Data de 1956 a edição do primeiro livro de LeonardCohen “Let Us Compare Mythologies”.
“Nessa obra situam-se
os primeiros temas que se tornarão inseparáveis da obra deste autor: a história
e o misticismo, numa dualidade judaico-cristã, colocando uma forte oposição
entre o Belo e o Feio, a Pureza e a Corrupção, o Espírito e a Carne” no
dizer de Manuel Cadafaz de Matos no livro “Leonard Cohen – Redescoberta da vida
e uma alegoria a Eros” publicado em 1975. Este dualismo verificar-se-á ao longo
da sua carreira, entre o aprofundar da sua vida interior, reflectida na escrita
ou em períodos de reclusão, e a necessidade de ligação ao mundo exterior, o
retorno à música.
Ainda do mesmo livro: “todos
esses escravos que vivem (enlatados) nas grandes cidades… poderiam ir
perfeitamente viver para as florestas pois felizmente ainda existem grandes
florestas e grandes paisagens no mundo” dizia Leonard Cohen em entrevista,
em Paris, a Manuel Cadafaz de Matos, em 1974. Ele próprio experimentaria na
década de 90 o isolamento num mosteiro budista onde seria ordenado monge.
É em situação de semi-reclusão que conhece e vive com
Marianne Ihlen (falecida em Julho deste ano tendo Leonard Cohen dito na altura "acho que vou seguir-te muito em breve"), nos anos 60, na ilha de Hydra, na Grécia. A ela dedicará “So
Long, Marianne” no seu primeiro álbum.
Vasculhava eu uns caixotes, com velharias e coisas
antigas que se guardam vá-se lá saber porquê, quando encontrei umas folhas por
mim manuscritas, muito provavelmente no final dos anos 60, com as letras de
três canções do primeiro álbum de Leonard Cohen: “So Long, Marianne”, “Sister
of Mercy“ e “Hey, that’s no way to say goodbye”. Como as obtive é uma incógnita
que julgo não conseguir desvendar. Senão vejamos, como é que nessa época se
conseguia obter as letras de uma música?
Podiam vir impressas na capa do disco. Ok, não era o
caso.
Podia ter ouvido essas músicas até conseguir a
transcrição das letras. Pouco provável, pois não têm um único erro.
Podiam vir publicadas nalguma revista. Talvez na
revista “mundo da canção” que começou a ser publicada em Dezembro de 1969 e
reproduzia letras de músicas (algumas a pedido). É uma hipótese, mas logo três
canções? E se sim, para quê copiá-las?
Uma coisa é certa. O meu fascínio pelo primeiro
álbum, e em particular por estes três temas, de Leonard Cohen era imenso.
Desde logo tornou-se um dos meus autores preferidos.
As melodias, a peculiaridade da forma de cantar (declamar?), as orquestrações
de Paul Buckmaster e as letras (não esquecer que Leonard Cohen era antes de
músico, um poeta) constituíam então um todo único e insuperável. Até hoje!
Lembramos agora as primeiras espiras do lado B do primeiro disco de Leonard Cohen, "So Long, Marianne".
Leonard Cohen - So Long, Marianne
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