A 2ª referência à música brasileira que vinha publicada no nº 15 da revista
"mundo da canção" e que eu ontem referi é uma canção de Jorge Ben de 1970 de
nome "Eu Também Quero Mocotó". Infelizmente não consegui encontrá-la na
interpretação do próprio, se é que ele a chegou a gravar (se alguém a tiver,
ou conhecer onde a encontra muto agradeço a informação), mas sim várias
versões da mesma, a maior parte de 1970.
Aquela que eu suponho ter sido cá divulgada, pelo menos encontrei um Single
que teve edição nacional, é aquela que escolhi para o Regresso ao Passado de
hoje. Trata-se de uma versão assinada pela Banda Veneno de Erlon Chaves e
a S.A.M. (Sociedade Amigos do Mocotó) que a interpretou no
V Festival Internacional da Canção em 1970.
Erlon Chaves (1933-1974) foi um maestro, cantor brasileiro, falecido
prematuramente ao que parece na sequência de profunda emoção ao visitar Wilson Simonal então preso pela ditadura militar brasileira.
Ainda em língua portuguesa, mas agora do outro lado do Atlântico, a revista
"mundo da canção" nº 15 publicava duas notícias sobre a música brasileira.
Primeiro é um texto de Tito Lívio sobre Jair Rodrigues o outro é uma letra de
Jorge Ben e fica para amanhã.
Jair Rodrigues (1939-2014) foi um cantor brasileiro muito popular que se
revelou nos anos 60 no género bem tradicional do Samba que cultivou e
desenvolveu. São deles canções tão populares como "Tristeza" (quantas vezes a
dancei e cantei nos bailes de Carnaval da minha juventude em Ovar), "Deixa
isso pra lá" e "Disparada".
Tito Lívio apresenta-o como "uma das maiores vozes do Brasil" da
"música tradicional, com raízes populares - o samba, o velho samba nascido
nas favelas do morro, entre os crioulos conservando o ritmo e os
instrumentos dos antepassados africanos."
"Deixe que digam, que pensem, que falem..." assim começava a canção "Deixa
isso pra lá" sucesso do seu 2º LP de 1964, tinha eu 10 anos, e que muito se ouviu por cá. Hoje em dia considerado um percursor do Rap
brasileiro, ora ouçam.
E este nº da revista "mundo da canção" terminava com a parte respeitante à
música portuguesa com a ficha nº 13 dedicada a Teresa Paula Brito.
Resumo da carreira desta cantora relativamente bem conhecida do público
nacional e que foi sofrendo variações de género. Fico com a impressão de que
andou sempre à procura do seu estilo num país em que a maior parte das
cantoras se cingiam à música ligeira.
Em 1971, como anuncia o artigo, seria editado aquele que me parece o disco
mais bem conseguido da sua carreira, foi o EP "Minha Senhora de Mim" que
resultou da sua colaboração com o músico Nuno Filipe e a poetisa Maria Teresa Horta. Quando este texto foi publicado o seu trabalho mais recente era um
outro EP do ano anterior e que continha 4 canções de José Afonso.
Deste disco faltava-me recordar "O Cavaleiro e o Anjo" canção de José Afonso
que este tinha publicado no LP " Cantares de Andarilho" de 1968.
Inevitavelmente este nº da revista "mundo da canção" com a publicação de
várias letras de canções participantes no Festival RTP da Canção de 1971 trazia também a vencedora do certame, "Menina" na voz da Tonicha tinha sido a canção eleita
sendo a letra de Ary dos Santos e a música de Nuno Nazaré Fernandes.
Em sequência é também publicada uma entrevista, da autoria da Maria Teresa Horta, com o Ary dos Santos onde ele fala da importância da sua participação
nos Festivais, da canção vencedora, da canção "Cavalo à Solta" defendida pelo
Fernando Tordo ou ainda da "Flor Sem Tempo" do Paulo de Carvalho onde
considerava que "...as palavras são de tostão...".
Quanto às expectativas para Dublin, onde se realizou o Festival da Eurovisão
daquele ano, mostrou-se pessimista e não via muitas possibilidades, mesmo
assim "Menina" acabou classificada em 9º lugar, a melhor obtida até então,
entre 18 países concorrentes.
Nunca o referi mas digo-o agora: os textos e letras que a revista "mundo da
canção" careciam de organização na sua disposição nas páginas da revista, ao
folhear a revista é uma perfeita anarquia sem lógica e razão de ser, a não ser
que... exista uma, a de dificultar a censura a que mais tarde viria a ser sujeita.
Ocorrei-me esta ideia a propósito da canção de hoje, cuja letra era
reproduzida no nº 15 que estou a recuperar.
A páginas tantas aparece a letra de "Cantar de Emigração" e na mesma página
duas letras dos Dawn e ainda uma dos Herman's Hermits e disse para comigo:
"que raio é que a letra de "Cantar de Emigração" faz aqui? Não tem nada a ver
com as outras." Foi quando me ocorreu estaria desenquadrada para eventualmente
não chamar a atenção? Sei lá, talvez não seja tão disparatado quanto isso.
Bem, independentemente de tudo o que agora interessa é recordar esta canção,
grande canção, mais uma verdadeiro hino de oposição ao regime fascista.
Quanto a António Bernardino gravou-a também em 1970 e pertencia ao álbum "Flores para Coimbra", um grande disco do Fado de Coimbra e pouco conhecido, tomando o nome de "Cantiga Para Os Que Partem"
Tal como os Intróito que ontem recordei Hugo Maia de Loureiro deu-se a
conhecer ao público português em 1969 no programa da RTP "Zip-Zip", de igual
modo participou nos Festivais da RTP da Canção de 1970 e 1971 respectivamente
com as canções "Canção de Madrugar" e "Crónica de um Dia", a primeira, uma
canção absolutamente excepcional, ficaria injustamente classificada em 2º
lugar, quanto a "Crónica de um Dia", uma canção menos bem conseguida, com
letra de Fernando Guerra e música do próprio alcançaria somente o 4º lugar.
A sua última gravação é de 1973 com o álbum "Gesta" mas já no ano de 1977
participa no então bem conhecido programa da RTP "A Visita da Cornélia"
tendo saído vencedor do concurso que o programa promovia.
Também "Crónica de um Dia" via a sua letra publicada na revista "mundo da canção" no seu nº 15 e é ela que hoje fica para recordação em mais este
Regresso ao Passado.
Intróito foi um agrupamento vocal existente no período de 1969 a 1975, era
constituído por 4 elementos a partir do Orfeão da Universidade Técnica de
Lisboa e deram-se a revelar no programa televisivo "Zip-Zip" (1969) e no ano
seguinte no "Curto-Circuito".
Em 1970 participam no Festival da RTP da Canção com a canção "Verdes Trigais"
e no ano de 1971 a ele voltam, agora com a canção "Palavras Abertas"
ficando-se pelo 5º lugar.
Fizeram parte do movimento musical de contestação do regime tendo participado
a 29 de Março de 1974, já muito próximo do fim da ditadura, no que ficou
famoso I Encontro da Canção Portuguesa promovido pela Casa da Imprensa no
Coliseu de Lisboa ao lado de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Jorge Letria, Fausto e Vitorino.
A letra de "Palavras Abertas" da autoria de Ary dos Santos vinha publicada no
nº 15 da revista "mundo da canção" sendo a música de Nuno Gomes dos
Santos um dos elementos do grupo e é o pretexto para voltarmos aos Intróito.
Acompanhei desde muito cedo a carreira de Fausto, lembro-me bem de "Chora,
Amigo, Chora" ainda do ano de 1969 bem como primeiro LP publicado no ano
seguinte, um disco esquecido e parece que mesmo menos considerado pelo próprio
Fausto.
Havia pelo menos um programa que o divulgava e é donde me lembro de o ouvir,
era o programa de rádio "Página Um" que ia para o ar às 19h30m na Rádio
Renascença e era uma referência na divulgação do que mais recente então se
fazia. O programa atribuiu-lhe mesmo o Prémio Revelação pelo EP que publicou
em 1969.
Do primeiro LP ficaram-me bem na memória dois temas, "Ó Pastor que Choras" e
"Quando Eu Morrer um Dia". A letra deste último vinha publicada no nº 15 da
revista "mundo da canção", talvez mais uma razão para dele me recordar bem e
agora a ele voltar.
Continuo a folhear o nº 15 da revista "mundo da canção" em busca de novidades
da música popular portuguesa.
Passo pela letra da canção "Chico Triste" do cantor Fernando Manuel Laranjeira
que pertencia ao EP "Retalhos de Verdade" e cuja música não consegui,
infelizmente, arranjar. Sigo em frente, a paragem seguinte é num texto de Tito
Lívio sobre o disco EP de José Barata Moura onde constavam as canções "Olha a
Bola, Manel", "Cantiga ao Desafio", "O Banho de Dom Beltrão de Furdigongas" e
"Canção da Roda".
Era o primeiro disco que José Barata Moura publicava com canções para
crianças, ou melhor dizendo, como sugere o texto,
"um disco de canções... feito com as crianças", um trabalho que iria
culminar, anos mais tarde. com o bem conhecido "Fungagá da Bicharada".
De um tempo em que as gravações de canções infantis era quase inexistente
recorda-se "Olha a Bola, Manel".
Na ressaca do VIII Festival RTP da Canção a revista "mundo da canção"
publicava as letras de algumas das canções que concorreram àquele certame.
Entre elas constava "Adolescente" com letra de Ivette Centeno e música de Luís
Tinoco e que teve a interpretá-la a bonita voz de Duarte Mendes quedando-se,
no entanto, por um modesto 8º lugar.
Duarte Mendes tinha aqui a sua segunda participação no Festival tendo ainda
concorrido nos anos de 1972, 1973 e 1975 saindo vencedor na última edição com
a canção "Madrugada" e abandonando de seguida a carreira musical.
Duarte Mendes, mais um renovador da música ligeira portuguesa, aqui com
"Adolescente".
Paulo de Carvalho encontrava-se no topo da música ligeira ao tempo em
que foi editado o nº 15 da revista "mundo da canção". Mais do que uma
referência se encontra na revista a Paulo de Carvalho. Primeiro a propósito
dos prémios da imprensa relativos a 1970 onde é distinguido com o Prémio de
Interpretação "pelo seu trabalho de vocalização em «Corre Nina» e «A Casa da
Praia»", depois a publicação da letra de "Flor Sem Tempo" canção que lhe tinha
valido o 2º lugar no Festival da RTP da Canção de 1971 e finalmente num
pequeno texto, "Opiniões", de José Nuno Martins sobre a escolha da canção a
representar Portugal na Eurovisão.
Diz José Manuel Nunes (quem se lembra dele como apresentador do programa de
rádio "Página Um"?): "O Paulo tem uma grande canção para Europa" que ao
contestar a escolha do júri (Tonicha com "Menina") considera que
"De qualquer forma, uma canção para a Europa dos nossos dias é a «Flor sem
Tempo»".
Do tempo em que a música ligeira se esforçava por se libertar das amarras do
nacional-cançonetismo, velho, caduco e reacionário.
Neste pequeno texto publicado na revista "mundo da canção" recorda-se os
prémios da imprensa de música ligeira referentes ao ano de 1970. Os diversos
prémios atribuídos eram bem indicadores dos ares de mudança que então se
manifestavam no panorama musical português. Os nomes premiados eram bem
reveladores dessa mudança, desde José Afonso a Rui Mingas passando por José
Manuel Osório que ganhou o Prémio de Intérprete de Fado
"pela originalidade do estilo e por procurar libertar o fado de temas
passadistas".
José Manuel Osório (1947-2011), foi, entre outras actividades, um fadista
que se notabilizou nos finais dos anos 60 e década de 70 ao procurar renovar
o fado então comummente ligado ao regime e a temáticas retrógadas, com
ligação ao PCP viu os seus discos e actuacões proibidos. Nos seus primeiros
trabalhos encontram-se letras de Ary dos Santos, Manuel Alegre e António
Aleixo. "Quadras Populares", deste poeta popular, fazia parte do EP "Fado"
de 1970 e que antecedeu a atribuição do prémio acima indicado.
Nos Prémios da Imprensa da Música Ligeira de 1970 o Prémio Autor de Música e
Letra foi para José Afonso"pela qualidade global do seu disco «Traz Outro Amigo Também»" conforme
noticiava a revista "mundo da canção" no seu nº 15 em Fevereiro de 1971 e cujo
texto reservo para amanhã.
"Traz Outro Amigo Também" foi um trabalho notável de José Afonso e marcante
dos anos que antecederam o 25 de Abril de 1974. São dele canções tão
importantes como "Canto Moço",
"...obra exemplar, onde letra, música e interpretação constituem um todo
perfeito e útil", o tema título, "Epígrafe Para a Arte de Furtar", "Os Eunucos (No Reino da
Etiópia)", "Avenida de Angola"... bem, na realidade um ponto alto na
discografia de José Afonso, o álbum em que José Afonso atinge a maturidade.
Deste álbum a revista "mundo da canção" publicava a letra de "Carta a Miguel
Djéje" onde as influências africanas estão bem patentes. Um dos temas menos
divulgados deste LP.
Vamos então percorrer mais este nº da revista "mundo da canção" e recordar
tempos em que a liberdade não existia, a censura controlava maior parte da
imprensa audiovisual e escrita. Mesmo assim muitos houve que de alguma forma
se levantaram e ousaram afrontar o regime. Entre eles estava a revista "mundo da canção" que à sua dimensão seu o seu contributo em abrir novos horizontes e
dar voz a quem era ostracizado por boa parte da comunicação social.
Para hoje um artigo e uma canção. O artigo intitulava-se "Previsões
Astrólogo-Cançonetistas para 1971" que de forma satírica gozava com a situação
musical do país. Assim, por exemplo, o Festival de Newport por onde passaram
Joan Baez, Judy Collins e Bob Dylan iria contar com a presença de Gina Maria,
Tony de Matos e a Tonicha.
De Francisco Fanhais, na altura também conhecido por Padre Fanhais vinha
publicada a letra de "Cantata da Paz". Fazia parte do álbum "Canções da Cidade Nova" que merecia, também neste nº do "mundo da canção", análise não favorável de Tito Lívio que considera "...que nada traz de notável ou razoável contributo à música portuguesa".
Com letra de Sophia de Mello Breyner,
"Cantata da Paz" foi mais um hino de resistência ao fascismo. Como
consequência da actividade do Padre Fanhais, este foi proibido de exercer o
sacerdócio, de dar aulas e cantar. Francisco Fanhais parte para França onde se
radicaliza politicamente tornando-se membro da LUAR.
O panorama da música popular portuguesa em 1971 era pobre pese todo o esforço
de renovação que se fazia sentir desde meados da década anterior e que iria
sofrer significativo incremento exactamente no final de 1971. A prova dessa
pobreza estava no Festival RTP da Canção que em 1971 ia na sua 8ª edição e que
continua a ser a realização que monopolizava a atenção da população em geral e
da imprensa especializada em particular. Veja-se o caso da revista "mundo da canção" de periocidade mensal que nos nºs de Janeiro e Fevereiro ocupa os seus
editoriais com o referido certame e cujas capas são ocupadas com dois dos concorrentes. Desta vez era Fernando Tordo a merecer honras de capa.
O Editorial evidencia a opinião da revista ao considerar que o que melhorou no
Festival foi a qualidade dos poemas das canções em grande parte devido a Ary
dos Santos que assinava a letra de três das nova canções a concurso, entre as
quais a da canção vencedora "Menina" interpretada pela Tonicha,
"Uma canção feita de encomenda para o público."
Outra foi a letra de "Cavalo à Solta" interpretada pelo Fernando Tordo e que
era, conjuntamente com outras, reproduzida no interior.
É com "Cavalo à Solta" que ficamos mais uma vez, nunca é de mais e dou assim
início à recordação de mais um nº da revista "mundo da canção, era o seu nº
15.
Ou é impressão minha ou 2021 não foi um ano particularmente interessante para
a música popular feita em Portugal? Ou não estará a ser divulgada da melhor
maneira. Uma coisa é certa ouvi, infelizmente, pouca música portuguesa no ano
passado, à qual procuro dar, na medida do possível, a melhor atenção.
O anos 60 e 70 estão muito, muito longe e nenhum dos "sobreviventes" desse
tempo se mostraram, que eu me tenha apercebido, activos sobre o ponto de vista
de efectuarem novas gravações. Assim, é em novas gerações, algumas não tão
jovens quanto isso, que recordo o ano passado.
Consultei algumas listagens de melhores álbuns portugueses de 2021 e alguns
dos que ouvi estavam lá outros não. No fim escolhi alguns que me parecem ter
qualidade e a merecerem a respectiva audição, ei-los:
Camané - Horas Vazias Salvador Sobral - bpm Bruno Pernadas - Private Reasons Rodrigo Leão - A Estranha Beleza da Vida Moullinex - Requiem for Empathy António Zambujo - Voz e Violão Minta & The Brook Trout Old Jerusalem - Certain Rivers
Sensible Soccers - Manoel
Sean Riley & The Slowriders - Life
(Mas o destaque maior de 2021 vai para a reedição dos álbuns "Cantares do
Andarilho", "Contos Velhos Rumos Novos e "Traz Outro Amigo Também" de José Afonso)
https://www.fnac.pt/
A proposta de audição que faço não significa que seja aquele que considero o
melhor disco de 2021, mas simplesmente porque é um nome que há quase 2
décadas faz discos Folk cuja qualidade justifica que fosse muito mais
divulgado. Old Jerusalem é a designação que dá nome ao projecto musical de
Francisco Silva, músico do Porto que em 2021 editou, pelas minhas contas o
seu 8º álbum de originais, "Certain Rivers".
Dele fica "Youth and Grandeur". Espero que gostem.
Logicamente muito mais haveria a recordar do ano que passou, mas fico por aqui
e nas minhas escolhas internacionais deixei para o fim The Beatles, cujos
arquivos parecem não ter fim.
Para começar de referir o documentário "The Beatles: Get Back" de quase 8
horas (resultado de mais de 60 horas de filmagens e 150 de áudio gravado)
dividido em três episódios e disponíveis em Disney+ desde Novembro passado. É
um regalo para a vista e para os ouvidos as horas passadas a ver este
documentário realizado por Peter Jackson que nos relatam os ensaios durante 21
dias das sessões, conhecidas como "Get Back", ocorridas em Janeiro de 1969 e
que tinham como propósito a gravação de um álbum, a realização no final de um
concerto (que acabou por ser a actuação surpresa nos telhados do edifício da
Apple onde gravavam) e um documentário.
Deste documentário retive, entre outras coisas, que Paul McCartney assume-se
claramente como o líder dos The Beatles, John Lennon é o mais divertido dos quatro, George Harrison aparece como o mais recatado, introvertido e por vezes
ignorado (a parecer que era o que mais desejava o fim dos The Beatles) e Ringo Starr para quem tudo parecia estar bem, o que lhe interessava era tocar
bateria.
Destas sessões acabaria por sair o último álbum do grupo "Let It Be" publicado
em 1970, embora antes ainda fosse editado em 1969, mas gravado depois, o álbum
"Abbey Road".
"Let It Be: Special Edition" foi a caixa de 5 CD que foi contemplada em 2021 e
que para além de nova mistura do álbum original contempla gravações do mesmo
período do documentário que inicialmente referi nomeadamente aquele que era
suposto ter sido o álbum "Get Back" com misturas de Glyn Johns e
rejeitadas pelo grupo. A título de exemplo eis a versão de "The Long And
Winding Road" que supostamente faria parte desse álbum.
The Beatles - The Long And Winding Road (Glyn Johns Mix)
As compilações estão, parece-me a mim, definitivamente a conquistar o mercado
discográfico. Pelo menos pelo que vou vendo são cada vez mais as edições, nos
mais diversos formatos e para todas as bolsas, ou talvez só, melhor dizendo,
para algumas, que ocorrem todos os anos. Em particular de grupos e artistas
Pop-Rock que tiveram os seus tempos áureos nas décadas de 60 e 70, talvez
explorando o mercado de pessoas com mais de 60 anos e para os quais a música
daquelas décadas foi determinante na sua juventude.
Rivalizaram nos anos 60 e parece que o mesmo se passa agora com a
escalpelização de tudo o que deixaram gravado e que agora é alvo de
publicação, é dos The Beach Boys e The Beatles que estou a falar.
"Feel Flows: The Sunflower & Surf's Up Sessions 1969–1971" é mais uma das
muitas compilações dos The Beach Boys que temos vindo a assistir a chegar ao
mercado. Com vários formatos, a mais completa consta de 5 CD com a
remasterização dos álbuns "Sunflower" (1970) e "Surf's Up" (1971) acrescentada
de gravações ao vivo, faixas extra e gravações das sessões que deram origem
àqueles álbuns.
https://www.discogs.com/
Para os fãs dos The Beach Boys, ou para quem queira descobri-los, são umas
horas bem passadas que não se darão por perdidas. Para aguçar o apetite
proponho "Tears in the Morning" fazia parte do álbum "Sunflower".
E eis Joni Mitchell! Em 2021 fez 50 anos a obra-prima que é "Blue", finalmente
a ter um reconhecimento que na época não teve. "Blue" era o culminar de uma
estrela em ascensão tornando-se numa das mais fascinantes autoras da música
popular de sempre.
Actualmente com 78 anos, mantem-se em recuperação de um aneurisma cerebral
ocorrido em 2015, e continua a ser alvo de homenagens pela sua carreira e
contributo na música popular como o ocorrido em Dezembro passado quando
recebeu o "Kennedy Center Honor".
Entretanto tem-se ocupado com a recuperação dos seus arquivos bem como a sua
discografia original. Seguindo uma ordem cronológica, e depois da caixa "Joni
Mitchell Archives – Vol. 1: The Early Years (1963–1967)" editada em 2020, eis
que em 2021 tivemos primeiro a edição da caixa "The Reprise Albums
(1968–1971)" com os primeiros 4 álbuns originais remasterizados, a saber:
– Song to a Seagull (1968) – Clouds (1969) – Ladies of the Canyon
(1970)
– Blue (1971)
Edição alemã de 4 CD com as ref: R2 653984 / 603497844548
seguindo-se, já no final do ano, "Joni Mitchell Archives – Vol. 2: The Reprise
Years (1968–1971) ou seja precisamente o mesmo período da caixa anterior mas
agora com material inédito. Constituída por 5 Cd contem as seguintes
preciosidades:
- CD1*:
Home Demo: Joni’s Home (Late 1967/Early 1968) - 4 faixas
Jane Lurie’s Apartment: Chelsea, Manhattan, New York City, NY (Late 1967/Early
1968) - 2 faixas
Home Demo: Joni’s Home (Late 1967/Early 1968) - 3 faixas
Song to a Seagull Session: Sunset Sound, Hollywood, CA (January 24, 1968) - 4
faixas
Jane Lurie’s Apartment: Chelsea, Manhattan, New York City, NY (Early 1968) - 2
faixas
Live at Canterbury House: Ann Arbor, MI (March 10, 1968) - 3 faixas
In Concert BBC Radio Broadcast (October 29, 1970) - 23 faixas
Blue Sessions (late 1970) - 3 faixas
*algumas faixas correspondem a introduções.
Edição alemã de 5 CD com as ref: R2 653989 /603497844524
Bons motivos para umas horas bem passadas a ouvir os arquivos daquela que é,
entre os vivos, a minha cantora preferida.
Destas gravações não posso deixar de referir a efectuada no clube Le Hibou em
Ottawa pelo simples facto de terem sido efectuadas pelo improvável Jimi Hendrix. Do livro, que faz parte desta caixa, com a entrevista a Joni Mitchell
transcrevo esse episódio:
"Thet came and told me, "Jimi Hendrix is here, and he's at the front door."
I went to meet him. He had a large box. He said to me, "My name is Jimi
Hendrix, I'm on the same label as you, Reprise Records." We were both signed
about the same time. He said, "I'd like to record your show. Do you mind?" I
said "No, not at all." There was a large reel-to-reel tape recorder in the
box"..."
E a entrevista continua com o relato da noite no hotel onde estavam os dois
hospedados, o desaparecimento, no dia seguinte, da gravação e o seu
aparecimento mais de 50 anos depois.
Daquela noite proponho "The Dawntreader", pelos vistos a preferida de Jimi Hendrix.
Anteontem faria 75 anos se fosse vivo e hoje faz 6 anos que ele nos deixou,
era David Bowie. Na realidade não nos deixou de todo, por um lado porque a
importância da sua música, quer a editada em vida quer a que nos vai sendo
agora revelada, é tal que estou certo que irá perdurar nos tempos vindouros.
Como todos sabemos David Bowie era a um verdadeiro camaleão, não só no
conjunto de personalidades que foi encarnando quer na diversidade musical que
foi desenvolvendo. A sua obra que se prolongou por 6 décadas percorreu, na
verdade, os mais diversos géneros, absorvendo não só as influências musicais
vigentes como desenvolvendo-as, recriando-as a novos níveis. Tendo o Rock como
base ele foi Pop, Folk, Blues, Hard, Avant-Garde, Ambiente e mais todos os
sub-géneros que se queiram imaginar e ainda o Jazz ao qual não foi
indiferente.
A década de 90 foi talvez a mais estranha, a menos acessível e a menos
divulgada em toda a discografia de David Bowie, foram os anos em que predominaram a
Electrónica, o Rock dito Industrial e Experimental também e onde nem o
Drum'n'Bass faltou.
Para uma completa abordagem ao legado sonoro que David Bowie nos deixou
seria necessário conhecer em pormenor todas as 5 caixas que já foram
publicadas e que cobrem no total os anos de 1969 a 2001 (faltam portanto ainda
alguns anos da sua carreira) o que na realidade não conheço. A última caixa
foi editada em 2021, é constituída por 11 CD e designou-se "Brilliant
Adventure (1992–2001)". São 5 álbuns de originais remasterizados e muito mais,
ei-los:
- CD1: "Black Tie White Noise"
- CD2: "The Buddha of Suburbia"
- CD3: "Outside"
- CD4: "Earthling"
- CD5: "Hours"
- CD6 e 7: "BBC Radio Theatre, London, June 27, 2000"
- CD8: "Toy"
- CD9, 10 e 11: "Re:Call 5
Edição do Reino Unido, 11 CD, com a ref: 0 190295 253479
Completa esta caixa ainda um livro com textos exclusivos e fotos raras e
inéditas, a lamentar, pelo menos no meu caso, a falta de paginação do mesmo
quando a ela são feitas referências.
"The London Boys" é uma canção original de David Bowie publicada pela primeira
vez como lado B do Single "Rubber Band" em 1966, recriada por ele em 2000 para o álbum "Toy" que não chegou a ver a luz do dia até ser incluído
nesta "Brilliant Adventure (1992–2001)",
Do início dos Led Zeppelin ao último disco editado, "Raise the Roof" (2021) em
colaboração com Alison Krauss vão mais de 50 anos e Robert Plant
tem sido um bom exemplo de saber envelhecer, não só na utilização das suas
capacidades vocais, como no estilo de composições que tem vindo a adoptar. Do
Rock mais pesado ao Folk-Rock actual ao qual a sua voz se melhor adapta,
também ninguém estaria por certo à espera que aos 73 anos Robert Plant tivesse
a voz dos tempos dos Led Zeppelin (1968-1980).
"Raise the Roof" é o segundo trabalho em parceria com Alison Krauss, o
primeiro "Raising Sand" data de 2007, e tal como no primeiro predominam as
sonoridades Folk e Country com um cruzamento de vozes muito agradável.
https://www.discogs.com/
"Raising Sand" é composto por 13 canções sendo somente uma um original
assinado por Robert Plant e T Bone Burnett, trata-se portanto de um
trabalho de versões que vão desde o Country-Rock americano dos The Everly Brothers ao Folk britânico mais puro de Anne Briggs e Bert Jansch. Mas passa
também pelos excelentes Calexico do álbum "Feast of Wire" de 2003 com a canção
de abertura "Quattro (World Drifts In)". É ouvir e... pedir mais, que discos
destes se repliquem por muitos anos.
Robert Plant & Alison Krauss - Quattro (World Drifts In)
Se Neil Young foi desde sempre o mais produtivo do quarteto Crosby, Stills, Nash and Young que em 1970 recriaram o Folk-Rock norte-americano a um nível
superior, David Crosby tem mostrado nestes últimos anos uma vitalidade, 7
álbuns entre 2014 e 2021, que se lhe desconhecia. Na memória estava somente
esse álbum espantoso "If I Could Only Remember My Name" de 1971.
Pois é David Crosby está com 80 anos e parece estar a recuperar o tempo
perdido com o álcool, drogas e outros problemas com a justiça. E á assim que
em 2021 nos prenda com "For Free", um disco particularmente bem recebido pela
crítica. Um álbum muito bem interpretado, com canções bem relaxantes, um
sentimento reconfortante fica no final da audição.
https://www.discogs.com/
"The Other Side of Midnight" é um das 10 temas que compõem este álbum, o
melhor trabalho de David Crosby de há muitos anos, que se prolongue por muitos
mais...
Continuo com
Neil Young. Sim a produção em 2021 de
Neil Young
justifica uma segunda passagem. Ontem foi o álbum de originais, "Barn", hoje é
a vez de vermos o que é que
Neil Young
foi buscar aos seus arquivos e publicou.
Foram 3 os álbuns que foram editados a saber:
- "Way Down in the Rust Bucket" (Performance Series 11.5)
Trata-se de uma gravação ao vivo de Novembro de 1990, do tempo, portanto, do
aclamado "Ragged Glory". Acompanhado dos Crazy Horse "Way Down in the Rust
Bucket" é para os fãs de Neil Young versão eléctrica mais um motivo de
satisfação, sem dúvida um grande duplo CD a juntar-se a gravações como "Live
Rust" e "Weld". Único senão que encontro é na duração das gravações que quase
esgotam a capacidade permitida pelos CD o que provoca que o meu leitor
encontre dificuldade em reconhecer e iniciar os CD, mas depois é o gozo total.
- "Young Shakespeare" (Performance Series 03.5)
Gravação ao vivo de Janeiro de 1971, três dias após "Live at Massey Hall 1971"
(PS 03), é um concerto a solo e acústico no teatro Shakespeare em Stratford,
Connecticut e transporta-nos para os tempos de "After The Gold Rush" aquele
que considero, quase sempre, depende do estado de espirito, o melhor disco de
Neil Young.
Finalmente:
- Carnegie Hall 1970 (Official Bootleg Series 01)
Mais um duplo CD, desta vez para os fãs de Neil Young acústico, que inaugura
uma nova série (Official Bootleg Series) nos seus arquivos. Como o nome
indica a intenção é publicar concertos com uma qualidade sonora superior
àquela que se verifica em edições contrabandeadas. Neste caso "Carnegie Hall
1970" Neil Young preferiu publicar o concerto realizado a 4 de Dezembro do que
o que existia em circulação do dia 5 que considera inferior.
À data o álbum mais recente era "After The Gold Rush" e várias são as canções
deste álbum que se podem encontrar neste duplo CD, por exemplo "Only Love Can
Break Your Heart" com que termino este Regresso ao Passado.
Se bem que inicialmente a designação NYA (Neil Young Archives) fosse usada
para a publicação de material antigo de Neil Young (concertos, álbuns que
ficaram na gaveta, etc.) e não editado originando assim as colecções PS (Performance
Series), OBS (Official Bootleg Series), SRS (Special Release Series), aquela
estendeu-se à discografia oficial do músico tomando a designação ORS (Official
Release Series) tendo o novo disco de Neil Young, "Barn", saído em 2021 tomado
o nº 51 (ORS51).
Pese o contexto de pandemia em que vivemos, 2021 foi mais um ano de grande actividade para Neil Young que se traduziu num conjunto de novas edições tirados dos arquivos dos quais amanhã darei conta e ainda sobrou tempo para um disco novo, o referido "Barn"
com o seu conjunto preferido os Crazy Horse.
Edição alemã em CD com a ref: 093624878438
Não fascina, mas de forma alguma desilude, e este regresso aos Crazy Horse,
tal como o anterior "Colorado" (2019), parece revigorar a sua música e mostrar
que, actualmente com 76 anos, é, de entre os da sua geração ainda no activo,
aquele que mais e melhor nos tem a oferecer.
De "Barn" sobressaiu para mim o tema "Welcome Back" a ir directo para a
galeria dos grandes temas de Neil Young, aguarda-se a sua performance ao
vivo...
Richard Thompson tem sido uma companhia certa desde os longínquos anos 60 em
que foi um dos fundadores dessa verdadeira instituição britânica do
Folk-Rock, os Fairport Convention.
É de 2018 o seu último verdadeiro e tão bem recebido novo álbum "13 Rivers".
Depois foi a recuperação e edição de 2 álbuns ao vivo dos anos 80
respectivamente "Across A Crowded Room Live at Barrymore's 1985" e "Live at
Rock City, Nottingham, November 86", ainda a banda sonora do filme "The Cold
Blue" e, entretanto, chega a famigerada pandemia. Em 2020 assistimos à
publicação da excelente caixa de 8 CD "Hard Luck Stories (1972 - 1982)" e ainda 6 novas canções editadas então exclusivamente em formato digital com a
aquisição a ser possível a partir
de https://richardthompson.bandcamp.com/.
2021 começa com a edição também em formato digital do concerto efectuado em
streaming em Londres, "Live from London", seguir-se-ia mais 6 novas canções
ainda em formato digital.
Finalmente a edição física em CD de "Bloody Noses" e "Serpent's Tears"
mas somente disponível na página de Richard Thompson
(https://www.richardthompson-music.com/).
Edição Beeswing com ref: 8 60003 61752 6
12 boas composições mas a saber a pouco que é como quem diz fica a sensação destas canções necessitarem de um outro desenvolvimento em estúdio com arranjos
mais arrojados como quando grava com grupo. Note-se as potencialidades que uma
canção como "Widow's Walk" tem.
Fica-se a aguardar o verdadeiro sucessor de "13 Rivers" e já agora uma questão, quando é que começam a fazer capas bem melhores e condizentes com o
estatuto de Richard Thompson?
No ano de 2021 a gravações dos sobreviventes dos anos 60 deixaram de constar
entre as melhores do ano pelo menos nas listas que fui consultando. Parece que
estão definitivamente postos de lado, no entanto olhando para algumas dessa
gravações parece-me que deviam ter tido melhor atenção por parte de quem
elabora as ditas listas. É verdade que nalguns casos é difícil voltarem a
igualar as suas melhores produções de tão longas carreiras, mas mesmo assim
ainda fico agarrado e surpreso pela jovialidade de alguns deles.
Vejamos alguns desses artistas e as suas realizações em 2021. Começo com Van Morrison.
Definitivamente Van Morrison é um dos melhores autores que a música popular
conheceu. É verdade que já não faz álbuns encantadores como "Astral Weeks"
(1968) e "Moondance" (1970) e ainda por cima a sua recente polémica opinião sobre
as restrições na luta contra a pandemia e as decepcionantes canções que lançou
em 2020 não ajudam, mas temos de reconhecer as qualidades interpretativas que
Van Morrison aos 76 anos continua a revelar.
Duplo CD, edição alemã com a ref: 538666260
E em 2021 surpreendeu com mais um álbum novo e logo duplo, como quem diz estou
aqui para dar e durar e ainda tenho muito a dar à musica popular. "Latest
Record Project, Volume 1", o nome do novo disco assim o sugere ficando-se à espera de novos volumes...
É no entanto um disco irregular, com altos e baixos, e que não iguala mesmo alguns
dos seus discos recentes como "Keep Me Singing" (2016) e "Three Chords &
the Truth" (2019). De realçar a excelente voz que Van Morrison continua a
evidenciar e o conjunto de músicos de que se faz acompanhar com particular
relevo para Richard Dunn no órgão Hammond que é verdadeiramente surpreendente.
Uns gosto, outros não e para outros ainda a minha indiferença, foram as minhas
reacções a álbuns que fui ouvindo ao longo do ano alguns dos quais aparecem
agora nas listas internacionais dos melhores do ano. Mas genericamente
continuo a não me sentir empolgado com as propostas que vão surgindo e talvez
pela idade refugio-me no porto seguro de alguns veteranos resistentes dos anos
60 e 70 que me deslumbraram na juventude.
De qualquer forma eis uma lista que proponho para audição e que reúne algumas
das propostas que nos são feitas como sendo das mais significativas do ano de
2021. É ouvir e fazer a devida selecção:
- Tindersticks - Distractions - Shame - Drunk Tank Pink -
Celeste - Not Your Muse - The Weather Station - Ignorance - James
Yorkston & The Second Hand Orchestra - The Wide, Wide River - Smerz -
Believer - Lael Neale - Acquainted With Night - Nick Cave & WarrenEllis - Carnage - St. Vincent - Daddy's Home - Wolf Alice - Blue
Weekend - Matt Sweeney & Bonnie Prince Billy - Superwolves - LucyDacus - Home Video - Billie Eilish - Happier Than Ever
- Idles - Crawler
- Low - Hey What
A minha proposta de audição vai para os Tindersticks e é digamos paradoxal,
por um lado é o álbum menos interessante do grupo, por outro, onde é que li
isto?, mesmo assim consegue ser melhor do que a maior parte das propostas
que nos são sugeridas.
Edição 2021 em CD com as refs: Lucky Dog 27 / Slang50349
"Distractions" é o 13º álbum de estúdio dos Tindersticks que me têm feito
companhia há quase 30 anos e que se tornaram no grupo que eu mais vezes vi
ao vivo. "Distractions" surgiu no meio da pandemia e talvez isso justifique
ter ficado aquém das expectativas que qualquer novo álbum do grupo tem.
Composto por 7 composições, com somente 4 originais o que sabe a pouco e ainda
por cima com uma faixa inicial de 11 minutos, "Man Alone (Can't Stop the
Fadin')", que ainda não conseguiu conquistar-me e 3 versões sendo nestas que
encontro a minha faixa preferida. "Lady with the Braid", que os
Tindersticks, ou diria Stuart A. Staples?, foram buscar a Dory Previn
(1925-2012) de 1971, é a faixa que me enche as medidas.
Espera-se com
ansiedade a vinda dos Tindersticks no próximo mês de Maio na comemoração dos
30 anos do grupo, para já fiquem com "Lady with the Braid".