Mais uma passagem pela música feita em Angola nos anos 60 e pelo seu conjunto de referência Os Rocks.
Depois de se terem formado em 1962, ganham popularidade em 1964 ao ganhar o Festival de Música Moderna em Angola. Com o título “ÊXITO DO FESTIVAL DE MÚSICA MODERNA: «OS ROCK’S» FORAM VENCEDORES INCONTESTÁVEIS” escrevia então a revista Plateia:
“Numa iniciativa da Empresa do elegante cinema Restauração, o festival constituiu um verdadeiro êxito, dando azo a que esta empresa lance mais vezes iniciativas destas, que redundam a favor do movimento artístico e musical de Luanda, no sentido de a fazer progredir.
As multidões juvenis foram atraídas ao Festival, e desde segunda a sexta-feira a sala encheu-se, ficando, na final, a transbordar de uma multidão entusiástica.
O júri, constituído por Alice Cruz, Guerreiro Bruno, Santos e Sousa e Amaral Lopes, escolheu os vencedores, coincidindo as classificações com a opinião do público.
Confirmando mais vez o seu extraordinário talento como conjunto, valor e popularidade, foram incontestáveis vencedores os «Rock’s», que obtiveram a taça «Angola Films». Os restantes conjuntos classificaram-se pela seguinte ordem:
2.º— «Herbert et les jeunes».
3.º— «Joe Mendes e seus Electrónicos».
4.° — «Os Incógnitos».
Todos os conjuntos actuaram com interesse, tendo sido sempre muito ovacionados pelo público juvenil e entusiasta.
No final, os «Rock’s» receberam uma formidável, calorosa e gritante ovação do público, que lhes reconheceu o mérito de vencedores.”
Em 1966 ficam em 2º lugar no Concurso de Ié-Ié realizado no Teatro Monumental, e são, em Angola, considerados o melhor conjunto do ano, gravam entretanto o 1º EP.
Em 1967 Eduardo Nascimento, vocalista do grupo, vence o Festival da Canção.
Terminam em 1969, mas antes deixam um último registo o 2º EP de nome “Don't Blame Me”, título da canção principal.
“Don't Blame Me” é um tema popular dos anos 1930 e a primeira versão é, julgo eu, de Rudy Vallée em 1933.
O tema foi recuperado nos anos 50 e 60 sendo de referir as versões de Sara Vaughan, Ella Fitzgerald, Nat King Cole ou ainda dos Everly Brothers.
A versão de Os Rocks surpreende pela positiva mostrando o à-vontade na abordagem de sonoridades mais jazzísticas.
A evolução em relação ao primeiro EP é nítida, quer na sonoridade do conjunto quer na segurança que Eduardo Nascimento evidencia na interpretação das 4 canções. O destaque vai então para “Don't Blame Me”.
Os Rocks - Don't Blame Me
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