Soundbreaking
O segundo episódio da série “Soundbreaking”, que passou no canal Odisseia, foi sobre o lema “Pintar com o Som” e dá-nos uma bela perspectiva do que um estúdio pode fazer sobre uma determinada música.
George Martin diz a certa altura, começando por se referir a outros tempos, que:
“…um engenheiro de som num estúdio tinha de criar o som o mais real possível. Produzir uma fotografia que fosse precisa.
O estúdio veio mudar isso, bem como o nosso trabalho, porque em vez de tirar uma óptima foto, podíamos começar a pintar uma imagem.
Com overdub e velocidades diferentes, pintamos com som.”
Da simplicidade das primeiras gravações dos The Beatles à produção de “Sgt. Peppers…”, identificada como o “nascimento de uma nova arte” ficamos no ano de 1966, na gravação de “Revolver”, mais concretamente na faixa “Tomorrow Never Knows”.
Dizia George Martin:
“Tomorrow Never Knows” era uma música estranha. Não tinha qualquer harmonia. Baseava-se num som continuo.”
Ficamos ainda a saber que John Lennon queria que a voz soasse como o Dalai Lama a cantar de uma montanha e que sugeriu que o pendurassem, sobre o estúdio, num arnês e o empurrassem, sendo sua voz captada de cada vez que passasse pelo microfone. Eis o que aconteceu segundo Tom Petty: “... o engenheiro Geoff Emerick teve a ideia genial de o ligar a um altifalante rotativo chamado Leslie, que quando acelera cria um som e quando abranda cria outro.”
O efeito Leslie e a utilização de diversos loops, guitarras gravadas a diferentes velocidades parecendo trombetas, o riso de Paul McCartney acelerado a parecer gaivotas, são exemplos de como transformaram “Tomorrow Never Knows” numa canção impossível de reproduzir fora do estúdio.
Giles Martin, filho de George Martin, afirma:
“Estes loops iam tocando e os Beatles, o meu pai e Geoff Emerick mexendo nos faders na altura certa para criar os sons que queriam na mistura.
A mistura de “Tomorrow Never Knows” é uma actuação, não pode ser recriada.”
O estúdio como que era um novo instrumento musical, o estúdio passa a ser um espaço criativo. “Tomorrow Never Knows”, ou a música que The Beatles tinham na cabeça quando consumiam alucinogéneos.
The Beatles – Tomorrow Never Knows
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