Depois de uma passagem alargada pelo programa televisivo "Zip-Zip", ainda espaço para mais algumas canções deste significativo ano na música popular portuguesa e no Pop-Rock então em crescendo no nosso país.
Começamos com o José Mário Branco. Embora somente em 1971 tivesse uma divulgação e um reconhecimento mais alargado, datam do ano de 1969 as primeiras gravações deste invulgar cantautor português.
É em 1969 que é editado o EP "Seis Cantigas de Amigo", trata-se de um conjunto de seis canções de inspiração renascentista que José Mário Branco enviou a Fernando Lopes-Graça e que mereceu a edição em disco pelos Arquivos Sonoros Portugueses.
Michel Giacometti assina um texto na capa do EP que começa assim:
“Rompendo com uma norma que excluía do catálogo dos Arquivos Sonoros Portugueses as obras de música popular* (e durante certo tempo a qualidade nitidamente inferior dessas obras justificava, supomos, a exclusão), resolvemo-nos a publicar agora as presentes Seis Cantigas de Amigo.
Ao fazê-lo reconhecemos-lhes implicitamente as qualidades essenciais de estilo e de tom a que imediatamente se adere, assim como uma presença saudável (haurida no mais fundo da nossa tradição lírica), o que comprova da parte do Autor, no exílio, a sua fidelidade à Pátria, de que está longe. Essa fidelidade, José Mário Branco a quis exprimir numa obra que se insere muito naturalmente naquela corrente, nova entre nós, que esboça a fisionomia duma canção integrada no contexto nacional.”
“* Entendemos por música popular toda a música que, não sendo erudita nem folclórica, se identifica com os problemas da colectividade (para esclarecer, contestar ou aderir), ou procura reencontrar formas que pertencem à tradição nacional, sem prejuízo, num ou outro caso, duma qualidade artística que é a garantia mesma da sua popularização.”
Neste disco, também com a presença de Sérgio Godinho na 2ª viola e pandeireta, são já nítidos algumas das características que viriam a inspirar a sua obra futura. Por exemplo, a música “Ma madre velida”, e que viria a dar mais tarde “Cantiga do Fogo e da Guerra”.
Com poema de D. Dinis (fonte de inspiração, também no mesmo ano, para Nuno Filipe e para a poetisa Maria Teresa Horta na canção já aqui passada "Canção à Maneira da Saudade") segue a cantiga “Ai flores do verde pinho”, era o princípio da obra de José Mário Branco.
José Mário Branco - Ai flores do verde pinho
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