sábado, 12 de setembro de 2020

Chuck Berry - Tulane

     DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971

Chuck Berry (1926-2017) foi um cantor norte-americano e foi um dos pioneiros do Rock'n'Roll. Teve nos anos 50 a sua maior relevância com temas como "Maybellene", "Roll Over Beethoven", "School Day", "Rock and Roll Music" e "Sweet Little Sixteen" que ficaram para sempre como marcas do Rock'n'Roll então nascente. Algumas das suas canções foram objecto de novas interpretações por grupos tão significativas da década de 60 como The Beatles e Rolling Stones.

Pese a sua progressiva diminuição de importância e influência na cena musical, deixando de gravar a partir de 1979, continuou a actuar em público até à sua morte em 2017 e a ser uma referência para muitos músicos de Rock.



"Chuck Berry e a sua influência decisiva nos anos 50" é o título do artigo que ocupava toda a página 3 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 5 de Abril de 1971. Começa por citar Johnny Winter quando este afirmou que "Chuck Berry, era o «Jimmy Hendrix dos anos 50»", considerando logo de seguida que "...a associação de Berry a Hendrix parece um tanto forçada. De facto, é bastante difícil apartar dois artistas tão diferentes", para de seguida referir a influência que teve nos grupos ingleses dos anos 60: "Os Beatles, os Rolling Stones... e os Animals foram três dos agrupamentos que reconheceram a sua fidelidade inicial a Berry." Quanto ao presente (1971) lia-se no artigo: "Actualmente, ninguém pode girar um disco de Chuck Berry, com 15 nos, sem ficar convencido de que a música popular teve aí a sua origem. Mas deve-se também que concordar que ela se aperfeiçoou entretanto."

Aquando da publicação deste artigo, o último disco de Chuck Berry era o álbum "Back Home" donde foi extraído o Single com "Tulane" que, muito provavelmente, nem cheguei a ouvir. Teria que esperar por 1972 com o seu "My Ding-a-Ling", o seu último sucesso.

Ora ouça-se "Tulane", era assim que Chuck Berry soava em 1970.





Chuck Berry - Tulane

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Tom Jones - She's a Lady

    DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971

Última passagem pela página 2 deste nº do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de 1 de Abril de 1971 onde constava diversas tabelas de vendas daquela altura. Faltava referir a tabela dos Singles nos Estados Unidos, um mix com as vendas na Grã-Bretanha e teríamos uma excelente colecção de canções que se ouviam no ano de 1971.



Fico-me logo pelo nº 1, Tom Jones com a sua "She's a Lady" canção que fazia parte do álbum homónimo editado também em 1971. Do vozeirão do galês Tom Jones, que tanto ouvi na minha meninice, não é fácil esquecer e quem for dos meus tempos certamente que se lembrará, por exemplo, de "Delilah", "Green, Green Grass of Home" e "I'm Coming Home".

"She's a Lady" seria um dos seus últimos sucessos deste período, teríamos de esperar pelo final dos anos 90 para ouvir falar de novo de Tom Jones com a versão de "Burning Down The House" dos Talking Heads.



Tom Jones - She's a Lady

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Perry Como - It's Impossible

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Ainda a página 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" na sua edição nº 5 de Abril de 1971. Em causa as várias classificações de vendas, entre as quais o Top 10 de Singles da Grã-Bretanha tendo como fonte o jornal Melody Maker. Em 1º lugar encontrava-se "Hot Love" dos T. Rex, canção de grande sucesso que os deu a conhecer em Portugal, pelo menos comigo foi com esta canção que os conheci. Algures neste blogue é possível encontrá-la, assim como as seguintes: "Another Day" de Paul McCartney e "Rose Garden" de Lynn Anderson. Salto "Baby Jump" dos horríveis Mungo Jerry e paro no 5º lugar, "It's Impossible" de Perry Como.





O improvável Perry Como surgia em 1970 nas listas dos mais vendidos com a canção "It´s Impossible", versão da canção "Somos Novios" (1968) do mexicano Armando Manzareno.
Digo improvável porque Perry Como (1912-2001), que tinha sido considerado o "crooner" do ano de  1943, pertencia a um estilo musical que em 1971 poder-se-ia dizer ultrapassado face ao Pop e Rock então dominantes. As suas primeiras gravações datam mesmo da década de 30 e portanto é de relevar que em 1971 ainda conseguisse andar pelos Top de vendas.
"It´s Impossible" é uma belíssima canção que deixa saudades deste tipo de canto, para mais na voz calma e tranquila que Perry Como possuía.



Perry Como - It's Impossible

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Creedence Clearwater Revival - Have You Ever Seen The Rain

   DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


Mantenho a página 2 do nº 5 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" com as tabelas de vendas de álbuns e Singles. Hoje é a vez dos Singles mais vendidos em Portugal que mantinha níveis interessantes de qualidade, eram claramente outros tempos. Dos 6 primeiros já, de alguma forma, os recordei e podem facilmente encontrar neste blogue, é ao 7º que surge uma canção ainda aqui não recordada e por isso o motivo da escolha, "Have You Ever Seen The Rain" dos Creedence Clearwater Revival.



Depois do tão bem recebido "Cosmos´s Factory" (1970), os super produtivos CCR realizam ainda no mesmo ano um novo álbum de nome "Pendulum" e apesar de não ter o fulgor do anterior ainda cativou muitos dos seguidores do grupo. Para mim, que tive sempre uma relação dúbia com a música do grupo, quando ouvia gostava mas não ia a correr comprar os discos, foi dos registos que menos ouvi, embora como se vê na lista de álbuns se mantivesse em 1º lugar na preferência de compras dos portugueses.

Mas, mantinha algum do encanto que seduzia a juventude, nomeadamente com o tema de hoje "Have You Ever Seen The Rain" ou ainda "Hey Tonight".

O som agradável de "Have You Ever Seen The Rain", um dos últimos sucessos do grupo, o fim estava próximo.



Creedence Clearwater Revival - Have You Ever Seen The Rain

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Jimi Hendrix - Power To Love

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971


A página 2 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" publicava o habitual "TOP 20" com os discos mais vendidos em Portugal, Grã-Bretanha e Estados Unidos. E, em particular na lista de álbuns referentes às vendas nas maiores discotecas de Lisboa e Porto, espante-se com a qualidade dos LP mais vendidos, quase todos a merecerem, ainda hoje, fazer parte de numa boa discoteca. Reparem "Led Zeppelin III" e "Abraxas" respectivamente em 2º e 3º e note-se as novas entradas "Fotheringay", espante-se!, directamente para 4º lugar, logo seguido do triplo de George Harrison, "All Things Must Pass", o álbum ao vivo de Jimi Hendrix, "Band of Gypsys", e ainda o duplo "Woodstock", o disco com escolhas feitas do histórico Festival com o mesmo nome. Já agora de referir ainda o 1º e melhor álbum dos Emerson, Lake and Palmer.




Muito por onde escolher! Moeda ao ar e quis a sorte que opta-se por Jimi Hendrix.

Quatro anos (1967-1970) bastaram para que o epíteto de "Melhor guitarrista Rock" lhe fosse atribuído e ainda hoje lhe assente devidamente. Naquele curto período deixou-nos três álbuns de estúdio e ainda um álbum ao vivo gravado a 1 de Janeiro de 1970 no Fillmore East em Nova Iorque e editado naquele ano.  

"Band of Gypsys" é pois um álbum ao vivo, o primeiro sem o seu grupo original The Jimi Hendrix Experience. Igualmente um trio, agora com Billy Cox no baixo e Buddy Miles na bateria, o álbum contém elementos de Funk e Hard Rock e por vezes fica a sensação de o grupo estar em jamming ou seja a "curtir" enquanto desenvolvem os temas. Seria o último álbum editado com Jimi Hendrix vivo, pois viria a falecer a 18 de Setembro.

Por cá o álbum provavelmente só apareceu à venda no ano seguinte com esta entrada directa para o 6º lugar dos mais vendidos. Recordo "Power To Love".



Jimi Hendrix - Power To Love

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Jethro Tull - For A Thousand Mothers

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 5 de 1 de Abril de 1971

De regresso ao jornal "DISCO MÚSICA & MODA", jornal quinzenal de divulgação musical, e alguma moda, publicado em Portugal no ano de 1971. Começo hoje com o nº 5 editado a 1 de Abril e cuja capa se reproduz de seguida.



Os destaques iam para duas fotografias, uma de Ian Anderson, flautista e líder dos Jethro Tull, e Robert Wyatt, baterista e elemento fundador dos Soft Machine, no interior os respectivos desenvolvimentos.

Ainda uma caixa com os títulos "O Festival da Casa da Música" e "Rolling Stones em Queda" também a desenvolver no interior, a eles havemos de chegar.

À data da edição deste nº de "DISCO MÚSICA & MODA" estava prestes a rebentar o álbum "Aqualung" dos Jethro Tull, era o 4º  e ficou para a história como uma referência do grupo e do Rock Progressivo do início dos anos 70, Ian Anderson impunha-se como líder incontestado do grupo. No entanto os Jethro Tull já eram bem conhecidos, assim como as excentricidades de Ian Anderson em palco, não fosse o Festival da Ilha de Wight no de Verão de 1970.

Para lembrar mais uma vez os Jethro Tull recorro de "Stand Up", um álbum pleno de sincretismo a demonstrar a enorme versatilidade de Ian Anderson, "For A Thosusand Mothers" é a escolha de hoje.



Jethro Tull - For A Thousand Mothers

domingo, 6 de setembro de 2020

Robert Wyatt - Instant Pussy

 Raridades


Ontem estávamos em 6 de Março de 1967, hoje damos um pulo até 8 de Setembro de 1974. Ontem lembramos os primórdios do prematuramente desaparecido Tim Buckley, hoje os tempos difíceis de Robert Wyatt após ter ficado paraplégico. Os dois nomes importantes da música popular, o primeiro do Folk-Rock norte-americano, o segundo do Rock experimental britânico.

Robert Wyatt elemento fundador dos seminais Soft Machine com quem gravaria os primeiro 4 álbuns entre 1968 e 1971, neste mesmo ano forma os Matching Mole publicando dois álbuns no ano de 1972 e terminam neste mesmo ano. Entretanto tinha já dado início a carreira a solo com o experimental "The End of an Ear" (1970).

1973 é o ano do acidente, embriagado cai de uma janela de um 4º andar, que levaria a ficar paralisado da cintura para baixo. 1974 vê o seu regresso com um álbum, hoje em dia, considerado por muitos como o seu melhor e um dos melhores de sempre da música popular, "Rock Bottom".



E chegamos a 8 de Setembro de 1974 ao Theatre Royal Drury Lane, em Londres, onde se realizou o concerto de Robert Wyatt & Friends, o único, até hoje, por ele realizado. Entre os elementos que o acompanharam neste concerto encontravam-se nomes como Mike Oldfield, Nick Mason, Fred Frith, Julie Tippetts (Julie Driscoll), Hugh Hopper  entre outros, em suma, uma constelação de estrelas.




Pese o estado em que se encontravam as gravações que correspondem às faixas 11 a 14 que levou conforme informação da contra-capa "...the second set is cobbled together from scraps of incomplete monitor mixes etc, and can only be described as a damage limitation exercise" esta edição de 2005 está mais que justificada. Atrevo-me mesmo a escolher "Instant Pussy", a faixa 11, bem reveladora das sonoridades que Robert Wyatt então praticava.
E assim termino, e bem, este primeiro conjunto de canções subordinado ao tema "Raridades".



Robert Wyatt - Instant Pussy

sábado, 5 de setembro de 2020

Tim Buckley - If The Rain Comes

 Raridades

Nestas minhas "raridades" dou hoje um salto até ao dia 6 de Março de 1967.

Nessa data Tim Buckley tinha já editado, com somente 19 anos, o seu primeiro LP, "Tim Buckley", onde já se encontravam todas as suas surpreendentes qualidades vocais e de composição.

Izzy Young (1928-2019) era dono de uma loja de livros e discos de Folk em Greenwich Village, em Nova Iorque chamada Folklore Center e por lá passaram muitos nomes conhecidos do mundo Folk dos anos 60, entre eles Bob Dylan, Peter, Paul and Mary, Joni Mitchell e Tim Buckley.

Um dia de Fevereiro de 1967 Tim Bukley entrou na loja e travou conhecimento com Izzy Young que rapidamente o convida a actuar na loja o que aconteceu a 6 de Março de 1967.

"I explan to him that there is no loge, no microphone, no lighting and he smiles broadly. I don't tell him what to sing, or how to sing, or dress. He talks with people that come to the concert, he stands by the window, looking out the street, and I walk up to him, we turn to the audience, about 35 strong, and I introduce him." revela Izzy Young em 6 de Abril de 2009 e consta no livreto que acompanha o CD  que contém 16 canções que Tim Buckley então cantou. O próprio Izzy Young gravou o concerto, diz ele ironicamente: "Am I a producer? Yes! I pressed the record button."




Em 2009 aparece então em CD “Tim Buckley - Live At The Folklore Center, NYC ~ March 6, 1967”, para os puristas do som será para esquecer, para os amantes de Tim Buckley uma oportunidade única de fechar os olhos e ouvir durante quase uma hora o melhor de Tim Buckley, então com 20 anos, sem qualquer produção de estúdio. “I never asked to be your mountain”, “Phantasmagoria in two”, “Dolphins”, ”No man can find the war” ou “Carnival Song” só mais tarde gravadas em estúdio podem ser já aqui ouvidas em todo o seu fulgor. E ainda 6 canções que não consigo encontrar na discografia original e não só, uma raridade portanto. Voz, guitarra, sem qualquer produção, gravado num loja em 1967, só o génio de Tim Buckley me convenceria, eis "If The Rain Comes".



Tim Buckley - If The Rain Comes

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Kevin Ayers – Religious Experience (Singing A Song in the Morning)

 Raridades

Em 1967 dois grupos pontificavam no movimento "underground" londrino, os Pink Floyd e os Soft Machine. Ontem ao recordar os Pink Floyd destaquei a importância de Syd Barrett que seria excluído do grupo em 1968. Hoje recordo Kevin Ayers que igualmente abandonaria os Soft Machine em 1968 gravando com eles somente o primeiro álbum. Parecenças entre duas figuras importantes do Pop mais vanguardista da época, Syd Barrett e Kevin Ayers.

No primeiro álbum de Syd Barrett a solo, "The Madcap Laughs" (1970), para além da colaboração de Roger Waters e David Gilmour surgem os nomes de Robert Wyatt, Hugh Hopper e Mike Ratledge dos Soft Machine.

Durante a gravação de "Joy of a Toy" (1969), o primeiro álbum a solo de Kevin Ayers, Syd Barrett terá marcado presença, ou melhor terá colaborado na gravação da canção "Singing A Song In The Morning", na realidade posterior ao álbum e editada em Single no início de 1970.



A história vem relatada na edição em CD de "Joy of a Toy" de 2003, onde surgem 3 versões da canção, a saber:

11 - Religious Experience (Singing A Song in the Morning) - 4:33 (28th November 1969 featuring Syd Barrett, Take 9 - Previously unreleased)

14 - Religious Experience (Singing A Song in the Morning) - 2:47 (Recorded and Mixed 18th December, Take 103 - Previously unreleased)

16 - Singing A Song in the Morning - 2:54 (A-Side of single Harvest ~HAR 5011 Released April 13th 1970)

Consta então no livreto que Kevin  Ayers compôs "Singing A Song in the Morning" e pedido o contributo de Syd Barrett para a sua gravação, "An avid enthusiast of Syd Barrett, the wayward ex-Pink Floyd genius, Ayers felt Syd's contribution could enhance his latest composition. On the way to Abbey Road studios, Kevin called into Barrett's flat and requested his presence on the session. And so it was on November 9th 1969 Kevin Ayers and Syd Barrett worked on the first version of Religious Experience."

 Mais adiante, "Take 9 proved to be the master take and overdubs were undertaken onto the eight-track master. A finished mix, long since lost from the archives, was cut onto several acetate discs and taken away by various parties of evaluation. After some consideration it was felt that Syd Barrett's psychedelic guitar contribution was too uncommercial, the track overlong and the decision was made to re-record Religious Experience."

Terá sido das sessões de 17 de Dezembro de 1969, que terão saído as faixas 14 e 16, esta última editada em Single, rebatizada de "Singing a Song in the Morning".

Quero fazer fé que esta informação está correcta porque numa pesquisa efectuada na net encontrei um tal David Parker, estudioso da obra de Syd Barrett, afirmando que tal é impossível e remetendo a possibilidade de ser na faixa 14 que Syd Barrett toca guitarra. A ser verdade seria um grande descuido desta edição de "Joy of a Toy". Alguém tem alguma informação sobre esta questão?

No início da faixa parece ouvir-se "Syd do that thing" o que me faz manter confiança nesta edição, segue a faixa 11.



Kevin Ayers – Religious Experience (Singing A Song in the Morning)